Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A FALTA DO VIÉS MAÇÔNICO NA PRÁTICA ROSACRUCIANA


por Mario Sales, FRC, Gr.:18-Gr. do C.:R.:C.:; SI (membro do CFD) 




Nos últimos dias, com intervenções de vários frateres (aliás senti falta da intervenção de sorores) o espírito de livres pensadores manifestou-se no blog. Todos, e quase ao mesmo tempo, queriam dar sua opinião à discussão sobre aspectos administrativos. Enquanto isso acontecia de modo explícito, por email eu conversava e debatia com outro frater de Belo Horizonte, sobre temas muito semelhantes.
Tudo me leva crer que os rosacruzes querem conversar, sentem uma falta imensa de um ambiente, como chamávamos em meu tempo, afim, aonde pudessem trocar idéias livremente, sem receio de punições administrativas, sanções as mais variadas, etc.
É óbvio que a liberdade pela liberdade é o caos e toda manifestação de pensamento livre, para ser produtiva, deve estar cercada de condições de civilidade. Este aliás é o grande foco da prática maçônica moderna. A maçonaria hoje não é mais, para lamento de alguns, uma ordem secreta, ou mesmo ocultista, isto pelo menos no Rito Escocês Antigo e Aceito, o mais praticado no país. Seu grande foco, hoje, é a formação de lideranças empresariais ou políticas, de forma a continuar na busca de seu objetivo de intervir física e intelectualmente na prática social da região aonde está aquela loja. Reuniões maçônicas, atualmente, enfatizam exatamente esta capacidade de expor o pensamento de forma organizada, com momentos para falar e momentos de ouvir, respeitadas as mínimas regras de civilidade e respeito mútuo. Nem sempre foi assim e se prestarmos atenção ao ritual, algumas linhas são ecos de um tempo em que mesmo o silencio em Loja era difícil de ser conseguido, ou mesmo a imobilidade física, com as pessoas circulando pelo templo durante a sessão.
Não havia ainda cadeiras para todos. Imagens de época mostram os maçons de pé, e apenas o venerável mestre sentado em uma cadeira. 





A Loja era um tapete, que uma vez lançado sobre o chão, determinava nos símbolos que lá estivessem o grau em que se reuniam, se aprendiz, companheiro ou mestre.
E todos debatiam, debatiam todo o tempo, porque a vida do maçon sempre foi calcada em duas coisas: conversar e comer, juntos.
A rosacruz tem outra história. São pensadores, eruditos, esoteristas e magos, que levavam mais tempo reclusos lendo e estudando do que conversando entre si. Não tinham a convivência diuturna dos maçons dos tempos das catedrais que levavam duzentos anos para serem terminadas. Rosacruzes costumavam reunir-se raramente e andavam muito até chegar aos locais de reunião, às vezes semanas, no século XII e XIII. No século XVIII vamos encontrar os membros da Ordem já mais organizados, pelo menos na Europa, e sob a influência administrativa de Cagliostro, realizando encontros regulares, as convocações ritualísticas, com um ritual muito semelhante ao que realizamos hoje em dia, com o shekinah, a columba e outros detalhes. Só que mesmo então não eram tempos fáceis. A ignorância e o radicalismo político que levaram o próprio Conde à masmorra, mantinham um certo temor pairando sobre todos os rosacruzes de França, país que, curiosamente, até hoje não tem sido um ambiente favorável a prática do rosacrucianismo. 





