Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:
Como estudante rosacruz de sanctum desde 1975 (lá se vão 35 anos), aprendi a amar a educação rosacruz, e crer naquilo que ela me ensinava.
Um dos ensinamentos que absorvi foi de que o místico é um pesquisador das energias do Universo e que deve proceder nesta pesquisa com o mesmo rigor e cuidado de um cientista ortodoxo.
A Ordem me ensinou a não crer em seus ensinamentos, mas a confiar neles desde que eu pudesse verificar a eficácia dos mesmos no dia a dia.
A Ordem sempre me repetiu várias vezes que não era uma religião e que não tinha a função de substituir nenhuma fé ou crença e que todos os rosacruzes eram livres para crer em Deus do jeito que achassem melhor, mas da mesma maneira que quanto aos seus ensinamentos, insinuava sempre que melhor que crer em Deus era experimentá-lo dentro de si mesmo, vivenciando-o, de tal forma e com tal intensidade que ele deixasse de ser uma crença e passasse a ser uma realidade perceptível, talvez não pelo tato, mas pelos sentidos internos.
Como se fosse nosso próprio coração que podemos ouvir ou melhor, sentir batendo em nosso peito desde que prestemos atenção.
Experimentar, confiar em um conhecimento pela experimentação e verificação deste conhecimento, testemunhar determinados fatos a ponto de poder descrevê-los, é positivismo científico puro. Este é o método de trabalho rosacruz que eu e muitos de minha época recebemos nas monografias arroxeadas e enormes que chegavam a nossa casa de forma regular.
Tenho muito orgulho de minha afiliação e por isso tenho observado com preocupação a diminuição do enfoque positivista na Ordem, discreto, insidioso, mas , salvo engano de minha parte, avançando progressivamente em nossa escola.
No momento, muito esforço e tempo está sendo investido na discussão da interdisciplinaridade. Nada contra a discussão deste assunto.
Na minha opinião, no entanto, por mais que queiramos discutir como dialogar com linhas de pensamento ortodoxas, é preciso ter algo para discutir.
E quando falo de algo, me refiro a produção científica baseada em experimentação e verificação. Lembro-me com saudade dos relatórios regulares que a Universidade Rose Croix emitia e que eram traduzidos e republicados na revista O Rosacruz.
Por anos alimentei a fantasia de que este movimento regular científico pudesse culminar na produção de material crítico suficiente para o emparelhamento de nosso laboratório com qualquer instituição respeitável de pesquisa neurológica ou tecnológica do mundo.
Tal coisa não ocorreu. Os relatos científicos da URCI, salvo engano da minha parte, minguaram, e as propostas de discussão de natureza especulativa aumentaram.
Isto me preocupa como antigo membro da Ordem, artesão e entusiasta do trabalho e da missão rosacruz no mundo.
Acredito firmemente que devemos rever as linhas de trabalho ora em andamento e desviar o foco para a produção de experimentos e trabalhos científicos preparados com o mesmo rigor daqueles que um cientista qualquer tem que ter em qualquer parte do planeta, dentro da comunidade científica, para que veja sua obra publicada em qualquer revista de reputação na área de pesquisa aplicada.
Não somos matemáticos, nem antropólogos. Somos pensadores, mas não filósofos, na acepção real do termo.
Os rosacruzes são cientistas místicos que pesquisam Parapsicologia(telepatia, telecinese, Intuição captativa); Ótica, Física das Vibrações , da Acústica.
Somos pesquisadores de técnicas incomuns de terapêutica que implicam em compreensão de Fisiologia, Neuroanatomia, Endocrinologia, Bioquímica e Biofísica.
Estes têm sido nosso campo tradicional de esforço e pesquisa. Não somos especuladores. Raciocinamos com base em nossos postulados e axiomas, os quais provêm do conhecimento sólido, verificado e verificável, que herdamos da tradição esotérica.
E precisamos continuar este trabalho, sob o risco de perdermos nossa própria identidade mística, talvez a coisa mais sagrada que possuamos, nosso mais importante legado as próximas gerações.
Esta é a ciência rosacruz.
Antes de discutirmos o que discutir, devemos ter sobre o que falar. E me parece que no momento, não temos produzido um material contundente do ponto de vista da ciência.
Nós temos, por tradição e formação, as melhores condições de criar a ponte entre o material e o imaterial. Basta continuarmos nosso trabalho discreto de investigação e chamarmos todos os nossos membros a participar deste trabalho organizadamente, permitindo que todos nossos frateres e sorores nos ajudem com seus insights e intuições a direcionar melhor nossas pesquisas.
Este salto qualitativo pode ser dado.
Deve ser dado.
Estou aberto à discussão, à controvérsia e ansioso que alguém me convença de forma racional de que minhas preocupações são infundadas.
Se ao contrário, mais frateres e sorores concordarem comigo, que escrevamos sobre nossas preocupações e discutamos como membros da hierarquia da fraternidade, obrigados por nossa posição a sugerir sempre que acharmos por bem, condutas aos nossos dirigentes, em busca de uma Ordem melhor.
É assim que tem sido nos séculos que nos precederam. Espero que assim continue a ser.
Engraçado, eu como membro mais novo que você sinto falta, também, dessa ligação entre a ciência e o misticismo. Muitas vezes, escuto alguém falar: "a monografia da ordem explica", de fato, algumas vezes explica, de outro lado, de forma sintética. Mas, salvo engano, os Rosacruzes sempre foram precussores do conhecimentos, avançados ao seu tempo. Não que não sejamos do lado místico, mas que não venham me dizer que isso é o que interessa, pois de fato é o que interessa e tem muito mais que também interessa.
ResponderExcluirA ordem tem que ser estimuladora nesse sentido, agregando não só pelo lado místico, mas pelo científico. Cada membro a sua forma, tem que buscar melhorar, inovar...
Tenho uma visão diferente de muitos sobre o conhecimento. Ele não é alguns deve ser do "mundo", claro que disposto de forma progressiva, mas aprofundado em suas etapas.
Parabéns pelo seu texto.