UM EXERCÍCIO SOLITÁRIO, POÉTICO E FILOSÓFICO, BASEADO NO PRECEITO ROSACRUZ DA MAIS COMPLETA LIBERDADE (POSSÍVEL) DENTRO DA MAIS PERFEITA TOLERÂNCIA (POSSÍVEL). O MARTINISMO E O ROSACRUCIANISMO COMO REFLEXÃO.
Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
SOMOS TODOS HOSPITALEIROS[1]
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
No passado não era assim.
A maçonaria é uma Ordem nobre e antiga, que foi fundada com base em objetivos muito bem definidos.
Haviam as catedrais a serem construídas, para o que foram convocados pelos padres arquitetos um grupo de trabalhadores que se especializaram nesta função. Nesta parte a história fica confusa, pelo menos para mim. Não me parece claro se os padres arquitetos(os verdadeiros pais da Maçonaria em torno do ano mil DC) deram aos maçons um conhecimento arquitetonico pronto e acabado, ou se os pedreiros, mais tarde chamados maçons, perceberam na prática a chamada técnica do Arco Real, a estranha forma de construir que fazia com que duas enormes pedras caíssem uma sobre a outra, se encaixassem de forma absolutamente perfeita de tal modo que, com o auxílio da lei da gravidade, jamais saíssem de lá.
Seu peso garantia sua estabilidade , sem parafusos, sem ferro, sem cimento ou concreto, apenas pedras flutuando no espaço e, mesmo assim, sólidas como uma rocha. Independente de quem teve a ideia, era uma inovação tão importante em termos de engenharia que merecia o cuidado de ser guardada em segredo, e que fosse ensinada apenas aqueles que estivessem comprometidos com a construção.
Havia recompensa, trabalho e alimento para aquele que se envolvesse com os que já estavam lá, de forma que havia um interesse comum em preservar esta técnica de outros olhos. Havia a camaradagem entre todos, resultantes dos perigos que dividiam ao realizar este trabalho, tanto do ponto de vista de um mundo ainda bárbaro (a Idade Média) quanto da falta de medidas básicas de segurança na construção. Eram tempos heroicos.
Todos os envolvidos sabiam disso em parte, pois em parte viviam isso. Não era uma vivência mental, mas um trabalho braçal unido ao trabalho intelectual. Diário, cansativo, extenuante.
E assim , uma após outra, as Novas Catedrais chamadas Góticas, foram construídas, tão altas quanto pudessem ser as suas torres, numa demonstração da ânsia do homem em se aproximar de Deus, o Divino Arquiteto do Universo, numa demonstração do que o trabalho humano bem guiado por um bom projeto, um projeto comum, um projeto que dissesse respeito a todos os envolvidos, um projeto real, não uma ideia, não uma peça de retórica, não um discurso, mas uma obra física, densa, palpável, pode fazer pela união e pela criação de cumplicidade entre um grupo de homens dedicados e motivados.
Tínhamos um objetivo (construir templos para a glória de Deus); tínhamos poder ( um conhecimento técnico que outros não possuíam, que precisávamos preservar); tínhamos uma razão para o segredo (a preservação de nossa reserva técnica e de nosso patrimônio profissional); tínhamos enfim, um motivo para a convivência (metas e objetivos comuns, e um empreendimento de longo curso , já que as catedrais levavam muitos anos para serem construídas. Só a Catedral de La Santa Cruz e Santa Eulalia em Barcelona demorou 2 séculos).
Hoje somos uma Ordem de lembranças e como aposentados, (à excessão da Maçonaria de Barretos)ficamos em nossas Lojas e Capítulos de Perfeição rememorando os feitos de nossos antepassados.
Perdemos os objetivos claros que tínhamos no período operativo e que foram travestidos em objetivos políticos no período especulativo.
Tudo ficou nebuloso, vago, impalpável.
E hoje a pedra de que falamos não é mais a pedra de antigamente, real e palpável, a mesma pedra que cortava nossas mãos ao ser polida ou que esmagava os companheiros sem cuidado nos acidentes, frequentes em construções faraônicas. Hoje a pedra de que falamos é um conceito, uma ideia de cunho matemático, mais ligada aos arquitetos do que aos pedreiros.
Não somos mais os mesmos, a não ser por um pequeno detalhe, algo que se preservou ao longo dos séculos e das mudanças: a camaradagem, a solidariedade.
Se no passado criávamos vínculos com aqueles que trabalhavam e suavam juntos conosco nas obras da Fé, hoje criamos amizade e companheirismo com aqueles que frequentam nossos templos, aceitos entre nós como irmãos.
Se existe alguma coisa que nos identifica com nossos antecessores, que nos liga de hoje até os primeiros estertores das guildas de pedreiros, as corporações de ofício, lá atrás , no tempo, é sem dúvida o hábito de socorrer-nos mutuamente quando em caso de necessidade. E ninguém dentro da Loja, representa melhor essa ideia do que o discreto hospitaleiro, o irmão responsável pelos pedidos de auxílio, de Maçons e não Maçons, aquele que nos convoca a auxiliar alguém ou alguma instituição, com os recursos disponíveis em Loja ou com aqueles que possamos arrecadar motivados por uma boa causa, por uma boa razão, o ato de misericórdia pelo outro que nos faz melhores como seres humanos, generosos, altruístas.
No fundo, hoje, somos todos Hospitaleiros, reunidos com a única e precípua finalidade de ajudar a nós mesmos e aqueles que de nós precisarem, sempre guardando o segredo dos justos, aquele segredo que evita a Vaidade e que evita lançar sobre os ombros do auxiliado o peso de uma divida. Quem ajuda em segredo, ajuda melhor, de forma mais nobre e correta.
Não me parece que hoje exista mais nada que nos caracterize e nos identifique como maçons senão esta capacidade de ajudar materialmente ou psicologicamente aqueles que de nós necessitarem. Só através desse expediente as Lojas Maçônicas encontram sentidos em suas reuniões, e superam a aparência de serem apenas um “Rotary Esotérico”.
[1] O Hospitaleiro é o elemento da Loja que tem o ofício, a tarefa, de detectar as situações de necessidade e de prover ao alívio dessas situações, quer agindo pessoalmente, quer convocando o auxílio de outros maçons ou, mesmo, de toda a Loja, quer, se a situação o justificar ou impuser, solicitando, através da Grande Loja e do Grande Oficial com esse específico encargo, o Grande Hospitaleiro ou Grande Esmoler, a ajuda das demais Lojas e dos respectivos membros. Um dos traços distintivos da Maçonaria, uma das características que constituem a sua essência de Fraternidade, é a existência, o cultivo e a prática de uma profunda e sentida solidariedade entre os seus membros.
( http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2008/04/hospitaleiro.html)
sábado, 25 de agosto de 2012
MAS E SE O VENTO NÃO SOPRAR?
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
E a garantia da manutenção desta Ordem e desse Sistema é a Lei.
Ela nos dirige, nos sustenta, nos comanda.
Vejo meu corpo e minha mente.
Penso no que posso e no que não posso fazer ainda com um ou com outro.
Ambos tem capacidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento desde que a isso eu me dedique.
Nada é rígido, estático, mas sim flexível, adaptável, mutável, de muitas e muitas maneiras, mas mesmo assim limitados pela minha capacidade pessoal, orgânica e intelectual, em suma, proporcionais ao meu esforço.
Sou o que faço de mim, sim, mas só posso fazer aquilo que sei; e não sei tudo, não posso tudo, porque minhas habilidades pessoais são as que pude desenvolver, dentro de minha história de vida, de acordo com minha determinação e empenho.
