Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quarta-feira, 31 de julho de 2013

EMAILS E A DOUTRINA SECRETA

Recebi este email abaixo de um frater, infelizmente sem identificação. Seus comentários e informações, entretanto, me trouxeram alento quanto as dificuldades que eu e Flavio temos tido na leitura da única edição em português da Doutrina Secreta de H.P.B. Deixo os links do jeito que ele me passou. Já fui olhar e realmente são dicas de boa qualidade. 


Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "AS VICISSITUDES DE SE LER A DOUTRINA SECRETA":
Olá frater Mario! Olha que interessante o que li num site: "A única versão completa d’“A Doutrina Secreta” em português, disponível presentemente no mercado, também foi editada pela Pensamento, mas tem a desvantagem de ter sido baseada numa versão em inglês modificada por Annie Besant e que inclusive já foi abandonada pela própria Sociedade Teosófica de Adyar."
Eu ví que a Ed. Pensamento lançou uma nova "A Doutrina Secreta" resumida(se é que isso é possível! rsrsrs) e comentada. Você pode dar uma olhada no site http://issuu.com/grupoeditorialpensamento/docs/a_doutrina_secreta e inclusive ler algumas páginas.
Neste site: http://lua-em-escorpiao.blogspot.com.br/2012/12/doutrina-secreta-resumida-e-anotada.html você encontra interessantes comentários...
Eu tenho os volumes que você tem da época que eu era Teosofista(78/79/80) e agora fiquei espantado e curioso! Ainda hoje vou checar!
Abraço e Paz Profunda!
Postado por Anônimo no blog IMAGINÁRIO DO MARIO em 30 de julho de 2013 10:57 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

AS VICISSITUDES DE SE LER A DOUTRINA SECRETA

por Mario Sales,FRC, SI,CRC.:


Manuscrito da DOUTRINA SECRETA datilografado, com correções.


No proêmio do livro Blavatsky estabelece os conceitos fundamentais que trabalhou ao longo do texto:
A existência de um Princípio onipresente, eterno, ilimitado, imutável, insondável, impenetrável à razão humana e além do próprio âmbito do pensamento. É a realidade absoluta que existe antes e além de toda manifestação, é a causa eterna de todas as coisas, sua fonte e destino último. Este Princípio, que os gregos chamavam de LOGOS, os ocidentais chamam de Deus e os hindus de Parabrhaman, não possui atributos e não pode ser descrito de qualquer maneira concebível; é a Causa sem Causa, o Absoluto da metafísica. A primeira manifestação objetiva desse Absoluto é uma dualidade: Espírito (Purusha para os hindus) e Matéria (Prakriti para os hindus), que juntos formam a base de todo o ser condicionado. São apenas aspectos do Absoluto, e não realidades independentes, e em relacionando-se com a sua fonte formam a primeira Trindade, que antecede o cosmos e é a inteligência-consciência que guia toda expressão objetiva ulterior. Na relação entre Espírito e Matéria aparece outro elemento, Fohat, ou Segundo Logos, que é a própria Vida, uma energia dinâmica pela qual a ideação espiritual se imprime na matriz substancial sob a forma de leis da natureza. Consequentemente, do Espírito ou ideação cósmica procede a Mônada humana, e da Matéria ou matriz substancial emergem todos os corpos manifestos onde a inteligência única se individualiza e pluraliza. A eternidade do universo in toto, como um plano ilimitado que se manifesta e oculta em ciclos periódicos de Criação e Destruição universais, que os hindus chamam de Os dias e noites de Brahma. A identidade fundamental de todas as almas individuais com a Alma Universal, que é um aspecto da Causa sem Causa. A mônada obrigatoriamente, de acordo com as leis cíclicas, e a da causa e efeito ou do karma , peregrina pelos mundos manifestos, encarnando em todas as formas de vida incluindo as não humanas, primeiro por um impulso automático e depois com crescente grau de vontade própria e planejamento dirigido, a fim de conquistar sua autoconsciência, o que acontece no fim de uma série de encarnações em forma humana. Em outras palavras, simplificadamente, um raio ou centelha do fogo divino único, a mônada, para se individualizar e ser autoconsciente, deve passar por um ciclo descendente de encarnações progressivamente mais densas a partir de seu plano de existência sublime e eterno. Assim vai assumindo sucessivos corpos espirituais, mentais, emocionais e por fim físicos. Quando chega à encarnação física, passa primeiro pelos estágios de vida mais brutos, os elementos minerais. Adquirindo a experiência necessária neste nível, o que pode se estender por períodos longuíssimos de tempo, ganha o direito de encarnar como planta, e depois como animal e por fim homem, o ponto médio do ciclo geral. Na série de encarnações humanas a mônada tem a chance de se individualizar, quando deixa de lado a preocupação consigo mesma e passa a trabalhar para a coletividade. Mas este não é o fim do ciclo, e à frente jaz todo o caminho de retorno à sua origem divina e união final com o Absoluto. Então, depois de uma série de iniciações conduzidas por mônadas que percorreram antes esse caminho - os mestres de sabedoria -, que abrem os canais de comunicação internos entre a personalidade que adquiriu ao longo dos evos de evolução anterior e seu princípio espiritual mais puro, conquista um primeiro degrau de autoconsciência em todos os planos. Doravante o seu caminho é facilitado pelo domínio pelo Espírito de todos os seus veículos, tornando-o apto para expressar sua divindade em todos os planos com crescente grau de perfeição. Assim a mônada abandona o reino humano e ingressa no domínio dos deuses, coletivamente chamados de Construtores do Universo, os Elohim dos judeus , tornando-se um deles, um novo auxiliar da divindade, plenamente consciente e voluntário, no plano geral de evolução do universo. O processo evolutivo da mônada continua até alturas insondáveis, chegando a se tornar um espírito regente de todo um planeta e de todo um sistema solar, seguindo nesse caminho ascendente até que o universo continue em manifestação, para depois do grande ciclo cósmico encerrar ser reabsorvida junto com tudo, de volta no Absoluto não-manifesto. Depois de um intervalo cuja extensão não pode ser medida, pois na fase não-manifesta o tempo não existe, o Princípio único volta a se manifestar objetivamente, e assim por ciclos incontáveis. Dentro deste plano evolutivo, que se desenrola e tem sua substância todo dentro da própria divindade, tudo o que existe, mesmo a matéria dita "inanimada", possui vida e está infusa de inteligência, mas por outro lado, toda manifestação é considerada ilusória, ou Maya para os hindus, pois apesar das progressivas diferenciações objetivas, a unidade essencial nunca é rompida e todos os seres são como células de um só corpo. Sendo emanações da mente de Deus, todos seres são apenas fenômenos temporários e perecíveis, mesmo os mais exaltados dos deuses, e nesse sentido é que se os considera ilusórios, pois apenas o Absoluto tem uma verdadeira existência e é o único Ser.




