Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O ROSACRUCIANISMO E O MARTINISMO : ALGUNS CONFLITOS DOUTRINÁRIOS OCULTOS.

Por Mario Sales,FRC.:,S.:I.:,M.:M.:




Como é de domínio público, a história do Martinismo é complexa.
Tudo indica que é vontade de Deus que esta Ordem permaneça viva e ela tem como a Fênix, a capacidade de desaparecer e ressurgir, de tempos em tempos, independente do passamento sempre súbito e inesperado da maioria de seus líderes (tome-se o exemplo de Pasqually e de Pappus, ou mesmo seu sucessor, Téder).
Numa dessas intrincadas situações históricas do misticismo, uma de suas ramificações tornou-se tutela da Antiga e Mística Ordem Rosacruz, AMORC, a Tradicional Ordem Martinista, que hoje é uma ordem extremamente velada e só permitida à rosacruzes acima do primeiro grau de Templo.
Tal situação gerou uma situação no mínimo curiosa, qual seja a convivência entre a visão do Misticismo como entendido pela Ordem Rosacruz (e principalmente pelos rosacruzes modernos) e a visão do Martinismo, em um só grupo, embora sejam discursos absolutamente distintos.
Se bem que exista um esforço oficioso e oficial para desfazer esta sensação de divergência, com a visão de que a via cardíaca de Saint Martin complementa o trabalho introspectivo de aperfeiçoamento interior dos rosacruzes (a chamada verdadeira alquimia), algumas questões místico-filosóficas não harmônicas saltam aos olhos. Senão vejamos:
1. O Martinismo de Pappus é uma construção feita a partir de três pontos: a Ordem dos Cavaleiros Maçons Sacerdotes Eleitos (Ellus Cohen) do Universo, de Martinez Pasqually, por um lado; o trabalho filosófico de Louis Claude de Saint Martin, e, por último, o trabalho de Jean Baptiste de Willermoz, como terceira ponta deste triângulo inicial.
Até aí, aparentemente nada demais. Só que nestes três pontos já existem conflitos. Vejamos: o trabalho de Martinez de Pasqually, o Martinezismo como é chamado é altamente Ocultista. E aí devemos parar para estabelecer um critério de comparação. Existem a meu ver três tipos de características que identificam as ordens secretas. Chamaremos a primeira de Esoterismo; a segunda, Ocultismo, e a terceira característica o Misticismo.
Expliquemos: Esoterismo é a característica mais óbvia das sociedades secretas, a norma de conservar velados, total ou parcialmente, seus ensinamentos;
Ocultismo por sua vez refere-se a práticas de técnicas de magia (para coisas da Terra) ou teurgia (para coisas do Céu).
Tais técnicas tiveram seu período de ouro nos séculos XVII e XVIII, e se compõem de procedimentos verificáveis e reprodutíveis de ação sobre o mundo visível e invisível, área de especialidade de Magos por toda a história do Ocidente e Oriente; e finalmente o Misticismo, que é a área de mergulho interior em busca do contato com o Mais Sublime em nós, característica de todos aqueles que sinceramente buscam Deus em seus próprios corações, sem intermediários, meta última de todo verdadeiro Iniciado, para a qual todas as outras características são apenas meros acessórios.
Digamos que quaisquer dessas características podem ser classificadas em pouco, medianamente ou muito intensas.
Feita esta pequena digressão podemos dizer que a Maçonaria é uma Ordem pouco esotérica, pouco ocultista e pouco mística.
Que a Rosacruz, AMORC, é, hoje em dia, pouco esotérica, medianamente ocultista e muito mística.
Já o Martinismo é muito esotérico, muito Ocultista, e muito místico.
Ora, dito isto, já vemos algumas diferenças. A importância do Ocultismo para os Rosacruzes é menor do que para os Martinistas. Nem sempre foi assim, no entanto. No mesmo século XVIII, muitos rosacruzes dedicaram-se ao Ocultismo com afinco e mostraram seus estudos aos maçons, ensinando-os como fazê-lo, já que muitos rosacruzes eram também membros da Maçonaria.
Para isso era necessário ter conhecimentos de alquimia, simbólica, cabala e principalmente, ler os grimoire, que em francês quer dizer gramáticas, livros de magia famosos por trazerem as receitas de bolo da magia operativa.
O que aconteceu então? Os rosacruzes literalmente desencantaram-se com o Ocultismo. E por quê? Porque aperfeiçoaram suas técnicas e entenderam que muito, mas muito deste aparato metodológico era desnecessário à sua finalidade primordial, qual seja, a elevação de seus espíritos como seres humanos a um nível de excelência.
Rosacruzes, ontem como hoje, querem ser cada vez melhores como seres humanos, e servir mais intensamente a mesma humanidade da qual fazem parte.
Esta é a verdadeira alquimia: a transformação do ser humano chumbo, homem ou mulher, em ser humano ouro.
A Magia pela Magia, o Ocultismo pelo Ocultismo, entre os Rosacruzes modernos, digamos assim, saiu de moda.
Não posso negar que foi um avanço do ponto de vista psicológico. Os membros da Rosacruz moderna sabem que nada mais é necessário senão uma mente clara, desejos definidos, e uma visualização nítida e dirigida para conseguir o que desejarem, sem a necessidade de complexos e estranhos rituais e palavras secretas. E o que há de interessante nisso em relação ao Martinismo? Pelo que sabemos da história dos martinistas, a evolução descrita nos trabalhos rosacruzes equivale à diferença entre o Martinezismo dos Cavaleiros Ellus Cohen, e o Martinismo, de Louis Claude de Saint Martin, pós martinezista. Não pode haver nenhuma ilusão: esta é a primeira grande diferença entre o Martinismo Moderno e seus ancestrais dos Ellus Cohen. Daí o relato de testemunhas que sempre repetem a insatisfação de Louis Claude de Saint Martin com a complexidade dos rituais de Martinez de Pasqually nos Ellus Cohen, dizendo: “- Será que tudo isto é realmente necessário para se ver Deus?” Desta forma, o Martinismo não é uma continuação pura e simples do Martinezismo, embora lá tenha suas raízes históricas. Ele é uma guinada na direção do Misticismo mais puro, e é isto que a expressão “Via cardíaca”, representa. Neste ponto, o Martinezismo se parece mais com as antigas técnicas rosacruzes enquanto o Martinismo está mais de acordo com as posturas modernas da AMORC.
Hoje as escolas esotéricas, como sempre foram, são escolas de aperfeiçoamento humano, mas ao contrário dos tempos passados, não vêem o ensino do Ocultismo como se praticava no século XVIII como fundamental à transformação alquímica do ser humano.
Sabemos hoje onde reside Deus e onde reside o Demônio, onde está o mal e o bem: dentro de nós mesmos.
As batalhas místicas que povoam a imaginação dos não iniciados não ocorrem mais com encantamentos e poções e raios que saem de bastões, porém dentro de cada místico, no silêncio de seu santuário, pertença ele à Ordem que pertencer.
Porque se for uma boa Ordem seu objetivo será levar este indivíduo a se aperfeiçoar e para isto o indivíduo em questão precisa antes de tudo dele mesmo, e de Deus dentro dele para conseguir tal coisa.
Mais nada.
E o Martinismo de Pappus e Stanislas de Guaita? Também centram no homem ou na mulher as energias de transformação? Não. Os intelectuais esoteristas da Paris dos 20 últimos anos do século XIX e início do século XX davam muito valor à erudição esotérica e o outro nome de erudição esotérica é Ocultismo. Pappus era médico e um incansável escritor e leitor. Guaita lia tudo que podia e procurava ansiosamente por mais informações, pois as que tinha em mãos logo se exauriam.
Eram homens de livros.
O grande volume de informações sobre Cabala presente na Tradicional Ordem Martinista, tutelada pela AMORC, é uma conseqüência disso.
E aí vemos de novo a convivência de duas estratégias completamente opostas na mesma busca pelo contato com Deus.
Uma, o Ocultismo Martinezista, refletido na estrutura interna da Ordem Martinista de Pappus, Péladan, Augustin Chaboseau e Guaita; e outra, o Martinismo estrito, com forte influência de Bohéme e Svendenborg, anterior a eles, mas, a meu ver, mais avançado tecnicamente no que interessa a causa suprema.
Por causa disso alguns rosacruzes estranham os textos martinistas como presentes em seu ritual. Estas duas tendências, não opostas, mas assincrônicas, convivem como se fossem parte de um único corpo de doutrina.
Para os Rosacruzes modernos, o Ocultismo do séc.XVIII é um capítulo de erudição esotérica, não uma técnica necessária à evolução espiritual. Um conhecimento curioso, mas para nós, hoje, na busca de Deus, pouco prático.
E isto causa, de forma indefinível para muitos, desconforto psicológico, embaraço místico, e em silêncio repetem com seus lábios a mesma pergunta de Saint Martin:
“- Será que tudo isto é realmente necessário para ser ver Deus?”


