Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O MESTRE ESTÁ MORTO

Reflexões maçônicas sobre o Grau 18, o Grau do Cavaleiro Rosacruz

Por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:; S.:I.:(membro do CFD)



O mestre está morto.
Com ele morre a palavra.
Sua morte representa o silêncio.
Choramos, não apenas a sua morte, mas principalmente seu silêncio.
Nossa tristeza é maior por nossa aparentemente irreversível orfandade.
Não temos mais com quem esclarecer nossas dúvidas ou em quem nos apoiar.
Ele era nosso cajado, nosso suporte, nosso chão.
Agora confunde-se com esse chão.
Pó ao pó, chão ao chão.




Mas o que realmente perdemos? Que palavra é essa que perdemos com ele?
Com ele nosso mestre, enquanto entre nós, aprendemos que a palavra não está na língua, mas no coração.
A palavra, a verdadeira palavra,dizia o mestre, não é aquela que se pronuncia, mas a que se sente.
A palavra, a verdadeira palavra, sem sentimento, dizia o mestre, é casca vazia, apenas forma; é a falsa palavra.
O poder desta palavra que julgamos ter perdido, está, portanto, no sentimento silencioso que a preenche.




A Vida da palavra, portanto, está no sentimento silencioso, está no silêncio.
Portanto o silêncio do cadáver do mestre pode e deve ser ouvido.
Embora não possamos ouvir sua voz, a forma, ouviremos aquilo que a morte não pode impedir, o silêncio do sentimento.
Percebemos o silêncio do mestre em nosso silêncio interior, em nosso vazio interior, nosso vazio fúnebre.
Nestas exéquias em que lamentamos, silenciosos, percebemos, neste mesmo silêncio, uma presença.
É a presença do sentimento, a presença do sentimento silencioso e profundo no interior de nós mesmos. 

Há portanto, em nós, por causa do silêncio, uma presença. 
E que presença é esta?
Lembramos que nosso mestre era, por ser mestre, puro sentimento. 

Seu sentimento era e é o nosso sentimento.
Seu sentimento, portanto, está em nós.



O que nos leva a conclusão de que se o Amor do mestre, o sentimento do mestre, a verdadeira essência da Palavra, a Palavra Verdadeira, está em nós. 
A Palavra, meus irmãos, concluímos, não está perdida.
Ela está em nós, no fundo de nós mesmos.
E o mestre, aquele que tanto amamos e tanto nos amou, também está em nós.
Nosso mestre, então, não está morto, mas dissipou sua forma no todo e, como o ar que respiramos, entrou em nós, em todos nós, seus discípulos, seus amigos e irmãos.
Alegremo-nos, irmãos.
Nosso luto foi infundado.
A Palavra e o próprio mestre , chamado agora de Mestre Interior, estão em nós, vivos. 
Agora, livre do risco da morte e da separação, o mestre e a Palavra vivem.

Celebremos.

domingo, 24 de junho de 2012

VISITANDO A COMUNIDADE ROSACRUZ DE SÃO BERNARDO DO CAMPO


por Mario Sales, FRC.:,M.:M.:,S.:I.:(FD)





O Prédio verde da Loja São Bernardo,[o fundador da Ordem dos Templários, Bernardo de Caraval, monge cisterciense (1090-1153)], fica em uma rua muito inclinada, talvez 45 graus de inclinação, que segundo Frater Pedro Décio, o simpático tesoureiro da Loja me disse, em tom divertido, foi uma forma de averiguar a verdadeira determinação dos interessados em pertencer a nossa nobre Ordem.

São Bernardo de Claraval

Novamente cheguei cedo para poder aproveitar a luz do dia na ida e confraternizar com a confraria por mais tempo. O que chama a atenção de quem chega a esta embaixada rosacruciana é a marca registrada de todos os rosacruzes: a diligência e o trabalho. Desde cedo, homens e mulheres anonima e intensamente trabalham para garantir as condições materiais básicas para que a reunião se realize em harmonia. Lembro do lema escrito por Saõ Bernardo para a Ordem dos Templários: "Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam" (Sl. 113,9 - Vulgata Latina) que significa "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (tradução Almeida).

Frater Pedro Destro, o simpático e diligente tesoureiro da Loja

O belo painel na parede do saguão

Vejo já ao estacionar pessoas chegando com bolos e doces para a festa de aniversário da columba mais jovem, que acontecerá mais tarde. As sorores se revezando e enchendo bexigas e preparando o ambiente da festa.
O Mestre,Frater João Bianchi, incansável, auxiliado por todos, divide-se em receber-me e administrar os diversos aspectos gerenciais que cercam a sua função. Ora vejo-o na sala cumprimentando pessoas, ora desaparece para o andar de cima para conversar com oficiais ritualísticos, ora está na secretaria, ao computador ou no balcão, conversando com os membros que o solicitam.
Serviço. Este é o espírito.

Da esquerda para a direita, Frater Waldir de Lima, com um curioso efeito do slide projetado em seu rosto, eu e o Frater João Bianchi, mestre da loja.


Frater Waldir de Lima 

Embora tenha participado de uma inspiradora reunião de pronaos, a visita sempre é mais valiosa pelo contato com as pessoas. Encontrei na loja um irmão maçon, ex rosacruz, que agora apenas comparece para acompanhar a esposa, esta sim rosacruz e martinista, dedicada ao trabalho na Loja.

O Irmão maçon Clóvis Ciorra

Por sua simpatia, imediatamente começamos a conversar sobre aspectos da vida templária maçônica, autores maçônicos, aspectos ritualísticos, vicissitudes do relacionamento em Loja, e outras coisas mais. Claro que discutimos esta característica das duas Ordens, Maçonaria e Rosacruz, de se entrecruzarem a todo instante, ao longo dos séculos.
O Irmão Clóvis pertence a Loja Delta 2, do GOSP, representante paulista do GOB, Grande Oriente do Brasil, a mais antiga do país. Diz que estava em outra potência, a GLESP, mas que esta loja atual fica a dois quarteirões de sua casa, tornando sua frequência mais fácil.