Portanto, não é prática comum a convivência em corpos afiliados entre rosacruzes até o advento de AMORC, fundada por Lewis em 1915.
A estrutura administrativa que ele introduziu lembra muito a organização da maçonaria, mas ao contrário das obediências maçônicas, que são extremamente desobedientes e tem o hábito de terem rupturas internas com a formação de vários Grandes Orientes em um único país, a AMORC de Lewis procurou desde o início uma formação homogênea, monolítica, como uma pirâmide, com o Imperator ou supremo dirigente no topo, aconselhado por vários grandes mestres de toda parte do globo, os quais por sua vez tem seus grandes conselheiros.
A sucessão seria em, seu entender, a passagem de Imperator a Imperator, uma escolha pessoal, que deveria ser referendada pelos seus grandes mestres e assim foi até o advento do Imperator Gary Lewis, nos anos ´90.
No século XIX existem relatos de rupturas no movimento rosacruciano, como descrito no livro "Rosa Cruz História e Mistérios", da Difusion Rosicrucienne, escrito por nosso atual Imperator, Christian Bernard, sob o inexplicável pseudônimo de Christian Rebisse, no capítulo XIV, "O Roseiral dos Magos".
Chamo a atenção em particular para a divisão ocorrida no confronto entre Papus e Péladan, quando Péladan rompe com a Ordem Cabalística da Rosa Cruz e funda em 1891 a Ordem da Rosa Cruz do Templo e do Graal, e organiza seus seis maravilhosos salões artísticos, com artistas simbolistas, atribuindo a si mesmo o nome de Sâr Mérodack Péladan, Grão Mestre desta Ordem.
A AMORC teve estabilidade interna por 90 anos, ao longo de quase todo século XX, e por isso deu a impressão de ser uma instituição absolutamente imune a estas oscilações tão comuns às associações humanas, rosacruzes ou maçônicas.
Não foi assim, feliz ou infelizmente. E iniciamos o século XXI com um perfil menos técnico do que aquele que Spencer Lewis quis imprimir nos primórdios de seu trabalho de reorganização.
Pelo calor do debate e pela ânsia de respostas e conversações que senti nos últimos dias aqui no blog, percebo que a mesma energia que cria a polêmica e às vêzes a ruptura de estruturas aparentemente sólidas ainda está e sempre estará presente em todos os seres humanos, exatamente por serem humanos. E a melhor maneira de lidar com isso é deixar as pessoas falarem, discutirem, dentro de um ambiente acolhedor, como fazem as lojas maçônicas, sem medo de opinar e de discordar entre si.
A única instituição que conseguiu superar este fantasma do esfacelamento e da atomização foi a Igreja Católica Apostólica Romana, que num lance de gênio, e escaldada pela três graves rupturas que sofreu (a Igreja de Constantinopla, a leste; a Igreja Anglicana, a oeste e a Igreja Protestante Luterana ao norte) consagrou o expediente das Ordens, a padronização da diferença dentro da igualdade, estruturas absolutamente características, com modus operandi individualizados , porém prestando obediência ao mesmo Papa.
Tudo que é sólido tende a se desmanchar e para evitar ou postergar isso só existe uma alternativa, não apertar demais as amarras, permitir que o vento passeie por dentro da estrutura. São as estruturas administrativas mais leves, mais flexíveis, que suportam melhor as intempéries , não as mais rígidas. E o diálogo franco sobre os problemas é o primeiro passo para superar tensões internas, da mesma forma que no método freudiano, conscientizar na fala a neurose ajuda a curá-la, pelo expelir daquela energia antes ressoando dentro do indivíduo e produzindo doença.
Os rosacruzes, neste caso, querem ser maçons, querem ter chance de, dentro de ambiente rosacruciano, discutirem seus problemas, suas angústias, suas dúvidas.
Precisam e merecem ser ouvidos. 

Até por que trata-se de uma atitude mais correta do ponto de vista administrativo.

17 comentários:

  1. Muito curioso frater, o rito mais esotérico e mais praticado no Brasil justamente abriga um corpo de pessoas que não tem a menor ideia do que se encontra lá dentro. Culpa do rosacruzes que colocaram vários mistérios rosacruzes dentro de uma associação de pedreiros...

    Mudando de assunto, discordo do Frater quando fala que "Portanto, não é prática comum a convivência em corpos afiliados entre rosacruzes até o advento de AMORC, fundada por Lewis em 1915." Pois existem muitas organizações anteriores a AMORC que foram fundadas anteriormente a ela e que tem uma forma ritualística e de grupo como AMORC.

    Graças ao site da Ordem de Maat mantida por Frater Velado, membro vitalício da AMORC e participante da hierarquia interna da AMORC encontramos um texto em inglês sobre:
    A história completa das Ordens e Fraternidades Rosacruzes Externas manifestadas no Mundo Moderno (em Inglês, ilustrada com os retratos dos Fundadores), pelo Frater Melchior, FRC.