O Viés Maçônico de Willermoz


Por outro lado, ainda existe a considerar o Martinezismo Willermoziano, que foi organizado mais ao modo de Lojas maçônicas e com encontros que lembravam os Ellus Cohen, sem, no entanto a presença magnética de um Ocultista do quilate de Pasqually. De um grupo centrado em um homem, o Willermozismo distribuiu o conhecimento e em parte o poder de todos que freqüentaram as lojas diferenciadas que construiu, bem como os encontros que promoveu, os conventos.
Leia-se para referência esta passagem retirada do site Hermanubis, no endereço http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/ARMARTINE005OsDiretOriosEscocesesNaFranCa.htm onde pode ser acessado na íntegra:


“O Convento De Gaules (Lyon, 1778)
Uma reunião, chamada "O Convento de Gaules", se desenvolveu de novembro a 10 de dezembro de 1778, em Lion, por provocação de Willermoz. Dedicou-se a reformar a "Província Auvergne da Estrita Observância" e foi nesta ocasião que os Templários da França e Alemanha adotaram o nome de CBCS. Na realidade esta Convenção começou a ser gestada em 1776 e sua realização foi marcada para o mês de outubro de 1778. O sucesso das lojas do Rito Escocês Retificado foi total na França, principalmente porque elas eram
oriundas das tradições templárias e, sobretudo porque seus chefes eram nobres autênticos, príncipes, duques, barões, e as iniciações eram muito seletivas. Nessa mesma época, estava se instalando o Grande Oriente da França, que fez questão de agrupar os Diretórios Escoceses sob sua égide e um tratado foi assinado nesse sentido. Esses diretórios não tinham uma direção central na França e uma união era preconizada por todos. Entretanto as desavenças em vez de diminuírem, aumentaram. O próprio Willermoz escreveu ao Príncipe Charles de Hesse, queixando-se que Weiler não conhecia nada sobre "as coisas essenciais".
O grande superior Ferdinand de Brunswick procurava desesperadamente a doutrina e a coesão que faltava. Os Lyoneses detinham há 11 anos o sistema de Martinez de Pasqually, doutrina que poderia interessar aos Diretórios. Willermoz e Louis Claude de Saint-Martin de maneira muito oculta, prepararam as coisas com cuidado.
Eles conseguiram iniciar Jean de Turkeim e Rodolphe de Salznan na Ordem dos "Ellus Cohen", homens de grande importância no seio da Estrita Observância Templária do Diretório de Estrasburgo. E esses dois homens desempenharam um papel muito importante quando os ocultistas de Lyon apresentaram sua proposta dos conventos que iriam realizar no futuro. Com os espíritos preparados, segundo a doutrina de Martinez, os Lyoneses convocaram o Convento de Gaules em 1778, em Lyon. As grandes figuras da Estrita Observância Templária estiveram presentes em Lyon, mas preocuparam-se essencialmente com o futuro administrativo da Maçonaria. Willermoz demonstrou, desde logo, que a preocupação deveria nortear-se sobre o verdadeiro objetivo da Maçonaria, suas diretivas de estudos que deveriam orientar-se na busca da Divindade. No transcurso dos trabalhos, decidiram distinguir as lojas simbólicas das lojas da Ordem Interior e substituir por Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (CBCS) a palavra Templário. Os rituais apresentados pelos Lyoneses foram aprovados, assim como as instruções secretas de Willermoz, tiradas do "Tratado da Reintegração dos Seres Criados"' de Martinez de Pasqually. O objetivo primeiro da Maçonaria seria comunicado somente aos iniciados nos dois últimos graus, aqueles de "Professo" e do "Grande Professo". A denominação de Superior Incógnito, que tinha sido condenada anteriormente, foi ressuscitada no convento, e era designada àqueles portadores de alta doutrina da Ordem. Entretanto, o verdadeiro objetivo da Maçonaria, permanecia desconhecido por todos aqueles que não tinham entrado realmente dentro da iniciação, embora portassem títulos de nobreza e mesmo os altos graus do "Rito Escocês Retificado". Além disso, havia várias tendências maçônicas e de outras sociedades espiritualistas que colocavam uma grande confusão nas mentes dos vários grupos maçônicos, oriundos de regiões diferentes. Havia assim, a necessidade da realização de um outro convento. E este seria o Convento de Wilhemsbad.