Recebi todo um Universo para explorar, mas explorarei apenas uma pequeníssima parte dele, porque minha estada neste corpo é curta, e meu cérebro não vive para aprender apenas, mas também aprende para sobreviver, em um meio ambiente às vêzes árido, às vêzes propício, enfim, irregular.
Existe uma aspereza sensual e aderente na existência que causa atrito, gera conexões, faíscas, ignição de incêndios espirituais, combustível das paixões e do aprendizado emocional.
Tudo é coleta de dados e enriquecimento da sensibilidade e da consciência de tudo, mas pelo atrito, pelo contato. Nossa própria velocidade de percurso é definida pela intensidade deste atrito.
Tocamos as coisas e as coisas nos tocam devolvendo sobre nós, com a mesma intensidade, nosso impulso inicial.
Provocamos para sermos provocados.
Estimulamos e somos estimulados, num vaivém de encontros e experiências materiais com repercussões imediatas em nossa mente e espírito.
Não fosse por isso, não evoluiríamos, não modificaríamos nossa natureza, como a pedra bruta, para usar um lugar comum, não se lapidaria em múltiplas e reluzentes faces.
O que faz a pedra brilhar, o diamante reluzir com beleza, no entanto, não é a lapidação em si, nem as inúmeras faces que esta produz, mas seu contato com a Luz, que já estava aí, antes da pedra ser lapidada, antes que a jóia surgisse.
A Luz é anterior à pedra que brilha na Luz, como a Vida é anterior ao Homem que a vive e que dela desfruta, tentando dominá-la e compreendê-la, às vêzes, tentando reproduzi-la, sem grande sucesso.
Tudo o que fazemos, fazemos dentro de um contexto já dado, como qualquer composição musical será apenas uma nova combinação das sete notas básicas que existem, e nada mais, por mais complexa que seja a canção, por mais linda que seja a sinfonia.
Há, antes de nós, em torno de nós, uma quantidade dada de possibilidades, um campo definido de ação dentro do qual vamos atuar, e por mais que ele nos pareça infinito, tem seus limites, suas marcações.
São paredes, sólidas, que margeiam e definem um corredor evolucional, que não podem ser desprezadas ou transpostas, as paredes de nossas dimensões de existência, no entanto tão afastadas, que realmente parece que estamos em campo aberto.
Só que não é assim. Existem limites e reconhecê-los é aproveitar melhor a jornada e a caminhada.
É correr sempre no meio, aonde a resistência será menor, quase inexistente, embora ainda exista.
O segredo é manter a equidistância das colunas laterais, os muros que demarcam a realidade possível, os contornos esféricos do pós Tzin-tizum.
Sim, é bom termos esta sensação de que nós comandamos o navio que guiamos, velas enfunadas, em direção ao mar aberto.
Mesmo esta enorme embarcação, no entanto, não está livre de limitações.
Belo navio, grande capitão; mas, e se o vento não soprar?
E quem controla o vento?
terça-feira, 21 de agosto de 2012
SERÁ?
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Fazem algumas semanas eu publiquei aqui no blog um arrazoado
sobre os problemas de compreensibilidade e mesmo sobre a presença de
contradições internas que eu percebia no texto da Doutrina Secreta.
Um frater deve ter me achado tão angustiado que me mandou
por email dois links excelentes para ajudar no estudo de revisão em que me
envolvi nestes últimos meses, pelo que agradeço.
Lembro-me que falei que havia uma incongruência em um trecho
de Blavatsky que afirmava existirem senhores do carma que correspondiam aos
quatro pontos cardeais, segundo ela responsáveis pela administração deste
carma coletivo dos homens. Pouco mais a frente ela dizia que este carma era
automático, numa aparente contradição, seguindo a Lei Cósmica de Ação e Reação,
sem aparentemente nenhuma necessidade de intervenção deste ou daquele Mestre
Cármico. E nisso fundamentei minha crítica.
Saí do computador com essas considerações em mente. Mestres
Cármicos, Senhores do Carma, por assim dizer, não poderiam existir já que a Lei
do Carma funciona de modo autônomo, sendo algo inerente a Criação e se
existisse um Mestre para a Lei do Carma, este seria o próprio Criador, pois ele
a constituíra como parte da mecânica Universal.
Alguns dias mais tarde, domingo passado, um dia tranquilo para ler os jornais com todo o
vagar, comentei com minha esposa a imensidão do sofrimento humano e a minha
insatisfação com um modelo de universo como o nosso, em que, pelo menos neste
plano, a evolução parece tão, para dizer o mínimo, rude. A equação
erro-dor-conscientização- mudança de rumo- prazer nunca me satisfez. Sempre fui
favorável ao modelo erro - reflexão-conscientização- mudança de rumo - etc,
aonde o fator Dor não fizesse parte do contexto.
Se houvesse uma intervenção possível, esta seria a educativa, e isso sem nenhum aspecto de sofrimento.
Falava com minha esposa que não entendia, já que existiam
Mestres que zelavam pela vida da Humanidade, que não impedissem tantas guerras
e tragédias, o que para eles seria extremamente mais fácil do que para esta
massa caótica que forma a nossa espécie, que paga um preço alto pela sua
ignorância, ignorância que só poderia ser desfeita pela informação que ela não
recebe.
Entendo a explicação baseada na Ação e Reação, de que pela
experimentação e erro bem como pelo sofrimento causado pelo erro em si, o
ensinamento é fixado e consolidado pela emoção e garante uma evolução da
consciência mais sólida e fundamentada. Só que acho tudo isso muito lento e
muito doloroso e se eu, que não sou um mestre, me encho de misericórdia ao ver
irmãos de espécie passando por todas essas privações e desastres pessoais e
coletivos, suponho que a mesma misericórdia amplificada esteja no coração
daqueles e daquelas que atingiram o grau de Maestria. Só que mesmo, acredito,
consternados como eu, eles não intervém, em respeito a Lei de Carma, em
respeito a evolução natural da Humanidade.
E isto, repito, não me satisfaz, embora reconheça que é
assim que as coisas são e que, quer queira ou não, assim sempre serão.
Talvez em um próximo Universo as coisas mudem, mas neste,
não tem jeito.
Com esses pensamentos no espírito, e sem solução à vista, me
deixei levar na corrente do cotidiano e não pensei mais no assunto.
Segunda feira a noite, recebo mais um simpático email do
querido Frater José Marcelo, de Pernambuco. Na verdade não era um email para
mim, especificamente, mas emails que ele manda regularmente aos artesãos da Loja
Recife, e que me envia num gesto de cortesia. Nestes emails , cujo modelo poderia ser
seguido por todos os Mestres de classes de artesãos, Frater Marcelo antecipa os
temas da próxima reunião e prepara os espíritos com textos inspirados de vários
autores. Desta feita, não mandou um texto apenas, mas um livro inteiro, e um
belo livro, "Encontros com o Insólito", de Raymond Bernard, um clássico das
literatura rosacruz moderna.
E o tema do livro é exatamente "O Governo Oculto do Mundo",
seu papel na administração dos problemas da humanidade e de seu carma coletivo.
Curiosamente o mesmo problema que assolava minha cabeça no dia anterior.
Coincidência? Não acredito nisso.
Ainda mais que embora sonolento, mal chegou o email abri no
IPad, e mesmo deitado , comecei a ler sem parar até o final do quarto capítulo,
aonde me deparei ( não me lembrava mais deste diálogo, li o livro 25 anos
atrás) com uma conversa entre o autor e um dos mestres com quem se encontrou,
aonde questionava, pasmem, o enorme sofrimento da humanidade e se os mestres
não poderiam intervir para amenizá-lo.
