Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:
O estado de percepção aumentada da presença de Deus em nossas vidas é confortante.
Elabora dentro de nós um estado de completude que não é possível sem esta experiência de identificação com o Deus de nosso Coração. Mas isto não é igual a felicidade. Diria que é mais parecido com bem estar, mas não felicidade. A paz verdadeira não induz ao sorriso, mas provém da compreensão.
A compreensão acalma, tranqüiliza nosso espírito e nos ajuda a atravessar períodos mais difíceis, os quais são inevitáveis.
Isto não é exemplificado apenas por uma crença pessoal. Baseia-se na história da Rosacruz.
O que sabemos de nossa história? Que Akhenaton pode ter sido envenenado, vítima da ira dos sacerdotes tebanos e do descontentamento político e palaciano que gerou ao tentar impor a um povo tradicionalmente politeísta, o Monoteísmo. Solidão e oração marcaram sua vida, não a alegria e o desfrute. E nosso imperator no séc.XVI, Francis Bacon, homem que conheceu a glória e o prestígio, mas que, independente de seus conhecimentos místicos indiscutíveis e influência entre maçons e rosacruzes, acabou seus dias prisioneiro na torre, vítima de calúnias e de seus inimigos.
E Cagliostro, séculos depois, perseguido pelos membros da República pós- revolucionária? Homem de imensa sabedoria e generosidade, viu-se forçado a deixar Paris de modo discreto, para não ser jogado em um calabouço por intrigas e mentiras.
O próprio Spencer Lewis conheceu a injúria e mais de uma vez como relatou, teve que defender a honra da Ordem e a sua própria, em tribunais americanos. Muitas vezes, devido a sua extrema dedicação a implantação da AMORC na América, passou, bem como sua família, por dificuldades pessoais e financeiras. O que estou dizendo? Que ser um místico não é uma boa escolha? Que desviar-se desse caminho seria mais seguro e proveitoso? Não, não é isso. O que eu digo é que não é um caminho fácil ou uma fórmula mágica de sucesso.Esta fala não tem a ver com morbidez pessoal, mas sim com a minha indignação com a hipocrisia irritante para pessoas minimamente inteligentes de certos grupos religiosos que vendem a possibilidade de sucesso e satisfação plena por um determinado preço, que se não conseguidas não implicam em ter seu dinheiro de volta.E antes de tudo, pela simples razão de que ser ou não um caminhante na senda mística não é uma escolha livre. Nenhum de nós que foi arrastado para essa aventura pessoal conseguiu resistir a ela. Algo mais forte do que o livre arbítrio, nos tornou membros da senda mística.
Cada um de nós que se tornou um místico, o fez em busca do conhecimento, não da felicidade e atendendo um chamado que não podia ser desprezado ou desobedecido.
Todo processo de crescimento tem seu preço, e tem suas fases. Algumas boas, outras muito boas, outras ruins e algumas bem piores.
Passar por estas oscilações com serenidade, nem sempre é fácil.
E a única razão por que místicos atravessam com estoicismo e sem revolta estes períodos terríveis, que sempre têm uma razão e uma finalidade em nossas existências, mas que, aliás, na maioria das vezes, não conseguimos divisar suas implicações, causas ou possíveis benefícios para nossos espíritos, são os valores que recebeu em sua educação mística.
Postulados, não dogmas, que o sustentam, e que lhe dão alento e consolo, em horas de grande dificuldade.
Não, o misticismo não garante felicidade nesta terra, mas garante aumento de nossa sabedoria. De forma que todos os que se aventurarem nesta tortuosa trilha da auto-descoberta estejam conscientes de que é preciso estar atento ao chamado interior que recebeu, e nada mais.
Esta voz interior é que comanda nossas escolhas e opções e é por ela e para ela que vivemos e morremos.
Sentimos dentro de nós que a Voz nos orienta em direção a Luz, que todos os nossos medos são infundados, que o Universo não nos é hostil e que nossos problemas e todos os problemas seriam bem piores se não tivéssemos as informações que o conhecimento místico nos deu.Agradeçamos a Deus por tudo que recebamos, mesmo que não entendamos a razão, mesmo pelas coisas que não consideramos positivas ou boas.
Deus tem um plano para nós.
Como místicos, devemos estar sempre atentos ao seu chamado, e confiar em sua infinita bondade.
Não sejamos severos com nós mesmos por às vezes sentir a confiança diminuir.
Certas situações são particularmente difíceis, e nós somos apenas seres humanos.
A compreensão do conhecimento nos sustentará. É isto que realmente importa para o verdadeiro místico.
O Misticismo não é o caminho mais fácil, nem o mais lucrativo, nem muito menos a chance do sucesso pessoal sem esforço.
Todos nós temos um karma a construir e deveremos responder perante nossa consciência por ele, todos nós atravessaremos maiores ou menores problemas pessoais e isto nada tem a ver com o misticismo, embora os danos possam ser minimizados por seus conhecimentos; minimizados, não evitados.
A vida é assim.
Meu Caro Mário,
ResponderExcluirCompreensão é amar...
Amor a si mesmo e ao próximo... As dificuldades de compreender é quando estamos num ambiente onde as pessoas não percebem o amor, mas muitas vezes dependemos, mesmo que momentaneamente, desse ambiente para sobreviver. As vezes, também, tem inversão de valores, onde o amor é menos valorizado em relação as coisas materiais, mas o Karma tá lá e você tem que passar por esses momentos, purificando, aplicando sua força e seu conhecimento de forma a neutralizar algumas situações que não são de seu carater. Outro problema é uma sociedade cada vez mais materialista ou talvez capitalista. Por vezes, me pergunto, por que não olhei ou melhor não amei antes...