O sagão de entrada da Loja


Outro ângulo do salão da recepção da loja São Bernardo, já preparado para a festa de aniversário da Columba

O movimento de pessoas é ininterrupto, a não ser pelo momento do ritual de Templo simultâneo com uma meditação aberta a não membros, que esvazia o saguão e tudo se aquieta; e a não ser por mim, que fico na sala testando a compatibilidade do projetor com meu computador, duas sorores que conversam enquanto cuidam da entrada, e uma criança que vaga pela sala,mergulhada em sua própria imaginação, nada mais se move. Mesmo os movimentos da criança são incapazes de quebrar este instante de quietude.
É como se a loja fosse um organismo vivo e, temporariamente, parasse de respirar.

O balcão de suprimentos e ao fundo a secretaria da Loja


O Irmão Clóvis Ciorra, da maçonaria local, que frequenta como visitante a Loja acompanhando sua esposa membra da AMORC e da TOM.

E então, a cerimônia em templo termina, a meditação aberta acaba, e a Loja ressuscita, as pessoas aparecem, o movimento recomeça, e é como se todo o Organismo,(é assim que chamamos nossos Corpos Afiliados, Organismos), despertasse de um sono breve.
Então vem a palestra e discutimos o tema, a intuição, a inspiração, as diversas maneiras de deixar-se guiar mansamente, pelo Mestre Interior, a conexão verdadeira com o Altíssimo.
A palestra acaba. É hora de retornar.
E não fosse o fato de, depois de discursar sobre como devemos ser dóceis e nos deixar conduzir pela vontade divina, sem resistência, eu ter contrariado a orientação de meu GPS e seguido uma placa que me fez fazer um longo desvio do caminho, meu retorno foi tranquilo.
Cheguei em casa satisfeito por ter tido mais este contato com outro grupo de rosacruzes, que residem e trabalham bem perto de minha casa, e que embora diferentes daqueles com os quais costumo conviver, são absolutamente iguais na devoção a busca de autoaperfeiçoamento e ao serviço a nossa Amada Ordem.
Que o Cósmico os abençoe e que seu Corpo Afiliado prospere material e espiritualmente.



sábado, 23 de junho de 2012

AGENDA

Hoje a noite, às 20 hs, estarei na Loja Rosacruz São Bernardo do Campo, encerrando o giro do ABC, com o trabalho "Tudo está interligado", texto já publicado no blog. Todos da comunidade rosacruz da região estão cordialmente convidados para este encontro.


Na próxima semana, estarei na Morada do Silêncio, Quatro Barras, Curitiba, Paraná, apresentando a revisão do 6o Grau de Templo, sobre Terapia Rosacruz, a partir de quinta feira a noite, dia 28 de junho, curso que se estenderá até domingo pela manhã.
Até lá.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

VISITANDO A COMUNIDADE ROSACRUZ DE SÃO CAETANO DO SUL


por Mario Sales, FRC.:, M.:M.:,S.:I.:(membro do CFD)



Ir a um corpo afiliado da AMORC é sempre voltar a nossa própria casa, mesmo que não vivamos ali.
Todas as casas dos Rosacruzes pertencem aos próprios rosacruzes e portanto, muitas são as nossas moradas.
A Loja São Caetano do Sul, no ABC paulista, é uma das mais portentosas e tradicionais.
O espaço físico é invejável e o pé direito altíssimo. Possui um amplo auditório e salvo os problemas de conservação inerentes a uma loja que este ano completa 52 anos de existência, não há nada que impeça que com trabalho dedicado dos rosacruzes que lá estão não possa transformar-se em um centro de fortalecimento regional como a placa na entrada, Loja Rosacruz do ABC, e não de São Caetano, supõe.
Lá encontrei a mesma amabilidade rosacruciana de Barcelona, Toulouse, do Rio de Janeiro na Loja Tijuca ou na Loja Méier, que eu comecei a frequentar quando ainda se abrigava fisicamente na Loja Maçônica Cayru, já que o venerável de uma era o Mestre, naquela época ainda de Capítulo, da outra.
O Belíssimo Portal da Loja

Os rosacruzes são heterogêneos, é bem verdade, mas existe uma semelhança que os identifica: sua fraternidade, seu senso de pertencimento a uma egrégora, sua curiosidade quanto a temas culturais, técnicas ou pessoas. São seres sociais, gregários, que acreditam que compartilhar é a única forma de crescer espiritualmente.
Outra característica, talvez não eminentemente rosacruciana, mas que é muito comum em nossos corpos afiliados, que enfrentam, tanto quanto os templos maçônicos ou teosóficos, as dificuldades ligadas a um quórum baixo de membros, é a presença de frateres e sorores que respondem pela missão de sustentar, como colunas, as estruturas físicas destas organizações.
Recepção da Loja ABC AMORC em São Caetano. À direita da foto, a porta do templo da Loja, circundado por inspiradora pintura.