O trecho em questão é o seguinte:
"R.B.: "E as guerras que devastam a Humanidade? E os povos que sofrem miséria e
fome? Por que os senhores não intervém em circunstâncias tão trágicas?"
Ele continuou:"Eu esperava sua pergunta, e parece-me que é bom fazer imediatamente um esclarecimento a esse respeito, relacionando-o a esta nossa conversa de hoje. Primeiramente, se o senhor levar em conta o papel do Alto Comando, do A..., tal qual ele lhe foi longamente explicado durante as sucessivas conversas que o senhor teve, por privilégio, com os nossos, o senhor compreenderá que nós não podemos intervir no processo incessante de desintegração e de reconstrução ao qual a Humanidade, no seu conjunto, está sujeita. Nós não podemos restringir o livre arbítrio humano, nem impedir que, em virtude desse livre arbítrio, catástrofes sejam produzidas, por culpa da Humanidade. De diversas maneiras, seguramente, nós suscitamos advertências aos homens; nós lhe sugerimos o horror da guerra. Se, apesar de tudo, eles soçobram no cataclismo, nosso papel consiste em fazer que seus erros não interfiram de modo algum no ritmo cíclico propriamente dito. Por outro lado, nós suscitamos obras positivas, associações de socorro, movimentos de caridade que contrabalançarão o ato negativo engendrado pela Humanidade. É evidente, também, que nós tudo faremos para reduzir a duração de fatos tão trágicos, mas a Humanidade deverá primeiro aprender suficientemente a lição que ela se impôs. Não esqueça que o mundo é um cadinho de experiências de onde sai a própria evolução. Isso é tão verdadeiro no plano individual quanto no coletivo. Há leis universais que nosso primeiro dever é respeitar, pois elas visam à evolução da Humanidade. Ora, entre essas leis, há o que se chama o carma, tão mal compreendido pela maioria. A Humanidade, assim como o indivíduo, deve aprender pelo carma, que não é, de modo algum, uma punição. O carma tem sua origem na Humanidade e nela encontra o seu resultado. A guerra é uma manifestação do carma coletivo. Resulta das ações, bem como dos pensamentos dos homens. A solução da guerra, a Instauração de uma paz permanente dependem somente dos homens. O mesmo se aplica a todas as perturbações sociais e outras, e se, em última análise, o mundo continua, apesar de seus erros, é sobretudo à nossa ação positiva que ele deve. Em tempos de paz, nós não cessamos de agir para instruir os homens, para semear neles, por todos os nossos meios, sementes de compreensão que lhes evitarão ir ao encontro de novas catástrofes. Mas a Humanidade deve aprender a progredir. Ela terá sempre problemas a superar, para aí chegar. Eles são, para ela, o estímulo necessário, assim como o são, num grau menor, os problemas pessoais para a evolução individual. Há em todo o universo, em todas as escalas, concordância perfeita. No dia em que o indivíduo, assim como a Humanidade, se conformarem com as leis universais, todos os problemas serão resolvidos e a história deste planeta se concluirá.O problema da miséria e da fome se explica da mesma maneira, mas não há a menor dúvida de que o carma é acumulado pelos povos ricos que se desinteressam pelos que têm fome e que não fazem tudo para resolver esse problema. Cedo ou tarde, resultará daí um conflito, embora, deste lado, o Alto Conselho faça tudo para suscitar soluções e estabelecer um justo equilíbrio. Nossa ação, há anos se exerce nesse sentido. É necessária, naturalmente, a cooperação dos homens. Se eles são refratários aos impulsos que lhes damos por todos os nossos meios, terão a responsabilidade por uma situação pior que degenerará em catástrofe. Devemos prever todas as eventualidade e, pode crer, elas são previstas. O maior pecado do homem é o egoísmo. Enquanto ele não for extirpado de seu seio, a Humanidade enfrentará graves problemas e, quanto ao Alto Conselho, ele deverá manter sua vigilância."
Ele continuou:"Eu esperava sua pergunta, e parece-me que é bom fazer imediatamente um esclarecimento a esse respeito, relacionando-o a esta nossa conversa de hoje. Primeiramente, se o senhor levar em conta o papel do Alto Comando, do A..., tal qual ele lhe foi longamente explicado durante as sucessivas conversas que o senhor teve, por privilégio, com os nossos, o senhor compreenderá que nós não podemos intervir no processo incessante de desintegração e de reconstrução ao qual a Humanidade, no seu conjunto, está sujeita. Nós não podemos restringir o livre arbítrio humano, nem impedir que, em virtude desse livre arbítrio, catástrofes sejam produzidas, por culpa da Humanidade. De diversas maneiras, seguramente, nós suscitamos advertências aos homens; nós lhe sugerimos o horror da guerra. Se, apesar de tudo, eles soçobram no cataclismo, nosso papel consiste em fazer que seus erros não interfiram de modo algum no ritmo cíclico propriamente dito. Por outro lado, nós suscitamos obras positivas, associações de socorro, movimentos de caridade que contrabalançarão o ato negativo engendrado pela Humanidade. É evidente, também, que nós tudo faremos para reduzir a duração de fatos tão trágicos, mas a Humanidade deverá primeiro aprender suficientemente a lição que ela se impôs. Não esqueça que o mundo é um cadinho de experiências de onde sai a própria evolução. Isso é tão verdadeiro no plano individual quanto no coletivo. Há leis universais que nosso primeiro dever é respeitar, pois elas visam à evolução da Humanidade. Ora, entre essas leis, há o que se chama o carma, tão mal compreendido pela maioria. A Humanidade, assim como o indivíduo, deve aprender pelo carma, que não é, de modo algum, uma punição. O carma tem sua origem na Humanidade e nela encontra o seu resultado. A guerra é uma manifestação do carma coletivo. Resulta das ações, bem como dos pensamentos dos homens. A solução da guerra, a Instauração de uma paz permanente dependem somente dos homens. O mesmo se aplica a todas as perturbações sociais e outras, e se, em última análise, o mundo continua, apesar de seus erros, é sobretudo à nossa ação positiva que ele deve. Em tempos de paz, nós não cessamos de agir para instruir os homens, para semear neles, por todos os nossos meios, sementes de compreensão que lhes evitarão ir ao encontro de novas catástrofes. Mas a Humanidade deve aprender a progredir. Ela terá sempre problemas a superar, para aí chegar. Eles são, para ela, o estímulo necessário, assim como o são, num grau menor, os problemas pessoais para a evolução individual. Há em todo o universo, em todas as escalas, concordância perfeita. No dia em que o indivíduo, assim como a Humanidade, se conformarem com as leis universais, todos os problemas serão resolvidos e a história deste planeta se concluirá.O problema da miséria e da fome se explica da mesma maneira, mas não há a menor dúvida de que o carma é acumulado pelos povos ricos que se desinteressam pelos que têm fome e que não fazem tudo para resolver esse problema. Cedo ou tarde, resultará daí um conflito, embora, deste lado, o Alto Conselho faça tudo para suscitar soluções e estabelecer um justo equilíbrio. Nossa ação, há anos se exerce nesse sentido. É necessária, naturalmente, a cooperação dos homens. Se eles são refratários aos impulsos que lhes damos por todos os nossos meios, terão a responsabilidade por uma situação pior que degenerará em catástrofe. Devemos prever todas as eventualidade e, pode crer, elas são previstas. O maior pecado do homem é o egoísmo. Enquanto ele não for extirpado de seu seio, a Humanidade enfrentará graves problemas e, quanto ao Alto Conselho, ele deverá manter sua vigilância."
