Comenius: Meus frateres e minhas sorores, vamos retomar nossos trabalhos.
Bernardo: Gostaríamos que os frateres e sorores ficassem a vontade para trabalhar as idéias do texto.
Frater Jorge: Boa tarde, meu nome é Jorge e queria dizer que a parte que mais me impressionou no ensaio do frater em questão foi a referência aos experimentos e a possibilidade de simpósios por grau. Aliás eu também ficava incomodado com a frase, “...os frateres e sorores estão neste momento sendo beneficiados por vibrações positivas, estejam ou não conscientes disto, etc...”. Na maioria das vezes eu dizia pra mim mesmo“- Bom eu estou inconsciente pois não sinto nada. Espero que algo bom esteja acontecendo...” e assim por diante. E me sentia confuso exatamente pelo que o frater fala no ensaio, já que como cientista rosacruz eu me acostumei a desenvolver confiança nas técnicas rosacruzes por que elas funcionavam e as que não funcionavam, nem em um, nem em dois nem em dez anos, eu aceitei que isto só acontecia comigo e tinha fé, a palavra é esta, fé, que com alguém funcionava. Mas não nego que já passou pela minha cabeça que não funcionasse com ninguém, e isto me preocupava. Se eu pudesse participar de um círculo de trabalho onde pudesse observar a técnica em execução não só melhoraria o meu entendimento, como reforçaria minha confiança na possibilidade e viabilidade da técnica
Comenius: É verdade. O que nos chamou atenção, a mim e a Bernardo, foi exatamente isto. Por sermos um grupo heterogêneo, alguns de nós desenvolverão certas técnicas com mais facilidade que outros, não só porque estudaram melhor mas porque tem o dom de fazê-lo que nem todos têm, e a idéia de dividir suas habilidades com outros nos pareceu muito interessante. Todos os Rosacruzes têm como santo padroeiro São Tomé, e gostam de colocar os dedos na ferida, apenas para ter certeza.(Risos)
Frater Jorge: E estes seminários práticos já têm data para começar?
Bernardo: Não Frater, eles precisam passar pela avaliação do Grande Mestre e, se aprovados, seria interessante que tivessem um modus operandi padrão, para poderem ser feitos em todas as partes da nossa jurisdição. É preciso também, que tenham o modelo de aulas comuns e que , se possível, possam ser realizadas dentro do espaço físico dos corpos afiliados. Esta tornar-se-ia uma terceira função dos nossos capítulos, pronaos e lojas: além de serem pontos de referência ritualística e administrativa, somariam a isto a condição de laboratórios oficiais da rosacruz na região sobre a qual tivessem a jurisdição.
Frater Jorge: A idéia é muito interessante.
Comenius: Realmente é.
Sóror Vera: Eu queria fazer uma colocação.
Bernardo: Pois não sóror Vera.
Sóror Vera: É sobre o pedaço que fala sobre o kardecismo. Como kardecista me senti um pouco incomodada. Não vejo aonde , dentro do kardecismo, exista qualquer tentativa de pregar a pobreza como meio de alcançar a santidade.
Comenius: Com certeza, de modo explícito, a sóror está certa.
Sóror Vera: Como assim de modo explícito? No meu entender nem de modo implícito existe tal doutrina.
Bernardo: Sóror, muitas das coisas que acreditamos serem corretas não são ditas com nossa boca, e às vezes nem em nossos pensamentos. São nossos atos que revelam nossas verdadeiras convicções, bem como nossas simpatias e antipatias. O modelo que o frater ensaísta citou, de compreensão quanto ao papel da pobreza, é muito sutil ou muito profundo, para ser revelado com tanta clareza.
Eu dou um exemplo. É comum, (e a sóror, tenho certeza, conhece exemplos), encontrarmos pessoas de boa posição social, do ponto de vista econômico e financeiro, que ficam encantadas em conhecer pessoas do Oriente, geralmente da Índia ou Paquistão, que se apresentam às vezes em trajes sumários, fazendo palestras em grupos religiosos, e que, independente da coerência interna de seu discurso, ou da existência ou inexistência de fundamentos nos seus atos, conseguem exercer uma influência quase hipnótica sobre essas pessoas abastadas e com uma vida confortável.
Ora, parece uma obviedade falar isto, mas, para estas pessoas, o hábito faz o monge, e, eu diria, a nudez ainda faz o santo.
Existe um estereótipo do que é ser um mestre ou um iluminado, um modelo moisaico, fora de moda, mas que ainda habita o imaginário de muitas pessoas, qual seja o do homem de manto branco, barbas longas, com um cajado nas mãos; e para o iluminado místico, de preferência alguém emagrecido, sem manto, com vestes humildes, mas também com as notórias barbas brancas. (risos)
Ou seja, pobreza e iluminação são associadas de maneira quase automática em mentes psicologicamente ingênuas, antes que qualquer palavra seja dita, que qualquer gesto seja feito.
