De: Tânia Regina Toledo
Para: mario sales
Enviadas: Quarta-feira, 16 de Junho de 2010 1:08:48
Assunto: Compartilhamentos...
Olá, querido irmão !
Envio um link interessante, que descobri em minhas navegações, de um site que tem a intenção da trocar experiências pautadas no conceito da Transdisciplinaridade.
Há bastante material de texto, projetos e discussões a respeito do texto :
http://www.redebrasileiradetransdisciplinaridade.net/mod/resource/view.php?id=19
Aproveito para reiterar o pedido de que envie-me seu texto, apresentado no Encontro de São José, para que eu possa debruçar-me, analisar, meditar e tentar alcançar...Rsrsrsrr
Abração.
Tânia Toledo
PS.: Sem querer abusar, e já abusando: lembre-se da minha Tabela Periódica !!!
(veja, se ainda não viu, o novo visual da tabela, proposto por Philip Stewart : http://www.iejusa.org.br/cienciaetecnologia/imagens/tabela18.gif )
De: mario
Para: taniartoledo...
Enviadas: Quarta-feira, 16 de Junho de 2010 8:39:21
Assunto: Res: Enc: Compartilhamentos...
Eu li um texto daqueles link's que vc me enviou, com o título Programa de Aprendizagem: Uma experiência pedagógica nos cursos de licenciatura, da Unisinos-Brasil. Veja o que eu falei sobre a necessidade de clareza quanto aos fundamentos usados no estudo das possibilidades operacionais da Transdisciplinariedade.Ao final do texto, o que se percebe? Os autores chamaram de abordagem nova simplesmente a aplicação de uma técnica epistemológica que tem 100 anos: a Fenomenologia de Husserl, importante mecanismo de interpretação de textos e culturas.
Isto invalida os esforços dos proponentes daquele trabalho? Não, mas indica que antes de se lançar a experimentações legítimas, melhor seria que fossem mais fundamentadas, com pesquisa bibliográfica mais ampla, apenas para evitar o mais simples dos erros científicos: a repetição de investigações que se superpõem.O progresso não é linear em seu conjunto mas em cada raio da esfera do conhecimento que se expande em todas as direções precisamos ter uma mínima racionalidade para que as etapas sejam seguidas e possamos acumular dados progressivamente mais complexos.Mesmo que esse trajeto não seja feito linearmente, mas com saltos entre uma e outra linha de trabalho, há que haver pertinência entre as linhas frequentadas para que os efeitos acumulativos de conhecimento sejam úteis e produtivos.
Transdisciplinariedade não é conhecimento lateral. E dinâmica de interação entre linhas diferentes da mesma expansão mas sempre para a frente e para longe do centro da esfera.Quando eu faço um esforço sem fundamentação, sem uma revisão bibliográfica anterior, o que acontece é a repetição de esforços já feitos, o chamado Retrabalho, onde um esforço genuíno apenas patina. Esta é minha preocupação.
Existe muita coisa interessante que facilita a busca de métodos transdisciplinares que precisam ser conhecidos antes de buscar esta mesma transdisciplinariedade. A transdisciplinariedade não é uma idéia a parte, mas o diálogo entre todas as idéias e campos.Este diálogo não começou agora, hoje, quando demos um consenso a ele, da mesma maneira que um índio de uma tribo qualquer não é batizado definitivamente antes que ele esteja adulto, mas recebe um nome provisório enquanto cresce.Só depois de adulto, conhecendo seu caráter, a tribo lhe outorga seu Nome Verdadeiro.
Assim, na minha opinião , a Transdisciplinariedade já era uma praxis antiga, só que não Nominada, Batizada.
Batizá-la com este nome não a torna manifesta, mas apenas constata sua existência. Desta forma, para sermos mais eficazes em nosso esforço de organização e compreensão deste fenômeno, precisamos resgatar a história desta prática antes sem nome e hoje conhecida pelo apelido de transdisciplinariedade.
De: Tânia Regina Toledo
Data: 16/06/2010 13:15:55
Para: mario
Assunto: Res: Res:Enc: Compartilhamentos...
Olá, Frater.
Bom dia!
Grata pela resposta. Assim podemos estabelecer uma linha de diálogo, que no meu entender será muito enriquecedora, caso mantenha-se viva e pulsante.
Digo isto porque este exercício é muito útil a mim, para alicerçar ( ou abalar o alicerce estabelecido...Rsrsrs) e desenvolver linhas de racicínio lógico e argumentativo, com foco (minha principal dificuldade), e assim construir conhecimentos fundamentados em princípios lógicos com possibilidade de produtos tangíveis(mas também intangíveis...), embora não dogmáticos ou definitivos, com valor não só teórico: que possam ser aplicados à prática, utilizados construtivamente.
Apenas atento e entendo que o surgimento de lógicas inovadoras, que trazem quebras de paradigmas, normalmente causam polêmica e desconforto, e penso que este último ser uma de suas preocupações, pois trata-se de uma nova lógica.