Vejam,
nestas poucas linhas, duas perguntas que me afligiam a alma foram respondidas.
Uma, ligada a minha crítica ao texto de Blavatsky em que eu dizia que era
impossível existirem mestres de Carma e ao mesmo tempo o Carma funcionar de
modo automático. Flávio já tinha me proposto esta solução apaziguadora de
Mestres que tem por função atenuar os efeitos cármicos naturais para que o
sofrimento do homem fosse atenuado; e outra, a razão pela qual os Mestres não
intervém no sofrimento humano, mesmo quando este sofrimento e o grito dos
aflitos é ensurdecedor.
Fui dormir
pensando que este antigo texto, do qual eu fazia tempo não lançava mão, tinha
vindo de modo oportuno às minhas mãos, quase como num esforço de resposta
aos meus questionamentos. E como sei que os Mestres, com os quais jamais tive
nenhum contato pessoal, costumam intervir na vida dos Iniciados, trazendo-lhes
subsídios vez ou outra para suas reflexões, senti como se alguém me observasse
todo o tempo, atento as minhas dúvidas e disposto a dialogar sobre elas, como
só um Mestre sabe fazer.
A impressão
é forte de que a presença dos Mestres é muito forte na vida dos Iniciados da
Rosacruz, ordem muito elogiada no texto de Raymond Bernard por eles.
Fico pensando
se nesse momento em que escrevo eles não estão monitorando e inspirando meu
texto, para melhorá-lo e para melhorar-me. Me pergunto se esta presença não é
mais ostensiva do que eu supunha. Será que é assim mesmo? Que embora estejamos
aparentemente sós com nossos pensamentos, nossos pensamentos nunca estão a sós
no Universo das mentes, aonde ecoam e geram marolas que vão bater na mente de
outros, às vêzes Mestres, desencadeando respostas e explicações automáticas?
Será que o aprendizado como eu desejaria já é automático, sem dor, e que o
diálogo com esses Mestres Silenciosos e Invisíveis é muito mais permanente do
que supõe a minha vã filosofia?
Será?
sábado, 18 de agosto de 2012
REPORTAGEM SOBRE A ROSA CRUZ
A reportagem abaixo é de 14 de junho de 2007. A atitude em relação a Ordem é gentil em um território geralmente difícil, a França. Não há legendas mas o francês é acessível.
A RAZÃO NÃO MERECE CONFIANÇA
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Jean Jacques Rousseau
Fernando Monteiro, frater de Pernambuco e amigo, me manda
email reclamando que eu tenho escrito pouco.
Admito que fui descoberto.
Quando posto vídeos no blog existem duas razões principais:
a primeira a vontade de compartilhar imagens e idéias, o que simboliza o
espírito deste espaço; a outra é a mais óbvia, o fato de que a inspiração ou a
ausência de provocações me deixam desmotivado para a o texto e para o exercício
da reflexão.
Não sei se voces são assim, mas eu funciono melhor se sou
desafiado, da mesma maneira que este email de Fernando me fez sentar aqui em
frente ao teclado e começar a sair desta inércia.
E para quebrar o silêncio ( tema que ele me propôs, o
Silêncio, que não atenderei porque já trabalhei a idéia, aliás , nas últimas
semanas, o texto mais lido deste blog, como comprova o ranking automático à
direita), tenho a intenção de discutir um tema que se tornou recorrente no
final do século passado nos meios filosóficos e que tem a maior importância
para a vida mística: a insegurança de fundamentar nossa intervenção no mundo
apenas em critérios racionais.
Pode parecer estranho ao comum dos mortais que filósofos e
pensadores, ou seja, habitantes do mundo dos textos e das argumentações e
contra argumentações, possam ter dúvidas sobre a eficácia deste instrumento, o
pensamento racional. Só que este questionamento é muito mais antigo do que
supõe nosso entendimento.
Basta revisar a história da filosofia e vamos encontrar em
Jean Jacques Rousseau o mesmo tipo de crítica e de análise, pondo em dúvida se
a razão nos deu ou não um mundo melhor e concluindo, ao fim e ao cabo, que não,
que a razão só nos tornou no mau sentido mais espertos, velhacos, capazes de
dar ao toque de um conjunto de argumentos, respeitabilidade a quaisquer tipo de
ideologias, as mais loucas que fossem.
Ele antecipava a odisséia nazista e sua campanha racional e
organizada de extermínio sistemático do povo judeu.
Antecipou também uma ciência, matemática e experimentalmente
fundamentada, que foi capaz de construir a maior e mais devastadora arma
conhecida pela humanidade, a mesma que devastou Hiroshima e Nagasaqui no Japão.
A razão, no entanto, (argumentará a própria razão em si), não
é apenas um instrumento para o mal e para a devastação. Ela dá ao homem ordem e
sistema em sua experiência na Terra. Ela produziu inúmeras obras de rara
beleza,textos filosóficos belíssimos, que nos inspiram até hoje.
Sim, em parte é verdade.
Porque se formos críticos como um bom pensador racional é, a
produção de beleza e harmonia não se deve à Razão, mas à Arte.
E se existe uma coisa de que não se pode culpar a Arte, é de
que ela seja uma manifestação racional.
Partindo de princípios absolutamente não racionais, a Arte
gera beleza e encantamento exatamente pela produção do estranhamento e do
embaraço, o qual é tanto maior quanto mais racional for o observador e
apreciador do objeto artístico.
A Arte, sempre irracional, só embaraça os Racionais.
Crianças ainda não tocadas pela contaminação do intelecto,
têm uma relação com o objeto artístico lúdica e sem pré julgamento.
Talvez por isso queira tocar o que é para se ver, ou sentir
o cheiro do que é para se tocar, quando se aproxima de estátuas ou pequenas
esculturas, e tenta apreender seus significados com todos os seus sentidos.
Pessoas adultas não são assim, não sentem a Arte, de modo
geral, mas sim pensam a Arte, tentando elaborar em suas cabeças e não nas suas
mãos e em seus narizes o sentido do que está a sua frente.
Pode-se dizer então que a maneira de contemplar, de forma
racional e cerebral ou de forma sensorial e múltipla, um objeto de Arte, denuncia o grau de limitação do indivíduo com a própria existência. Por que a
Vida não é racional, ela não se deixa aprisionar no compreensível e como a
arte, ela nos mantém sempre embaraçados e desconcertados com sua originalidade
e capacidade de nos causar estranhamento.
A vida é sempre surpreendente, diz um quadro que tenho perto
da escada da minha biblioteca.
E é mesmo.
Já tarda que ouçamos o apelo de Rousseau e modifiquemos, ou
melhor, ampliemos nossos instrumentos de percepção e compreensão do que nos
circunda, expandindo nossa sensibilidade e não a nossa intelectualidade,
porque, para viver, e isto toda rosacruz sabe , existem instrumentos muito mais
confiáveis que a razão ou suas intermináveis argumentações.
Por exemplo, a intuição.
Por exemplo, a intuição.
Muito mais rápida, precisa e ampla na
possibilidade de perceber o fenômeno como um processo dinâmico e não estático,
como algo complexo, múltiplo, e não simples ou facilmente divisível em partes, a
Intuição supera a Razão na capacidade de captar o verdadeiro sentido da
existência e até, de nos orientar em como nos comportarmos diante de um dilema
qualquer.
A Sensibilidade Artística e Estética é um passo na direção
do desenvolvimento de uma Intuição forte, mas a intuição é muito mais que a
Razão e a Arte juntas.
Isso, só os Intuitivos podem entender.
Mas eu escrevo para rosacruzes.
Por isso eles entenderão o significado destas palavras.
