Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O 3° DEGRAU


por Mario Sales

Em 08/07/2015, às 21:36, Marco  escreveu:
Ano R+C 3368 - 8 de agosto
Queridos Fratres e Sorores
Desculpem enviar este e-mail sem suas autorizações, mas o que me leva a tal ousadia é compartilhar fraternalmente um artigo que chegou em minhas mãos sobre a Pineal e que achei interessante.
Nosso ímpeto Rosacruz de sempre investigar me fez repassar a vocês. Caso o frater ou a sóror queira receber de vez em quando alguma peça para aprimorar nossos estudos, que por ventura caia em minhas mãos, terei o prazer de repassar. Para não importunar ninguém repassarei, daqui em diante, somente aos que responderem este e-mail, manifestando tal desejo.
Na esperança de ter colaborado com mais um tijolinho na árdua tarefa de erguer nosso templo de conhecimento, sou grato e desejo a todos os mais sinceros e fraternais votos de Paz Profunda.
O link para o artigo:
http://www.hierophant.com.br/arcano/posts/view/Alexandre/1828

Em 8 de julho de 2015 22:11, Mario Sales escreveu:
Minha posição: eu não tinha lido o artigo mas já havia visto chamadas para ele. Primeiro: que triângulo é esse, pineal e tímpanos? Não conheço tal estrutura neurológica. Segundo, quanto ao zumbido, não é, ao que eu saiba, sinal de trabalho da pineal, mas sim uma doença inflamatória, não letal, mas que prejudica em muito a qualidade de vida de quem a manifesta. Este artigo, ao que me parece, não tem embasamento, já que não cita as fontes de onde tirou suas conclusões.
Devemos encarar estes textos pseudo científicos com prudência, um dos degraus da escada de Rá.
Pp
Mario
Enviado via iPad by Mário Sales


Como Rosacruz e místico acredito que devemos mergulhar na investigação, nem todo o conhecimento é abalizado pela ciência, muito conhecimento testado e experimentado por mim, adquirido na fonte Rosacruz não traz uma chancela científica, um bom exemplo é a projeção psíquica. O pensamento científico acadêmico nega esta possibilidade, se for conversar com qualquer cientista este provavelmente vai me cobrar: ...onde foi publicado? Em qual revista científica? etc. Mas basta um frater ou sóror mergulhar com dedicação neste campo que vai se surpreender. É bem verdade que nossos corpos devem estar preparados para esta empreitada. Um corpo físico bem alimentado com alimentos próprios para uma boa nutrição física e energética (magnética), bem hidratado, ativo através da movimentação (exercício), que faz a troca de gases e nous de maneira adequada através de uma respiração consciente e profunda vai ser requisito primordial para esta experiência. Somado a um corpo psíquico nutrido por uma energia pensamento de boa qualidade harmônica e uma personalidade alma imbuída nos valores de evolução espiritual farão desta experiência uma estarrecedora surpresa. Mas se houvesse submetido o conhecimento da projeção psíquica previamente ao pensamento científico não teria descortinado esta aventura em meu ser, porque questionado da fonte científica não temos como credita-lo. Como místico Rosacruz estou aberto a novas descobertas, mesmo aquelas que possam parecer para os olhos da ciência coisa estranha e não contem com o crédito desta.
 O artigo em discussão me parece muito interessante. Até a triangulação dos ouvidos com a pineal é de fácil observação e bem possível de ter ligação extra-física. Claro que um zumbido no ouvido pode ser um problema auditivo merecedor da investigação de um profissional médico. Mas talvez alguns percebam um zumbido diferente..."existem zumbidos e zumbidos" Bem fica a dica para não deixarmos de investigar o que nos chama a atenção como buscadores.
Com os mais valiosos votos de Paz Profunda sou fraternalmente grato pela paciência de todos.
Abçs.
 Marco
 Serra de Macaé | RJ




Nós, rosacruzes, somos herdeiros de nossos melhores cientistas e pensadores. Neste particular, é hábito consolidado falarmos nos mestres cósmicos, KH, Morya, Saint Germain, como nossos ancestrais mais importantes. A vida, no entanto, desenrola-se em dois planos: o espiritual e o material.
As contribuições de mestres cósmicos à existência têm importância semelhante à de, assim chamados, homens comuns, que modificaram com seu trabalho e capacidade de organização do conhecimento, o modo de encarar a vida e de se obter conhecimento confiável.
Entre estes, temos dois Bacon’s: Roger e Francis; o primeiro, padre, não rosacruz, nascido em Ilchester, Somerset, século XIII, em 1214 e falecido em Oxford, em 1294. O segundo, Francis Bacon, Conde de Verulamio, rosacruz e imperator da Ordem no século XVII, chanceler inglês, viveu de 22 de janeiro de 1561 (Londres) até 9 de abril de 1626 (também em Londres).