Convento De Willelmsbad De 1782


Foi assim que quatro anos mais tarde, em 1782, realizou-se outro convento em Willelmsbad na Alemanha, com um número maior de participantes em relação àquele efetivado na cidade de Lyon em 1778. As reuniões duraram 45 dias(?!!) e lá estavam presentes Willermoz e Saint-Martin, bem como representantes dos Filaletes, dos Iluminados da Baviera, etc., todos ligados à Estrita Observância Templária.
A diversidade de idéias e de opiniões, impediu que se chegasse a um denominador comum e que se definisse com precisão a doutrina da Ordem. Desta maneira, acabou-se mantendo as mesmas resoluções do Convento de Lyon, inclusive a doutrina de Martinez. Abandonou-se definitivamente a pretensão da descendência direta dos Templários, evocando-se, entretanto uma filiação espiritual, oriunda do Mundo Invisível.
As classes de Professo e Gran Professo desapareceram oficialmente na Convenção de Wilhemsbad em 1782 e, de lá para cá temos: Lojas Azuis, ou de São João: 1) Aprendiz; 2) Companheiro; 3) Mestre. Lojas Verdes: 4) Mestre Escocês de Santo André. Ordem Interior: 5) Escudeiro Noviço; 6) CBCS (Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa)
Neste trecho vêem-se duas coisas. A primeira, as gestões feitas em conjunto por Willermoz e Louis Claude de Saint Martin, mostrando que trabalharam juntos na tentativa de manter vivo o Martinezismo, e o tempo que duravam essas reuniões, ou conventos, levando até 45 dias. Por isso as reuniões modernas de hora e meia são chamadas conventículos, pois não passam de pálidas lembranças daqueles períodos longo de deliberações que ocorriam àquela época.
Outra coisa que fica claro é que não existia uma Ordem denominada como Martinista, mas todas as gestões ocorriam dentro de ambiente eminentemente maçônico, com a característica maçônica de discussão entre seus membros e votação de propostas como em qualquer assembléia de homens “livres e de bons costumes”, como os maçons costumam se chamar. Há um forte caráter administrativo no trabalho, e embora exista grande interesse místico (como mostra o trecho onde se diz “que a preocupação deveria nortear-se sobre o verdadeiro objetivo da Maçonaria, suas diretivas de estudos que deveriam orientar-se na busca da Divindade”) tal objetivo, voltar-se para a busca de Deus em nós, os rosacruzes modernos bem sabem, não é algo a ser discutido como um protocolo coletivo, mas um caminho extremamente solitário, que não é o mesmo para duas pessoas, quanto mais dezenas.
Creio que foi essa percepção, para nós rosacruzes tão sensata quanto verdadeira, que fez Saint Martin optar pela iniciação individual, pessoa a pessoa, no seu ministério que se desenvolveu nos anos seguintes. Não somos, nós rosacruzes, uma Ordem de debatedores dialéticos como os maçons.
Somos isto sim, uma Ordem de buscadores silenciosos de Deus. Isto os Rosacruzes sempre foram, de várias maneiras, e sempre serão. Este é o foco. O resto é acessório.
Daí estranharmos os templos muito iluminados e claros, cicatrizes do Willermozismo, e de desconfiarmos em silêncio de que isto possa de per si, levar a uma melhor percepção do Todo Poderoso.
Os Martinistas, como ex-maçons, pedem silêncio aos seus membros. Os rosacruzes estranham: eles sempre foram silenciosos. É a sua natureza. É o seu modo de ser.
Tudo posto esta característica organizacional, paramaçônica, nem seria problema algum e poderia servir de alargamento de horizontes para os silentes Rosacruzes buscadores da Luz.
Só que, dentro desta estrutura templária surge a questão mais grave, a meu ver, e a mais delicada: a oposição religião versus religiosidade.
Os Rosacruzes são por definição, panteístas. Não situam a Divindade em nenhum lugar ou época, seguindo a risca as três características aceitas para o Todo Poderoso: Onisciente, Onipotente e Onipresente.
O corolário disto é que nenhum Avatar que passou pela Terra, e graças ao Pai, foram muitos, mesmo considerando-se sua raridade, pode ser considerado o único representante desta mesma divindade. Na visão rosacruz aceita, embora raramente discutida, todos nós somos portadores desta mesma divindade, desta filiação divina, sendo apenas uma questão de tê-la mais ou menos manifestada, de sermos mais ou menos conscientes dela. O que, aliás, condiz com um aforismo martinezista que diz em seu Tratado da Reintegração dos Seres que diz que “todos aqueles que estão dentro do Eixo Fogo Central Incriado, homens e anjos, até a última centelha de Deus, sairão do Círculo pela evolução juntos em direção à Luz, ou não sairão.”
A Luz Divina, para os Rosacruzes, está em todos nós, em todas as pessoas, em todas as coisas. E o que é um Avatar, um Iluminado? É aquele que atingiu um alto grau de consciência dessa Luz dentro de si e a manifesta de maneira quase plena, muito além do comum dos mortais. Eu digo quase plena porque a manifestação plena impediria que este mesmo indivíduo se manifestasse entre nós em carne, já que seria pura energia, puro espírito, completamente separado deste ciclo de encarnações. Desta forma, Jesus, o Cristo, está para os Rosacruzes como um desses Avatares, ao lado de muitos outros, e a discussão sobre quem foi o maior entre todos, só serve a fanáticos e religiosos, não aos místicos. Místicos não são religiosos; são seres imbuídos, isto sim, de extrema religiosidade, e sabem em seus corações que o trabalho de purificação interior, como já foi dito, é solitário, uma responsabilidade pessoal e intransferível.
Portanto, a existência destes homens sagrados só nos estimula e serve de exemplo, mas em nada nos diminui a responsabilidade quanto ao nosso próprio destino e evolução.
Não cultuamos estes seres como a única manifestação de Deus, ou a principal manifestação de Deus, ou como o próprio Deus, isoladamente manifesto.
Entre místicos existe um consenso de que Deus é muito, mas muito maior que seus profetas. E por ser Onipresente, não poderia estar, por definição, isoladamente em ninguém em particular, mas sim em toda parte. Se estiver em alguém, homem simples ou santo, estará ali também e não só ali.
E o que nos diz o Martinismo moderno?
- Que se trata de uma ordem cristã. Até aí tudo bem. E que todo seu trabalho visa a Glória do Grande Arquiteto do Universo, antiga fórmula maçônica para evitar conflitos religiosos em suas lojas, personificando neste termo o Ser Supremo.
Por último afirma: “Para o Martinismo, diferentemente da Maçonaria, o Grande Arquiteto do Universo é Jesus, o Cristo, e não um Deus impessoal, já que Jesus é Deus”.
Pausa para reflexão. Isto não condiz com o Panteísmo rosacruz nem com a impessoalidade mística da Divindade Suprema como entendida, senão por todos, pela maioria dos rosacruzes.
E ao contrário das questões anteriores, não há como compatibilizar as duas visões.
Ou Deus é onipresente, está em toda parte e em todos, ou não está e concentrou-se em um único ser: O Cristo, Jesus.
Não é apenas uma questão filosófica, bizantina.
Trata-se da mais importante condição da prática mística que diz que todos nós poderemos um dia atingir a iluminação e tornarmo-nos unos com Deus, e repetir com Jesus; “-Deus e eu somos um”. Se assim não for,não poderemos.
Dentro do Martinismo, pelo menos suponho, não estamos dentro de uma religião, mas de uma Ordem Mística, na acepção da palavra.
Todos os martinistas da TOM, embora tenham aulas sobre Ocultismo, estão mais preocupados em seguir a Via Cardíaca para ampliar seu contato com a Vontade Divina, e tornar-se cedo ou tarde esta mesma vontade, e embora reconheçam a Divindade inegável do Cristo Jesus, seriam incapazes de aprisionar nele a única manifestação da Divindade, de forma que, de um golpe, Deus estaria historicamente datado, distante no Espaço e no Tempo, preso a uma época e a um lugar.
Isto é misticamente inconcebível, inaceitável.
Talvez aí esteja a mais notória discrepância entre o pensamento rosacruz e o pensamento Martinista.
Reverenciamos como místicos rosacruzes todos os Mestres, e não apenas ao Cristo. Reverenciamos a presença de Deus em todos os seres e não apenas a presença de Deus no Cristo. Se formos forçados a isto não poderemos cumprir a diretriz da carta de Stanislas de Guaita aos SI que é lida no Início do Grau, para todos os alunos da classe, a qual diz:
“Não queremos aqui te impor convicções dogmáticas. Pouco importa que te consideres um materialista, espiritualista ou idealista; que professes fé no Cristianismo ou no Budismo; que te proclames um Livre pensador ou que defendas até mesmo o ceticismo absoluto.Não atormentaremos teu coração com problemas que só podes resolver perante tua consciência e no silêncio solene de tuas paixões aquietadas.”
E continua, sempre com brilhantismo:
“Se te sentes envolvido pelo amor verdadeiro de tuas irmãs e irmãos humanos, não procures nunca dissolver os laços de solidariedade que te unem estreitamente ao reino hominal, considerado em sua síntese. Tu fazes parte de uma religião suprema e verdadeiramente universal, pois é ela que se manifesta e que se impõe (de uma forma múltipla, é verdade, mas idêntica em sua essência) sob os véus de todos os cultos exotéricos do ocidente quanto do Oriente.”
Magistral. Um verdadeiro discurso rosacruciano.
Vale ressaltar que ambas as abordagens, em si contraditórias, estão presentes nos textos da mesma Ordem, a TOM.
E isto talvez seja mais uma seqüela maçônica. A TOM é, dentro de si, não uma doutrina mística homogênea, mas uma intersecção de várias linhas de pensamento e de compreensão, um amálgama filosófico, ora moderno, ora démodé, ora religioso e direcionado para uma visão cristã ou eminentemente bíblica do mundo, ora verdadeiramente místico e plural. Os rosacruzes acostumados a conviver com várias formas de manifestação da verdade, não estranham em seus corações esta diversidade de posturas. O que lhes causa espécie, eu suponho, é a tentativa de fazer deste conjunto heterogêneo de facetas, uma mesma esfera, lisa e regular.
Ainda precisamos pensar o Martinismo a luz do Rosacrucianismo e esta intervenção crítica será provavelmente o primeiro passo da Rosacrucianização do Martinismo moderno, como organizado na TOM.
Agora, depois de achar que já havia encerrado o elenco de noções conflitantes entre as duas correntes de pensamento estudadas, me veio à mente, lendo uma monografia avançada da AMORC, outro problema: o da Unidade versus a ausência de Dualidade.
Embora colocado assim pareça redundante, eu procurarei elaborar o tema.
Sem intenção de violar o segredo o qual jurei guardar sobre todos os textos monográficos algumas considerações me parecem impossíveis de não transcrever. E como estarão fora do contexto, não haverá ruptura do sigilo.
Portanto, ouçamos a voz oficial da AMORC:
“ Um dos conceitos místicos básicos é a convicção da Unidade da Realidade. Trata-se da doutrina de que há um substrato por trás da miríade de manifestações que percebemos na natureza.A despeito da variação dos fenômenos da natureza, seja ela animada ou inanimada, há uma substância integral subjacente que não apresenta diversidade....Isto é comumente chamado de Unidade. Do ponto de vista semântico e filosófico, a palavra “unidade” , porém, quando analisada,não se aplica a essa doutrina.Isto porque Unidade implica a reunião de partes separadas de modo que constituam ou pareçam constituir um só todo. Aquilo que é verdadeiramente uno em si mesmo, portanto, não é uma Unidade, (não integrou partes antes separadas). Por conseguinte, não podemos logicamente afirmar que há uma unidade na diversidade, dado concebermos que a essência ou realidade subjacente não é diversificada ( dual) em sua natureza.” E segue o texto por esta linha de raciocínio.
E quanto ao Martinismo? Como é o nome do Livro base dos conceitos de Martinez de Pasqually? “Tratado da Reintegração dos Seres Criados”. Ora, para se falar em Reintegração, pressupõe-se, obviamente, que houve uma anterior Desintegração, ou melhor, uma separação que será desfeita após determinado processo místico ou teúrgico.
Visões novamente divergentes. Para os Rosacruzes, não há possibilidade de reatar aquilo que nunca foi separado, didaticamente ensinado pelo genial modelo da ligação em série de 7 ou 8 lâmpadas, de forma a demonstrar a presença em todas as lâmpadas da mesma energia elétrica a fluir e integrar a todos, mesmo que acenda uma luz vermelha aqui e outra azul ali. Para o Rosacruz, Deus está dentro dele, sempre esteve e sempre estará. Parado, em seu Sanctum no lar, ele contempla seu próprio reflexo em um espelho, para compreender que é nele mesmo que está aquilo que ele busca. Não há movimento para fora nesta busca. Há apenas expansão da Consciência de uma presença que sempre esteve e estará lá, e que por causa da qual, ele se manifesta neste mundo com a ilusão de autonomia, de independência. Já para o Discurso Martinista, ou pelo menos para parte deste discurso, o contato com Deus é algo a ser alcançado, em direção ao qual devemos nos dirigir. Deus não está em nós, mas no Cristo, Jesus, nosso intermediário. Novamente a distância e a separação. Por isso faz todo sentido falar em Reintegração a alguma coisa da qual supomos e postulamos estarmos distantes e separados.
Pior: reencontro este que pressupõe um terceiro elemento, um intermediário, sem o qual não poderá ser realizado.
O encontro do Graal dentro de nós não é mais possível. Só o Cristo pode encontrá-lo e nós o seguiremos, contemplando o cálice sagrado em suas sagradas mãos, à distância.
Qual a acepção correta: Distância ou proximidade?
Contato direto, ou indireto e intermediado?
Houve realmente uma queda ou apenas um processo normal e voluntário de expansão da consciência cósmica em busca de conhecimento? Pode-se, em sã consciência, chamar tal movimento, legítimo, e provavelmente cíclico do Cósmico, de uma “Involução”, ou é assim que o Todo Poderoso normalmente Evolui, e nós com ele, já que somos, todos nós, Ele mesmo?
São questões a considerar, e que deixam claro que, se existe nobreza na prática Martinista isto em nada modifica o fato de que Martinismo, Martinezismo ou Pappusismo não são Rosacrucianismo.
E isto deve ser claro a todos que são membros de ambas as ordens, até para que possam transitar sem traumas entre elas.