E agradeço a Fernando Monteiro pela cobrança e pela
motivação para escrever.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
domingo, 12 de agosto de 2012
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
TEXTOS E CONTEXTOS
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Todo escritor é um descritor. O que ele faz é usar palavras para transmitir imagens, mesmo quando trabalha com conceitos abstratos em demasia. Se o cérebro não consegue ver a ideia descrita por um texto ele automaticamente faz analogias, e a expressão “ é como se fosse...” aparece seguida de um modelo de comparação. O cérebro anseia por visualizar aquilo que ele quer compreender e, em certas circunstâncias, talvez na maioria delas, compreender é igual a visualizar a ideia. Tendo uma representação imagística da ideia, quando o cérebro repassa a ideia a terceiros, ele apenas descreve a ideia que ele captou da explicação ou da descrição feita pelo escritor que ele consultou.
Textos que não oferecem uma imagem clara de suas linhas gerais não atraem a mente, são de difícil compreensão, e muitas vezes são abandonados.
Textos esotéricos, por não contemplarem esta clareza na imagem, muitas vezes são confusos e obscuros. Por muitos anos supomos que esta obscuridade fosse voluntaria e visasse afastar os profanos, ocultar nobres informações, resguardar de olhos não iniciados os conhecimentos sublimes.
Mas, e se fosse apenas incompetência literária?
E se, por outro lado, aqueles que escreveram estes textos tivessem, por variadas razões, dificuldade de se expressar, ou de descrever imagens tão grandiosas exatamente por que à época lhes faltavam as palavras certas para descrever a visão?
A obscuridade do texto não seria, portanto, voluntária, mas involuntária, já que, supõe-se, quem escreve e publica um texto, esotérico ou não, quer expressar e comunicar uma visão, quer dividir e não esconder um conhecimento com tantas pessoas quantas possam ler seus textos, em todos os lugares e em todas as épocas que este texto atingir.
Não é, pelo menos em princípio, sua primeira intenção ocultar, pois quem escreve e publica o que foi escrito busca revelar.
Existem portanto, vários aspectos a considerar quando nos deparamos com um texto esotérico, além do seu esoterismo em si.
E o principal é este: o que o autor tentou fazer, em princípio, foi partilhar uma informação, e se não o conseguiu pode ser apenas porque não teve competência descritiva para tal e não porque não quis.
Isto nos leva a outra consideração: quem descreve mal, por causa de suas limitações intelectuais e literárias, pode confundir a imagem de tal forma para quem o lê que, em vez de a revelar, torna-a mais confusa, como uma miragem no deserto.
Existe na miragem algo de inconstante, de flutuação, uma instabilidade que exige de quem a contempla que force a visão, que proteja os olhos com as mãos para diminuir o reflexo do sol do deserto e outros artifícios quaisquer para que possa se certificar de que a imagem é realmente falsa. Neste momento é preciso atenção a todos os detalhes, com muito cuidado, para que não sejamos vítimas de uma simples ilusão.
Ao descrever uma visão mística, da mesma maneira, é preciso o mesmo tipo de zelo, para que o que se passe adiante não se transforme em um obstáculo a compreensão em vez de um esclarecimento ( do verbo esclarecer, tornar claro, tornar mais luminoso).
Descrever experiências místicas torna-se uma missão delicada por vários motivos. Um deles é que aquilo que supomos ser uma experiencia mística, às vêzes não é. Parece ser e ganha este status pelo grau de estranheza e incompreensibilidade que traz consigo.
Façamos um exercício ao estilo Erick Von Daniken. Imaginemos que no passado muito remoto, quando nosso estado civilizatório era muito precário, fossemos visitados por um grupo de cientistas de um planeta mais avançado que o nosso, com capacidade de viagem interplanetária. Óbvio que na época, nesta situação hipotética, não se poderia evitar de crer que as pessoas a nossa frente não fossem seres divinos, anjos que vieram do céu em carruagens de fogo, como descreve a passagem de Elias[1] em Reis 2, cap 2, versículo 11, onde ele é arrebatado por um "carro de fogo" com "cavalos de fogo".
Descrição fiel dos fatos ou metáfora explicativa?
E se aplicássemos aqui a fórmula "é como se fosse..."?
Teríamos então "é como se fosse um carro de fogo" ou "é como se fossem cavalos de fogo", etc,etc,etc.
O Vedanta e os livros sagrados da India nos dão outros exemplos desta situação, como o próprio Daniken, na sua época, descreveu. É o caso dos Vimanas[2], as máquinas voadoras descritas no Ramayana[3]. Sâo descrições tão curiosas que descem a detalhes como a diferença entre "agnihotra-vimāna", vimana com dois motores (?) (Agni significa fogo em sânscrito), e "gaja-vimāna", com mais motores (Gaja significa elefante em sânscrito).
Não estou defendendo as teses de Von Daniken, mas suas especulações não são de todo inverossímeis a não ser pelo fato de que nos recusamos a crer na existência de diferentes culturas interplanetárias além da nossa, quanto mais com tecnologia suficiente para nos visitar ou interferir em nossa vida política e social.
Fora este pequeno detalhe, resta a possibilidade de que os textos sagrados sejam sim narrativas de cunho moral, mas também histórico, descritos dentro das possibilidades da época sobre coisas absolutamente humanas.
Já que estamos especulando, façamos uma extrapolação aos sábios que escreveram os Vedantas, os Rishis.
Nada impede que os Vedantas sejam apenas e tão somente um protocolo de aceleração cultural passado como um documento de apoio a uma incipiente civilização por outra já bem mais estruturada. Talvez a chamada "1a diretriz", da mitologia moderna de Jornada nas Estrelas, seja apenas, como o nome diz, um mito, e as civilizações interfiram sim, umas nas outras, mobilizando-as sociocientificamente.
A clareza de um texto, prejudicada pela incapacidade de compreender um fenômeno excessivamente complexo a nossa frente, só pode ser garantida se mantivermos a prudência que os textos científicos tem. Jamais afirmar nada sem provas, dar a nossa narrativa o tom mais objetivo possível, são garantias de se ter um relato mais compreensível, mais prudente e mais fácil de ser compreendido.
Não falar do que não se pode descrever com clareza e admitir isto, que certas coisas não podem (pelo menos com os conhecimentos atuais) ser descritas, facilitaria muito a vida dos esoteristas, talvez diminuindo em muito o caráter esotéricos de certos textos.
Todas estas considerações me vem a mente durante a leitura dos textos da Doutrina Secreta, o primeiro volume. Às vêzes é nítido que Blavatsky se perde em solilóquios, deixa que seu pensamento vague, citando referências da época, nadando em uma erudição que, ao contrário do que ela provavelmente supunha não ajudava na compreensão da idéia, pelo contrário.
Seu texto tem poucos esquemas. Suas explicações não são lineares e ao leitor desavisado só causam agonia. Há quem goste deste tipo de texto, considerando a erudição e a riqueza bizantina de referências prova de alto conhecimento. Não é o meu caso.
E já que ela faz constantes referencias aos textos sagrados indianos, numa época pré - Von Daniken, vê-se o esforço que ela faz para ser o que, ao que parece, jamais conseguiu ser: didática.