A história do manto e das barbas talvez possa ser explicada pela imagem do Cristo, aceita em todo o planeta, símbolo eterno de dignidade e santidade. Só que aquelas eram vestes comuns na época e todos usavam, como calças jeans e camisa, com ou sem casaco. Só o romantismo entende que , de alguma forma, as roupas ou a magreza possam ter algo a ver com a dignidade ou a santidade de alguém. Se isso fosse verdade, H.Spencer Lewis estaria em maus lençóis. (risos)
Comenius: O que Bernardo tenta dizer, Sóror Vera, é que as religiões ou linhas de pensamento tem camadas diferentes, uma visível e explícita e outra invisível e implícita que só pode ser percebida quando ficamos atentos ao comportamento social dos membros desta linha.
Sóror Vera: Eu continuo perplexa com esta idéia pois, na verdade, até agora, ambos os frateres falaram sobre generalidades psicológicas, mas não deram nenhum exemplo concreto desta pseudo-atração do kardecista pela pobreza.
Bernardo: É verdade. A sóror me permite então demonstrar meu ponto, usando personagens históricas dos dois movimentos, o movimento rosacruz e o kardecista?
Sóror Vera: À vontade.
Bernardo: A sóror concordaria comigo que os líderes de um movimento representam, ou para usar uma palavra propícia, encarnam este movimento em seu modo de vida?
Sóror Vera: Sim, posso aceitar isto.
Bernardo: Na opinião da sóror, quem na história brasileira recente poderia representar o espírito do kardecismo, pelo seu profundo envolvimento com a causa espírita kardecista?
Sóror Vera: Frater, esta não é uma pergunta difícil de responder embora o kardecismo brasileiro tenha muitas luzes, mas sem dúvida, existe um consenso sobre a importância de Chico Xavier, médium já desencarnado de Uberaba, que deixou um exemplo de dignidade e postura a ser seguido.
Bernardo: A sóror concorda que a simplicidade deste homem, a sua humildade ao se vestir, sempre foi uma marca indelével de sua personalidade?
Sóror Vera: Sim, é verdade.
Bernardo: E a sóror concorda que, independente da dignidade indiscutível deste espiritualista, caso suas roupas fossem mais exuberantes, seu linguajar mais rebuscado, filosófico mesmo, seu impacto seria diferente naqueles que buscavam seu conselho?
Sóror Vera: Na verdade frater, Chico Xavier lidava com pessoas humildes como ele e não haveria de ser de outra forma que um homem com aquela personalidade se comportaria.
Bernardo: Digamos, sóror, no entanto, num exercício meramente especulativo, que Mestre Chico, permita-me dizer dessa forma, se apresentasse àqueles que o buscavam, bem vestido, digamos até um pouco obeso, com cabelos fartos, de tênis, e recebesse seus interlocutores em uma sala com ar refrigerado. Isto mudaria em uma vírgula a dignidade deste homem?
Sóror Vera: Com certeza não mudaria em nada sua dignidade.
Bernardo: Talvez não para a sóror que pelo visto é uma mulher espiritualmente diferenciada, mas nem todos os seres humanos têm a mesma maturidade que a sóror aparenta ter.
Para muitos outros, isto seria um sinal de que sua santidade não seria tão grande, e sóror, eu arrisco o palpite de que ele sabia disso, de modo consciente ou não. Por isto ele não se apresentava assim. Havia simplicidade física ao seu redor. E havia um consenso que deveria ser assim pois existem entre não iniciados, um axioma não explícito que diz que um homem santo é um homem pobre e veste-se de forma humilde.
A sóror disse a pouco que ele lidava com pessoas humildes e por isso era humilde. Não é bem assim. As pessoas que o procuravam, e eu bem me lembro disso, eram de todas as classes sociais, alguns simples e humildes, é verdade, mas outros eram não só cultos, mas membros das forças armadas de alta patente, artistas, pessoas da alta da sociedade, que comungavam entre si apenas a busca pelo alívio de uma dor espiritual ou a busca de um consolo para sua aflição específica, já que todos sofrem por alguma razão.
Todo o tempo, a discussão girava em torno do consolo pela perda de um ente querido, vítima de uma transição súbita, encarada por aquele que o procurava como trágica. E todo tipo de pessoa ia até Uberaba ouvir suas palavras.
Portanto, mais forte do que suas palavras era o exemplo daquele homem vivendo em aparente dificuldade material e quem o via se encantava, de modo até um pouco romântico, com sua humildade física, como se esta em si fosse uma comprovação de sua santidade.
Comenius: Ao contrário sóror, os líderes da rosacruz são pessoas comuns e procuram viver com equilíbrio financeiro e com conforto material, não são magros nem esquálidos, não são simples do ponto de vista intelectual, nem buscam esta simplicidade; pelo contrário, fogem dela. O que identifica rapidamente um rosacruz é sua curiosidade, sua grande vontade de ler e pesquisar todos os assuntos ligados ao misticismo e ao aperfeiçoamento do ser humano.