20 comentários:

  1. Muitíssimo obrigado pelas suas palavras... foram muito confortadoras.
    Eu tenho 17 anos e acabei de entrar na Rosacruz, AMORC. E adoro os seus ideais, porém já fui avisado por um rosacruz que as monografias atuais estão meio mudadas, e não são muito compatíveis com as minhas convicções filosóficas de vida, que batem quase que lado a lado com o pensamento rosacruz, e nada de dogmático ou de seres especiais escolhidos por Deus. Somos todos iguais com a mesma potencialidade de ser e nos tornarmos um ser iluminado por natureza.
    Apesar de ser um pouco embaraçoso, vou procurar não me esquivar desta filosofia de vida e poder provavelmente no futuro desfrutar do misticismo, o ocultismo das duas ordens, mantendo sempre o meu senso crítico e discernimento.
    Não sei será fácil, o fato é que não consigo viver em paz com uma farpa gigante dessas na mente. Mas ainda sou jovem, tenho muito o que aprender, ou desaprender. Sou um rapaz de mente aberta, pode parecer difícil de acreditar, mas me denomino um buscador sincero, sem alimentar o meu ego para a busca da verdade de meu ser, no meu mais alto nível de interpretação até que eu possa um dia chegar a certeza. O caminho é longo e caminharei com a mente aberta, ser sempre um eterno aprendiz, ávido e livre-pensador.