Vejamos uma de muitas passagens contraditórias. Após defender, por várias linhas[4] a existência de seres divinos, "Os quatro Maharajas", regentes dos quatro pontos cardeais, e de lhes atribuir um papel de administradores do Carma dos homens,("Tais Seres estão ainda relacionados com o Carma, que requer agentes físicos e materiais para executarem os seus decretos — como sejam, por exemplo, as quatro classes de ventos, aos quais a própria ciência reconhece exercerem influências nocivas e benéficas sobre a saúde dos homens e dos seres vivos em geral. Encerra uma filosofia oculta a doutrina católica romana que atribui as diversas calamidades públicas — epidemias, guerras, etc. — aos invisíveis "Mensageiros" do Norte e do Oeste") (pág.171) pouco mais a frente, pra ser mais preciso na página seguinte, 172, ela escreve: "Não é o Reitor ou Mahârâja quem castiga ou recompensa, com ou sem a permissão ou ordem de Deus, senão o próprio homem, com suas ações ou o Carma, atraindo individual ou coletivamente (como por vezes acontece no caso de nações inteiras) toda sorte de males e calamidades. Nós produzimos Causas, e estas despertam os poderes correspondentes do Mundo Sideral, os quais são magnética e irresistivelmente atraídos para os que deram lugar a essas causas, e então sobre eles reagem, quer se trate de pessoas que praticaram o mal ou de simples "pensadores" que alimentaram subjetivamente ações más."
Em um trecho, existem entidades que zelam pelo Carma, administram este Carma dos homens, cuidando para que seja justo e perfeito; no trecho seguinte, o mecanismo Cármico é automático e garantido apenas pelo funcionamento da lei universal, sem necessidade de outras intervenções.
Obscuro, contraditório e confuso.
Existem, portanto, várias maneiras de sermos obscuros em um texto, principalmente se redigimos um texto esotérico. Uma é se não conseguimos descrever o que está a nossa frente porque nos faltam palavras; outra é quando nosso raciocínio lógico é abandonado e se vê substituído por divagações contraditórias entre si. E considerando a importância do trabalho de transmitir conhecimentos sagrados, é nossa obrigação sermos claros, não obscuros, e de permitirmos que o leitor crie imagens conceituais referentes as idéias que estamos descrevendo.
Eu e Flávio, meu companheiro de leitura nesta empreitada, achamos que esta confusão inegável, as alterações de ritmo do texto, os desvios de linha de pensamento que às vêzes nos deparamos no texto, têm mais a ver a própria natureza da construção deste imenso texto. Blavatsky diz no prefácio da primeira edição da Cosmogênese: " A Autora - ou mais propriamente a escritora - ...." numa admissão de que a autoria deste texto pertenceria a mente de três mestres diferentes, Ku-Thu-Mi, Morya e Saint Germain, sendo ela apenas aquela que, como uma secretária, redigiu aquilo que eles ditaram, telepaticamente. Três mentes dentro de uma mente, três mestres dentro da mente de uma única mulher, podem causar esta balburdia de imagens pouco claras, este volume de informações , demonstrando erudição sim, mas passando ao largo da clareza e da síntese.
Em uma palavra, a Doutrina Secreta, sem que aqui a desmereçamos pelo seu valor histórico no Esoterismo Ocidental, é um texto prolixo, repetitivo e confuso. E algumas vezes, como vimos acima, contraditório.
Já tarda que se realize uma revisão, como Lewis fez para a AMORC americana dos manuscritos rosacruzes europeus, dos textos teosóficos , para lhes dar uma roupagem mais palatável, até para que preservemos esta imensa e importantíssima obra e o esforço de sua auto denominada escritora.
Blavatsky sempre esteve, do ponto de vista social e místico, extremamente só, não fosse pela amizade de Olcott, e pela presença destes mestres supra citados.
Os muitos volumes de informação característicos da Doutrina Secreta precisam urgentemente de um polimento e de uma reorganização conceitual, evitando a reverência excessiva que congela a forma e mata o conteúdo, o que aconteceu com tantas importantes tradições.
Cabe aos próprios teósofos realizarem este trabalho, saindo da zona de conforto em que estão, elogiando década após década a profundidade do mergulho de HPB sem se esforçarem para atrair novas mentes ao trabalho teosófico com uma linguagem mais clara, mais sintética e mais contemporânea.
[1] E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.
[2]Uma vimāna é um veículo voador mitológico, descrito na literatura antiga da Índia. Referências a veículos voadores são comuns nos textos antigos indianos, que, inclusive, descrevem seus usos na arte da guerra. Independentemente de serem capazes de voar na atmosfera terrestre, consta que as vimānas também viajam pelo espaço e sob a água. Descrições contidas nos Vedas e na literatura indiana recente falam de vimānas de várias formas e tamanhos: Nos Vedas: o sol e várias outras divindades são levadas em suas peregrinações por carruagens voadoras, com rodas, puxadas por animais, geralmente cavalos (já a carruagem do deus védico Puchan é puxada por bodes)
O "agnihotra-vimāna", com dois motores (?). (Agni significa fogo em sânscrito).
O "gaja-vimāna", com mais motores (?) (Gaja significa elefante em sânscrito).
Outros tipos, com denominações baseadas em animais, como o martim-pescador, o Íbis, e outros animais.
Alguns ufólogos modernos atribuem às vimāna evidências de civilizações tecnologicamente avançadas do passado, e da Teoria dos astronautas antigos. Outros estabeleceram ligações das máquinas voadoras com a lenda dos Nove Homens Desconhecidos. David Hatcher Childress fala sobre elas em seu livro "Vimana Aircraft of Ancient India & Atlantis"(Vimana - Aeronáutica da Índia Antiga e da Atlântida),citando também alguns de seus livros anteriores, como "Lost Cities of China, Central Asia & India"(Cidades Perdidas da China, Índia e Ásia Central) ((http://pt.wikipedia.org/wiki/Vimana)
[3] O Ramáiana, também conhecido como Ramayana ou Ramaiana (devanágari: रामायण, transl. Rāmāyaṇa) é um épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki, parte importante do cânon hindu (smṛti). O nome Rāmāyaṇa é um composto tatpurusa de Rāma e ayana "indo, avançando", cuja tradução é "a viagem de Rama". ORāmāyaṇa consiste de 24.000 versos em sete cantos (kāṇḍas) e conta a história de um príncipe, Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é abduzida pelo demônio (Rākshasa) rei de Lanka, Rāvana. Seus versos são escritos numa métrica de trinta e duas sílabas chamada de Anustubh. Na sua forma atual, o Ramáiana de Valmiki data variadamente de 500 a.C. a 100 a.C., ou quase contemporâneo às versões mais antigas do Mahābhārata. Como os épicos mais tradicionais, como passou por um longo processo de interpolações e redações, é impossível datá-lo com precisão. O Ramáiana teve uma importante influência na poesia sânscrita posterior, principalmente devido ao uso da métrica Sloka. Mas, como o seu primo épico Maabárata, o Ramáiana não é só uma história ordinária. Contém os ensinamentos dos antigos sábios hindus e os apresenta através de alegorias na narrativa e a intercalação do filosófico e o devocional. Os personagens de Rama, Sita, Lakshmana, Bharata, Hanumān e Rāvana (o vilão da peça) são todos fundamentais à consciência cultural da Índia
[4] A Doutrina Secreta, vol. 1, Cosmogênese, ed. Pensamento, 1973, 1a edição, página 171
terça-feira, 7 de agosto de 2012
OS LIVROS SAGRADOS
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Por uma questão de hábito ou de desconhecimento da história
das religiões do mundo, ou ainda por supor que os fatos de sua aldeia se
reproduzem em todas as aldeias, a maioria dos homens supõe que a Bíblia seja o
mais importante ou mesmo o único livro sagrado da humanidade. Na verdade, a
Bíblia ou conjunto de livros divididos em Velho e Novo Testamento refere-se a
tradição religiosa de apenas um povo, o povo hebreu, praticante do Judaísmo, e
por isso também chamado de povo Judeu.