Isto pode dar a impressão que o estereótipo rosacruz seja um indivíduo extremamente cerebral, mas a sóror sabe que não é verdade e que nos esforçamos todo o tempo na busca pela harmonia com os desígnios da Consciência Cósmica coisa que só é possível pela sensibilidade e pelo coração.
Embora os rosacruzes sejam imbuídos de grande religiosidade, para rezar não precisam se ajoelhar, pois a oração é um ato do espírito, não do corpo. Pode se dizer que os rosacruzes de graus avançados estão em freqüente estado de oração e ligação com Deus, sem que ninguém possa dizer quando ele está em oração e quando não está, pelos seus gestos, ou pelas suas palavras.
Bernardo: Somos discretos em nossa prece e na demonstração de nossos sentimentos, enquanto místicos. Não somos menos generosos ou menos interessados na santidade do que qualquer indiano seminu, com barbas compridas e sujas. Só que, sabemos que nada disso, a nudez e a miséria, têm qualquer coisa a ver com nossa busca.
Comenius: Veja agora o exemplo de Ralph Lewis, escritor e arqueólogo, ex imperator da nossa Ordem. Sua maneira de se vestir era comum, seus ternos embora de boa qualidade, não tinham nada de luxuosos, mas ele mantinha asseio e elegância em suas aparições públicas. Lembrava mais um executivo ou um professor de universidade do que o líder de uma escola esotérica da magnitude da nossa. Seu pai, Harvey Spencer Lewis, era jornalista e empresário, e como todos sabem, não era magro, nem tinha barbas compridas. Mesmo assim, H.S.Lewis foi uma das luzes que atravessaram nosso mundo. Nossa antiga Grande Mestra, Maria Moura, era uma médica e pediatra, uma mulher à frente de seu tempo, dona de um saber técnico e determinação sólidos, mas tão voltada para a busca da nobreza e da dignidade espiritual quanto Mestre Chico Xavier, e provavelmente, tão irradiadora de luz em torno de si quanto este grande líder religioso.
CHICO XAVIER
Bernardo: Portanto, sóror, os rosacruzes, de maneira não explícita, demonstram no seu modo de ser a não existência de relação entre a pobreza ou simplicidade física e a busca do Santo Cálice, pois a nobreza de um cavaleiro não está em sua armadura, mas em seu coração. O que quer dizer que, necessariamente, uma armadura suja e maltratada não significa que o cavaleiro que a usa é digno, enquanto outro, porque tem uma armadura limpa e reluzente, tenha que ser, por causa disso, obrigatoriamente pouco espiritualizado.
Comenius: É sobre isto que o nosso frater ensaísta falava.
O fascínio e o quase imediato respeito que homens vestidos com trajes sumários, ainda mais se forem orientais, causam sobre ocidentais, às vezes bem educados, denuncia a ingenuidade crítica dessas pessoas e a presença dentro delas de preconceitos acerca de como deve ser um homem santo.
Bernardo: Chamam atenção as críticas que a imprensa internacional, às vezes, faz ao Dalai Lama, dizendo que um monge que usa tênis não pode ser um espiritualista sério. Esta ignomínia não é mais do que a expressão viva deste preconceito de que falávamos.
Comenius: O conceito da relação necessária entre pobreza e santidade é talvez um dos mais fortes condicionamentos que já foram inculcados na mente e no inconsciente da raça humana. Tanto que é difícil até identificá-lo em nós, mas tenham certeza, ele está lá.
DALAI LAMA
Bernardo: Embora sub-reptício, ele afeta decisivamente a capacidade de trabalho e a prosperidade de um sem número de membros da Ordem, em todo o mundo e, claro, também em nossa jurisdição.
Comenius: É muito interessante também o trecho do ensaio em que o nosso frater diz que “...os nossos recentes ancestrais administrativos eram homens que prezavam a Ordem, tinham determinação de implantar um Sistema de estudos para divulgá-la, e se empenharam, sem culpa, na busca de recursos materiais para fazê-lo.”
Bernardo: Quantos de nós, como oficiais administrativos, não temos pudores, de forma clara ou disfarçada, em relação a lutar de forma mais acirrada pelos meios materiais de tornar nossos corpos afiliados mais dignos materialmente?
E como este comportamento diz respeito a preconceitos inculcados no nosso inconsciente, ninguém consegue arrancar uma erva daninha que não se vê.
Comenius: O início do fracasso material de um capítulo, loja ou pronaos, é a crença de que a questão material não deve ser objeto de atenção de um indivíduo que busca a santidade. Se assim não fosse, não seriam só alguns poucos que organizariam festas, eventos e outras estratégias para levantar os fundos necessários para a manutenção física do corpo afiliado enquanto os outros observam passivamente ou comparecem sem muito ânimo.