    Veja a lista de organização Rosacruzes:
    Rosicrucian Fellowship

    Lectorium Rosicrucianum

    Order of the Temple of the Rosy Cross

    Corona Fellowship of Rosicrucians

    Fraternitas Rosæ Crucis

    Societas Rosicruciana in Anglia

    Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis

    Societas Rosicruciana in America

    The Hermetic Order of the Golden Dawn

    Builders of the Adytum

    Ordo Templi Orientis

    Collegium Pansophicum

    Fraternitas Rosicruciana Antiqua

    Ordre Kabbalistique de la Rose Croix

    Order of the Temple & the Graal and of the Catholic Order of the Rose-Croix

    Ordo Aureæ & Rosæ Crucis

    Alchemical Rose-Croix Society

    Rose-Croix de l'Orient

    The Elder Brothers of the Rose-Croix

    Antiquus Arcanæ Ordinis Rosæ Rubæ Aureæ Crucis

    Antique Mysticusque Ordo Rosæ Crucis

    Ancient Rosae Crucis

    Confraternity Rosae + Crucis

    http://svmmvmbonvm.org/neor+c/indice.htm

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  2. Mário: "Tudo me leva crer que os rosacruzes querem conversar, sentem uma falta imensa de um ambiente, como chamávamos em meu tempo, afim, aonde pudessem trocar idéias livremente, sem receio de punições administrativas, sanções as mais variadas, etc.
    ...toda manifestação de pensamento livre, para ser produtiva, deve estar cercada de condições de civilidade."

    JuLio: E isso não necessariamente precisa ser em um ambiente físico, poderia ser um forum digital da própria Ordem ou mesmo um blog restrito grau a grau.

    Mário: "...mesmo o silencio em Loja era difícil de ser conseguido, ou mesmo a imobilidade física, com as pessoas circulando pelo templo durante a sessão.
    Não havia ainda cadeiras para todos. Imagens de época mostram os maçons de pé, e apenas o venerável mestre sentado em uma cadeira.
    A Loja era um tapete, que uma vez lançado sobre o chão, determinava nos símbolos que lá estivesses o grau em que se reuniam. se aprendiz, companheiro ou mestre."

    JuLio: Consegui até me visualizar nesta cena. As coisas eram mais simples e o mais importante era a disseminação do conhecimento para os irmãos iniciados. Os mais antigos de ordem faziam de tudo para que os aprendizes pudessem absorver o máximo possível àqueles símbolos para que recebessem aumento de salário.

    Mário: "E todos debatiam, debatiam todo o tempo, porque a vida do maçon sempre foi calcada em duas coisas: conversar e comer, juntos."

    JuLio: Na Rosacruz parece "meditar e comer, juntos." isso por si e em si não formará pensadores, não fará com que a evolução chegue mais rápido (falando coletivamente) e não contribuirá para esse ambiente que tanto sonhamos, dado que as conversas nos ágapes são aleatórias e na maioria das vezes não favorece os buscadores (por causa das desculpas esfarrapadas, advertências e tudo o mais que já comentamos).

    Mário: "...a AMORC de Lewis procurou desde o início uma formação homogênea, monolítica, como uma pirâmide, com o Imperator ou supremo dirigente no topo, aconselhado por vários grandes mestres de toda parte do globo, os quais por sua vez tem seus grandes conselheiros.
    A sucessão seria em, seu entender, a passagem de Imperator a Imperator, uma escolha pessoal, que deveria ser referendada pelos seus grandes mestres e assim foi até o advento do Imperator Gary Lewis, nos anos ´90."

    JuLio: Concordo com esse ponto e inclusive foi o que mais me atraiu na AMORC, o fato dela ser igual em todos os países que atual. No entanto, a AMORC continua usando palavras, termos que já não condiz com a realidade. Pergunta: Onde está a atual suprema grande loja? No Canadá (através do nova corporação jurídica fundada depois da cisão de 90), nos EUA (depois que retornaram a PJ em 93) ou na França?