Foi com o trabalho de Roger Bacon que se popularizou a expressão “leis da natureza”, no século XIII. Foi também um defensor apaixonado em seus textos, da observação sistemática dos fenômenos naturais como busca de fundamentos do conhecimento natural[1].






Francis Bacon, na mesma linha, trabalhou o problema da qualificação das observações, com a meta ambiciosa de promover uma “Grande Restauração” (Instauratio Magna), como ele denominava, no pensamento filosófico. Sua intenção era estabelecer critérios que garantissem que as interpretações extraídas da observação não fossem contaminadas pela subjetividade do observador, projeto que era comum a todos os pensadores que colaboraram na elaboração do que hoje se chama “Método científico”. Para Bacon, rosacruz e filósofo, “a filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade científica somente será alcançada pelo expurgo de uma série de preconceitos, chamados por Bacon “ídolos””.[2]
Cito a descrição dos ídolos feita por Bacon, dada a sua importância na construção da mentalidade contemporânea:
“No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:
1) Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem, supondo-se o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. (Bacon) dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados (ídolos da tribo) porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.
2) Idola Specus (ídolos da caverna): De acordo com Bacon, cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz particular, à qual estão acostumados. Isso quer dizer que, da mesma maneira (como no Mito da Caverna) presente na obra 'República' de Platão, os indivíduos, cada um, possui a sua crença, sua verdade particular, tida como única e indiscutível. Portanto, os ídolos da caverna perturbam o conhecimento, uma vez que mantêm o homem preso em preconceitos e singularidades.
3) Idola Fori (ídolos do foro): Segundo Bacon, os ídolos do foro são os mais perturbadores, já que estes alojam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e de nomes. Para os teóricos matemáticos um modo de restaurar a ordem seria através das definições. Porém de acordo com a teoria baconiana, nem mesmo as definições poderiam remediar totalmente esse mal, tratando-se de coisas materiais e naturais posto que as próprias definições constam de palavras e as palavras engendram palavras. Percebe-se, portanto, que as palavras possuem certo grau de distorção e erro, sendo que umas possuem maior distorção e erro que outras.
4) Idola Theatri (ídolos do teatro): Os ídolos do teatro têm suas causas nos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstrações. Os falsos conceitos são as ideologias, essas são produzidas por engendramentos filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos ilusórios. Os ídolos do teatro, para Bacon, eram os mais perigosos, porque, em sua época, predominava o princípio da autoridade – os livros da antiguidade e os livros sagrados eram considerados a fonte de todo o conhecimento."[3]

Tanto os Idola Specus, aqueles ligados as nossas convicções pessoais, quando os Idola Theatri, ligados as ideologias que abraçamos como base de nosso comportamento mental e critério de avaliação da verdade, são lentes através das quais olhamos o mundo. Se essas lentes forem (como são) coloridas, darão uma cor e um matiz diferente aquilo que contemplamos.
É preciso deixar claro que não é possível olhar para a realidade sem ser através de lentes. O que podemos fazer, em busca de um pensamento mais científico, é reconhecer com humildade a existência destas lentes e procurar evitar que estas possam ser mais importantes que as evidências que testemunhamos na experiência.
Francis Bacon, como rosacruz e como pensador dos métodos e critérios para estabelecimento do que chamamos conhecimento de certeza, (ou Epistéme, em grego) tinha como objetivo melhorar a qualidade do pensamento daqueles que buscassem com sinceridade uma visão mais clara e confiável do mundo material. E aqui devemos colocar, também de outros mundos, como o espiritual. Se além de possível é também freqüente, interpretarmos, de forma equivocada, fatos do mundo material, imagine-se então a dificuldade de avaliarmos experiências em um ambiente tão vago e impreciso como o mundo mental ou espiritual.
Muitas vezes vejo místicos sinceros praticarem o pecado do orgulho, supondo que sua sensibilidade e crenças o põem acima do bem e do mal, acima da ciência e dos cientistas e que, com certeza, somos nós, místicos que temos algo a ensinar aos cientistas e que, eles, cientistas, nada tem a nos dizer.
O rosacrucianismo de AMORC, encarnado no início do século passado por Harvey Spencer Lewis, sempre foi um misticismo aliado do pensamento científico e, hoje como no passado, o nome da rejeição sistemática dos critérios científicos na busca de confiabilidade em nossas experiências tem apenas um e o mesmo nome: obscurantismo.
Lembro-me da minha primeira e última experiência de projeção astral, ou pelo menos, de estado de consciência fora do corpo.
Foi um evento absolutamente consciente e racional, preparado que estava pela visão rosacruz de compreensão serena de fenômenos desta ordem. Acredito, aliás, firmemente, que a racionalidade com que encarei esta experiência em nada retirou da mesma seu aspecto de beleza, de descoberta e de esoterismo.
Durante os poucos momentos em que permaneci em projeção, andei pela casa em que estava, testei a permeabilidade através da matéria, a influência do pensamento no deslocamento espacial, comprovando que, no ambiente astral, “a velocidade perfeita é estar aqui”, como ensinava o mestre de Fernão Capelo Gaivota no famoso livro de Richard Bach.
Foi um experimento muito ilustrativo e esclarecedor, que até hoje guardo na memória como informação confiável.
Não foi uma experiência ideológica, mas transcorreu em perfeita serenidade e só lamento o fato de que não tenha mais se repetido, o que talvez evidencie um bloqueio de natureza emocional ou mesmo total falta de utilidade e necessidade nisto. Não sei.
Por isso defendo a importância de “critérios mentais claros e distintos”, (frase atribuída a outro pensador e rosacruz, Renée Descartes, [La Haye, Touraine, março de 1596 - Estocolmo, fevereiro de 1650]) na avaliação de fenômenos materiais (ou, repito, mesmo espirituais e místicos), o que, para mim, não apresenta nenhum conflito.