Isto pode mudar e deve mudar. Temos que buscar juntos meios de manter de forma estável nossos corpos afiliados, os quais devem ter uma administração empresarial, voltada para a auto suficiência financeira se possível.
Bernardo: O que portanto difere um rosacruz de outro místico, de outra pessoa dedicada à religião ou à religiosidade é o equilíbrio e o balanceamento entre o espírito e a matéria.
Jamais poderíamos conceber, nós, membros da Ordem, que qualquer um de nós se apresentasse seminu para o serviço rosacruz, ou que iniciasse dentro de nossa ordem qualquer movimento à parte, baseado no culto da personalidade de um de nós, ao qual os outros prestariam uma reverência. Não é nosso estilo. Não é nosso modo de ser.
O que somos enquanto Ordem, depende da divisão entre nós de nossas responsabilidades, mas também da soma de nossas capacidades, todos nós, de modo a fortalecer a nossa egrégora. Não somos fortes se não formos todos fortes; não seremos uma Ordem, se não formos todos partes ativas deste todo.
Comenius: Portanto, o que o ensaio nos lembra é que nós
não somos uma religião, mas uma escola esotérica, como uma hierarquia sim, mas que tem uma finalidade unicamente administrativa. Na verdade, estamos todos no mesmo plano.
Precisamos todos uns dos outros. Não há portanto, nesta távola redonda, lugar para uma pessoa ficar na cabeceira.
Ninguém no nosso particular modo de ver, o modo rosacruz, pode sozinho dar conta de assumir tal papel, sem se expor à exaustão física e psicológica. Por isso, nosso Imperator jamais construiu em torno de si um culto ou uma aura de destaque, mostrando-se em seu trabalho como mais um dos servidores da causa, mas nem o único nem o mais importante, e para o trabalho, divide o ônus com o auxílio dos grandes mestres das jurisdições de cada língua do planeta. Cada grande mestre, por sua vez, serve-se do auxílio dos grandes conselheiros, que por sua vez se valem do auxílio dos monitores regionais, que esperam receber a colaboração de cada oficial administrativo e ritualístico do corpo afiliado que está sob sua responsabilidade.
Bernardo: Nesta sucessão de níveis, o que se desenha é uma espiral descendente e ascendente, formada por centenas de pessoas.
Óbvio, nenhum ego suporta bem este anonimato, esta ausência de definição de focos, já que todos, absolutamente todos são luzes neste gigantesco candelabro.
Isto causa desconforto, pois não há como transferir a ninguém a responsabilidade da santidade quando todos tem obrigação de brilhar.
Esta é a Utopia rosacruz: nosso brilho total depende do brilho de cada um de nós.
Comenius: Agora, frateres e sorores, pensem comigo: o que colabora mais para o nosso crescimento espiritual? Uma sociedade na qual somos obrigados a nos fortalecer ou um agrupamento em que todos são devedores da força espiritual de um só ao qual presta-se reverência constante?
Sim, os santos são um exemplo a ser seguido, mas isto implica em trabalho intenso para conseguir esta santidade e não uma veneração estática daquele espírito que mostrou sua luz ao mundo e que esperava provavelmente muito mais daqueles que o admiram.
Se considerarmos a imagem anterior, é como se uma única luz acesa fosse admirada por várias pequenas luzes apagadas. Não faz sentido.
Bernardo: Portanto sóror, nenhum rosacruz destacar-se-á de sua Ordem, chamando a atenção para si, pelo seu orgulho, a vaidade positiva, ou pela sua humildade ostensiva, a chamada vaidade negativa. Do modo positivo ou negativo, isto seria apenas vaidade, do ponto de vista rosacruz.
Para fugir do pecado da vaidade, ninguém deve atrair para si mais atenção do que para a Ordem a qual serve, deve saber tornar-se invisível, discreto, porque nenhum de nós importa neste sentido, só a Ordem é importante.
Comenius: Essa é a diferença entre nós e as religiões. Nas escolas esotéricas todos, absolutamente todos, são discretamente responsáveis, o que não quer dizer que todos sejam iguais. O que nos marca são nossas peculiaridades, nossas características únicas que fazem de nós, não uma coleção de elementos monótonos e repetitivos, mas alguma coisa como peças únicas e diferenciadas de um quebra cabeça, de bordas irregulares, que se encaixam exatamente aonde tem que encaixar, completando aos poucos um quadro único.
Bernardo: Não só não pregamos com nossas bocas e palavras a pobreza como meio de encontrar a santidade como não nos comportamos de modo a dar a impressão que acreditamos nisto no fundo de nós mesmos.