    Como o Frater anonimo mesmo disse, existem outras incontáveis ordens e dizer que a AMORC é a única tradicional e original chega a ser uma ofensa aos rosacruzes de outrora. Um dos homens mais inspiradores do Ocultismo (Papus) foi da Ordre Kabbalistique de la Rose Croix. Será que essa ordem era menos tradicional que a AMORC?

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    1. São manifestações históricas da Ordem, Julio, ou do pensamento rosacruciano, como voce prefere. Não podem ser esquecidas ainda mais considerando que o trabalho de Papus, Guaita e Péladam ainda são referencia em Ocultismo e Esoterismo. Gostei dessa idéia de forum digital. E por grau, mais interessante ainda. Grande idéia,simples, de acordo com a Lei da Navalha de Occam ou Okham como preferir.Isso aceleraria em muito os diálogos e as explicações. Penso que poderia turbinara Ordem. Pena que o GM não tenha entendido a minha idéia da Teia de Indra, que eu lancei aqui no blog e mantive por meses. Era parecido, mas só para artesãos. Gozado, Julio, é que ele me mandou um email formal, dizendo que não poderia participar e que eu devia fechar o site. Fechei. Dias depois ele esteve em Recife e conversando com um querido amigo e frater e irmão 3 x meu, José Sobral, mestre da classe de artesãos, quando ele perguntou porque fechar a Teia ele alegou que não teria como ler 50 emails por dia. Pelo visto não entendeu nada. Se eu tivesse tempo para explicar mostraria que ele não precisaria ler mas poderia supervisionar os debates quando desejasse e que a própria GLP poderia administrar isso, já que se a coisa desse certo, eu não teria pernas para tocar sozinho um empreendimento desse tamanho. É pena, mas ele não lê este blog. Ao que parece não tem tempo. É um administrador dedicado e receio que está tão preocupado com administrar a rosacruz que não consegue cuidar da própria rosacruz, ou daquilo que ela tem de mais importante: os rosacruzes. O cósmico ajude o Helio, porque eu torço por ele; se ele der certo , toda a Ordem dará certo.

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    2. Concordo plenamente meu caro irmão.
      Linkando com o nosso debate sobre trabalhar voluntariamente, vejo que se a ordem fosse mais flexível, os próprios rosacruzes poderiam exercer certas funções para além daquelas que existem nos OA. Eu ficaria feliz e honrado em auxiliar a ordem com meus conhecimentos em inovação, planejamento de negócios, marketing e tecnologia. Mas, sou apenas um neófito anônimo na Ordem por enquanto.
      O forum seria brilhante, pelo simples motivo de que "a minha dúvida pode ser a sua dúvida" e ao invés de esperarmos as vezes até 3 ou 4 dias para receber uma resposta do Dep. de Instrução, poderíamos acessar o grau que estamos e ler as dúvidas e debates recorrentes da monografia que estivermos estudando.
      Com isso, aos poucos a Ordem deixaria de imprimir o Forum em papel e digitalizaria todo o material.
      Acredito que se tivéssemos um sistema de forum online onde haveria as considerações oficiais da ordem e a moderação pelo Dep. de Instrução dos debates, poucas dúvidas ficariam sem resposta e a Ordem de certa forma voltaria a "ser o que era antes".

      E que o cósmico ajude a todos que preferem administrar a Rosacruz ao invés de cuidar daquilo que mais importa, os Rosacruzes.