Descartes 


Hoje vivemos em um mundo de compartilhamento extremamente rápido de informações, apresentadas de forma muito atraente, e trazendo em seu bojo milhares de afirmações muitas vezes carentes de fundamentação científica e baseadas apenas em crenças pessoais que não passaram pelo crivo da avaliação experimental.
O fato de uma informação “parecer verdadeira” não significa que ela o é, e eu sou, dentro da Ordem Rosacruz, uma das vozes que trabalha incessantemente pela qualificação das informações que nos chegam a todo instante através do que se chama ambiente místico.
Existe uma espécie de consenso entre aqueles que habitam este espaço de trabalho de estudos esotéricos, que os leva a pensar que os esforços no passado de Roger e Francis Bacon, bem como as formulações lógicas de Frater Renée Descartes, não são importantes no trabalho de avaliação das informações colhidas em livros esotéricos.
É como se pensássemos que a verdade esotérica, por seguir outros paradigmas, outras formas de perspectiva do chamado "Mundo Real", deva ser analisada de maneira menos criteriosa do que a colheita e análises de dados feitos pelos cientistas ortodoxos.
Todo meu esforço, nos últimos anos, tem sido na direção de mostrar que é preciso analisar com critério e bom senso todas as informações que nos chegam, sejam elas provenientes de textos profanos ou esotéricos.
O cerne deste argumento, sua espinha dorsal, é a seguinte: todas as informações que nos chegam às mãos, para serem aceitas como conhecimentos confiáveis, devem ser analisadas com discernimento e prudência ou então serão apenas e tão somente produtos de fé.
Não foi para me tornar um homem de crenças dogmáticas que eu me tornei ou, pelo menos, abracei a causa mística. Falta de bom senso e credulidade ingênua nada tem a ver com prática mística.
E o que contemplo ao olhar para meus irmãos de trabalho místico? Aversão à ciência, aversão a informações bem fundamentadas, desprezo pelo trabalho de pesquisadores de todo mundo e defesa apaixonada de discursos visivelmente charlatanescos, sem seriedade e sem suporte.
Uma coisa é ser um Mago. Outra é ser vítima do “pensamento mágico”.
Pensamento mágico é supor que todos os problemas da vida se dissolverão aos nossos pés, sem que nada precisemos fazer para resolvê-los. Que nem nós, nem nossos entes queridos, nunca seremos atingidos pelo sofrimento, pela doença, pela dor.
Que pelo fato de sermos rosacruzes e conhecedores profundos da sabedoria da tradição estaremos protegidos da calúnia, das vicissitudes da vida, ou da morte.
É este “pensamento mágico” que afasta o Iniciado da Verdadeira Magia. É esta falta de critério ao lidar com o mundo e, principalmente, consigo mesmo, que leva as pessoas a serem vítimas de eventos ditos inesperados, mas que são, antes de qualquer coisa, conseqüências da imprudência.
É preciso olhar a história dos Místicos e do Misticismo para entender que não é assim, e que toda essa crença de indestrutibilidade e esse complexo de super-homens que afeta muitos místicos e esoteristas só tem uma única razão: imaturidade psicológica.