O Karma
Comenius: Uma outra questão que queríamos comentar para marcar a diferença entre a visão kardecista e a visão rosacruz, e que é sutil, é a compreensão do grau de possibilidade de intervenção no karma, que temos ao nosso dispor. Esta discussão é importante porque de acordo com nosso entendimento, seremos mais ou menos conformados com as condições de vida que receberemos e aceitaremos estas condições mais ou menos passivamente.
Aos kardecistas não é ensinado que aceitem passivamente seu destino e as situações de sua existência, mas é dito que o karma é a expressão da lei divina de justiça.
O que nos parece que decorre disso é a compreensão de que o papel do karma é de punição ou de recompensa.
E que a encarnação resume em si estes aspectos, de maneira que existe um componente de culpa em todo problema que enfrentarmos enquanto na Terra, já que este problema deverá estar relacionado a uma dívida Cármica.
O curioso é que, com freqüência, não se vê entre kardecistas referências ao quanto são abençoados com esta ou aquela dádiva, baseando-se no mesmo raciocínio, de merecimento cármico.
É lícito pensar-se que, da mesma maneira como a causa de alguns sofrimentos é de natureza cármica, a causa de alguns benefícios e acontecimentos de bom alvitre também seriam.
Existe, e esta é uma afirmação a qual está sujeita a debate, já que estou expressando não um ponto de vista da Ordem, mas uma avaliação absolutamente subjetiva e pessoal, uma ênfase descabida no aspecto negativo do karma entre os kardecistas com quem conversei ou dos quais sou amigo, entre eles a minha própria irmã de sangue.
De qualquer forma, o karma para os Kardecistas, é um conceito um tanto estático, sendo muito difícil escapar de nossas dívidas e por isto, muitos se comportam como se certas situações devam ser encaradas com um comportamento de aceitação, de inevitabilidade.
Para o Rosacruz, por outro lado, karma é um conceito extremamente dinâmico. Ele está expresso na Lei de AMRA, a lei egípcia do Dar e do Receber.
A nossos membros não só ensinamos, mas demonstramos, que não somos vítimas do karma mas senhores deste karma, desde que percebamos que depende unicamente de nossos atos, palavras e comportamento a maneira como nosso karma será conduzido.
E nesse ponto, surge uma diferença importante entre kardecismo e rosacrucianismo. Se para ambos a Caridade é a expressão mais importante da bondade, para os kardecistas a Caridade surge como uma virtude, às vezes um sacrifício, em direção à luz, enquanto para o rosacruz caridade é apenas uma técnica.
Dizendo com outras palavras, se o kardecista acredita que quando dá alguma coisa, deu algo que era seu para outro, o rosacruz sabe que apenas redirecionou a energia de prosperidade que passa por ele, que não vem dele, mas de Deus, para que outro se beneficie dela, e que é dando que se recebe, já que se mantém em andamento o fluxo da prosperidade.
Dar um pouco do seu tempo, algo de suas posses materiais, ou de seus talentos é o que os rosacruzes chamam servir, e através do serviço, estabelecer um impulso na energia que de acordo com a lei de AMRA garantirá para si e para sua família um retorno imediato em paz e tranqüilidade.
Não se trata de negociar com o Universo mas de, cônscio da natureza das leis universais, manter o balanço energético sempre a nosso favor.
Fazemos o bem por que assim deve ser, não por sermos generosos, mas por que é assim que as energias e as leis universais determinam.
Todos nós , que habitamos esta criação, estamos sob a égide da mesma lei e portanto devemos segui-la para que nossas vidas sejam plenas em recompensas morais, materiais, ou ambas.
O segredo da prosperidade dos rosacruzes, prosperidade esta que pode ser de natureza material, psicológica ou espiritual, está em saber como manipular a lei a nosso favor e não contra nós.
Por que a lei universal é cega, mas nós não. Podemos optar e o fazemos todos os dias. Se de acordo com a lei, fizermos as opções corretas, a Lei de AMRA nos protegerá; se não, teremos as conseqüências inevitáveis. Porque como está dito na doutrina rosacruz, a Lei cósmica se Cumpre, nesta vida e nesta encarnação, e não necessariamente em outra vida.
De qualquer forma estamos diante de uma lei dinâmica, como tudo no Universo, que reflete nossas atitudes como o espelho reflete a luz do sol. A todo o momento estamos mobilizando as energias através desta lei e portanto, respeitando as normas de operação da Lei, garantimos nossa qualidade de vida, física e espiritual. A qualquer momento, poderemos intervir positivamente no karma e resgatar débitos ou providenciar créditos de forma a auferir benefícios incontáveis.
De forma alguma tal lei foi criada para punir. Sua função é regular o fluxo das energias e garantir sua boa aplicação. E apenas isto. Não é também uma lei moral, na acepção humana.
Ela apenas restabelece o balanço de forças em ambas as direções, mostrando a quem se disponha a prestar atenção o caminho do meio, do equilíbrio.
