Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A TURMA DO DEIXA DISSO E O ANJO OMAEL


por Mario Sales,FRC



Ao menos ninguém pode acusar este blog de ser um ambiente piegas, onde power points de auto ajuda se sucedem uns atrás dos outros.
Nos últimos dias, provocado em momento inadequado, manifestei-me de forma intempestiva e pouco polida. 
Um leitor do Blog, que pelo termo inicial , "Prezados", me pareceu familiar, embora assine como "Inc", que deve ser a abreviatura de "Incógnito", postou no blog o seguinte comentário: 
"Prezados, não entendo o porquê desta discussão. Ao fim e ao cabo todos buscamos o mesmo objetivo (assim eu espero), independentemente da filiação. Como dizia o próprio PAPUS, se formos analisar o início de qualquer Ordem, ela terá sido dissidente ou fundada por alguém, fato que não lhe retira o mérito. E, considerando que todos somos irmãos (como o cristianismo já prega desde seu nascimento), não existe ser mais ou menos legítimo para ser irmão de alguém. Abraços. em COVARDIA E LOUCURA
Flavio, meu três vezes irmão, me telefonou agora há pouco, enquanto eu estava no supermercado:"Voce anda muito bravo" disse ele; "Tenha calma", completou. 
É verdade. As emoções estão à flor da pele, por motivos bem mundanos, questões pessoais, nada a ver com misticismo ou elevação espiritual. É que a flecha kármica de Páris atingiu meu calcanhar fazem três anos, e eu, que me sentia invulnerável dentro da armadura abençoada por Palas Atenas, me vi caído ao solo, enfraquecido pelos fatos comuns da existência. E aí , o demônio da auto comiseração e da auto piedade fez o resto. 
Tenho lutado como posso contra isso, só que nessa luta, uma característica minha, pelo qual já fui várias vezes elogiado, que deveria ser marcante pelo menos aqui neste espaço, aonde eu deveria ter mais cuidado e ponderação, se desvaneceu: a paciência. 
Meu anjo protetor, Omael, o qual "ajuda as pessoas que estão em desespero a ter mais paciência, domina a proteção ao reino animal e influi na perpetuação das espécies e das raças; influencia os químicos, os médicos e os cirurgiões (como se cirurgiões não fossem médicos também)" , ao que tudo indica, perdeu a paciência comigo e me deixou por alguns dias. 
Bem que agora eu , místico sem dotes místicos, sem capacidade de vidência, incapaz de distinguir com clareza uma aura, sem nunca ter sequer visualizado nenhum fenômeno incomum, poderia receber algum tipo de ajuda de natureza mágica. 
Só que isto não é Magia, mas "pensamento mágico", uma expressão do discurso psicológico, não do campo iniciático, que denota esta vontade infantil de que os problemas se resolvam como que por encanto, e que sejamos subitamente retirados do Caos e transferidos para os jardins aonde jorram leite e mel eternamente. 
Só que, via de regra as coisas não são assim, e se precisamos, para ser bons místicos, de serenidade, precisamos, além disso, de maturidade. 
No campo das coisas hodiernas, os fatos são os fatos e o mito, mais mito que história, de Aquiles, jaz por terra. 
Daí este cansaço de ter de me explicar a quem não quer ouvir, de ser lido e comentado por quem não compreende o que comento, ou que simplesmente não concorda com minha linha de raciocínio, um direito inalienável de qualquer homem e mulher livre, mas de qualquer forma um paradoxo, este de ser, com assiduidade, lido por pessoas que não comungam com o rosacrucianismo spenceriano. 
Não faz sentido. 
Por outro lado, eu não tenho nenhuma importância, como esoterista, escritor ou intelectual; minhas opiniões não tem nenhum peso no rumo administrativo das minhas ordens, são apenas opiniões, honestas posições discutidas aqui como se eu estivesse conversando no cafezinho de um corpo afiliado, da Heptada, ou na "Sala dos Passos (não tão) Perdidos" de uma Loja Maçônica. 
Porque tanta celeuma por causa de idéias isoladas de um escritor mediano, de um blog lido por no máximo 10 pessoas, entre elas, Flávio, José Marcelo, Yamashita, Julio, Fernando e mais cinco anônimos? 
Não faz sentido. 
Não quero mais confrontos. Tudo isto é absolutamente inútil, desgastante e só satisfaz as emoções mais primitivas das quais todo estudante rosacruz deve se libertar. 
Flavio está certo, e eu, obviamente, estou errado. Mesmo que minha causa seja justa, meu modus operandi é primitivo e ineficaz. 
Existem outros caminhos para lidar com o contraditório. 
Hinduístas não conhecem a palavra "arrependimento"tão cara aos cristãos de todas a linhas, portanto não procuro com esta reflexão, de alguma forma, demonstrar arrependimento pelas minhas emoções recentes. Orgulho-me delas. Foram e são emoções honestas das quais nenhum homem na carne deve se arrepender. 
No espírito todos somos perfeitos e por isso, imóveis. 
Na carne nos mobilizamos, e movidos ou não pelo vento da Emoção ou pelo remo da Evolução, avançamos, melhoramos, nos aperfeiçoamos. 
Só não evoluímos pela omissão. 
No hinduísmo, a omissão é o único pecado. 
Eu não me omito de expressar meus sentimentos, independente de fazê-lo da maneira mais adequada ou não. 
Gostaria que todos fossem assim, extrovertidos, claros, confiáveis portanto quanto às suas intenções verdadeiras. 
O silêncio não é uma característica da sabedoria, mas da prudência ou do medo. 
Não organizei este espaço para ficar em silêncio, nem para causar constrangimento a liberdade de ninguém. 
Aliás, prezo que todos se sintam a vontade para expor suas posições, desde que com um mínimo de elegância e civilidade, e sempre, sempre assinando com um nome qualquer, e não com estes pseudônimos esotéricos que só servem aqueles que não querem o bom combate, o das idéias. 
Não me tornei místico para preservar o mistério, mas para levantar seu véu, para revelar a mim mesmo e a quem eu possa, aquilo que eu possa descobrir, desde que aquele que recebe a informação esteja apto a recebê-la. 
E sempre em um ambiente de serenidade e fraternidade, não em um clima de confronto e desgaste. 
Foi bom o seu puxão de orelhas Flavio como também as ponderações da "turma do deixa disso". 
Procurarei ficar mais sereno, dentro do possível. 
A flecha kármica de Páris ainda machuca muito meu calcanhar, e talvez por isso até Omael entenda que, sem paciência, é impossível ser um bom anjo protetor de um rosacruz carioca e filho de nordestinos como eu.

