Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quinta-feira, 25 de junho de 2020

POR QUE NÓS, ROSACRUZES, NÃO SOMOS UMA RELIGIÃO?


Por Mario Sales

El Morya

Primeiro, essa é uma escola para ensinar aqueles que dela façam parte que todos, absolutamente todos , tem a capacidade adormecida, latente, de realizar o que se costuma chamar de milagres, tal como todos os grandes iniciados, já que o Deus que está em mim está em todos, seja o caso de altos iniciados ou do mais infame dos seres humanos.
Por que alguns então se comportam como canalhas? Porque estão confusos e esquecidos de suas origens divinas.
Mas Deus está lá, dentro deles, como está em mim e em você que lê esse texto. 
Qual a diferença entre uma escola esotérica e uma religião? Em uma religião contemplamos com assombro o poder manifesto de seres iluminados, homens e mulheres como nós, mas mais velhos espiritualmente, mais sábios, mais conscientes da presença de Deus neles.
Já os membros da escola rosacruz sabem que tem esse poder em si, e que ninguém pode lhes dar tal capacidade, mas cabe, isso sim, a cada membro da Ordem, desenvolver em si a habilidade dos mestres, aperfeiçoando pari passo a espiritualidade e a elevação que os caracteriza.
Diz Lewis em artigo de 1929: “…os rosacruzes mantêm a convicção que o maior bem do homem para si mesmo não pode advir de sua dependência de milagres realizados por outros, mas através de milagres que ele realiza por si mesmo em sua própria vida.”[1]
Não queremos o poder, mas ele virá, quando estivermos adequadamente preparados, quando estivermos prontos.

Alfred P Sinnett


E não é o poder que importa, como ninguém costuma pensar em seu braço direito ou em seu nariz pois eles sempre estiveram lá. O que importa é a habilidade deste braço, sua expertise em tocar um instrumento, em produzir a beleza em um quadro, em uma escultura, ou mesmo em um texto.
Da mesma maneira, como Mestre Morya lembra em carta a Sinnett, é preciso romper essa “ilusão contra a qual os estudantes de ocultismo, pelo mundo todo, sempre foram advertidos pelos seus professores – o desejo ardente pelos fenômenos. Como a sede pela bebida e pelo ópio, ela cresce de forma gratificante.” (e descontrolada).
Existe, entretanto, outra razão para as pessoas não acreditarem que tenham esse poder e preferirem a religião ao esoterismo: seguir alguém em vez de assumir sua própria herança divina é uma forma de fugir as responsabilidades.
Como dizia o tio do Homem Aranha, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. E é mais cômodo não ter responsabilidades, orar para que Deus ou algum santo faça por nós aquilo que é nossa obrigação.
Por isso a religião, um meio legitimo de manifestar nossa espiritualidade, é ao mesmo tempo, uma forma de bloqueá-la, de recusar a herança de nosso Deus comum, o Deus de nosso Coração e de nossa Compreensão.
Continua Lewis: “Dependa ou coloque sua fé cega nos poderes de outra pessoa e você vai se tornar um escravo em vez de um mestre.”[2]


[1] Publicado em “The Mystic Triangle”edição de maio de 1929, e republicado em “O Rosacruz”, no 1º trimestre de 2005.(pág.48)
[2] idem

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