Bernardo: Portanto, para o Rosacruz, karma é justiça sim, mas no sentido de reequilíbrio, e não de punição e recompensa. Uma bússola não aponta para o norte por que é boa ou má. Ela apenas segue a lei da natureza, e além disso, cumpre a natureza da lei. Que o karma seja para a nós como o Norte magnético para a bússola: um guia, uma direção para a qual somos atraídos naturalmente, e pela qual devemos nos deixar atrair.
KARMA, DOR E ACASO
Comenius: O último tema que gostaríamos de abordar na nossa comparação entre a visão kardecista e a visão rosacruz de mundo é o entendimento do papel da Dor, seja esta uma dor psicológica ou física.
Bernardo: O exemplo da bússola vai nos ajudar neste tópico novamente. Diz-se que a dor é inevitável e o sofrimento uma opção que se baseia na compreensão de mundo daquele que sofre. Assim, a Dor, fenômeno ligado à própria vida, em si nada tem a ver com sofrimento, mas com sensibilidade natural do ser humano.
Portanto várias são as razões de sentir dor sem relação com o fenômeno do sofrimento, como as dores musculares após a prática do esporte, o parto normal por opção, a dor de cabeça ligada a falta de um óculos, a dor moral de uma perda, seja material ou pessoal, como o luto por um ente querido que morreu de forma natural, com uma idade avançada, mas que mesmo assim nos traz tristeza pela separação física, que são vicissitudes da existência.
Mesmo no caso da transição, que os não iniciados chamam morte, existem circunstâncias específicas para que possamos dizer que aquela transição foi ou não marcada por intenso sofrimento de nossa parte, pois nem todas as transições implicam em surpresa ou em lamento, como é o caso de um amigo que há tempos sofre de um mal incurável e que, embora sem esperanças de recuperação, é mantido por meios artificiais ligado ao corpo.
O final de seu sofrimento implicaria em alívio para todos que o amem e inclusive para o próprio, uma vez que marcará a sua libertação do plano terreno e de suas complexidades.
Comenius: De maneira que dor não é igual a sofrimento e a perda nem sempre está ligada a lamento. Há muito tempo, a Ordem Rosacruz ensina aos seus membros que, mesmo respeitando as ligações afetivas que envolvem as pessoas, a transição é parte da existência e nas palavras de Saint Martin não existem dois tipos de vida, mas apenas uma Vida.
Bernardo: Já quanto aos problemas da existência que possam provocar dor moral, ao contrário de outras linhas, é de praxe entre os rosacruzes esforçarem-se em compreender as causas da Dor e não a Dor em si.
Mal comparando, se um alarme toca, não tentamos prestar atenção no alarme em si, mas sim procuramos imediatamente a causa pela qual ele disparou. Não é a Dor que nos importa pois ela é apenas um mecanismo de alerta. Importa-nos estudar as razões pelas quais este alarme foi disparado e removê-las. Este processo implica em autoconhecimento, em aumento da prudência, e principalmente em aceitar que as razões pelas quais somos vítimas de situações desagradáveis estão diretamente relacionadas às nossas opções pessoais, ao longo do cotidiano, respeitando a lei de causa e de efeito.
Comenius: Colocado desta forma, superar as causas da dor não parece muito difícil, desde que nos dediquemos a estudar com afinco todas as possibilidades de reação aos nossos atos, antes de praticá-los, seja em palavras, pensamentos ou atitudes. Isto leva a ordem e a disciplina de nossa existência o que, no entanto, não faz desaparecer o Acaso, pois o Acaso é Deus, e Deus está no Acaso.
Uma vez, portanto que nossa vida esteja organizada e adequadamente voltada para Deus, Ele ainda assim conversará conosco através dos Acontecimentos Imprevistos, a terceira maneira que o universo tem de nos orientar.
A primeira é o karma, e a segunda é a Dor.
E como compreendemos os dois, entenderemos também o Acaso e conviveremos em harmonia com ele, procurando ficar atentos aos seus avisos.
Bernardo: Assim, para um estudante rosacruz, viver não é sofrer, mas desfrutar a existência na carne da maneira mais agradável e relaxada possível, aproveitando os dias como oportunidades de crescimento e deleite. Na brilhante frase de Richard Bach em Ilusões, na vida só temos dois objetivos: ou estamos nos divertindo, ou estamos aprendendo.
Comenius: Esta afirmação não é desprovida de sentido seja qual for a situação em que o karma nos mergulhe. O fato de um indivíduo associar-se a Ordem Rosacruz já denuncia que este não será um ser humano comum, e as motivações que o manterão nesta encarnação aos poucos serão transmutadas e aperfeiçoadas em uma busca incessante de conhecimento, e não uma luta incessante pela sobrevivência, o que implica, aí sim, uma visão beligerante da existência, transformada em batalha e conflito.
Bernardo: A palavra chave para tudo isto é Opção. Podemos optar entre tipos diferentes de existência, relegando a segundo plano as coisas que nos tragam apenas sofrimento, e optando por aquelas que nos tragam conhecimento e bem estar.