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  3. Se observarmos imparcialmente veremos que a única coisa realmente de preocupação fundamental com os membros é se está em dia com as trimestralidades. Basta parar de pagar e estará automaticamente desligado da AMORC.
    É muito cômodo produzir em série monografias, enviar pelo correio e quando o membro tiver dúvidas responder de forma geral e nunca pessoal e em relação a vivência, aprendizagem e prática mística do membro.
    Não se tem acompanhamento se o membro desenvolveu toda prática de um grau para ir para outro. Temos no estado de São Paulo a progressão continuada. Para cortar custos o aluno vai passando de série em série mesmo que não tenha aprendido quase nada. O que o Governador conseguiu com isso? Economizar muito dinheiro, porém e as pessoas? Temos milhares de alunos analfabetos funcionais! Estão na 8ª série e não sabem ler nem escrever. Não sabem matemática nem 10% das matérias que deveriam saber...
    Onde isso entra na AMORC? Temos membros do 9º grau que não dominam as práticas de base mais fundamentais da ordem e já receberam iniciação até 9º!!!
    O que conseguiram com isso? Economizar muito tempo e dinheiro, pois precisariam modificar a estrutura. Acompanhar dá trabalho! Realmente ser uma organização que forme rosacruzes dentro de seu sistema místico dá muito trabalho!!!
    E nos Templos? Depois de 3 anos assistindo as convocações onde mensagens são escolhidas sem método, sem continuidade, sem separação de grau, você fica tão entendiado, está é a palavra. Pois não consegue aprofundar questões de seu grau. Não faz práticas de seu grau. Não tira dúvidas de seu grau, etc... Que acaba desanimando de frequentar a Loja! No começo da AMORC ela era separada por graus. Sabem porque pararam? Porque é um trabalho monstruoso separar por graus e fazer realmente um trabalho rosacruz genuíno de formação rosacruz!!!

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  4. Penso frater que tudo depende da sua seara, onde está o seu lugar, a sua loja, o templo em que se sinta em casa. Talvez a questão não seja institucional mas sim pessoal.
    O ânimo é íntimo, pessoal, a velha história de fazer o nosso próprio caminhar, a nossa forma de intervir, interagir... esperar menos do outro e fazer mais por sua própria trilha.
    Sem querer parecer blasé...
    Estamos no mundo globalizado e veloz do transitório século XXI.
    Presos ao século XX e seus antecessores porém sonhando, vislumbrando o quarto milênio.
    Talvez não precisemos voltar ao método socrático e sim, inventar um método pós socrático, algo ainda menos preso a uma didática linear.
    PAZ PROFUNDA

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  5. Soror, os defensores da progressão continuada usam os mesmos argumentos. Não é a escola que deve ensinar o seu currículo, é o aluno que deve aprender por si sem cobrar. Então 1% com facilidade se vira e os outros 99% vão passando as séries sem aprender e sem ser cobrados...
    Será pedir demais que a Ordem acompanhe a formação de seus membros?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Frater anônimo, tenho acompanhado as discussões neste blog que acredito serem válidas. E expresso aqui o que sinto quanto ao acompanhamento pela Ordem da formação dos membros - é a vida que faz o acompanhamento, quando se recebe uma iniciação em loja, na sequência vem uma iniciação da vida, para avaliar se o membro passou mesmo de um grau a outro. No templo recebemos informações para re-lembrar os níveis de Consciência que já somos, alguns relembram com a iniciação outros não e permanecem como estão. no teste da vida, alguns se dão conta que é mais um nível da iniciação e outros não. Assim, quem está apto a passar pelo teste, o fará conscientemente. É a forma que o Sagrado tem de se preservar, o Sagrado só se revela para quem estiver pronto. Não cabe a Ordem fiscalizar, monitorar ou acompanhar o desenvolvimento de seus membros como uma escola primária. O despertar da consciência é individual com um ritmo particular para cada ser único, não é algo monitorável da forma como o fr coloca.
      Aprecio a ideia de se criar um fórum, ou grupo de estudo e partilha dos conhecimentos, desde que estes fóruns não sejam palco para egos proeminentes expressarem seu nível de conhecimento, transformando os encontros em monólogos enfadonhos, e sim, sejam fóruns circulares, de compartilhamento de ideias, dúvidas, conhecimentos, sabedoria e principalmente vibrações de amor e luz...onde os frateres e sorores possam comungar no verdadeiro sentido.