    PAZ PROFUNDA FRATER.
    - Fabio, frc.

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  2. Caríssimo, a sua intenção com a produção desse texto deve ter sido das melhores, mas percebi alguns problemas. Que 'Cabala' existe nos ensimentos da TOM (que deveria ser OMT, ou seja Ordem Martinista Tradicional)? Ao menos no meu tempo não tinha sequer caracteres hebraicos nos manuscritos e a divagação era meramente intelectual sobre um assunto - ao menos no início dos anos 90 - superficial. Ocultismo na TOM? Acho que não... Pergunte a algum Martinista dessa Ordem se sabe ao menos alguma coisa sobre horas planetárias... E os arcanos do Tarot? Pappus não se escreve com essa grafia. Caríssimo, não discuto a propedeutica das Ordens em questão, porque cumprem o seu papel com excelência, mas as suas colocações são, no mínimo, equivocadas.

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    1. Meu caro anonimo, ao que tudo indica, sua experiencia da TOM é anterior a minha. O irmão fala dos anos 90. Fui mestre de heptada em 2010. Épocas diferentes , conteúdos diferentes. Existem hoje, no grau SI, 5 manuscritos dedicados apenas ao Cabala e as Letras Hebraicas. O irmão poderá atualizar suas informações pedindo à GLP e à Grande Heptada as novas monografias, que sem problema ser]ao enviadas. Desde já agradeço seus comentários. Paz Profunda.

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  3. Agradeceria se na próxima vez o Irmão se identificasse dentro do próprio comentário, de forma que eu possa responder-lhe de maneira mais privada e mais completa.

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  4. Saudações Tradicionais

    Mário, de antemão lhe peço desculpas... Prefiro permanecer incógnito. Podemos até trocar informações através de outro meio, como o Skype por exemplo, mas nesse ambiente prefiro não me identificar. Peço desculpas também pela minha falta de sutileza, mas algumas informações contidas no seu texto são baseadas somente na sua experiência com a TOM (que nem é a OM mais antiga em atuação) e com a AMORC (que também não é a única nem mais antiga Ordem Rosa+Cruz). Se o seu texto fosse sobre diferenças entre essas duas Ordens, tudo bem, mas você generalizou e está muitíssimo enganado. Por exemplo, como poderiam existir "conflitos doutrinários" entre a Ordem Martinista e a OKR+C se para ser iniciado na segunda, obrigatoriamente o neófito deveria ser SI? Você diz que a Maçonaria é pouco esótérica/ocultista/mística (etc)... Ao que vejo a sua experiência também é de um rito e provavelmente ligado a algum Grande Oriente onde o viés é estritamente Moral... Recomendo-lhe estudar mais sobre os Ritos Egípcios (Memphis, Mizraim, etc) e o RER e verás que está equivocado também nessa área. Quanto aos cinco manuscritos da TOM sobre a Kabbalah, bem, admito que não conhecia, mesmo assim, CINCO manuscritos são insuficientes para descrever sequer uma Sephira, o que corrobora com o meu argumento de superficialidade. Se pensarmos somente no Sepher Yetzirah, teríamos material para anos de estudo dentro dessa tradição, que é essencial à maioria dos ramos Martinistas. Se quiser conversar em pvt, me envie o seu endereço no Skype. Reforço a observação... Não tenho qualquer coisa contra as Ordens aqui citadas, ao contrário, tenho o maior respeito por todas, porém, não podemos generalizar e comparar tradições distintas à guisa de experiências tão específicas. PP, TFA,

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  5. Meu caríssimo duplo irmão
    Vc está correto, meu ensaio baseia-se em 3 tradições: a TOM, como oferecida dentro da AMORC, a própria AMORC, da qual sou membro fazem 37 anos, e finalmente da Maçonaria do GO Paulista, rito Escocês Antigo e Aceito. Talvez fosse interessante fazer esta ressalva na frente do ensaio, mas como poucas pessoas conhecem uma única tradição inicática, quanto mais três delas, achei que não seria necessário. Pelo visto me enganei. Agradeço suas ponderações. Meu endereço SKIPE é mario_sergio_sales. Fácil né?
    À disposição.
    TFA
    M

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    1. Ao Mário e ao Anônimo,
      Estou usando também a ID de anônimo, em razão de usar computador público, onde evito deixar rastros de dados particulares.
      Fiz alguns apontamentos sobre o debate que Anônimo iniciou. Talvez possam ser de alguma validade. Também sou martinista, não da época do Anônimo, nem da do Mário, havendo um terceiro ponto aí a considerar.
      A TOM foi instalada oficialmente no Brasil na Convenção de 1986. Até então, os manuscritos denominavam-se "monografias” martinistas, disponibilizadas em espanhol. A afiliação dava-se diretamente à Suprema. Um dos graus possuía nome diverso do hoje utilizado.
      Na época, não era possível reter as iniciações de oratório. Como não havia heptadas no país, os ritos eram devolvidos à GH.
      Em 1986 foram anunciadas as "monografias martinistas" vertidas para o português e havia um grau após o SI com material de oratório.
      No início dos anos 90, deu-se a primeira revisão nas monografias, passando a se denominar "manuscritos" martinistas. Concordo com o I. Anônimo, as referências à Cabala não eram tão fartas quanto no período anterior. No entanto, se os caros I.I. se lembram bem, nos manuscritos de HEPTADA, que vigoraram até 2006, as referências estavam lá e eram inúmeras, com explicações detalhadas sobre o alfabeto hebraico, as sephira, árvore sefirótica e um estudo particular de cada sephirot. Dois ou três manuscritos dedicados a um estudo do Sepher Yetzirah e, adiante, um estudo dedicado ao Zoar.
      É bom lembrar que martinismo e Cabala não são sinônimos. Ele se vale da Cabala, mas sem o compromisso de substituir um curso de Cabala. Desde o início havia a exortação de que não era preciso aprender hebraico para ser martinista. Já o aprendizado profundo de Cabala irá exigir algum grau de domínio do idioma.
      O essencial era dado juntamente com o desejo de estudá-la a partir de leitura suplementar.
      A partir de 2007, passaram a vigorar no país os manuscritos revisados de HEPTADA. Não há nada a acrescentar aqui, pois estão em vigor.
      Pois bem, uma das razões da retirada de parte dos estudos cabalísticos, na primeira revisão, deveu-se, tudo indica, ao próprio trabalho de expansão das heptadas no Brasil, cujo projeto teve início justamente nos primeiros anos da década de 90. Como os esforços estariam concentrados na instalação de diversas heptadas e na criação de volumoso material de estudo e divulgação, era natural prever que boa parte disso se desviasse de seu curso natural - estudo privado - e caísse nas mãos de aproveitadores.
      De fato, foi o que aconteceu. Após a instalação da TOM no Brasil, inúmeros segmentos pseudomartinistas foram surgindo a cada ano na web. Uma singela pesquisa virtual vai demonstrar o quão variado é o número de "ordens martinistas" em "atividade", surgidas após 1990. À exceção das genuínas, que ainda estão aí, OM, TOM e OM&S, as demais basearam-se na mesma estrutura organizacional e pedagógica da TOM. (...)