Esta estratégia é a base da felicidade.
Rosacruzes não são seres perfeitos, nem indivíduos iluminados, à margem da existência, em uma palavra, intocáveis. São mulheres e homens normais, cheios de dúvidas e de defeitos humanos comuns, cujo aspecto externo é incapaz de denunciar o que vai em seus espíritos.
Se existe algo neles que os diferencia é a atitude interior positiva em relação a existência, esta infinita confiança de que a Vida não os ameaça, mas apenas lhes apresenta situações-problema para enriquecer e amadurecer seus espíritos.
Comenius: Esta é a nossa maior característica: para os rosacruzes, karma, Dor e Acaso, são partes importantes da vida, e não problemas ou dificuldades a serem removidas. Sem eles estaríamos cegos e desorientados, como um avião, voando em céu fechado por nuvens e sem instrumentos de radar para lhe guiar.
E mesmo que o alarme toque alto em nossas cabeças, sempre agradeceremos a Deus pela sua existência, já que sem ele não teríamos nenhum tipo de auxílio em nossas importantes Opções de Vida.
O MUNDO DOS ESPÍRITOS
Bernardo: Agora falemos dos espíritos. Na definição kardecista, todos somos espíritos, que ou estão no corpo, e por isto são entendidos como encarnados, ou fora dele e portanto são desencarnados. Não me parece que isto seja dito de maneira clara em qualquer parte da doutrina kardecista, mas é comum a conclusão de que todos os encarnados estão “vivos”, enquanto todos os desencarnados estão “mortos”.
Comenius: Esta afirmação não prosperaria entre os rosacruzes, pois todos estão familiarizados com técnicas de projeção astral. E embora nem todos nós sejamos capazes de projeções nítidas e fáceis, muitos de nós desenvolveram esta habilidade de maneira que é comum ao estudante de nossa ordem deslocar-se fora do seu corpo e, unido a ele apenas pelo cordão de prata, sair em missões de auxílio aos doentes, em visita a parentes distantes em dificuldades, ou mesmo para ajudar aqueles que saem do plano físico definitivamente, ajudando-os a fazerem a transição com mais segurança e conforto.
Bernardo: Digamos que um médium consiga ver um estudante em projeção. Provavelmente concluirá que se trata de mais um dos muitos habitantes do que os kardecistas chamam de “mundo dos espíritos”, quando na verdade estará diante de um desencarnado vivo. E se este indivíduo for uma pessoa minimamente sensata e der respostas que sejam consideradas pelo médium como inspiradoras, ver-se-á imediatamente alçado à condição de mestre do mundo espiritual, quando na verdade trata-se apenas de um ser humano comum, sensível, mas um ser humano como outro qualquer.
O MUNDO ESPIRITUAL É O MENTAL
Comenius: Por outro lado, como estabelecer, como é comum na literatura espírita, que existem casas, hospitais, cidades inteiras nos planos astrais, já que os planos astrais são o domínio do mental? Todos os rosacruzes sabem que , ao contrário do plano físico, no plano astral os pensamentos se transformam imediatamente em coisas, e portanto, como imaginarmos que o astral é, ele será. Nossas mentes que no plano físico precisam de algum tempo para materializar desejos através do poder da mente, no plano astral praticamente não encontram dificuldade alguma.
Bernardo: Assim, não há conflito nas visões de budistas, católicos, islâmicos, ou índios apaches americanos, quanto ao ambiente que encontrarão após a transição. Todos realmente encontram aquilo que esperavam encontrar em suas mentes , concepções estas que se projetam na matéria plástica do astral a qual aceita o molde da compreensão de cada um. Estas projeções dão conforto ao indivíduo que transita e condições de adaptação mais confortáveis do ponto de vista psicológico, porém são tão ilusórias quanto as ilusões do mundo da matéria.
Comenius: Usar o astral a nosso favor implica em sabê-lo uma ilusão, e não em acreditar que as coisas que encontramos lá são, em uma palavra, reais. Toda a literatura que dá esta impressão, sobre cidades e sobre escolas e hospitais apenas persevera de ilusão em ilusão. Não há um grave problema nestas crenças, mas isto denuncia o desconhecimento esotérico da plástica destes planos e de sua docilidade às nossas idéias.
MÉDIUNS
Bernardo: Gostaria agora de tocar em um ponto delicado, qual seja, a viabilidade de ser um meio de transmissão, um médium, em termos kardecistas.
Este que talvez seja o dogma técnico mais importante do kardecismo, implica que um indivíduo seja capaz de transmitir a fala de outro indivíduo, em princípio no plano astral, de maneira a permitir o contato entre os que estão neste plano material com eles. Ora, sem querer afirmar que isto não seja possível, é preciso estabelecer algumas objeções a esta compreensão ingênua sobre os processos mentais.
