Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ENCONTROS COM HOMENS NOTÁVEIS

Gurdjieff não é apenas o fundador de uma escola de pensamento: é antes de tudo o representante do misticismo armênio no Ocidente. A Armênia é uma terra inóspita, árida, montanhosa. O cáucaso, esta área entre o mar Negro e o mar Cáspio, não tem muitas belezas naturais. Seus filhos, os filhos desta terra árida, são da mesma forma homens em que a vontade é forjada nas dificuldades que para nós, ocidentais ociosos, seriam insuportáveis, mas que para eles são apenas parte do dia a dia, sendo difícil para o povo daquela região supor que exista em alguma parte uma outra forma de vida social que não esta, áspera, seca, aonde o chão não é de grama, mas de pedras. Para entender basta lembrar do Nordeste brasileiro, não o turístico das prais, mas o da seca e do abandono. Mesma coisa.
Era improvável que em tal lugar florescesse qualquer tipo de misticismo. Só que a flor do misticismo brota em toda parte, independente do solo ou do terreno. 
É interessante acompanhar esta versão de Peter Brook, diretor inglês que se dedicou aos grandes temas da história da espiritualidade, tendo filmado também todo o Mahabharata, o poema épico hindu, em cujo centro encontra-se o diálogo clássico entre o príncipe Arjuna e o Deus Krishna, em meio ao campo de Kuruksetra, conhecido como Bhagavad Gita.
É a chance de ver outra roupagem do misticismo, o misticismo de outro tipo de deserto, aliás, desertos que são pródigos em nos fornecer mestres espirituais. O filme é longo, mais de uma hora e quarenta minutos, por isso é preciso estar tranquilo para assisti-lo. Ele é baseado no livro de mesmo nome (Encontro com homens Notáveis) que existe em português, tradução da Editora Pensamento.

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