Foi assim em São Caetano com o frater Caetano Orlando Zanai, um dos mais antigos membros da AMORC e que passou há pouco tempo pela transição. Sua presença está em todas as partes da estrutura física da Loja, nas conversas com os membros mais antigos, no respeito como relatam sua importância para a existência deste corpo afiliado e como, no início, dormia dentro do prédio para que, enquanto durasse a construção, o local não fosse alvo de furtos.Este indivíduo era o mesmo, segundo os relatos, que dissertava, quando solicitado, com maestria e elegância acerca da doutrina da reencarnação, demonstrando que a maestria espiritual e o comprometimento com o trabalho material não são excludentes.
Seu material de Sanctum, sua foto e alguns pertences pessoais foram colocados no corredor que leva ao auditório da Loja após a sua transição, de forma a honrar e preservar sua memória.
Muitos são os Zanais espalhados pelo mundo, que anonimamente trabalham pela causa da AMORC.
A começar pela própria mestra da Loja, a sóror Silvia Campos do Lago e Silva, que embora funcionária da Secretaria Legislativa da Camara Municipal de São Bernardo do Campo, desde muito cedo , no sábado, já estava dando os últimos retoques em nossa casa para que todos fossem recebidos com dignidade e carinho, preparando chá e café e providenciando alguns petiscos, além de receber a todos com simpatia e administrar com habilidade os problemas de agenda das ritualísticas, da substituição de membros, e ainda me ciceronear gentilmente. Tudo antes de colocar seu manto azul e conduzir a ritualística que aconteceu ainda antes da palestra.
Por sua recepção e simpatia, meu muito obrigado, e desculpo-me pela falta de lembrança de não ter trazido nenhuma foto dos membros da Loja ou de suas instalações.
Encontrei ainda, como é costumeiro, vários rosacruzes membros da Ordem Maçônica, e embora querendo significar a mesma coisa, chamados frateres em uma das ordens e irmãos em outra. Entre estes o frater e Irmão Valdir Anderson Silvério, e o Irmão Edson de Souza, que com suas presenças demonstraram a força de uma tradição que se origina no século XIV , quando a Ordem Maçônica, enfraquecida pela perda do monopólio do trabalho de construção de catedrais, depois abandonadas pelo regime do Lorde Protetor Oliver Cromwell, por motivos de caixa tiveram de aceitar membros que não eram do ramo, os chamados maçons aceitos, entre os quais muitos rosacruzes, que aos poucos ajudaram a transformar a Maçonaria no que é hoje.
Esta tradição continua até nossos dias e é comum que em um corpo afiliado rosacruz encontremos maçons tanto quanto em uma loja maçônica encontremos rosacruzes.
Foi uma noite agradável pela qual agradeço ao cósmico e aos irmãos, principalmente ao mestre do Pronaos que conduziu lindamente o ritual inspirador de que tive a honra de participar.
A todos os membros da confraria da Loja Rosacruz São Caetano do Sul meu muito obrigado, meus votos de paz profunda e parabéns pela dedicação a causa rosacruz.
Sábado agora, estarei na loja São Bernardo com o trabalho "Tudo está Interligado".
Até breve.

sábado, 16 de junho de 2012

PALESTRA EM SÃO CAETANO

Hoje, 16 de junho, às 20 horas, estarei na Loja Rosacruz São Caetano, SP, levando o trabalho "O Farol", palestra da Convenção Estadual de São Paulo em 2009.
Todos os rosacruzes da região estão fraternalmente convidados.
O endereço da Loja é Rua Marlene 452 , Vila Gerty, São Caetano. Até lá.

Loja Rosacruz São Caetano do Sul

COMEMORAÇÃO


por Mario Sales, FRC.:,M.:M.:,S.:I.:(FD)

A palavra comemoração etimologicamente significa relembrar juntos algo de importância histórica ou afetiva.

Primeiro esboço da bandeira do "In Vino Veritas", nossa confraria do vinho: F de Fernando, R de Reginaldo, Y de Yamashita e M de Mario. Ao centro , S E, significando a Síntese Enólica.

Hoje, dia 16 de junho, temos portanto, algo a comemorar. Se estivesse neste plano, Reginaldo Leite da Silva,o R do primeiro símbolo da confraria do vinho de que participávamos, maçon adormecido, artesão da Ordem Rosacruz AMORC, Martinista, SI, membro do CFD,  e  Mestre Cabalista de muitos de nós místicos e ocultistas rosacruzes brasileiros completaria 66 anos.


O Símbolo do "In Vino Veritas"na formatação final de Yamashita

Amadeu e eu, e tenho certeza Yamashita e Fernando, membros da reunião do In Vino Veritas, o biólogo e frater da rosacruz Edson de Souza, rosacruzes da comunidade do Recife em particular e Pernambuco em geral e claro, seu escriba, Paulo Afonso, nosso irmão de Natal, além dos que tiveram o privilégio de conhecê-lo na Bahia e na Morada do Silêncio, em Curitiba no Paraná, nos unimos hoje, em pensamento para prestar-lhe reverência e homenagem pelo seu legado, que permanece vivo em todos nós, seus alunos e amigos.

Amadeu , eu e Reginaldo na Convenção Mundial da Rosacruz, em Curitiba, 2011

Que os anjos celestes toquem suas trombetas em louvor a chegada de um Verdadeiro Mestre aos céus.
Aqui na terra estaremos, da nossa própria forma, no nosso próprio coro de vozes mentais, endossando este louvor ao amigo, agora morador de outros planos.
E como dizíamos toda quinta feira, na nossa reunião virtual: "Saúde amigo."

Eu, Fernando, Reginaldo e Carlos Yamashita, no jantar da biblioteca em 2011

sábado, 9 de junho de 2012

O CACHECOL PRETO


por Mario Sales, FRC.:, M.:M.:,S.:I.:(FD)



Tento não pensar no meu amigo mas tudo ainda é muito recente e basta eu virar a esquina para ouvir sua gargalhada, ou um dos seus comentários irônicos.
Recentemente, mês passado, ele foi a Morada dar um curso sobre A Mística das Letras Hebraicas, que lhe foi solicitado pelo Grande Mestre Helio de Morais em pessoa.
Era o segundo curso, para as pessoas que não conseguiram participar do primeiro, que teve sua lotação esgotada.
O "Rabino Genérico" apelido que Amadeu lhe colocara, era diabético, e embora fosse forte, tinha 65 anos.
Voltou do outro curso com uma sinusite extremamente incômoda. Não queria que passasse por isso de novo e antes que deixasse Recife, insisti para que conseguisse um bom cachecol, explicando sobre os baroreceptores nas carótidas, a necessidade de evitar outro choque térmico, já que Pernambuco é, via de regra, quente, e ele ia para o Paraná encontrar 12, 11 graus talvez, em um vôo na madrugada.
Tanto insisti que aquiesceu.
Agora, vejo aqui na Internet uma foto de uma sóror de Santa Catarina, muito simpática, lamentando sua transição e publicando a foto do momento em que recebeu de suas mãos o certificado do curso de Maio de 2012.
Ao seu lado, um Reginaldo sorridente lhe entrega o certificado, protegido por um enorme cachecol preto.
Toda essa preocupação com uma simples sinusite agora parece tão idiota e mesquinha que não merece comentários.
De qualquer forma o cachecol preto mostra que ele escutava os amigos, que os levava a sério, e era isso que o diferenciava de outros sumidades de nossa Ordem, às vêzes tão inacessíveis, tão distantes em suas torres de Marfim, que é difícil acreditar que rezem pelo mesmo catecismo.
Se alguém algum dia perguntar quem ele era, não falarei da sua erudição ou de sua sabedoria mística.
Direi apenas que foi e é meu amigo.
Esta será uma bigrafia curta mas muito mais fiel à nossa história e à história de tantos que como eu tiveram o privilégio de compartilhar esses anos com ele.