Continuamos, eu e Flavio, a ler este texto labiríntico de Blavatsky, agora destrinchando página a página, o segundo volume, SIMBOLISMO ARCAICO UNIVERSAL, ed. Pensamento.
Se nos baseássemos nesta primorosa síntese feita em epígrafe, retirada da WiKipedia, um primor de texto claro e objetivo, talvez não tivéssemos tantas dificuldades, mas não teríamos, também, a aventura da descoberta e da investigação.Ao longo destes meses descobrimos a dificuldade de ler um livro que se baseia em milhares de fontes, as quais não estavam fisicamente presentes na casa da escritora que as cita. Também descobrimos um enorme número de erros de impressão e possíveis erros de tradução, que tornam um texto já em si obscuro, em um texto ainda mais confuso e de difícil compreensão.
Às vêzes, como ontem, nos deparamos com problemas conceituais graves. Em determinado trecho, no alto da página 59 e no final da página 61 existe um trecho particularmente polêmico, em que a palavra Sephira é usada para descrever a face feminina da Divindade. Diz lá que "...Quando Sephira surge como poder ativo de dentro da Divindade Latente, é feminino; quando assume o papel de Criador, é masculino; e daí o seu caráter andrógino."
A meu ver não temos aí um erro de tradução, mas uma imprecisão esotérica crassa, primária, já que qualquer estudante mediano de Cabala e da tradição judaica sabe que a palavra Sephira se traduz por Número e designa os diversos estágios da descida ou da subida da energia divina criadora e da resposta da criação com informações ao longo de uma estrutura que foi denominada de Árvore da Vida. São em número de 10 sephirot (números), que são Kether- Coroa; Chokmah-Sabedoria; Binah-Entendimento; Chesed- Misericórdia; Geburah- Julgamento; Tipheret- Beleza; Netzach- Vitória; Hod- Esplendor ;Yesod - Fundamento ou Fundação; Malkuth- Reino e finalmente a sephira oculta, Daath- Conhecimento.
Ao longo do trecho em questão nos chamou a atenção que talvez se tratasse de uma confusão entre dois termos da Cabala e da Tradição Judaica, um referente como vimos a Árvore da Vida Cabalística, e outro referente a Presença Divina, desde o tabernáculo de Moisés até os dias atuais, conhecida pelo nome de Shechiná, nome tirado da tradição egípcia, e considerada a face feminina de Deus.(Diconário de Lendas Hebraicas, ed. Sepher)
Mesmo considerando que Shechiná e Sephira não são palavras de pronúncia semelhante, é possível que o tradutor tenha se enganado de forma a manter esta terminologia ao longo das páginas seguintes provocando grande confusão em quem lê.
É neste ponto que eu e Flávio estamos agora: separando erros de tradução de enganos conceituais e erros de impressão. Tive informações quando estive, agora no final de junho, na Morada do Silêncio, de um irmão de Santa Catarina interessado em Teosofia, que nova tradução revisada está a caminho. 
Sem dúvida uma boa notícia.