Por Mario Sales, FRC e S.:I.:M.:M.:
Se a Rosacruz pregou durante anos a superioridade da fé sobre a confiança para todos os seus estudantes, como noção central de sua doutrina, embora alguns entre nós não gostem da palavra, (ver a discussão que faço do tema no ensaio "Doutrina x Orientação") foi porque sabia das conseqüências nefastas da noção de fé, quando comparada a noção de confiança. Lembro-me que o exemplo era mais o menos o seguinte: o rosacruz não deve ter fé no nascer do Sol no dia seguinte. Ele sabe que o sol vai nascer por que viu este evento suceder dia após dia, regularmente, por décadas, em cada encarnação. Desta forma ele confia neste fato como um fato altamente provável. A regularidade cósmica é a base do tempo e da nossa convivência com a natureza. Portanto não precisamos crer no nascer do Sol. Sabemos que é assim que as coisas são na natureza. Verdades místicas, se é que podemos chamá-las assim, só o são pela regularidade que possam ter. Técnicas rosacruzes são oferecidas aos estudantes e espera-se que, pela prática e pela verificação da eficácia destas técnicas, possamos todos nós que as utilizamos, verificarmos a veracidade e regularidade de efeitos destas técnicas.
Se assim não for, não são técnicas autenticamente rosacruzes. São peças de fé e portanto, servem mais para agrupamentos religiosos do que para uma ordem esotérica com o prestígio e as centenas de anos que possuímos.
Tudo que é científico, o é por ser verificável. Algo que não é verificável, já dizia Karl Poper, não é científico, é dogmático.Por isso a grande maioria das técnicas rosacruzes são testáveis e verificáveis e é de bom tom que sejam testadas.
Se algum estudante rosacruz não consegue resultados em seus experimentos e técnicas, não as transforma em recursos que tornem seu cotidiano mais fácil, mais realizador, duas podem ser as causas.
A primeira: não praticou e aperfeiçoou adequadamente as técnicas que lhe foram ensinadas. Não as testou a exaustão ou às vezes não exercitou uma vez sequer aquilo que lhe foi ensinado. Supõe erroneamente que os ensinamentos rosacruzes são técnicas mágicas tipo abracadabra e nada mais. Não indagou por carta ou pessoalmente a algum irmão mais antigo de Ordem por que motivo não consegue sucesso em seus exercícios místicos.
A segunda: ainda não chegou ao momento de desfrutar da perfeição da técnica, mas já caminha a passos largos para isto. Este caso é menos grave, demanda apenas tempo e paciência alquímica, nada mais.
Não se constroem habilidades místicas da noite para o dia. É preciso experiência e tempo e prática, não apenas talento, ou para citar um escritor famoso: 10% inspiração e 90% transpiração. No nosso caso, 10% talento e 90% prática de imaginação. A confiança surge com o sucesso e ninguém confia pouco naquilo que conseguiu com esforço e dedicação e que vê se repetir com regularidade todos os dias.
O poder, com o tempo, vem. Por que as coisas são como são. E não apenas como gostaríamos que elas fossem. E é bom que seja assim.
Muito interessante! Uma análise muito racional daquilo que nós mesmos enfeitamos para ver de uma forma diferente...
ResponderExcluirvocê fala com um suposto discurso racionalista! a comparação, a analogia, não é somente entre as experiências de um e de outro! procure as mesmas "técnicas" fora da instituição, em outras linhas de pensamento, compare semelhanças e diferenças!talvez, daí, surja a luz!
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