AINDA SOBRE A ESTANCIA IV: A PÁGINA 144 E AS CORREÇÕES GEMÁTRICAS



por Mario Sales, FRC.:, M.:M.:, S.:I.:(FD)



Graças ao auxílio providencial de Flavio, lançando mão do Glossario Teosófico para fazer uma confrontação entre textos, percebi o que destoava na linha da analise gematrica da palavra ALHIM, decodificada como Alef(1), Lamed(30), Mem(40), Yod(10) e Pei(80), no texto do volume da COSMOGENESE da Ed. Pensamento. No Glossário, ALHIM, na página 28 remete a ELOHIM, na página 167. Lá a sequência de letras hebraicas proposta para a tradução é outra: Alef, Lamed, Hé, e não Mem, Yod e aí sim, Mem, numericamente 1,30,5,10 e 40. Uma coisa que eu não tinha atinado e que altera este verbete do Glossário é que certas letras hebraicas mudam seu valor gemátrico de acordo com a sua posição na palavra.
Assim, no exemplo de ALHIM ou ELOHIM, o Mem que normalmente valeria 40, como é um Mem no final passa ao valor de 600. A soma então, ao contrário do que está no Glossário, 1+30+5+10+40=86, seria na verdade 1+30+5+10+600= 646. O curioso é que a soma dos algarismos do valor gematrico da palavra ALHIM, corrigida, passa a ser 7 e não 5, considerando que 86 é 8+6= 14, 1+4= 5; enquanto 646 é 6+4+6= 16 que é 1+6= 7.
E o 7 é o número consagrado nesta página que tanto insiste nas condições septenárias das Hierarquias, título da Estância. Isto não está no texto original publicado da COSMOGENESE, nem no GLOSSARIO TEOSOFICO, aonde Flavio me ajudou a buscar o confronto.
A questão da mudança de valor gematrico das letras, quando no final do nome, que Mestre Reginaldo tanto insistia em ressaltar, tem um papel importante na compreensão numérico-simbólica do que está por trás do nome, não de Deus, mas já que , como ele também sempre ressaltava, IM é um indicativo de plural, e a palavra é ELOHIM, falamos aqui do nome dos Deuses, ou Dhyans-Chohans, os Senhores Contemplativos, os Senhores do número 7.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A MINHA ÚLTIMA AULA: A GEMATRIA NA COSMOGENESE DA DOUTRINA SECRETA


por Mario Sales, FRC.:, M.:M.:,S.:I.:





Eu e Flavio atingimos em nosso trabalho de revisão da Doutrina Secreta uma página de profundo hermetismo. Trata-se da 140, da Edição da Doutrina Secreta da Ed.Pensamento, meu volume de 1980. Lá entramos na ESTÂNCIA IV, As Hierarquias Setenárias, que se inicia desta forma:"1....Escutai, ó filhos da Terra. Escutai os vossos instrutores, os Filhos do Fogo(a). Sabei: não há nem primeiro nem último; porque tudo é Um Número que procede do Não-Número(b)." O texto prossegue com uma enorme quantidade de explicações que agora não detalharei.
 É na terceira parte que precisamos do socorro de Mestre Reginaldo, já que tinha tudo a ver com sua especialidade.
 E mais uma vez Suzano buscou o Recife na tentativa de esclarecer o texto abaixo.

"3. Do resplendor da Luz - o Raio das Trevas Eternas - surgem no espaço as Energias despertadas de novo; o Um do Ovo, o Seis e o Cinco (a). Depois o Três, o Um, o Quatro, o Um, o Cinco, o duplo Sete, a Soma Total (b).
 E essas são as Essências, as Chamas, os Construtores, os Números (c), os Arûpa, os Rûpa, e a Força ou o Homem Divino, a Soma Total. E do Homem Divino emanaram as Formas, as Centelhas, os Animais Sagrados(d) os Mensageiros dos Sagrados Pais dentro do Santo Quatro." Ao final deste parágrafo, embora nenhum dos dois admitisse, tanto eu como Flavio, tenho certeza já estávamos em prantos, desesperados. O texto é de um hermetismo Bohemiano. E aí começam as infindáveis explicações de HPB.
 Na primeira delas estuda a primeira linha (Do resplendor da Luz - o Raio das Trevas Eternas - surgem no espaço as Energias despertadas de novo; o Um do Ovo, o Seis e o Cinco (a)) da seguinte forma:
"A primeira frase entende[-se] com a Ciência Sagrada dos Números; ciência realmente tão sagrada e tão importante que dificilmente se pode dar uma idéia do assunto, mesmo em uma obra extensa como a presente." E continua:"Sobre as Hierarquias e os números exatos daqueles seres, invisíveis para nós (exceto em raríssimas ocasiões), repousa o mistério da estrutura do Universo inteiro."
"Os Kumâras, por exemplo, são chamados os "Quatro", embora em verdade sejam Sete;(??? a interrogação é minha) isto porque Sanaka, Sananda, Sanatana, e Sanatkumara são os principais Vaidhâtra (é o seu nome patronímico) que surgiram do quádruplo mistério(???)"
 Pausa: o que ou quem são os "Kumâras"? E "Sanaka, Sananda, Sanatana e Sanatkumara"?
 Blavatsky ou Morya ou Ku-thu-Mi,nunca se sabe ao certo, falam desses nomes como se esses nomes exóticos explicassem outros nomes exóticos, quando na verdade apenas enlouquecem que os estuda pela segunda ou terceira vez, quando mais na primeira delas. Comecemos pelo termo "Kumaras", que significa "jovens virgens e solteiros". Recorri a um blog teosófico português para desenvolver este tema: http://sebua.blogs.sapo.pt/88822.html
 Kumâras : Jovens virgens ou solteiros. Os primeiros Kumâras foram os sete filhos de Brahmã, nascidos dos membros do deus da chamada nona criação. Diz-se que lhes foi dado tal nome por se terem negado formalmente a "procriar suas espécies". Deste modo permaneceram yogîs, segundo a lenda. [ Kumâra significa, literalmente menino ou adolescente que não passa do quinze anos e, em sentido figurado, equivale a "puro", "inocente".