Existe um capítulo na edição antiga da Ed. Renes de Princípios Rosacruzes para o Lar e para os Negócios de Harvey Spencer Lewis, aliás, o último, que se chama “O Esqueleto no Armário”. Ali, Lewis adverte que de nada adianta o conhecimento de técnicas de visualização mental se a pessoa não tiver resolvido antes suas próprias inseguranças pessoais e psicológicas, que ele chama, pitorescamente, de "o esqueleto escondido no armário".
Místicos acham que o misticismo puro e simples, independente da cultura e do conhecimento, é tão eficaz que não depende de equilíbrio e preparo mental e psicológico, e alguns supõem, equivocadamente que acumular cultura intelectual atrapalha o desenvolvimento da espiritualidade.
Muitos fratres me dizem, sem nenhum embaraço, que a ignorância é uma bênção, que os Mestres amam os “simples” de coração e confundem de modo ingênuo simplicidade de espírito com falta de elaboração mental e intelectual.
Como eu disse acima, o Culto da Ignorância como uma virtude é a base do obscurantismo.
A simplicidade, e eu repito isto insistentemente, é uma armadilha teórica.
Quando os Mestres, e mesmo o Mestre Jesus, falam em simplicidade, eles falam em uma atitude não ególatra, em mansidão de espírito, não em estado de ignorância, mas em uma humildade de caráter comum aos Sábios. Veja, sábios, aqueles que estão para além do conhecimento. A Sabedoria, ou o Estado de Sabedoria é um patamar acima do conhecimento puro e simples, e mesmo na árvore da Vida, Hochmah (Sabedoria) está acima de Binah (Conhecimento) e mais perto de Kether (Plenitude, o estado mais alto de perfeição antes de Deus).
Quem chegou ao estágio de Hochmah ( Sabedoria) passou necessariamente pela fase de Binah (Conhecimento) .
Infelizmente, muitos místicos, por falta de cultura mística e/ou maturidade emocional, fazem de conta que a ignorância é sinônimo de santidade, que pobreza intelectual é sinônimo de grandeza espiritual e a ciência é apenas um grupo de pessoas atéias e sem espiritualidade que negam as coisas do esoterismo por preconceito e não por que faltam evidências compartilháveis de que a aura, projeção astral ou o poder de cura com as mãos tem eficácia e são coisas reais e não produto do delírio de alguns desajustados.