Concordo em gênero, número e grau com todos os seus argumentos. Mas penso que, para que o conhecimento se construa numa perspectiva piagetiana mesmo, que nos é mais familiar, precisa ocorrer paulatinamente, por etapas, modificando estruturas já existentes. A conversa precisa estar na roda, e para isto é preciso que tenha um nome, uma fundamentação, concordo plenamente. Porém, acho que já tem um nome, e até um apelindo (TransD), mas ainda não está na roda. Ainda não se fala disto e é isso que precisa acontecer, virar notícia, ser publicizado, para então começar a ser discutido. Este é um dos princípios da TransD: levar em conta a contradição e a inclusão do terceiro termo de uma proposição. Ora, este princípio nos é ensinado na Ordem desde as primeiras lições, vindo em concordância ao princípio do triângulo. Lembra-me uma fala da Inciação à Loja: "Não podem ambos estar errados?", levando inevitavelmente a uma terceira proposição possível.
Evidentemente, isto não exclui sua preocupação quanto à dificuldade que possa estabelecer-se, pois em geral, poucos são os que dispõem-se a sentir os alicerces aparentemente seguros de seu conhecimento serem abalados, aceitando novas estruturas em construção.
Concordo também que no site que lhe enviei o link, há estudos ainda frágeis conceitualmente, fracos teoricamente. Também avaliei assim, num dos projetos que li. Isto faz parte do processo de construção e ocorre mesmo em projetos baseados em linhas teóricas já consagradas.
Em termos de teoria, parece-me, que a criança (já não tão criança, dado que surge contemporânea aos estudos Piagentianos, com quase quatro décadas de estudo), já vive entre nós, já tem nome, apelido e estudos sérios e consistentes. Falta-nos olhar e reconhecê-la.
Penso ser esta a proposta da URCI, corroborada pelo nosso Grande Mestre.
Vamos olhar pra ela juntos, que assim fica mais fácil, encontrando, na Babel, formas alternativas de comunicação, humanos e criativos que somos, sem medo dos riscos de fazer emergir o novo aqui e agora. Não foi assim com o Frater Spencer Lewis, inegavelmente um visionário ?
Abração.
Tânia
Querida Sóror
Vc dizia :
"Apenas atento e entendo que o surgimento de lógicas inovadoras, que trazem quebras de paradigmas, normalmente causam polêmica e desconforto, e penso que este último ser uma de suas preocupações, pois trata-se de uma nova lógica."
Então, quanto as minhas preocupações, não é nem uma dessas, e estas muito menos são as mais importantes. O desconforto que uma estética diferente possa provocar faz parte de seu apelo artístico assim como o desconforto de um pensamento original faz parte de seu charme intelectual. Eu até gosto. Agora, há uma diferença entre Caos produtivo, Desconforto Instigante, e o que se chama "intelectualização do nada".
O assunto é interessante, mas é um assunto técnico, não ideológico. Para mim ele não tem apelo emocional.Acredito que é um decorrência natural e esperada da expansão do conhecimento humano.Por isso, deve ser analisado com carinho e competência, calmamente, construindo pontes sólidas e não rudimentares, ou mesmo pseudo pontes que se transformam em vias paralelas à margem que queríamos atingir.
Quando falo que é um assunto técnico, quero dizer que , no meu entender, criar ferramentas intelectuais é mais significativo do que especular sobre a ideologia por trás de sua construção, de forma quase sempre desordenada. E quando falo em ferramentas, refiro-me a ferramentas de linguagem.
Tania, sinceramente, não acho que ninguém queira pegar no trabalho pesado da TransD. E este trabalho silencioso, monótono até, é o trabalho de construir imagens comuns, e antes disso, de desfazer o ruído do pedantismo.
Eu explico.Tudo está contido na equação:
TransD = 1°) Lg A a * Ddt = Im-Id e 2°) Im-Id * Ddt = DesTrad Lg A b
Eu explico: Vc como eu já deve ter ouvido exposições anti-didáticas que ocultavam sua mediocridade num palavreado confuso e muitas vezes específico de uma área. Libertada destes termos de jargão, o ruído do pedantismo, a Idéia volta a ser Idéia. Idéia pura, límpida, descritível. Sim , descritível; porque quando falei que as ferramentas são ferramentas de linguagem, não quis dizer criar um vocabulário próprio da Trans D , o qual se transformaria em mais um conjunto de termos herméticos e inacessíveis ao comum dos mortais, ou seja, outro jargão.
Na minha cabeça a fórmula da Trans D é :
Linguagem da Area a (Lg A a) x didática(Ddt) = Imagem da Idéia(Im-Id). Em uma segunda passagem , Im-Id x Ddt = Descrição Traduzida (DesTrad) para Linguagem da Area b (Lg A b).
Portanto um conceito de A, uma imagem que o represente, e finalmente uma descrição que explique esta imagem para B. Isto é Trans D. O resto é só ruído do pedantismo.
Paz Profunda
M
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