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  6. (...)
    Quanto mais o tempo passa, mais admirável se torna a vasta e genial mente de Lewis, que concebeu um gigantesco sistema de organização empresarial e de estudos que até hoje é incessantemente copiado.
    Verificou-se, pelo relato de alguns martinistas da TOM e da OM, que tais "martinistas" novas, "ressurgidas", "revisitadas" ou "reorganizadas", como gostam de se autodenominar, pouco mais eram que cópias inconfessadas dos ensinamentos e estrutura organizacional da TOM.
    Porque da TOM? Justamente, porque, como previu o conselho supremo, com o projeto de instalação das heptadas no país, o farto material da TOM se faria conhecer por inúmeras pessoas, sinceras e insinceras. E na era digital seria fácil digitalizar os documentos, dar-lhes nova roupagem, novos nomes, novos símbolos, logotipos, layouts, e vender a ideia de uma nova organização que se supõe ser "original".
    Para tanto, tais organizações não poupariam críticas à TOM, ao argumento de que o nome estava errado (deveria ser OMT), de que "a Tom da Amorc seria diferente da Tom fora da Amorc", de que a Tom seria mística e o martinismo seria magista e etc.
    Para se saber se está-se ou não diante de uma Ordem tradicional, é preciso, como sabemos, verificar a cadeia iniciática. Esse é o elemento que confere validade ou não à organização, tanto quanto à iniciação que veicula. Assim, não seria suficiente ter uma cópia do rito em mãos para iniciar alguém. Seria preciso estar autorizado a conferi-la. Por tal razão, sob um de seus aspectos, a cadeia iniciática é o que valida a iniciação. Fora isso, o rito é mera liturgia sem espírito. Forma sem conteúdo.
    Outro requisito, mais moderno, é ter a Ordem uma origem válida. Muitas organizações que se intitulam martinistas não possuem uma origem. Justificam-na e a seus ideais como oposição à TOM ou à Amorc. Não são ordens iniciáticas, mas meras organizações reativas.
    Uma ordem tem sua razão de ser, não na comparação a outras, mas no cumprimento a certos ciclos. Há uma autoridade imaterial a ser transmitida validamente de uma pessoa a outra. Essa autoridade não se impõe, conquista-se pelo mérito.
    Concordo com o I.Mário sobre a maçonaria ser a menos transcendente de todas. Não se pode esquecer que na origem a maçonaria não se destinava à transcendência. É uma grande introdutora desses assuntos e desses ideais, e seus diversos ritos imprimem tais verdades ao subconsciente dos I:.I:., mas os rituais não transcendem. O rito que estaria próximo da transcendência propriamente seria o Menfis & Misraim.
    Nota-se que as Lojas do Séc. XVIII e XIX se interessaram muito pelos R+C e os acolheram como seus iguais em ideais, absorvendo parte dos ensinamentos e ritos, mas sem a chave para suas consecuções. Sabe-se que o grau 18 não torna o I:. um R+C, mas faz-lhe nascer o ideal de se tornar um. Idem à martinista, pelas referências a Saint-Martin nos graus filosóficos. (...)

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  7. (...)
    Quanto ao ocultismo, a martinista faz parte de um novo momento na história do ocultismo. Por tal razão, não apenas Saint-Martin, mas o próprio Papus abdicou, na idade madura, das delongadas horas de prática ocultista e magista. Não se pode tomar martinismo por magismo. Não constituem a mesma vertente. As práticas teúrgicas cerimoniais foram necessárias aos homens até o momento em que adquiriram a capacidade de se orientar cosmicamente, quando aprenderam a invocar as forças sagradas ou superiores e se alinhar a elas, usufruindo de seu manto de proteção e orientação. A partir desse ponto, tais práticas não seriam mais necessárias. Não seria mais necessário o uso de ferramentas impressionantes para imprimir vivamente no subconsciente verdades maiores, pois a própria mente consciente já havia aprendido como fazer.
    Essa é a razão pela qual Saint-Martin renunciou à escola antiga e alinhou-se aos novos tempos doravante chamados Aquário. O mesmo ocorreu, no Oriente, com Ramakrishna ao revogar a antiga lei, isto é, a escola antiga e fortemente ascética da Vedanta, substituindo-a por uma versão mais amena e adequada aos tempos que surgiriam. Na vertente proveniente do Himalaya, Lahiri Mahasaya e Subramanyananda foram autorizados, cada um em sua respectiva linhagem, a abrir para o mundo uma técnica iniciática até então monástica.
    Por essa razão, ocultistas como Crowley seriam hoje tidos como ultrapassados, em certos cenáculos martinistas reservados e desconhecidos de Lyon. Pelo apego à escola antiga, fantástica e impressionável, que não teria mais razão de existir nos tempos que adviriam (e que hoje estão aí).
    Como sabemos, um dos maiores desafios que o ser humano deve enfrentar, em uma existência, é compreender a mudança. O ser humano é lançado em um mundo de grande mobilidade onde nada é estático e a todo tempo tudo muda em todos os planos. O ser humano médio passa a fase adulta pensando no dia em que irá se retirar do trabalho e poder usufruir de tempo para fazer as coisas que quer e de estabilidade. Curiosamente, muitos, ao chegarem a esse ponto, adoecem ou não conseguem fazer o que queriam.
    Cultivaram, por toda uma existência, o enganoso conceito de que o bom é ser imutável. Contudo, em meio a toda a mobilidade da Criação, há um centro paradoxalmente estável e dinâmico a que todo martinista é convidado a encontrar. O tempo e a paciência seriam os requisitos, segundo os antigos. O fruto valeria a pena o esforço.

    Agradecendo aos I.I. as palavras que postaram, de minha parte nada trago de novo, que já não saibam, sendo meu propósito tão somente o de contribuir com esse interessante debate.

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    1. Interessantíssima sua revisão.Troquemos emails, seria muito enriquecedor para mim. Grande abraço.
      M

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  8. Caro Sales.
    Também vejo esta incompatibilidade de princípios entre a TOM e a AMORC, qual seja se houve de fato uma QUEDA. Assim , para o martinismo, nós somos seres que decaímos de nossa posição original que estaria mais próxima de Deus e que agora precisamos ser reintegrados. Para a Amorc, somos seres em evolução contínua, que desde o início de nossa criação como seres éramos inconscientes de Deus, sem que tivesse havido qualquer degeneração. Nesse sentido, não vejo as duas ordens com o mesmo objetivo.
    Grande abraço.

