por Mario Sales
A tradição esotérica é pródiga em oferecer classificações as mais variadas para a composição íntima do ser humano. A Sociedade Teosófica reconhece sete deles diferentemente dos 3 ortodoxos corpo, alma e espírito, alma e espírito esses que recebem conotações diferentes, desde a sinonímia entre ambos, como no catolicismo, ou o discernimento de que o individuo é a alma e espírito apenas uma energia, nous, (espírito, em grego) que alimenta a estrutura, como no rosacrucianismo da AMORC.
Nos sete corpos teosóficos também encontramos uma visão
semelhante, ao considerar que, como em uma boneca russa matrioska, se sucedem,
um como envoltório do outro, permitindo que o puro espírito habite em ambiente
material.
Matrioska
A esse puro espírito, presença de Deus em nós, os teósofos
chamam Atma, envolvido por uma camada também de caráter altamente elevado, mas mais
próxima da personalidade, chamada Budhi.
Associada a estas duas, encontra-se o chamado Mental
superior, ou Manas superior, que configura o ser em evolução, a partícula individual
que aprende ao longo das encarnações. Para que possa se manifestar no mundo físico,
entretanto, postulam os teósofos a existência de mais 4 corpos, que ao
contrário do conjunto anterior, a Tríade, possibilita como o escafandro ao
mergulhador, o mergulho na matéria densa.
Esses quatro corpos, chamado de o Quaternário, compõe-se de
Manas Inferior, corpo Astral, corpo Etérico e Físico.
Se o Manas ou Mental superior encerra aspectos divinos do
peregrino garantindo-lhe algo semelhante a uma individualidade sem ruptura com
o Todo, o Manas ou Mental inferior diz respeito ao instinto e as necessidades
básicas da sobrevivência, trazendo consigo também uma sugestão de individualidade
só que com a impressão de separação e isolamento.
Ambos, Manas superior e inferior estão ligados por uma ponte,
uma estrutura intermediária chamada Anthakarana, que garante a intercomunicação
entre Deus no homem e o homem comum, aquele que precisa dar conta das
obrigações sociais e biológicas.
De baixo pra cima, temos o corpo físico, que é o que é, sem
necessidade de maiores explicações; está envolto por uma energia agregadora, o
corpo etéreo, que lhe dá coesão e forma, estrutura energética essa envolta por
outra, chamada corpo astral, para a qual ainda me falta uma compreensão
adequada.
O corpo astral, e não o mental, para o esoterismo, é a sede
das emoções. Não sei bem ainda se quando uma projeção é feita, é este o corpo
que projetamos, pois a nomenclatura esotérica ainda aguarda uma normatização e
um glossário de alto nível.
Penso que, se o mental inferior não é a sede das emoções,
resta-lhe ser o que todos no meio lhe atribuem: uma ferramenta de criação de
objetos, circunstâncias e eventos, cumprindo a determinação do Gênesis de
termos sido criados “à Sua imagem e semelhança”.
Curioso também que na nomenclatura em sânscrito, o corpo
astral seja nomeado como Prana, a energia da vida entre os Yogues, energia essa
mais plausível como força de coesão estrutural. Tudo indica, no entanto, que as
energias de coesão ligadas ao corpo etéreo manifestam-se na matéria pelas
forças de coesão atômicas enquanto o Prana teria um papel semelhante ao sangue
que circula nas artérias e veias físicas, levando energia através dos canais de
acupuntura a todas as regiões do organismo.
O Corpo etérico em sânscrito é chamado de Linga Sharira[1] e é uma duplicata perfeita
do corpo físico o que faz sentido se consideramos que ele é a energia de agregação
da estrutura física.
[1] Linga sharira (em sânscrito: linga, significando modelo; e sharira, que provem da raiz verbal sri, significando apodrecer), ou duplo etérico, designa, na teosofia, o 2º princípio na constituição setenária do homem, que é levemente mais etéreo que o corpo físico (sthula sharira). Segundo a Teosofia, ele permeia todo o corpo humano, sendo um molde de todos os órgãos, artérias, e nervos.
Linga sharira também recebe outros nomes tais como corpo etérico, corpo fluídico, duplo etérico, fantasma, doppelganger, homem astral, etc. Após a morte física, este duplo etérico ainda permanece algum tempo com vitalidade, formando o que se chama de "espectro" ou "fantasma". Segundo Blavatsky, o duplo etérico desempenha um papel importante nos fenômenos espíritas, sendo a substância que forma os chamados "espíritos materializados" nas sessões espíritas.
Deve-se notar que na literatura teósofica original (como a escrita por Blavatsky) o termo "corpo astral" não tem o mesmo significado de que o termo utilizado em literatura teosófica posterior (como a de C.W.Leadbeater). Nas obras de Blavatsky o corpo astral não se refere ao corpo emocional mas ao duplo etérico linga sharira. Contudo, mais tarde, C.W. Leadbeater e Annie Besant (Adyar School of Theosophy), e a seguir a eles, Alice Bayley, equacionaram o astral com o princípio kama (desejo) e designaram-no por corpo emocional (um conceito não encontrado na Teosofia anterior). Da Wikipedia