Os Kumâras (os sete sábios místicos) são deuses solares e também pitris; são os "Filhos do Fogo", porque são os primeiros seres , denominados de "Mentes" na Doutrina Secreta, saídos do Fogo primordial, filhos nascidos da mente de Brahmã-Rudra, ou Shiva, o grande yogi e excelso patrono de todos os yogîs e místicos da India; são os Dhyanis derivados directamente do Princípio supremo, muito imprópria e imprudentemente chamados "Anjos Caídos" pela teologia cristã, um vez que Sanaka, chefe dos Kumaras, é o protótipo de São Miguel e dos demais arcanjos. Nos Puranas, seu número é variável, segundo as exigências da alegoria. Geralmente se diz os "quatro Kumaras" (embora na realidade sejam em número de sete), porque Sanaka, Sananda, Sanatana e Sanatkumara são os principais Vaidhatras (ou "Filhos do Criador"), que surgiram do "mistério quádruplo" (Doutrina Secreta, I, 116).



Nos textos exotéricos mencionam-se quatro e as vezes cinco Kumâras. Três deles, designados respectivamente pelos nomes de Sana, Kapila, e Sanatsujata, são ocultos e esotéricos. Nos ensinamentos exotéricos foram aplicadas as seguintes denominações: Sanaka, Sananda, Sanatana, Sanatkumara, Jata, Vodhu e Panchachikha e também alguns deles são designados por nomes diferentes, tais como Sanandana e Ribbu. Exotericamentte, os Kumâras são a "criação de Rudra ou Nilalohita (uma forma de Shiva) por Brahmã... e de certos outros filhos nascidos da mente de Brahmã", porém, segundo o ensinamentos esotéricos, são os progenitores do homem interior, do verdadeiro Eu espiritual do homem físico, os Prajapatis superiores, enquanto que os os pitris ou Prajapatis inferiores são apenas pais do modelo ou tipo de sua forma física, "feita a sua imagem". Os Kumâras haviam recebido ordem de criar, porém como ascetas virgens que eram, negaram-se a faze-lo, sacrificando-se deste modo em prol da humanidade, para acelerar su evolução; recusaram-se a criar o ser humano material, porém favorecem sempre o desenvolvimento das precepções espirituais superiores e o progresso do homem enterno interior (Doutrina Secreta, I, 495). Esta classe de Dhyan Choans merece atenção especial , porque encerra o mitério da geração e herança a que se alude no Comentário Estancia VII, ao tratar das quatro ordens de seres angélicos. ( Doutrina Secreta)[ in Glossário Teosófico de Helena Blavatsky]
Outro nome que causou espécie foi Patronímico. Na verdade, refere-se ao hábito de aplicar o nome do pai ao nome do filho para que este fosse reconhecido e diferenciado entre homônimos como explica o comentário abaixo, da WiKipedia: " O patronímico (do grego πατρωνυμικός, πατήρ "pai" e ὄνομα, "nome") é um nome ou apelido de família (sobrenome) cuja origem encontra-se no nome do pai ou de um ascendente masculino. O uso do patronímico foi um procedimento muito comum em todas as comunidades humanas para distinguir um indivíduo dentro de seu grupo, no qual havia inúmeras pessoas com o mesmo prenome ("nome de batismo"). Assim, "José o filho de João" ou "Antônio o filho de André". Por economia de palavras, passou-se a usar "José de João" e "Antônio de André" e, muitas vezes, suprimiu-se também a preposição "de". Desta forma se explicam os números sobrenomes cuja origem imediata e evidente é um prenome, como "Anes" ou "Eanes" (filho de João), "Fernandes" (filho de Fernão/Fernando), "Dias" (filho de Diogo), "Rodrigues" (filho de Rui/Rodrigo), "Gonçalves" (filho de Gonçalo), "Tomás", "Caetano", "Jorge", "Simão", etc. De fato, o patronímico, ou seja, o apelido de família cuja origem onomástica é o prenome do pai ou de um ancestral masculino configura o caso mais freqüente na formação dos sobrenomes."Por isso, Vaidâthra é o nome patronímico dos Filhos de Bhraman, ou Bhramã, como escrito no comentário transcrito, já que Vaidhatri já significa "filho do Criador", sendo Vaidhâtra seu plural. Todos estes comentários estão na primeira metade da página 146. Na segunda metade, percebendo a dificuldade que o tem encerra, HPB continua a esmiuçar detalhes da tradição hinduística e vedântica de onde brota o texto da Doutrina Secreta. Descreve o mito de Hiranyagarbha, ou Brahman (Brahmã, em outra grafia) " o primeiro ente masculino formado pela incompreensível Causa sem Efeito, em um "Ovo de Ouro resplandecente como o Sol"; a palavra Hiranyagarbha significa literalmente Matriz de Ouro, ou melhor Matriz Resplandecente, ou Ovo.