4 comentários:

  1. Prezado irmão e amigo (ainda que virtual),

    Meu comentário será breve: CONTINUE EM FRENTE!
    Suas reflexões, ensinamentos e ponderações dão ânimo aos jovens aprendizes e dão a esperança de um dia chegarem mais perto do divino que habita dentro deles.
    Nossas poucas e breves conversas por Skype estão surtindo efeito e me motivando para continuar na senda, acreditando que não há apenas figurões confraternizando após as reuniões ritualísticas das ordens. Há entre colunas àqueles que se dão ao trabalho de propagar pensamentos de forma clara e objetiva para que os mais novos vejam por outras perspectivas e, por assim dizer, assimilar um aprendizado que talvez antes daquela ótica não teria sido possível.
    Continue os seus afazeres na esperança de um um dia fazer da vida de alguém melhor, mesmo que não tome conhecimento de forma explícita, se esforce para tal feito, como já o faz.

    Que a paz que excede todo o entendimento se infunda em seu coração.
    Namastê.

    ResponderExcluir
  2. Mario, mais um contraditório. Quer expressar temas ligados ao rosacrucianismo e esoterismo, porém se recusa a aceitar os mottos. Tradicionalmente os iniciados sempre usaram mottos. A maioria dos livros antigos e tradicionais usavam mottos. Mesmo todos seus ídolos do neo-rosacrucianismo tinham mottos e nomes iniciáticos.

    Sobre a questão da fuga aos problemas e enfrentamento da vida, qualquer forma dela só trará sofrimento. N'A Grande Perfeição (Dzogchen) aprendemos a viver a experiência "crua" "tal como é"! E pronto. Tudo o que fugir a isso só vai gerar sofrimento em vão.

    Aos interessados no tema deixo um link como sugestão:

    A prática cotidiana do dzogchen consiste em cultivar simplesmente uma plena aceitação sem preocupação e uma abertura ante todas as circunstâncias. Devemos compreender que a abertura é o campo onde jogam todas as emoções e relacionarmo-nos com o próximo sem artificialidade, manipulação nem estratégias. Devemos experimentar tudo completamente, sem tentar nos esconder dentro de nós mesmos como a marmota em sua toca. Esta prática libera uma energia tremenda que geralmente se encontra em potencial, por que tentamos manter pontos de referencia fixos. Os pontos de referência são processos que utilizamos para nos afastar das experiências diretas na vida cotidiana...

    continua em:
    http://pastebin.com/yCD2w57Z

    ResponderExcluir
  3. Salve prezado Mário!
    Turma do deixa disso é boa hehe.
    Acertaste. Desde que perdi o antigo email e tive que criar um novo mudei no blogger de incognito para inc (incognito era uma expressão muito forte).
    Ainda preferi não colocar meu nome, mas, de qualquer forma o conhece.
    Aproveito para dizer que sobre nossa última discussão (há mais ou menos um ou dois anos) li algumas coisas esclarecedoras no Sêfer Yetsirah, Meditação e Kabbalah do Kaplan e em outras leituras como a Kabbalah da Alma que me indicaste.
    Desejo melhoras e que o bálsamo do criador te revigore para seguir com vigor nesta senda.
    Fraternal Abraço.

    ResponderExcluir