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    3. Que a vida é a "professora pública" como dizia Nietszche, concedo.
      Que as monografias não são o único caminho, com certeza não são, fazem parte do processo, são uma das pernas do banco aonde sentaremos.
      Que " o despertar da consciência é individual com um ritmo particular para cada ser único" e que este aspecto da evolução não possa ser monitorado, também concordo.
      Mas que " não (caiba) a Ordem fiscalizar, monitorar ou acompanhar o desenvolvimento de seus membros como uma escola " discordo em gênero, número e grau.
      Existem dois tipos de perspectivas aqui misturadas.
      Uma a avaliação da evolução espiritual, impossível de ser mensurada e acompanhada.
      Outra, muita mais prosaica, é a evolução cultural do membro, em relação a cultura rosacruciana, as técnicas fundamentais, espalhadas ao longo das monografias, neste que é o mais longo curso por correspondência que se tem história.
      É uma posição perigosamente omissa que tem gerado uma grande quantidade de estudantes desmotivados e sem noção de valores básicos de nossa tradição porque não o conhecem, por que não abrem nem seus pacotes quando o recebem, como descrito em outro ensaio daqui do blog por título" Sim , sou rosacruz, mas não praticante".
      Se as monografias são enviadas em ritmo anárquico, sem critérios, sem avaliação de desempenho, então que não sejam mais enviadas, elas não são necessárias.Mas se os forem, que haja uma contrapartida de quem, pelo menos em palavras, comprometeu-se a ler o que ali está escrito.

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    4. Fr Mário,
      Saudações!
      Respeito seu ponto de vista, e sou a favor da criação de grupos de estudos e compartilhamentos entre os membros, sejam estes encontros físicos ou virtuais, onde impere apenas o espirito de comunhão fraternal; desde que não se transformem em uma sabatina competitiva para se avaliação mútua.
      Lembremos que Sabedoria não é conhecimento.
      Sinto que o comprometimento com os estudos das monografias é individual, assim como o desenvolvimento e o despertar dos níveis de Consciência e não cabe a Ordem monitorar isso. Cada um vai ler, estudar, compreender e integrar os ensinamentos no seu tempo, assim como acontece com as iniciações. Cada monografia é repleta de chaves de conhecimento e sabedoria que só se descortinarão ao coração puro e sincero...A compreensão e integração destas pérolas se dará quando a união entre a Mente e o Coração do aspirante se fizer plenamente, e esse tempo é diferente para cada buscador. Só o caminhar no mundo, através das provas da Vida revela 'de que lugar' o caminhante faz seu caminho, ou seja, até onde o 'Sopro' chegou naquele ser.
      Às vezes o estudante passa por provas e precisa de um tempo específico de integração e deixa de estudar diligentemente os escritos das monografias, e ao passar pelas provas, retoma a leitura e consegue colocar em dia seus estudos e até com maior compreensão do que se tivesse seguido com o compromisso semanal ...falo aqui dos períodos de Noite Escura, quando a fé é testada e o entendimento fica entorpecido, o olhar fica nublado...então, discordo do fr. quanto a interrupção do envio de monografias. É isso.
      Sou grata por criar este espaço de compartilhamento e comunhão. E desejo que este forúm virtual se precipite em encontros em algum OA.
      Paz e Luz.

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  6. este seu argumento, para mim enquanto professora soou contundente porque sei claramente o que quer dizer. o reflexo social dos individuos formados pela progressao continuada ja se fazem presentes. No âmbito mistico também creio que isto seria temerário. Mas acho que isto não é problema da trimestralidade ou da gestão administrativa mas sim de algo maior que seria um modelo mais adequado ao mundo atual, novas tecnologias, formaçao ampla, etc etc
    Mas por outro lado .. existe aquela coisa de nao dar o peixe... cada um deve fazer a sua trilha e isto é lento e de certa forma tem sido assim ha milênios... porque tem sido assim???

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  7. Concordo com tudo que foi dito aqui.Também sinto falta de ter com quem conversar, frequento OA a uns 5 anos, mas sinto que quando assisto convocação, parece que estou assistindo a missa, aquela coisa repetitiva, raramente tem experimentos e nada relativo ao grau que estou.Teve uma época que fiquei desanimado e fiquei inativo, depois de muito tempo me reativei.Entrei pra ordem martinista, quando pra minha surpresa descubro que não tem fórum ou departamento de instrução.Quer que não tivesse atrium aqui na minha cidade não teria quem tirar minhas dúvidas???
    Outra questão, sendo a meditação prática fundamental do rosacrucionismo, muitos fraters e sorores simplesmente não praticam, depois vão assistir convoção e "dormem" no templo.Mesmo sabendo que a evolução é algo pessoal, portanto depende só de mim, sinto falta de um acompanhamento quanto aos ensinamentos, haja vista que a acomodação é algo comum a todo ser humano.
    Paz Profunda !