Todos na Índia conhecem o conceito da Matriz Resplandecente e muitos místicos hindus demonstram sua capacidade mística materializando Ovos Dourados , Hiranyagarbhas, que representam para seus seguidores que a Matriz está em suas mãos, o que o torna, seja ele quem for, um descendente direto de Bhraman. Blavatsky desce a detalhes: comenta que a noção de Ovo não se coaduna com a noção de Masculino mas cita o Rig Veda para esclarecer:
"AQUILO, o Senhor único de todos os seres...o princípio que anima os deuses e os homens", teve sua origem na Matriz de Ouro, Hiranyagarbha, que é o Ovo do Mundo, a Esfera do nosso Universo. Aquele Ser é - continua ela - seguramente andrógino, e a alegoria de Bhraman separando-se em dois e recriando-se como Viraj em uma das suas metades (a fêmea Vach) é a prova disso." Ela refere-se a outro aspecto da lenda de Bhraman. O fato de ser originalmente composto de uma parte feminina(Vach) e outra masculina(Viraj). E aí começa a parte mais importante deste trecho da revisão, aquela que demandou o auxílio de Reginaldo, a última aula que ele me deu em vida, e que aconteceu na quinta feira a noite, pouco antes do início da reunião de nossa confraria do Vinho, a GOI (Grande Oriente Interior). Fernando mais uma vez havia faltado e eu esperava a chegada de Carlos Yamashita. Neste intervalo coloquei para Reginaldo minhas questões gemátricas. Elas começam na linha seguinte: "O Um do Ovo, o Seis e o Cinco", que Blavatsky traduziu por 1065, onde 0 era "o Ovo", e que ela definiu como "o número do Primogênito (depois o Brahmâ-Prajapati, macho e fêmea). Pausa. A expressão Prajapâti em sânscrito significa "senhor das criaturas, deidade da procriação e protetor da vida", a deidade máxima do panteão hindu. Da mesma maneira , esta deidade multiplica-se em onze outras entidades, onze senhores da criação, os onze primeiros seres criados por Brahma, os quais cuidarão de toda a obra. São eles os Prajapatis: Daksha, Prachetas Pulaha, Bhrigu, Atri, Marichi, Angiras, Pulastya, Kratu, Vaisishtha, Narada.



Em 5 de maio de 1991 Satya Baba materializou um Ovo de Ouro como demonstração de seus poderes sobre a essência da matéria, além de usar um símbolo mítico do Hinduísmo, o Ovo de onde tudo provém.

Continuemos: HPB fala em "O Um do Ovo, o Seis e o Cinco", que traduziu por 1065 , o valor do Primogênito (depois o Brahmâ-Prajapati, macho e fêmea) que corresponde aos números 7, 14 e 21." Pausa. De onde ela tirou esta correlação? Reginaldo estranhou. Voltei a ler o texto e vi que era apenas uma dedução da própria leitura que narrava mais a frente o seguinte: "O Um do Ovo, o Seis e o Cinco"(aqui temos 1+6+5 que dá 12, e não 7; então ela continua " Depois o Três, o Um, o Quatro, o Um, o Cinco, o duplo Sete , a Soma Total."Aqui temos 3+1+4+1+5+ (2 x 7) = 14 + (14). Ainda não fazia sentido. Nem eu, nem Reginaldo, entendíamos de onde tinha surgido esta clareza para Blavatsky de uma sequência 7-14-21. (Só agora há pouco, conversando com Flavio é que percebi a vírgula do trecho " o Um do Ovo, o Seis e o Cinco. Depois o Três, o Um, o Quatro, o Um, o Cinco (,) o duplo Sete, a Soma Total. Portanto, a expressão duplo sete, depois da vírgula, significa a síntese da soma teosófica de 3+1+4+1+5 que dá 14, o duplo sete, que é a Soma Total, como o texto diz.)
Diz ela no último parágrafo da página 143:
"Os Prajapati, tal como os Sephirot, são unicamente Sete, incluindo a Sephira que representa a Tríade de onde eles emanam." Reginaldo então ficou mais animado. O texto tornava-se subitamente cabalistico. Referia-se a aspectos da estrutura da Árvore da Vida, onde uma Tríade Superior (Kether , Hochmah e Binah) representam o além de tudo, o mundo de Deus, enquanto sete sefiroth (plural de sephira) ficam abaixo e iniciam a caminhada para o Mundo da Criação, lá embaixo, chamado Malkut. Apenas para relembrar, as Sefirot emanados são, na sequência: Kether - Coroa, Chokmah - Sabedoria, Binah - Entendimento, (as três superiores); depois Chesed - Misericórdia, Geburah - Julgamento, Tipheret - Beleza, Netzach - Vitória, Hod - Esplendor, Yesod - Fundamento, Malkuth - Reino.
Entramos assim no reino da Cabala e Reginaldo estava mais à vontade do que com aqueles termos hinduístas aos quais eu estava mais acostumado. No texto, no entanto, Blavatsky insistia em explicações baseadas nos Vedas. Diz ela: "Assim, de Hiranyagarbha ou Prajapati, o Trino e Uno, (a Trimurti Védica Primitiva, Agni [o Fogo],Vayu [o Vento], e Sûrya [o Sol]) ( da mesma maneira que a Trindade Cristã, onde se diz que Deus é três em um, Pai, Filho e Espírito Santo) emanam os outros sete ou ainda dez, se separarmos os três primeiros, que são três em um ou um em três." Aí estacamos os dois, eu e Reginaldo. A palavra "separarmos" não fazia sentido no contexto. Deveria ser "acrescentarmos" para que fizesse sentido. Sete mais Três igual a Dez. Relevamos este deslize do tradutor ( Raymundo Mendes Sobral) e seguimos em frente. Continua ela, com as devidas correções: "Assim, de Hiranyagarbha ou Prajapati, o Trino e Uno, (a Trimurti Védica Primitiva, Agni [o Fogo],Vayu [o Vento], e Sûrya [o Sol]) emanam os outros sete ou ainda dez, se separarmos acrescentarmos os três primeiros, que são três em um ou um em três; todos, aliás, compreendidos dentro daquele Um e Supremo "Parama", chamado Ghuya ou "Arcano", e Sarvâtman, a Super Alma.( Esses comentários, falamos então, por sinal, muito eruditos, são terrivelmente redundantes e pouco objetivos). E aí ela concede em didatismo com a frase:"Os Sete Senhores do Ser permanecem ocultos em Sarvâtman como os pensamentos no cérebro". E continua, voltando ao Cabala:"O mesmo sucede com as Sephirot. São sete quando se contam da tríade superior , presidida por Kether, ou dez exotericamente. Eu perguntei a Reginaldo: está correto? Ele comentou que a formação da Árvore tem vários triângulos que se relacionam, mas são três pontas de um triangulo acima (Kether, Hochmah e Binah) e dois triângulos para baixo, não fazendo sentido falar em sete a partir dos três do triangulo superior, mas sim sete excluindo-se as três sephirot superiores. Relevamos mais esta imprecisão do texto e fomos em frente.





