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  9. As comparações limitadas a uma dado espaço e tempo acabam mostrando diferenças, as quais poderiam ser dadas como inexistentes ou não, em outros limites. Com nosso limitado estado de consciência não somos capazes de julgar corretamente, ainda, as nossas/outras ordens, suas potências, ou mesmo, pelos atos de seus obreiros, sobretudo não podemos julgar a escolha por alguém, por uma religião ou por uma dada escola filosofica, mistica, esoterica ou ocultista, ...."o melhor", certamente, acontecerá para cada um!
    O Martinismo foi estabelecido nas bases da tradição cabalistica- cristã, logo, seus integrantes sobem a arvore sefirotica pelas colunas que possuem mais afinidade! Um outro fato conhecido é que nem todas as derivações do Martinismo possuem o conteúdo completo martinezista consigo. Até mesmo o RER de hoje em dia está distante dos tempos de Willermoz. A via cardiaca, muito difundida internamente atraves dos tempos (... era chamada e é conhecida como sendo uma via segura, tanto por aqueles que só conheciam profundamente este caminho ou não), e é atualmente a via mais utilizada no Martinismo, pois comparando-a com o caminho Teúrgico, este é um caminho muito dificil, que requer uma série de requisitos pessoais, além de ter que TER a afinidade de trabalhar com as respectivas sefiras. O conhecimento sobre cabala, asceses e ritualisticas especificas, que nem todas as ramificações Martinistas possuem, são necessários para desenvolver este caminho...; Assim, o "equilibrio" não é o estado final a ser obtido, é necessário sair de Malkut e subir pelas sefiras...; Quem possibilitou esta ligação (?), qual a sua descendência espiritual (?) ..e etc.
    Um Martinista diria que seria através da leitura da imensidão Divina que encontraremos a verdade absoluta, logo, não é atraves do intelecto que se encontrará as respostas corretas, assim, comparações / digressões intelectuais sobre a temática, irão levar somente a uma direção de dúvida e divisão, assim, cada um deve sentir o caminho que deve seguir, pois o melhor virá para cada um...

    O Martinista é, portanto, um cabalista-cristão..., simples assim!
    PP
    TFA,
    P.A.LF.DG.´.

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    1. Então como seu comentário é vasto vamos por partes, sempre lembrando que é muito triste falar com um desconhecido mas vá lá:
      Primeiro, concordo com vc sobre o viés relativista; não é o caso aqui, embora vc comente que "As comparações limitadas a uma dado espaço e tempo acabam mostrando diferenças, as quais poderiam ser dadas como inexistentes ou não, em outros limites". Meus comentários, até por falta de conhecimento de outras práticas, restringe-se a minha experiência como rosacruz da AMORC e de Martinista da TOM. Somente.E isto no período da primeira década deste século, entre 2005 e 2010, 5,6 e 7 como aluno e 8,9 e 10 como mestre de classe e da Heptada. É só o que conheço, e é disso que falo; outra coisa, eu não faço julgamento de escolhas, como vc adverte no trecho "sobretudo não podemos julgar a escolha por alguém, por uma religião ou por uma dada escola filosofica, mistica, esoterica ou ocultista, ...."o melhor", certamente, acontecerá para cada um", apenas analiso o discurso de cada uma das duas linhas que são diferentes, mas que o estabilishment da AMORC tenta apresentar como extensões um do outro; existem mesmo pontos conflitantes como descrevi;vc fala tb que "Um outro fato conhecido é que nem todas as derivações do Martinismo possuem o conteúdo completo martinezista consigo", e é verdade e salvo engano comento isto no post. Existe mesmo um artigo de Renée Guenon, "O Enigma de Martinez de Pasqually" disponível no site da Sociedade de Ciências Antigas (SCA) que diz textualmente que o Martinismo e o Wilermosismo nada tem a ver com o Martinezismo, afirmação com a qual eu concordo. Quanto a Via Cardíaca ser muito difundida existe uma razão para isso: o método Teúrgico não é apenas mais difícil, é uma estratégia equivocada. Quem precisa invocar anjos para saber como ser um ser humano melhor , demonstra que tem uma mente psicologicamente infantil. Desde Freud o Ocidente sabe a importancia da Mente em nosso comportamento e que ela deve ser nosso foco. Krishnamurti diziam que "quem olha para fora dorme; quem olha para dentro desperta". O show pirotécnico de Martinez nos Ellus Cohen era, ao fim e ao cabo, apenas isto: pirotecnia inútil do ponto de vista psicológico e espiritual. Só cresce que encara seus demonios e não seus anjos,no silêncio de seu quarto e no anonimato de sua solidão. Por enquanto comentarei estes trechos de sem comentário. Grande abraço.

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  10. ...sim, é uma grande verdade, uso tbém muito esta expressão de Jung: "Quem olha para fora dorme, quem olha para dentro: desperta"..., esta é a verdadeira alquimia, dentro de nós mesmos...., lembro ao irmão que dentro de nós, no interior do homem, existem, também, as sefiras, os canais sefiroticos, seres e...etc.
    A criança, como ser puro, de essência infantil, está muito mais próxima que os adultos das portas dos palacios fechados do Rei e da Rainha... Com o passar dos anos, o ser humano cristaliza uma série de couraças psicologicas em seu corpo e, como acima dito, nem todos possuem as afinidades para a via cardiaca para "transformar-se" (MEM). A via teúrgica é uma opção, logicamente, para aquelas escolas que possuem as respectivas (...e corretas) asceses e ritualisticas, pois não se trata da ocorrência de apenas um fenômeno exterior ( La Chose), mas sobretudo da abertura de caminhos interiores, dentro do Ser Humano... Peço ao irmão para revisar a trajetória de Renée Guenon, o mesmo foi expulso do Martinismo por Papus e muitas lojas Maçônicas, no tempo de Oswald Wirth, não aceitaram sua adesão..., o mesmo contrariado em suas intenções e sem nunca ter tido o contato com "La Chose" ou mesmo de ter sido um "SER PENSANTE" dentro da imensidão divina, usou o intelecto para justificar sua própria via de escolha baseada no reflexo da luz e não vindo diretamente pela LUZ..., assim, podemos ver como uma egregora retira de seus elos aquilo que não se encontra na mesma frequência, por isto, é válido dizer que existem varios caminhos que chegam a Roma..., cabe a cada um sentir-se bem, aonde decidir estar, em estado de harmônia com os irmãos e, sobretudo, com a egregora, e é neste estado que o iniciado evolui na senda, foi o quis dizer Guaita, em texto, logo acima mencionado...
    Um fraternal Abraço!
    ...G.´.