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    1. Fr Felipe,
      Saudações !

      Muita coisa acontece durante um ritual de convocação, mesmo para os que aparentam estar em sono profundo dentro do templo. Se vc sente como cansativo e repetitivo, coloco aqui algumas sugestões:

      1- Avalie de que lugar tem assistido as convocações.
      2- Avalie de que nível de consciência se faz presente num templo.
      3- Observe o seu estado mental ao adentrar uma loja, o templo e durante a convocação.
      4- Abstenha-se dos julgamentos e principalmente das expectativas.
      5- Aceite suas percepções, estado mental, o lugar de onde tem assistido aos rituais e o nível de consciência onde se encontra neste momento.
      6- Seja um observador de você mesmo ao invés de um observador da ritualística.
      7- Acolha-se compassivamente.

      A evolução é algo pessoal como você disse, cada um tem seu próprio ritmo e tempo de despertar. Sugiro uma mudança no olhar... a Vida, o Eterno, os Mestres invisíveis estão acompanhando o seu caminhar na senda RC, Eles colocarão em "xeque" seu aprendizado através das provas da Vida. Se estiver pronto para progredir na senda isso acontecerá e você se perceberá diferente, a ritualística continuará a mesma como tem sido há milênios( existe um propósito para isso), mas o seu olhar será diferente. Paz e Luz.

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  8. helena,27 de janeiro 2013- pela1ªvez entro em um blog. Sou RC há 26 anos e sempre senti falta de reuniões abertas p/ debatermos as dúvidas. Sempre participei dos OA ,inclusive como oficial em vários cargos.Dei revisaõ de grau de atrium porém fiquei restrita as regras. Não havia chance de maior expansão , poucos debates, tudo era dado como repetição das monografias e poucos compareciam. Tentamos fazer roda aberta,fora do templo, p/ analisar e debater temas de livros, porém após 1 ou2 reunióes,acabavam .Gostei muito deste blog, parabéns ao prof.Mario de quem sou fã.Não sou martinista,estou pesquisando...

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  9. Dois anos depois volto aqui e vejo esse meu comentário que eu nem lembrava dele mais.Vamos lá.Eu sei diferenciar pessoa meditando de pessoa dormindo , até porque nunca vi alguém roncar meditando.Estou falando de pessoa dormindo mesmo, várias foram as vezes em que ,como guardião, tive que acordar pessoas no fim do ritual.Todas as coisas enumeradas ai eu ja tinha feito antes de postar a crítica.Uma coisa é fato, a ordem rosacruz amorc não cobra nada em termos de disciplina, é só pagar boleto , chega monografia.Então as vezes quando eu converso com membros de outras ordens(lembrando que ordem iniciática não é só Maçonaria rito escocês ,Rosacruz amorc e a Tom.Existem várias outras ordens rosacruzes,o rito maçonico de Menfiz Misraim, a Astrum Argentum, a Ordo Templaris Orientis,etc..) , eu fico sem argumentos para defendê-la das críticas de que a ordem é um curso de correspondência com teatro barato.Mas aprendi a não ficar criticando ,brigando pra que outros membros tomem consciência.Eu deixo, sigo meu caminho , dando mais ênfase na prática do que na teoria , largando a futlidade e formalidade das frases repetidas,me preocupando so com o misticismo mesmo, com a meditação,exercícios,tentando vivenciar a prática espiritual, e isso tem me trago muitas experiências místicas,tem me transformado em uma pessoa melhor, de dentro pra fora.Parece que as pessoas estão percebendo isso e vem conversar questões práticas comigo.Penso que de nada adianta o membro frequentar Organismo Afiliado e ouvir ou ler na monografia que deve encontrar o mestre interior, mas não faz experimento, não medita, não ora ; deseja paz profunda pros outros membros mas grita com o conjuge, briga no trânsito por qualquer coisa, não da nem bom dia pro porteiro.Acho que o rosacrucionismo sem prática , vira algo falso , vazio.Bom , essa é minha visão , respeito quem pensa diferente. Abraços!

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