A tradição religiosa deste povo, no entanto, não é pura na
sua origem, mas produto do cruzamento de vários povos.
É importante lembrar que o pai histórico desse povo,
Abrahão, era Caldeu, já que não existia o povo Hebreu. Por outro lado o mesmo
Abraão aparece como fundador de outra tradição religiosa, o Islamismo, sendo
ele pai de Ismael, pai dos árabes filho de sua escrava, Agar, a quem fecundou
por que sua mulher não podia lhe dar filhos.
Lembremos também que o livro fundamental da literatura
judaica foi escrito por um príncipe egípcio, Moisés, que narra a lenda tinha
origens judaicas, mas foi educado e nutrido pelos ensinamentos das escolas de
mistério do Egito Antigo, que frequentou, graças a sua condição de nobre
pertencente a corte, na época em que se supunha ser ele neto do Faraó.
Este livro de Moisés consta de 5 textos, conhecidos entre os
Judeus como Torah, e em grego como Pentateuco, intitulados de Gênesis, Êxodo,
Números, Levítico e Deuteronômio.
É em cima deste texto básico que outros livros foram
acrescentados, com um Antigo Testamento composto por 46
livros na visão católica e ortodoxa e 39 na visão protestante, e um Novo
Testamento de 27 livros em ambas, transformando este conjunto de livros
(bíblia) no que hoje se costuma chamar de apenas um livro, fora os livros
considerados apócrifos, ou seja, cuja orientação e constituição não estavam em
harmonia com a linha de pensamento dos concílios e que por isso foram
sumariamente retirados do conjunto. Isso explica a enorme quantidade de
perspectivas e estilos diferentes encontrados dentro da Bíblia, uns violentos,
outros românticos e outros de elevado cunho devocional.
Muitas vezes essas variações de estilo e de linha de pensamento são encontradas em um único livro, como os Salmos de Davi, que
oscilam de preces de louvor a discursos em busca de vingança.
Para os judeus, o livro santo se concentra, portanto, na
Torah, sendo que os outros lhe foram acrescentados no sentido histórico da
preservação da memória de um povo que não teve, na maior parte dos últimos 20
séculos, um país, embora tenha se conservado unido graças a preservação de sua
cultura como nação.
Só que a Bíblia não é o único livro santo nem o mais
importante como muitos querem fazer crer.
Sua aparente força e seu apelo em nosso hemisfério
planetário tem raízes em dois fatores culturais.
O primeiro, o fato de que a cultura ocidental, a qual
pertencemos, é calcada em duas tradições: a Greco-Romana, que não produziu
grandes textos religiosos, mas sim importantes textos filosóficos e legais; e a
Judaico Cristã, esta sim produtora de literatura de cunho religioso,
concentrada no conjunto de livros conhecido como Bíblia.
E como a marca histórica religiosa mais importante do
Ocidente e da Cultura Ocidental é o nascimento e a vida de Jesus, o Cristo, a
ponto de a história ser marcada em antes e depois dele ( AC e DC), e sua
história ter-se transformado na segunda parte dos Evangelhos, (palavra que
significa "boa nova") , chamado de “Novo Testamento” em oposição a
coleção de obras pré cristãs, conhecida como “Velho Testamento”, supõe esta
mesma parte do planeta, o Ocidente, profundamente influenciada pela Igreja de
Roma, que nos últimos dois séculos divulgou a palavra do Cristo, que o texto
bíblico seja não só o mais importante como às vezes o único texto chamado
sagrado que merece atenção.
Outros textos, como citei, por ignorância ou preconceito,
são considerados menos importantes ou no mínimo exóticos.
Os números, no entanto, são tirânicos. Existe em todo o
mundo, por exemplo, um forte crescimento da religião islâmica em quantidade de
seguidores.
Se em 2004 existiam quase 2.000.000.000 de cristãos no
mundo, sendo 1.000.000.000 de católicos e quase 350.000.000 protestantes,
haviam 1.200.000.000 muçulmanos e 812.000.000 hindus. Estes últimos cultuam
como seu livro sagrado o Gita. Se somarmos com os 1 .200.000.000 de muçulmanos,
só aqui temos mais de 2.000.000.000 de pessoas no mundo para os quais a Bíblia
não é senão o livro de outra religião, um texto exótico para seus costumes e
para muitos deles, estranho, tanto quanto achamos os seus exóticos e estranhos
para nós.
E embora por influência americana e europeia a mente mais
desavisada tende a associar Islamismo e Terrorismo, isto é falso. O terrorismo
não tem cor ou pátria, ele nasce da ignorância e do preconceito. O terrorismo chamado
doméstico e branco, neonazista, recentemente atacou e matou 7 pessoas em um
templo da religião Sikh, uma variação do hinduísmo, dentro de território americano.
Ao contrário, devemos aos árabes nossa Astronomia (Al
Vicena), nossa Medicina (Al Biruni) e nossa Matemática ( os números que usamos
são os algarismos arábicos).
Um dos textos mais importantes do esoterismo ocidental, a
Tábua de Esmeralda, que é atribuído a Hermes Trimegistus, onde está escrito que
"o que está em cima está embaixo e o que está embaixo está em cima",
foi traduzido para o latim no século XIII de uma enciclopédia árabe.
Além de tudo isso que é ciência, devemos aos árabes também
um livro sagrado : o Corão.
Este maravilhoso livro que é o Livro Sagrado de milhões de
muçulmanos em todo o mundo tem passagens extremamente inspiradoras . São 114 capítulos
chamados Suratas. E para os que ignoram, seus temas são em muito semelhantes
aos do Velho Testamento Judeu.
Vejamos a 2a surata, a Surata da Vaca, com 286 versículos.
Diz ela na sua segunda parte, do versículo 29 em diante:
"Recorda-te ó profeta, de quando teu Senhor disse aos
Anjos: Vou instituir um herdeiro na Terra. Perguntaram-Lhe: estabelecerás nela
quem ali fará corrupção, derramamento de sangue, enquanto nós celebramos Teus
louvores, glorificando-Te? Disse o Senhor: Eu sei o que vós ignorais.Ele
ensinou a Adão todos os nomes ( de seres e coisas) e depois apresentou-o aos
Anjos e lhes falou: Nomeai-os para Mim se sois verazes. Disseram: Glorificado
sejas! Não possuímos mais conhecimento, além do que tu nos proporcionaste,
porque somente Tu és Prudente, Sapientíssimo. Ele ordenou: Ó Adão, revela-lhes
seus nomes. E quando ele lhes revelou seus nomes, asseverou Deus: Não vos disse
que conheço o mistério dos céus e da terra, assim como o que manifestais e o
que ocultais? E quando disse aos anjos: Prostrai-vos ante Adão! Todos se
prostraram, exceto Lúcifer que ensoberbecido, se negou e incluiu-se entre os
incrédulos"
E finalmente, no versículo 35, narra o Corão que Deus disse: "Determinamos: ó Adão,
habita o paraíso com tua esposa e desfrutai dele com a prodigalidade que vos
aprouver; porém, não vos aproximeis desta árvore, porque vos contarei entre os
iníquos."
Pasmem, até a mitologia do Paraíso está presente em ambos os
textos, como se fossem um só.
Na verdade não existem dois povos que mais se confrontem,
que mais se combatam.
No entanto, o pai de cada uma destas civilizações é o mesmo,
Abraão, e o texto sagrado de ambos faz menção ao mesmo tipo de Mito de
Fundação, como se fossem escritos pela mesma mão.
Isto dá o que pensar.
Mas isto não é tudo.