"No Mahabharata", continua o texto, "os Prajapati são em número de 21, ou dez, seis e cinco (10 6 5), três vezes 7".
É verdade. Enquanto originalmente sejam 10 e não sete os Prajapati derivados de Bhraman, no Mahabharata, o poema épico que narra a História da Índia na Era de Ouro, de dez mil versos, fala-se em outro número, 14, e não 21 como vem no texto da Doutrina Secreta. São eles: Daksha, Prachetas, Pulaha, Bhrigu, Atri, Marichi, Angiras, Pulastya, Kratu, Vaisishtha, Prahlada, Kardama, Gautama e Kasyapa (14)
Compare com os anteriores listados: Daksha, Prachetas Pulaha, Bhrigu, Atri, Marichi, Angiras, Pulastya, Kratu, Vaisishtha, Narada.(11) HPB fala em 21. Não conheço as outras sete. Seguimos em frente. Foi então que eu compreendi e dividi com Reginaldo minha compreensão: 1065 são 1+0+6+5= 21 na soma teosófica. Porque nesta soma não são os algarismos que se somam 6+5= 11 +1 =12, mas somam-se as quantidades de modo estranho, então 1+0= 10 (o Um do Ovo), 5+6= 11 então, 10+11= 21, ou 3 x 7. Curioso. No item seguinte, (b), já na página 144, ela vai se deliciar falando do trecho " o Três, o Um, o Quatro, o Um, o Cinco, o duplo Sete, a Soma Total" ou duas vezes sete, no total, representam 31415, a Hierarquia Numérica dos Dhyân Cohans de diversas ordens. Pausa. Vejamos os Dhyans Cohans. " Dhyan-Chohans (do sânscrito, dhyani, contemplação; e do tibetano, chohan, senhor) é uma expressão usada na Teosofia para designar uma hierarquia de seres divinos. Os Dhyan-Chohans incluem desde seres espirituais de classes mais altas, com auto-consciência, que são os arquitetos do Universo, descendo até seres com semi-consciência que seguem a ideação transmitida a eles pelo espírito cósmico. Segundo a Teosofia, os Dhyan-Chohans são, em certo sentido, os próprios homens, pois foram eles que forneceram a Mônada, a Essência divina do Homem.
Há sete classes de Dhyan-Chohans, associados aos sete planetas sagrados do nosso sistema solar." Esta última frase, sete planetas sagrados, não se refere verdadeiramente a sete planetas, mas a sete astros, entre eles um satélite natural da Terra, a Lua , e a uma Estrela de 5a grandeza, que mantém nosso sistema, o Sol. Os outros, verdadeiros planetas, são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Esta classificação é oriunda do século XVIII, onde informações astronômicas eram poucas e predominava a visão astrológica das coisas do céu e dos astros, sidera em latim, portanto coisas siderais.
Feita esta digressão, continuemos o texto. Ela fala agora do número 31415, dizendo que não importa em que direção se faça a soma sempre o valor será 14. Depois comenta que é o número do círculo já que representa o misterioso número Pi, razão entre a circunferência do círculo e seu diâmetro. E aí chegamos a palavra hebraica grafada estranhamente no texto como ALHIM. Com o auxílio de Reginaldo, entendo que ALHIM é uma outra forma de escrever ELOHIM. A referencia de Blavatsky é um erudito chamado Ralston Skinner, autor de A Fonte das Medidas (The Source of Measures). É ele que faz a análise gematrica da palavra, lendo a palavra ALHIM com seus valores numéricos, gemátricos, omitindo os zeros, e que Reginaldo comenta. Assim: aleph (a) é 1 ; lamed (l) é 3 (30); Mem (m) e não (h) como se vê no texto, que vale 40 e não 5 como está descrito, sem o zero, 4. Este detalhe, meu querido mestre não viu. Eu mesmo só percebi agora. Seguimos interpretando o texto como se o texto estivesse correto. Depois Iod, que vale 10, sem o zero 1, e finalmente Pei, que vem denominado como correspondente a letra M e na verdade corresponde a letra P, valendo gematricamente 80 e não 4 (40) que seria o valor correto da letra Mem, essa sim correspondente a M. Nada disso percebemos naquela noite. Depois Carlos chegou e a conversa enveredou por outras coisas. Jamais podia supor que seria nosso último estudo juntos. A última aula. É a vida.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

RÉQUIEM PARA UM MESTRE


pelo discípulo Mario Sales

Frater Reginaldo Leite

É difícil escrever esse texto. Não fosse por ser um elogio póstumo, seria pelo fato de ser um elogio póstumo de meu Mestre pessoal e amigo, que nos deixou de forma súbita.
Místicos não morrem, apenas saem de seus corpos e retornam a plenitude de Deus temporariamente.
Transitam entre planos de manifestação e assim, os rosacruzes usam o termo Transição para descrever estes eventos.





Tudo isso funciona muito bem quando nossas reflexões são filosóficas e impessoais.
Quando se trata, no entanto,  de um grande amigo, que estava conosco até poucas horas antes, que não apresentava aparentemente nenhuma patologia que antecipasse um desfecho fatal, uma doença qualquer que nos permitisse a frase consoladora de "não tinha mais jeito", tudo muda.
Devemos lamentar a partida dos amigos como lamentaríamos aquele companheiro de todas as horas, aquele maravilhoso papo noite adentro, que de repente é calado por uma viajem inesperada a um país distante e do qual não tivemos oportunidade de nos despedir e abraçar.



Sim, são manifestações de apego, indignas de iniciados que sabem das limitações do tempo na carne, mas absolutamente condizentes com aqueles que exatamente por serem iniciados nos mistérios da existência descobriram a mais poderosa das energias, o mais poderoso dos fenômenos, a amizade.


A nossa confraria do vinho, reunida em São Paulo para um jantar na Biblioteca. Eu, Fernando, irmão de Maçonaria, Reginaldo e Carlos Yamashita, rosacruz e maçon, 2011

Antes de tudo, lamentar-se pelo amigo que já não está mais conosco nada tem a ver com aquele que se foi.
Não se trata dele quando choramos a sua ausência.
Trata-se de nossos próprios interesses egoístas, de nossa própria felicidade pessoal, que se vê diminuída na privação dos que nos traziam a camaradagem fundamental para atravessar os dias de cada encarnação.