Outro rosacruz não concordaria com estas premissas. Seu nome: Jan Amos Komenský, em latim Comenius, educador, (Nivnice, 28 de março de 1592 - Amsterdan, 15 de novembro de 1670), “um bispo protestante da Igreja Moraviana , educador, cientista e escritor checo. Como pedagogo, é considerado o fundador da didática moderna".[4]
Ninguém batalhou mais do que ele pela melhoria das condições culturais de todos que o cercavam, pois sabia, como educador e homem de ciência, que a ignorância intelectual torna as mentes apenas presas mais fáceis da superstição e do medo.
Um místico supersticioso é um triste místico. As técnicas rosacruzes não são entendidas como técnicas de acústica ou de ótica atlantianas, ou como o último eco de outro processo científico, de outra era, ou seja, uma tradição que tem os pés fincados na experimentação de toda uma cultura. Não. A maioria dos rosacruzes supõem que estas técnicas maravilhosas que são ensinadas pelos rosacruzes são apenas produtos do acima citado “Pensamento Mágico” e que basta saber de sua existência, não sendo necessária entender as bases de sua eficácia e o contexto em que foram descobertas estas técnicas.
É como se a ciência do passado fosse diferente da ciência de hoje.
Não é. Ambas nasceram da observação, do estudo e do trabalho de várias gerações de pessoas, seja hoje, seja no passado distante. Um bom rosacruz é um ser curioso, sempre investigando, sempre perguntando, sempre trabalhando para ampliar seu conhecimento sim, mas acima de tudo, sempre prudente.
Não despreza a ciência, admira-a.
Não ri dos cientistas, mas tenta imitá-los em sua paciência, rigor investigativo, obstinação, seu senso de trabalho em equipe.
Quem tenta desprezar a ciência ou vê-la sob a ótica do preconceito obscurantista disfarçado de “visão mística”, ao mesmo tempo gosta de usar seu telefone celular, assistir uma televisão de 50 polegadas ou conversar com outra pessoa do outro lado do planeta, com imagem e som, graças à internet, a rede mundial de computadores.
Não se interessa pelo trabalho que deu para montar toda esta estrutura de que dispõe. Não faz caso do esforço de milhares de mentes, místicas ou não, dia a dia acumulando conceitos e fatos até que se atingisse uma massa crítica que pudesse gerar um avanço tecnológico qualquer.
Apenas desfruta de modo infantil e aparentemente inconsciente, dos prazeres deste conforto tecnológico, amaldiçoando-o enquanto se vale dele.
Fala mal dos avanços tecnológicos na agricultura, mas não considera a existência de milhões de famintos que se beneficiaram do aumento dos alimentos.
Quer que voltemos aos tempos da lamparina e da vida no campo, mas não sai da cidade aonde ele e seus familiares vivem.
Ou como lembra o professor Mario Sergio Cortella, meu xará, de modo absolutamente insano, sai de casa em um domingo para comer “comida caseira” num restaurante perto.
O ser humano é desmemoriado. Ele esquece com rapidez as épocas das pestes ou da falta de alimentos, as épocas em que não podia guardar a comida por muitos dias, a época em que deveria ter 15 ou 18 filhos para que apenas 10 sobrevivessem, isso se a esposa sobrevivesse a todos estes partos.
Todas estas eras, a época pré vacinas, a época pré antibióticos, a ausência de saneamento básico, a falta de recursos modernos de transporte, tudo isso é esquecido em nome de uma visão tacanha e mesquinha de que a “vida simples” sem nenhum desses recursos, traria mais beneficio espiritual à humanidade.
É a mesma visão obtusa do Faquir indiano, que em algumas monografias, AMORC alertava ser equivocada. Maltratar o corpo, agredir a matéria, viver com sacrifício e dor, nunca tornou ninguém mais santo.
Quanto à santidade, esta não é garantida pela ausência de bens materiais ou de cultura.
A santidade é uma atitude interna, psicológica, em relação à matéria e ao espírito, uma visão transcendente que não despreza as coisas deste mundo, (criadas, como nós mesmos, por Deus, para nosso aprendizado e evolução), mas que valoriza a Vida Material e sabe da importância de cada encarnação no crescimento pessoal das almas imortais que viajam de corpos em corpos.
Precisamos considerar estas coisas antes de julgar precipitada e erroneamente os homens e mulheres que construíram a nossa cultura, nossa ciência e nossa sociedade. Eles trabalharam duro para que agora nossos filhos estivessem vivos e com saúde e para que, até aqueles que não os compreendem pudessem desfrutar de mais conforto, mais bem-estar e mais dignidade do que há cem ou duzentos anos atrás.
Precisamos ser mais criteriosos com o que lemos, com o que consumimos em termos de cultura e informação, dentro ou fora do ambiente rosacruciano. Não é rosacruciano aceitar qualquer coisa como verdadeira sem testar e verificar antes esta informação, mesmo que venha através de monografias de AMORC. A própria AMORC recomenda esta atitude. Porque ao invés de doutrinas dogmáticas, AMORC dá, generosamente, estas informações para o uso daqueles que queiram delas usufruir para melhorar sua qualidade de vida. Espera-se apenas que as mentes que procurem nossos portais tenham afinidades com nossos ensinamentos e não que os aceitem, graciosamente. Testem o que ensinamos e aprofundem o domínio das técnicas enquanto as testam. Desenvolvam confiança na técnica pelo seu uso diário. Não creiam na sua eficiência. Experimentem esta eficiência, aumentando sua confiança objetiva na técnica em si.
Rosacrucianismo não é uma religião, não é uma questão de fé. A AMORC é uma escola esotérica, onde todos, do Imperator ao neófito são estudantes e cientistas místicos.
Por isso a necessidade de uma atitude cética que em nenhum momento é uma negação dos fatos, mas sim um cuidado com a interpretação dos fatos observados. Seja no aspecto material, seja no aspecto psicológico, seja no aspecto espiritual. Quem melhor descreve esta atitude é o Dalai Lama em uma célebre entrevista que deu ao astrônomo Carl Sagan cujo link é https://www.youtube.com/watch?v=8GCLmKqLBa8
Todo ser preparado intelectualmente ou ao menos atento será um observador melhor e mais prudente. E prudência, não se pode esquecer, é o terceiro degrau da Escada de Rá. A prudência, na nossa ascensão ao Amor Universal, vem antes da Justiça, a qual vem antes da Fé.


Crê melhor quem crê com fundamentos prudentes e justos.
Esta é uma atitude verdadeiramente científica e rosacruciana.






[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Roger_Bacon
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius

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