Existem passagens de rara beleza
Como esta na Surata da Luz, que diz:
"Não vês que Deus é glorificado por todos os seres no
céu e na terra , até pelo pássaro em vôo?
Cada qual tem seu próprio modo de orar e louvar: Deus é
ciente de tudo o que se faz. Pois a Ele pertence o reino do Céu e da Terra; e a
jornada pertence a Deus."
Este não é o texto de loucos terroristas, é o texto de
devotos do mesmo Deus que adoramos.
Mas o Corão não é o único outro livro sagrado.
Existe um livro particularmente, que é parte de outro, ao
qual me reporto com mais frequência, desde a juventude.
Este trecho digamos assim é chamado de A Sagrada Canção do
Senhor, que em sânscrito traduz-se por Bhagavad Gita. o Gita, como é chamado, é
o coração de um poema de 10000 versos, o Mahabharata, a Grande história dos
Bharatas, escrito, como se diz, pelo deus protetor dos escritores e dos
artistas, o Deus de Cabeça de Elefante, Ganesha, e narrado pelo sábio Vyasadeva.
O Gita é um texto inspirador. Ele nos fala de um Deus
poderoso, que vem a Terra na forma de um pastorzinho, que como veio do céu, tem
a pele toda Azul, cor que se torna seu nome, em sânscrito, Krishna, o Azul,
aquele que veio do céu. Toda a cena está sendo descrita por um vidente, Sanjaya
que vê tudo que se passa no campo distante mentalmente, para um rei cego, Dhritarastra,
pai de uma das dinastias em conflito.
Não há como fazer um resumo fiel do Gita, mas tentaremos.
O Gita é a narração de um diálogo de uma hora entre o
cocheiro de uma quadriga, uma carruagem de quatro cavalos, e o seu passageiro,
um príncipe da dinastia dos Bharatas, Arjuna, um de cinco irmãos.
Eles, cocheiro e passageiro da carruagem, estão parados
entre dois exércitos. Uma batalha, no campo de Kuruksetra, está prestes a
acontecer.
Ao ver do lado inimigo, parentes, ex professores e tios,
Arjuna, o herói, o Arqueiro Perfeito, sente-se inseguro e diz que não pode
ferir amigos e parentes, que aquilo não é justo, e que sente vontade de
desistir. Declaração a qual responde o cocheiro da carruagem, revelando-se não
um simples cocheiro mas o Deus Krishna, o Azul, uma encarnação de Vishnu na
Terra que diz: Meu querido Arjuna, como foi
que estas impurezas desenvolveram-se em ti? Elas não condizem com um homem que
conhece o valor da vida. Elas não conduzem aos planetas superiores, mas à
infâmia. 3. Ó filho de Pritha, não cedas a esta impotência degradante. Isto não
te fica bem. Abandona esta mesquinha fraqueza de coração e levanta-te, ó
castigador dos inimigos. 4. Arjuna disse: Ó matador dos inimigos, ó matador de
Madhu, como é que na batalha posso contra-atacar com flechas homens como Bhisma
e Drona, que são dignos de minha adoração? 5. É preferível viver mendigando
neste mundo que viver à custa das vidas de grandes almas que são meus mestres.
Embora desejem conquistas terrenas, eles são superiores. Se forem mortos, tudo
o que desfrutarmos estará manchado de sangue. 6. Tampouco sabemos o que é
melhor – vencê-los ou ser vencidos por eles. Se matássemos os filhos de
Dhritarastra, não nos importaríamos de viver. Contudo, eles agora estão diante
de nós no campo de batalha. 7. Agora estou confuso quanto ao meu dever e perdi
toda a compostura devido à torpe fraqueza. Nesta condição, estou Te pedindo que
me digas com certeza o que é melhor para mim. Agora sou Teu discípulo e uma
alma rendida a Ti. Por favor, instrui-me. 8. Não consigo descobrir um meio de
afastar este pesar que está secando meus sentidos. Não serei capaz de
suprimi-lo nem mesmo que ganhe na Terra um reino próspero e inigualável com
soberania como a dos semideuses nos céus. 9. Sañjaya disse: Tendo falado essas
palavras, Arjuna, o castigador dos inimigos, disse a Krishna, Govinda, não
lutarei, e ficou calado.10. Ó descendente de Bharata, naquele momento, Krishna,
no meio dos dois exércitos, sorriu e disse as seguintes palavras ao
desconsolado Arjuna. 11. A Suprema Personalidade de Deus disse: Enquanto falas
palavras sábias, estás lamentando aquilo com que não precisas te afligir. Os
sábios não lamentam nem os vivos nem os mortos. 12. Nunca houve um tempo que Eu
não existisse, nem tu, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará
de existir. 13. Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente
passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando a morte, a
alma passa para outro corpo. Uma pessoa ponderada não fica confusa com essa
mudança. 14. Ó Filho de Kunti, o aparecimento transitório de felicidade e
aflição, e seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o
desaparecimento das estações de inverno e verão. Surgem da percepção sensorial,
ó descendente de Bharata, e é preciso aprender a tolerá-los sem perturbar-se.
15. Ó melhor entre os homens (Arjuna), quem não se deixa perturbar pela
felicidade ou aflição e que permanece estável em ambas as circunstâncias
decerto está qualificado para alcançar a liberação.
Em suma, no momento em que fraquejamos, em que hesitamos, erramos.
Para o hinduísmo, o único pecado é a omissão. Temos de agir, de realizar, mesmo
que erremos, e principalmente confiar que no fundo e na superfície, nossas
ações não são nossas mas são as ações de Deus através de nós e de que Ele sabe
a razão de nossos atos antes que os pratiquemos. Somos apenas energias de Deus
que transformam a realidade em seu nome e por sua vontade e é isto que ele diz
ao nosso ouvido quando fraquejamos:
Levante-se e lute, não desanime, não se confunda pois não é você
que está no comando, sou Eu, teu Deus e Senhor. Toda e qualquer idéia em contrário
é apenas uma manifestação da ilusão do Ego e deve ser rechaçada.
Este é um livro sagrado para pelo menos 900.000.000 de
pessoas em todo mundo, incluindo eu mesmo, e tem de mim a mesma veneração que
os cristãos têm pela sua bíblia, um dos livros , mas não o único aonde os
homens angustiados procuram inspiração para seguir em frente e desempenhar um
papel bem sucedido no grande desafio que enfrentam todos os dias: encontrar a
serenidade e a realização espiritual em seus corações no cotidiano.
domingo, 5 de agosto de 2012
Mais um encontro de Artesãos
por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Na loja Recife, os encontros de Artesãos são, cada vez mais, bem sucedidos em número e qualidade.
José Marcelo Sobral, mestre da classe deste ano, firma-se como meu amigo e correspondente naquela simpática confraria.
Aprendi a ter carinho pelos rosacruzes de todo Brasil, mas por motivos pessoais que muitos entenderão, minha ligação mais forte é com essa comunidade simpática de Pernambuco, que a cada foto de reunião que recebo parece mais sorridente, mais luminosa e diligente.
Agradeço ao Cósmico que tenha herdado afetivamente mais este grupo de pessoas que, se não conheço pessoalmente, pelo fato de pertencerem a minha Ordem e de ostentarem o título de os mais antigos membros daquela região, contam automaticamente com meu carinho, admiração e respeito.
O qual se estende a todos os que provaram pela perseverança ou teimosia, que seja, sua determinação e sua convicção quanto ao envolvimento nesta nobre escola iniciática.
E parafraseando Ancelmo Góis, jornalista de O Globo, que Deus os proteja e a nós não desampare.
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