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    1. Meu querido frater, um esclarecimento:
      Quando usei a expressão " Quem precisa invocar anjos para saber como ser um ser humano melhor , demonstra que tem uma mente psicologicamente infantil", falo de algo patologico, psiquiatrico, que demanda tratamento e terapia pois se trata de uma regressão emocional grave em nossa prática social. Não me referia em momento algum a "pureza da criança interior" conceito completamente diferente.
      É preciso desfazer este equívoco. Martinez e na maioria os Ocultistas desde John Dee foram mentalmente e psicologicamente infantis na busca exterior de mecanismos de aperfeiçoamento de seus interiores.
      Quanto a Via Teurgica, tão cara a algumas tradições como o Martinezismo, penso como Saint Martin de que não é necessário tudo isso para se ver Deus. A única, e friso, a única técnica teúrgica prática, pragmática e hoje ainda válida é, na minha opinião, a Oração. Todo o resto, sob uma ótica contemporânea, só tem valor como ilustração histórica acerca dos caminhos do Ocultismo do passado, são uma experiência e uma metodologia superadas pelo Mentalismo, pela descoberta da importância do autoconhecimento.
      Quando a Guénon, seja tolerante: leia o artigo que sugeri; não parta do princípio de que por que Papus teve desavenças com Guénon nada das pesquisas que Guénon escreveu tem validade. Também tenho minhas discordâncias pontuais com Guénon, com o qual nenhum de nós é obrigado a concordar, mas não me nego a lê-lo, seria uma atitude intelectualmente equivocada. Criticar o que não conhecemos não é adequado. A não ser que o Frater tenha uma forte intuição de que não lucrará nada com seu texto, vá lá, dê um voto de confiança a esta minha recomendação e leia a sua análise sobre as origens de Martinez e do Martinezismo, consequentemeente dos Ellus Cohen, é interessante.
      Mas, a propósito, à qual texto do Marquês de Guaita o frater se refere?
      Grande Abraço

      M

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    2. Os magistas não apreciam Renée Guenon em razão de suas posições sobre a magia cerimonial. Elas merecem ser lidas, no entanto. Guenon é um dos maiores intelectuais da via iniciática e, talvez o único que escreveu obras científicas, com rigor acadêmico. Não creio que os críticos de Guenon, no Brasil, tenha lido suas obras, pela simples razão de que sua obra só veio a ser traduzida integralmente há alguns anos pelo Instituto Renée Guenon. Ele foi martinista e é respeitado por essa via, apesar de ter optado pelo sufismo mais tarde. Juntamente com Julius Évola escreveu uma das duas únicas obras iniciáticas respeitadas no meio acadêmico, o que é algo raro.

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  11. .... Estou aqui somente de passagem, espero que encontre aquilo que busca e nao se perca nesta floresta dos erros..., esvaziar-se faz caber mais, a erudicao eh do intelecto, aqui a pouco tem que se ler profudamente A. C para ter tolerancia e aceitar seus pensamentos (?),... necessitamos, sim, usar o sentir para serrmos acertivos e evitar de falar bobagem e fazer comparacoes, estas sim, infantis, este eh o Ego falando, querendo sobrepor a forca opinioes, sim, orai E VIGIAI...; eh necessario dizer que eu te compreendo e tens razao antecipadamente da resposta que nao tera..., aproveite para mostrar toda a sua ERUDICAO,
    Abracos Fraternais,
    GG.'.

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  12. Bom, como somos quase todos "anônimos" neste interessante forum aberto pelo caríssimo fr. e ir.'. Mário, sendo quase uma reunião de incógnitos, gostaria de esclarecer que sou o Anônimo das postagens de 22 de julho, sendo que não voltei a participar escrevendo desde então. Acompanho a opinião dos presentes, no sentido de que a teurgia não é mais necessária nos tempos atuais. Tenho conhecidos que seguem essa via e já pude perceber que os efeitos produzidos neles, que já passaram dos 40 anos e praticam há mais de uma década, não os tornaram aquilo que queriam ser. Estão sentindo que a idade vai chegar, não podem contar com uma aura forte para preservá-los das doenças degenerativas, pois optaram por abrir sua aura a energias, digamos, incomuns, e, com isso, vêem-se na condição de doar algo da própria energia para alcançar certos resultados que consideram válidos. Quanto à erudição, meus caros, ela não é indesejável, pelo contrário. Zanoni nos mostra que erudição, cultura e riqueza, na quantidade certa, torna o iniciado liberto e o dá condição de cumprir a missão de sua vida. Os extremos da pobreza, ignorância (falta de cultura e educação formal) e soberba é que devem ser evitados. Empédocles nasceu em uma família rica e nobre, pois usava um cinturão caro em seu manto roxo, indicativo de nobreza, mas empregou os recursos que o bom carma lhe permitiu para ajudar os doentes e os miseráveis. Com isso, deu continuidade a uma vida tranquila em sua próxima existência, como se supõe. Por outro lado, há que se lembrar que a Ordem Martinista foi fundada por dois eruditos, Encausse e Chaboseau, médicos, estudiosos e notáveis escritores. Saint-Martin estudou em um dos Colégios mais formais e caros da França, graduando-se em Direito mais tarde. O curso de Direito, pelo qual passou, era extremamente difícil, pois os estudantes eram obrigados a fazer resumos semanais de livros, de 80 a 100 pags. Rousseau e Voltaire também firam alunos dos rigorosos cursos de Direito da França antiga, de onde saíram também Renée Savatier, Louis Josserand e Raymond Salleiles. Logo, o martinismo não se faz pela mera leitura de monografias semanais ou pela presença em ritos, sendo preciso também o estudo das obras indicadas. O martinismo, na França, originalmente é uma ordem de intelectuais. Por tal razão, há tantos escritores e intelectuais martinistas. Quem não se sente atraído por isso, pode contar com outras opções no cenário iniciático mundial. Contudo, se desejar ser martinista, seja-o da melhor maneira e será respeitado em qualquer lugar do mundo onde estiver (Jules Boucher). Abs. a todos (evito despedir-me em caráter formal por se tratar de um espaço virtual público)

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  13. Finalmente um debate sério e proveitoso aqui! Pena que cheguei muito tarde.... parabéns!!!

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  14. Muito bom o seu texto, eu apenas gostaria de fazer alguns comentários:

    Primeiro, quando ao fato de no Martinismo Deus ser igual a Jesus. Bom, podemos ler isso de forma exotérica ou de forma esotérica. Lendo de forma exotérica, chegaríamos às conclusões que você bem aponta, mas lendo de forma esotérica, podemos considerar que o Drama Iniciático vivido por Jesus deu vida ou expressão, ou mesmo deu uma imagem mística, de Deus para a humanidade, ou seja, entendemos que essa igualdade entre Deus e Jesus é simbólica.

    Como Rosa-Cruzes, devemos ler desta forma, pelos motivos que você tão bem explicou, mas se um Martinista fica apenas limitado a entender a igualdade entre Deus e Jesus da forma exotérica, paciência, de qualquer forma ele se beneficiará dos ensinamentos.

    Outro ponto, é que como Rosa-Cruzes, independente de qual outra afiliação tenhamos, devemos nos perceber como Rosa-Cruzes que assumem uma outra filosofia como complemento ou expressão, dessa forma, podemos reler essas filosofias, dando a elas mais sentido, e eventualmente deixar de lado os pontos em que elas erram o alvo, sem que isso invalide essa filosofia complementar.

    Nesse ponto, infelizmente o que acontece é que muitos Rosa-Cruzes colocam seu Rosacrucianismo em segundo plano e se veem como "Martinistas" ou alguma outra denominação, e é isso que devemos evitar, devemos enxergar as filosofias com os olhos de um Rosa-Cruz.

    Mas estou plenamente de acordo com um ponto, o Martinismo precisa ser "adaptado" para poder ser vivenciado por um Rosa-Cruz, mas isso ocorre naturalmente, embora se uma Ordem Martinista deixar isso claro e contemplar tal orientação em seu ensinamento, fica tudo mais claro e mais fácil.

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