Sóror Maria de Lourdes Lescano, Frater Reginaldo e Frater Felipe Lozano, em Curitiba, na palestra de Reginaldo para a reunião nacional dos Artesãos. Lourdes e Felipe são respevtivamente ex mestra e o atual mestre da Heptada Guarulhos, São Paulo.

Foram três anos intensos pelos quais sou grato ao Cósmico.
Neste aspecto nada tenho a lamentar.
E o que me consola é que o bem, como a Fênix, sempre renasce depois de fenecer, e reaparece em nossa porta, já que nenhum de nós, felizmente, nem mesmo mestres como Reginaldo são insubstituíveis.
Outro Reginaldo surgirá para diminuir a minha solidão e ignorância, isto é certo. E até que esta troca de bastões ocorra, terei pelo menos comigo a lembrança da alegria e do convívio com este poderoso esoterista que me deu algumas das minhas mais interessantes aulas e que transformou a Cabala para mim em algo corriqueiro e acessível, sem mistérios, como todo especialista em mistério deseja.

Amadeu Xavier, frater de Uberaba, Eu e frater Reginaldo na Convenção Mundial, ano em 2011, Curitiba.


Que o cósmico o acompanhe nesta nova jornada e já que o Tempo não existe, até breve, nas próximas vidas que nos aguardam neste sonho de Maya.
Reginaldo e Eu almoçando em Curitiba, na Convenção Mundial, 2011

sábado, 2 de junho de 2012

A ANSIA PELOS FENÔMENOS PARANORMAIS COMO IMPEDIMENTO AO DESENVOLVIMENTO MÍSTICO DOS INICIADOS


por Mario Sales, FRC.:, M.:M.:,S.:I.:



Num artigo publicado originalmente na revista "The Mystic Triangle" em maio de 1929, e republicado em O Rosacruz do primeiro trimestre de 2005, em tradução de Cecilia Erthal, SRC, Spencer Lewis discute alguns aspectos ligados a vida e a obra de Madame Blavatsky e seu relacionamento pessoal com dois dos mais importantes mestres da Fraternidade Branca.


Blavatsky

Quase ao final do artigo, Lewis comenta:
"Numa das cartas famosas dos grandes mestres, endereçada a um companheiro de Mme Blavatsky, que constantemente exigia demonstrações e manifestações, nos deparamos com o grande Mestre Morya repreendendo esse cético nas seguintes palavras:
"Sim, e atualmente estamos no meio de um povo conflituoso, de um povo obstinado e ignorante;podemos exigir a verdade e, no entanto, não sabermos como encontrá-la, pois cada um a busca para seu próprio benefício e gratificação particulares sem pensar nem um pouco nos outros."
Morya

Em outra carta -  continua Lewis -  o Mestre Morya repreendeu o mesmo homem por causa de seus desejos de demonstração, com as seguintes palavras:
"Também tente romper essa ilusão contra a qual os estudantes de ocultismo, pelo mundo todo, sempre foram advertidos pelos seus professores - o desejo ardente pelos fenômenos. Como a sede pela bebida e pelo ópio, ela cresce de forma gratificante. Se você não consegue ser feliz sem os fenômenos, nunca vai aprender nossa filosofia. Se você quiser pensamento filosófico saudável, e consegue se satisfazer com isso, vamos nos corresponder. Vou lhe contar uma verdade profunda dizendo que se você não escolher nada mais do que a sabedoria, todas as outras coisas vão lhe ser dadas por acréscimo - quando chegar a hora. Força alguma é acrescentada às nossas verdades metafísicas pelo fato de nossas cartas caírem do espaço e aterrissarem sobre o seu travesseiro. Se nossa filosofia estiver errada não é um milagre que vai corrigi-la. Ponha essa convicção na sua consciência e vamos conversar como homens sensíveis. Porque deveríamos brincar de caixa de surpresa?"

Transcrevo essas linhas para embasar mais uma vez meus argumentos a favor de uma visão mais moderna do esoterismo, onde os rituais e os objetos destes rituais não sejam mais importantes do que as verdades e conceitos que eles buscam representar.
Existem pessoas, não iniciadas e mesmo iniciados que não aprenderam esta simples lição: magia não é pirotecnia, luzes e cores como num show de rock. A verdadeira herança dos Mestres é mais profunda do que isso, alquímica pela delicadeza  e lentidão com que se instala em nosso ser e em nosso espírito, um tempo precioso que não deve ser acelerado, o que acarretaria uma produção menos sólida, menos estável, da mesma maneira que um prédio, sem os devidos cuidados de fundação e engenharia tende a desabar depois de pronto.


Blavatsky cercada por seus mentores

Iniciados verdadeiros vão entender o que vou dizer.
O fluxo de força que atravessa o verdadeiro mago é tão poderoso que é preciso e absolutamente necessário que não haja nele, neste mago, nenhum tipo de obstrução a este fluxo, como aquela causada pelo ego e pelo apego às coisas materiais. Nenhum poder existe em nós que não tenha sido dado pelo alto. Nenhuma força possuímos que não seja parte da grande força universal que a tudo e a todos alimenta.
Esse Nous não pode e não deve ser subestimado. Se o canal por onde flui a força não está apto a suportar a pressão deste fluxo, será destruído por ele, da mesma maneira que o filamento frágil se rompe quando a energia elétrica que o percorre é superior a sua capacidade de resistência.
É isto que Morya diz em sua carta, é esta a advertência que faz aos tolos que querem colocar o carro na frente dos bois.
Lembremos Lucas 12:31:"-Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."
Por isso a intolerância com um misticismo de autoaperfeiçoamento e a obsessão por um Ocultismo de efeitos especiais.
Todos querem ver Anjos, mas ninguém quer ter o trabalho de ser um deles.
Isto não leva a bom termo. Só ao sofrimento e a decepção. Segundo Saint Martin, muitos membros da Ordem de Martinez de Pasqually perderam a razão. E mais atrás, antes de Sir Francis Bacon, a história de John Dee mostra como um homem inteligente e erudito pode se transformar num tolo e escravo de outro tolo, Edward Kelley, cínico e charlatão.
Como diz o ditado, sábio é aquele que aprende com o erro dos outros, não com os seus.
Sejamos sábios.