Comenius: Em primeiro lugar, crer que um rádio seja incapaz de sofrer interferências de outras estações, ou que não possa ter sua transmissão prejudicada pela sua qualidade, seria um contra senso. Todos sabemos que tudo que depende de um outro elemento para se manifestar, como o escritor que depende de atores que interpretem seu texto, ou um compositor que depende de um cantor que interprete sua música, pode ter sua obra primitiva modificada pois estão sujeitos a dois tipos de possibilidades: ou sua obra é muito bem interpretada, tendo com isso até um certo aperfeiçoamento em relação ao original, ou será mal interpretada e terá sua beleza ou clareza primitiva perdida, prejudicada.
Como qualquer elemento que atravessa meios físicos diferentes, a transmissão será modificada em velocidade, direção ou expressão.
A água faz o raio de luz se curvar; a mente faz o texto original se modificar.
Porque seria diferente com um médium? Como controlar as modificações que este opera sobre as transmissões que julga receber?
Bernardo: Outra questão: quando fala por alguém , estará falando por um ser no astral, ou telepaticamente captando as informações que estão na mente daquele que o procura com o objetivo de comunicar-se com seu ente querido?
Comenius: A verdade é que o espiritismo kardecista, embora não tenha sido idealizado como tal, tornou-se uma religião. E toda religião possui dogmas, que se postos em discussão abalariam os fundamentos de sua estrutura. As religiões não permitem análises sobre as suas crenças, pois são crenças e não fenômenos sujeitos ao trabalho de investigação. Existe pouca liberdade investigativa, pouca flexibilidade interpretativa.
Por causa disto, não se olha para aquilo que está diante dos nossos olhos: os médiuns são seres humanos antes de médiuns, com defeitos e qualidades, em resumos, pessoas comuns.
Supor que suas crenças e valores, seus pensamentos e idéias de mudo não interferirão na qualidade e no teor de suas transmissões é imaginar que existam pessoas acima do bem e do mal e que suas mentes sejam transparentes como a mente dos santos.
Bernardo: Portanto, não há como garantir aquilo que é mais sagrado no trabalho do médium: a pureza e fidelidade das informações que retransmite. Posto isto, todas as informações que fundamentam o trabalho mediúnico estarão sob suspeita e não existe qualquer solidez nem operacional, nem mística para tomar este método como fundamento de qualquer conhecimento.
Serão ilusões sobre ilusões num castelo de cartas que, eventualmente, desabará.
Comenius: Apenas para encerrar estas considerações sobre características antagônicas entre o pensamento rosacruz e o pensamento kardecista, o qual respeitamos profundamente como opção filosófico-espiritualista, mas do qual temos uma série de diferenças como as aqui descritas, gostaríamos de insistir na importância que é comum observar entre os kardecistas quanto às informações colhidas através do trabalho mediúnico. São conselhos, sugestões, de natureza comportamental e espiritual, que se prestarmos atenção nada, absolutamente nada deixam a dever a qualquer conselho dado por uma pessoa equilibrada que esteja, para utilizar a terminologia kardecista, encarnado. Sua mais notável característica é: são sugestões ou conselhos dados aos encarnados por desencarnados, em princípio, “mortos”.
Talvez por isto, neste contexto, digamos, peculiar, aqueles conselhos ganhem um destaque ou uma importância que, aqui neste plano, não teriam; mas uma vez que procedem, segundo as informações colhidas, de outro plano dimensional, são consideradas muito importantes.
Bernardo: Ora, os rosacruzes sabem que todo conhecimento de confiança provém de apenas uma fonte: Deus, que dentro de nós manifesta-se através de nossa consciência. A este orientador interno, os rosacruzes chamam de Mestre Interior. Toda a nossa existência na Ordem é dedicada a aperfeiçoar nossa sensibilidade à orientação que este Mestre Interior pode nos dar e a aprender a sentir sua inspiração com o máximo de clareza. Aprendemos, nós rosacruzes, também, que ninguém, absolutamente ninguém pode, em nosso lugar, conseguir estas informações e orientações.
Comenius: Ou conseguimos estas informações por nós mesmos ou ninguém as conseguirá por nós. Isto confirma o ditado hindu que diz: “Só Shiva é guru.”, ou seja, só Deus pode nos orientar, junto com nossa consciência, no caminho mais adequado às nossas vidas.
Portanto, esteja desencarnado ou encarnado, nenhum indivíduo pode nos aconselhar melhor e mais profundamente do que nossa própria consciência, um trabalho e uma obrigação que nos foi dada por Deus e da qual não podemos abdicar.
Bernardo: Dito isto encerramos este seminário. Sei que muitos têm colocações a fazer e deixaremos isto para outra oportunidade. Que todos retornem a seus lares em paz profunda. Assim seja.
Todos respondem: Assim Seja.
E se retiram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário