Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PROJETOS PARA O BLOG 2013

Meus Irmãos
São dois os projetos para 2013.
O primeiro a implantação do video blog, disponibilizando os textos em outro tipo de mídia, e com outros textos próprios para tal.
O segundo a tradução dos textos para o francês, para o inglês e, se possível, para o espanhol, para permitir o melhor acesso dos que desejam compartilhar conosco sua companhia e opiniões. 

Para o segundo objetivo necessito de ajuda e por isso estou abrindo a todos a possibilidade de tornarem-se colaboradores do blog como tradutores.
Assim, os irmãos que conhecem bem a língua inglesa, francesa ou espanhola e desejarem colaborar, podem entrar em contato comigo no skipe mario_sergio_sales, ou no email mariosergiosales@gmail.com.br, para mais detalhes. Podem ser mais de um colaborador para cada texto, já que as publicações entre ensaios místicos, psicológicos, e os dezessete capítulos de dois livros somam pouco mais de duzentos textos e por isso toda colaboração é bem vinda. Seria útil, dada a especificidade do assunto que fossem membros de AMORC e/ou Martinistas da TOM, mas não é obrigatório.

Aguardo seus contatos

Mario Sales (www.imaginariodomario.blogspot.com)

domingo, 30 de dezembro de 2012

TODA ÁGUA VEM DA MESMA FONTE


por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD) 


Para quem depende como eu das informações captadas pela intuição, ficar alguns dias sem perceber coisa alguma, seja texto ou imagem, é aflitivo.
Já falei sobre isso aqui inúmeras vezes, mas o fato é que trata-se de um fenômeno cíclico.
E até hoje, eu supunha que um bloqueio intuitivo significasse o bloqueio de todo o fluxo da energia que me alimenta, como alimenta a todos nós. Hoje percebi a tolice desta suposição.
Dei um passo a mais na compreensão da fisiologia da captação.
Aliás, supor um bloqueio total de fluxo em si já é um absurdo pois se isso ocorresse, entre eu e o Universo, significaria a morte física.
E não há relatos de que pintores, escultores ou escritores sem inspiração tenham falecido em função disso.
A mesma energia que me alimenta a vida, transporta dentro de si as informações necessárias à esta vida, instruções e dados, que suponho, viajem em ambos os sentidos, tanto da fonte para nós como de nós, de volta à fonte. Portanto, se existe algum bloqueio, alguma supressão de dados, ela é seletiva, e não total, impossibilitando, por exemplo, a criação artística, mas não impedindo a manifestação da existência.
Podem haver momentos em que não sejamos capazes de criar, de materializar a beleza do invisível, de transmutar o aparentemente inexistente em algo sólido, mas isto não significa que não estejamos em contato , por outros canais, com a Sede de toda a Criação.
Um evento doméstico me mostrou isso hoje.
Necessitei fazer alguns procedimentos bancários, via Internet, hoje pela manhã. Era uma simples transferência bancária, da conta corrente da minha esposa para sua conta de poupança.
E assim fiz.
Como a operação estivesse sendo feita na conta de minha esposa, e como o banco, por motivos de segurança, envia a cada operação realizada, um código de Token por SMS, para o celular do titular da conta, e como minha esposa está em viagem, durante toda a operação eu estava em contato com ela, por telefone, de forma que, quando fosse o momento, ela me passasse o código que seria enviado para seu telefone, de forma a concluir o procedimento. 

Ao final da transferência, despreocupadamente, ela me perguntou pelo saldo final na sua poupança. E aí começou um pequeno drama familiar.
No início deste mês, eu havia feito um depósito em cheque, nesta mesma conta, de uma quantia considerável, resultante de um negócio familiar imobiliário. E só hoje, vinte e seis dias depois, quando ela me perguntou o saldo final, demos conta de que a quantia que tinha sido depositada não estava lá, simplesmente havia desaparecido.
Bom, não é difícil entender o desassossego que isso causou. Sou muito distraído, perco coisas com frequência, óculos, a capa do meu celular (a todo momento) e não fosse a poderosa técnica rosacruz de visualização para encontrar coisas eu perderia muitas delas, todos os dias. Graças a prática, basta que eu visualize o objeto desejado desaparecido, seguindo o protocolo da técnica, e em alguns minutos, ou dias, ele aparece diante dos meus olhos.
Já mergulhei a mão em fendas de sofás com segurança inexplicável para dali sair com uma caneta desaparecida, entre os dedos ou um documento extraviado.
Já inclusive encontrei meu carro, na época em 1995, que havia sido furtado três dias antes, um automóvel Kadet, da GM, e em perfeito estado, usando a mesma técnica.
Só que no momento em que dei por falta da quantia, que deveria estar depositada naquela conta, a minha primeira reação não foi de serenidade.
Mesmo com uma experiência tão sólida neste campo, seja pelo volume de dinheiro envolvido, seja mais provavelmente pela minha inépcia e incompetência emocional, inexplicável do ponto de vista intelectual, depois de ter lançado mão desta maravilhosa técnica tantas vezes em trinta e sete anos de prática, deixei que minha mente mergulhasse em intenso stress. E o stress na voz da minha esposa ao telefone só aumentava a minha apreensão. Desliguei e comecei uma busca em gavetas e pastas, atrás ou do cheque ele mesmo, ou do recibo de depósito. Concomitantemente, comecei a visualizar o cheque a minha frente, com os olhos abertos, como fazemos quando temos já algum treino. Vi a imagem do papel se formar a minha frente gigantesca e me acompanhar pela casa, percebendo detalhes da textura do papel do cheque, da assinatura do emitente, que conheço, tanto quanto via com nitidez a quantia escrita a mão na parte superior direita do documento.
Mantive aquilo à minha frente, no espaço, por trinta minutos, enquanto vasculhava a casa, sem perceber que a minha ansiedade bloqueava qualquer possibilidade de resposta.
Foi nessa hora que meu pai apareceu na porta do quarto, me lembrando que era hora de almoçar.
Existem duas coisas que são sagradas para meu velho pai: a hora de suas novelas e a hora de suas refeições.
Pedi que esperasse alguns minutos, para ver se conseguia encontrar alguma coisa referente a questão, já que o extrato no site do banco não era informativo o suficiente.
De repente percebi a armadilha emocional e comecei a desarmá-la. Tudo que eu precisava era exatamente aquilo que meu pai me propunha, sair de casa e esquecer o problema por alguns minutos, deixar que o pensamento e a imagem saíssem de minha mente e voassem para o Cósmico. Precisava suspender as buscas e CONFIAR, que COMO SEMPRE, TUDO SE RESOLVERIA DA MELHOR FORMA POSSÍVEL, AO USAR A TÉCNICA.
Saímos de casa em direção ao restaurante e a cada passo (fomos a pé porque era muito perto) mais e mais minha intranquilidade diminuía e mais e mais forte era a certeza intuitiva de que "nada havia se perdido, de que tudo estava bem e que logo eu saberia os detalhes sobre o que tinha acontecido". E assim, enquanto comia, sentia a certeza dentro de mim aumentando, como se um ser invisível estivesse falando no meu ouvido, repetindo a frase de que "nada havia se perdido, de que tudo estava bem e que logo eu saberia os detalhes sobre o que tinha acontecido".
Saí do restaurante, meia hora depois, muito, mas muito mais calmo. Toda a ansiedade havia desaparecido, não havia mais qualquer preocupação, apenas a certeza de que uma atitude não serena seria absurda e inaceitável uma vez que sou um iniciado experiente, com pleno domínio da técnica. E assim minha alma se aquietou, meu espírito se tranquilizou, e logo que entrei em casa fui direto ao mesmo quarto e às mesmas pastas que havia examinado antes, folheando um a um os papéis, calmamente. Não levei dez minutos para encontrar o recibo do depósito, que não havia encontrado antes. Ele confirmava que o depósito havia sido feito, o cheque tinha sido depositado, portanto eu não o tinha perdido por distração e estava em mãos com uma prova documental da operação. Metade do problema tinha se resolvido.
Restava agora saber porque, tendo sido depositado, o cheque e a quantia não aparecia no saldo final da conta nem no extrato.
Voltei ao computador e ao mesmo site que antes havia visitado, só que agora sereno e confiante, e comecei a vasculhar de novo os extratos e as telas que antes já havia pesquisado. Também dessa vez, não mais que cinco minutos depois de começar, encontrei uma forma de consultar com detalhes a movimentação da conta de poupança e "bingo", o cheque estava lá, o depósito, tudo enfim, como dizia o recibo, depositado no dia cinco, para ser devolvido no dia seguinte, dia seis, por "erros de preenchimento", segundo a informação da tela. Ou seja, o dinheiro voltou para a conta do emitente do cheque, e por isso não chegou a entrar na nossa. Só que não sabíamos disso e só ficamos sabendo vinte e seis dias depois do ocorrido, por causa de outra movimentação.
Portanto, "nada havia se perdido, tudo estava bem e agora eu sabia, como prometido, os detalhes sobre o que tinha acontecido"como a voz do silêncio havia me sussurrado.
Esta experiência foi uma iniciação pra mim, não pelo aspecto ocultista ou místico, mas sim pelo psicológico, pois vivenciei a noção de que a serenidade não deve ser perdida em nenhum momento diante das vicissitudes da existência, e não devemos nunca ter receio algum , pois o Universo não nos é hostil, ao contrário, estamos protegidos pelo conhecimento e pela conexão com o Cósmico.
Descobri também que, se fazem já alguns dias que não escrevo por estar completamente sem inspiração, isto não significa que o fluxo da energia foi totalmente interrompido e o episódio acima foi como um romper de uma represa, e um jorro de força e inspiração ocorreu, destruindo todos os bloqueios e me arrastando de volta ao papel para registrar estes acontecimentos. Afinal, não importa se estamos falando da água da inspiração artística ou da água da intuição orientadora, pois todas estas águas vem da mesma fonte, são da mesma natureza.
Quando o dique se rompeu percebi que eu mesmo o havia construído, já que como lembrava o poeta , "muitas dores nascem do cansaço e da solidão", e se ergui muros o fiz por insegurança e falta de paz interior.




Existe um filme maravilhoso de Frank Capra, de 1938, chamado "I can't take with you", estrelado por Jean Arthur, Lionel Barrymore e James Stuart, e que no Brasil chamou-se "Dessa vida nada se leva". Na sua cena final, a familia de Martin Vanderhof, papel de Barrymore, está prestes a ser despejada pelo pai de Tony Kirby, (personagem de James Stuart) , Anthony Kirby, um rico financista, que sofria com a recusa de Vanderhofem vender sua casa , a única do quarteirão que resistiu ao seu assédio, impedindo um negócio imobiliário milionário.
Os móveis estão na rua, o despejo em andamento, e o responsável por isso, o banqueiro Anthony Kirby, personagem de Edward Arnold, responsável por todo este transtorno, entra na casa em busca do filho que paradoxalmente se apaixonou pela neta de Vanderhof, Alice, interpretada por Jean Arthur, tendo por isso rompido com o pai.
Desesperado por recuperar o amor de seu filho, ele concede em ir até a casa de seu suposto inimigo,
 aonde sem que ele soubesse, já está seu filho, consolando Alice quanto ao despejo. Encontra a casa vazia, e Vanderhof sentado sozinho na sala.




Após desabafar seu conflito entre os interesses materiais que tem como banqueiro e o amor do filho, ouve de Vanderhof  seguinte frase: "Olhe, existem momentos em que tudo que precisamos é tocar gaita e todos os problemas se resolvem. Vamos tocar gaita" e depois desta estranha declaração começa a tocar sua gaita de boca enquanto todos que a ouvem, correm para ver o que está acontecendo, inclusive o filho do banqueiro que estava no andar de cima com a neta de Vanderhof  Ao descer e ver o pai, entende que ele se arrependeu e fazem as pazes, ao som da gaita de Vanderhof  e tudo se encerra em meio a musica e a dança de todos os envolvidos na sala vazia da casa de onde não serão mais despejados.
É uma cena encantadora pelo lirismo e pela força ética e mística da situação. A fé de 
Vanderhof o Universo é tão grande que ele não se deixa abater mesmo quando tudo parece perdido e sua serenidade e alegria são tão grandes que contagiam e influenciam todos a sua volta.
Isto, senhores, é o verdadeiro poder.
Poder não sobre outros homens e mulheres, mas poder sobre nós mesmos e principalmente, sobre nosso próprio medo, sobre nossas próprias emoções.
Fiquei tão empolgado lembrando do filme que acabei de comprá-lo.
Preciso assistir mais filmes assim. Eles reforçam em mim a convicção de sempre ter confiança no Universo, talvez a mais importante das lições do rosacrucianismo, a qual jamais deve ser esquecida por nós, já que somos os herdeiros desta que é a mais poderosa tradição mística do Ocidente
.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

QUE A BÊNÇÃOS DOS MESTRES E SUA DIVINA INSPIRAÇÃO CHEGUE AOS SEUS CORAÇÕES. FELIZ NATAL A TODOS OS AMIGOS DO IMAGINÁRIO.

sábado, 22 de dezembro de 2012

LIDERANÇA

Os frateres que me conhecem entenderão a abordagem do tema. Para exemplificar a discussão de forma sintética, brilhante e divertida, compartilho com voces uma das mais de mil palestras que se encontram em TED.com, ao qual encaminho os interessados. Espero que a mensagem seja e soe clara para voces como soou para mim.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

UMA SIMPLES MUDANÇA DE PERSPECTIVA


por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD) 


"Novas notícias chegaram sobre os missionários. Eram estrangeiros -  de  que país mesmo, ninguém sabia, tão atrapalhado era o português que falavam - , muito vermelhos , e "estavam  dispostos a fazer uma boa colheita de almas para Deus", no dizer da piedosa D. Antonina. E pregavam,pregavam. Todos os dias , de hora em hora, a partir das duas da tarde , um deles subia ao púlpito e narrava os horrores do inferno, os jardins do paraíso, a miséria da alma em pecado mortal, a traição de Judas, a aflição dos ricos no juízo final, a doçura de sofrer e ser humilhado, o perigo de casar somente no civil, a necessidade de contribuir para as obras pias, a loucura de lidar com maçons e espíritas..."
Contos de Aprendiz, trecho do conto " A salvação da Alma", de Carlos Drummond de Andrade, Companhia das Letras



Bom dia Sóror Lais
Agradeço suas palavras e sua demonstração de confiança. Espero confirmar sua intuição.
Achei seu email tão interessante e com aspectos tão gerais que resolvi responder aqui no blog.
O tema é a relação entre as dificuldades objetivas do mundo material e a prática do rosacrucianismo, tanto na atividade dos corpos afiliados como no âmbito da vida pessoal.
Embora não seja um tema original, é uma questão da maior importância.
Não foi por menos que o frater Lewis dedicou um dos seus primeiros textos rosacruzes ao assunto ( "Princípios Rosacruzes para o Lar e para os Negócios"), pragmaticamente resumindo, e no meu julgamento, esgotando de maneira brilhante a questão.
Veja , são dois os pilares da prática moderna rosacruciana: o uso da palavra sagrada e a prática da Visualização Criativa.
A primeira, por motivos óbvios, não discutirei aqui.
A segunda, no entanto, está tão demonstrada publicamente que não há porque não falarmos dela.
O que percebo é que a técnica da Visualização Criativa é tão radicalmente poderosa e mágica que, não rosacruzes ou membros da rosacruz, a maioria das pessoas que a aprendem não conseguem por a técnica em prática.




O problema sóror não é intelectual. É psicológico antes de ser místico. É difícil e às vêzes impossível crer na informação de que podemos ter tudo e qualquer coisa que desejarmos, bastando manter a imagem clara em nossa mente.
Sofremos todos da mesma patologia mental: por anos fomos condicionados a duvidar de nós mesmos, a nos esquecermos de nosso poder interno, a duvidar das palavras de nosso, como chamamos na terminologia rosacruz, Mestre Interior.



O poder de transcender as limitações materiais depende apenas e tão somente de superar nossa convicção íntima de que isto não é possível. E este é o problema.
Houve época em que a magia era uma prática cercada de rapapés e salamaleques. Isto acabou há dezenas de anos.
Hoje evoluímos nossas técnicas e percebemos que  necessitamos apenas de uma imaginação firme, com pensamentos, para citar Descartes, claros e distintos.
Mente caótica, mundo caótico.
Mente em harmonia, mundo em harmonia.
A identidade entre nossas convicções e os fatos que nos cercam é total e indestrutível.
Não é possível mudar o que está fora sem mudar nossa atitude interior. A prosperidade material depende portanto, para se manifestar, de nos libertarmos do discurso do sacrifício.
Se entendermos que somos Filhos de Deus, verdadeiramente, veremos que nada, absolutamente nada nos será negado desde que seja para o nosso bem e o de todos que nos cercam. Nenhum bem estar, nenhum conforto material, nenhuma riqueza ou fausto deve ser encarado como pecaminoso ou manifestação de materialismo excessivo se visar a consecução da dignidade material a qual todos os homens e mulheres deste mundo têm direito.
Para nós mesmos, a sóror perceberá, não é preciso muito. Para a coletividade que nos cerca, no entanto , podem ser necessários recursos mais amplos, construções mais confortáveis, instalações com mais capacidade de receber os frateres e as sorores com o respeito e bem estar.
Quanto a isto, o tamanho da nossa necessidade, seja ela grande ou pequena, como lembra Frater Lewis em seu antológico texto, não há a mínima diferença.
É preciso entender, e este é o ponto crucial deste texto, que, como dizia Karl Marx no início de "O Capital", "tudo o que é sólido desmancha no ar".
Eu acrescentaria que tudo que parece sólido é apenas a projeção de uma imagem, tão densa quanto fumaça. E pasme sóror, não é o místico que diz isto, mas o físico positivista ortodoxo que estuda o microcosmos, as partículas subatomicas, a chamada física quântica.
Que estas estruturas de baixíssima densidade, quase que uma fumaça, pareçam sólidas, tudo depende de forças magnéticas e de campos de energia que mantém os átomos juntos e numa relação de aparente estabilidade de forma.
Tudo que é sólido, sóror, ou aparentemente sólido, tem a mesma solidez de uma imagem de qualquer filme projetada na tela a nossa frente, no cinema.
Esta é uma informação e um conceito que esbarram com nossas convicções. É possível entender, mas não é fácil aceitar. Porque? Porque cremos que não é assim e não porque não seja assim.
Agora farei a afirmação mais difícil de absorver: são nossas crenças que nos afastam do sucesso e da prosperidade material.
É natural que a sóror ache que estou descrevendo cenários inaceitáveis e absurdos. Para o indivíduo comum entender a física quântica, que não possui nada de mística, embora seja extremamente esotérica, também é quase impossível.
Imagine para aquele que entra na Rosacruz, e lê , logo nas primeiras monografias, que através da visualização mental ele pode realizar ou materializar qualquer desejo, resolver qualquer necessidade.
O neófito poderá até achar fascinante este conceito, mas séculos de maldição bíblica (trabalharás a terra com o suor do teu rosto) virão imediatamente à sua mente e ele dirá consigo: "Lindo, pena que é só uma fantasia." E deixará a questão de lado.
Por isso tantos e tantos estudantes vivem uma condição absurda de penúria física depois de terem recebido a chave de poder: crenças, crenças profundamente arraigadas no subconsciente, crenças que são como bloqueios para a felicidade de qualquer um.
Lembro-me de ouvir a narração de um frater de Niterói, RJ , sobre a gestão de Mestre que tinha realizado, e que, em um ano, havia transformado um Capítulo em uma Loja e erguido um prédio de três andares para abrigar as instalações confortáveis do corpo afiliado. Isto em apenas uma gestão. E a todos que perguntavam qual o segredo para aquele feito milagroso ele respondia surpreso: "Eu só usei o que a Ordem me ensinou e ensina a todos , a Visualização Criativa".
Eu mesmo usei a técnica aqui no Capítulo Suzano, na minha cidade, quando estive na função de Mestre do Capítulo.
É isto. Para quem domina a técnica , toda a realização, por mais miraculosa que pareça, é apenas banal.
Por que sóror, para ser sintético, a técnica funciona.
Já a utilizei na minha vida pessoal N vezes. Ela me ajudou a conseguir a minha casa, a construir a minha biblioteca, a mudar de qualidade de vida, de emprego e de cidade. Me ajuda todo dia a achar coisas que perco. Já me ajudou a recuperar um carro furtado, em perfeito estado, três dias depois do fato ocorrido.
Portanto, quando falo que o que nos impede de conseguir a prosperidade são as crenças, não é uma crença minha saber que esta técnica funciona, mas sim a experiência.
Como qualquer rosacruz deve fazer, experimentei a técnica e hoje, se sei que ela funciona, sei porque vi a técnica funcionando, não uma, mas várias vêzes.
Se a sóror colocar um DVD e não gostar do filme, trocará o DVD por outro mais agradável.
A vida que vivemos é como o filme que colocamos para assistir em nossa casa. Se quisermos mudá-la, basta que o façamos. Não pelo esforço físico e intelectual apenas, mas com tudo isso a reboque de nossa visualização criativa.
É a visualização que arranjará os átomos a nossa volta de forma que a imagem que nos cerca mude completamente, como se trocássemos um DVD e mudássemos o tipo de filme que assistimos.
Todo o resto, sóror, problemas de relacionamento administrativo, dificuldades materiais do corpo afiliado, tudo desaparecerá "como num passe de mágica", e as bênçãos sobre voce e o corpo afiliado "cairão do céu", de maneira intensa e contínua.
Não há nada mais poderoso do que a Visualização. Acredite. É a mais pura verdade e a mais difícil das iniciações.
Faço votos que voce consiga mudar sua perspectiva dos problemas.
Apenas esta mudança, às vêzes, é o suficiente.
Agradeço o contato e estarei sempre a disposição para um bate papo.
Paz profunda

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O QUE DIZ A CANÇÃO QUE SOA NESTE SILÊNCIO?


por Mario Sales, FRC, Gr.:18-Gr. do C.:R.:C.:; SI (membro do CFD)

 
Por definição, eu sou um intelectual, um teórico, alguém afeito aos textos e às interpretações destes textos. O pensamento do intelectual se alimenta de informações, dados e conceitos que ele articula com o intuito de descrever panoramas e paisagens do mundo que o cerca de acordo com seus pressupostos de base.
Sim, pré-supostos, prévias suposições, pois, como lembrava Kant, todos nós partimos de ideias a priori, convicções que nos levam a traçar um caminho de forma peculiar, particular e única, em meio as informações e aos fatos que estão a disposição de todos.
Mesmo terreno, mesmo relevo, estratégias de caminhada diferentes.
Contemplando a realidade, os pensadores acabam, não por descrevê-la com fidelidade, mas sim por interpretá-la.
Toda descrição é uma interpretação. A interpretação possível diante das nossas limitações de percepção e capacidade de compreensão.
Embora a ciência positivista nos fale de conhecimento fundamentado em fatos, nem toda fundamentação existente pode livrar o homem de ciência da intromissão indesejada, mas inexorável, inevitável, da subjetividade.
Assim, belos discursos muitas vezes ocultam apaixonadas convicções, não tão belas. A lógica se oferece como auxiliar tanto os bons quanto para os maus.
Posso argumentar com precisão e coerência a favor ou contra a tirania, dependendo de minhas convicções, as quais estão lá, a priori, dentro de mim, antes do discurso, antes da argumentação.
Os campos de concentração nazistas de Auschwitz-Birkenau são um exemplo da lógica e da organização a serviço do mal, da destruição e da morte.
Por isso o intelecto é chamado de “A Falsa Luz”, aquela que brilha sem calor e sem vida, a luz artificial.
Os valores espirituais, entretanto, são mais profundos e confiáveis, e muitas vezes geram discursos óbvios, aparentemente sem nenhuma originalidade, mas refletem uma realidade muito mais confiável e estável que as miríades caleidoscópicas do intelecto.
Portanto, é preciso ter cuidado com o intelecto, principalmente quando se é um intelectual.
É preciso não se deixar arrastar pelo Ego e não se fascinar pela própria eloquência, confundindo a lógica interna de um discurso com a realidade a qual ela se refere.
Há muito tempo superei esta ilusão.
Mantenho meu discurso na coleira da espiritualidade, e embora ele ladre e rosne às vezes, está sob o controle desta.
Não tenho mais o prazer que tinha quando jovem da polêmica pela polêmica, de discutir exaustivamente sobre qualquer coisa apenas por exercício. Se me empenho em um debate isto tem a ver com motivos mais elevados, a defesa de valores espirituais ou morais, mas não opiniões pessoais.
Não me importo com a vitória ou a derrota em contendas orais, à semelhança do que acontecia na Ágora de Atenas com os debates entre mestres da Sofística. Nada disso, hoje em dia, me atrai ou me dá prazer.
Aliás, não busco o prazer na existência, mas a serenidade, este bem tão precioso quando difícil de ser preservado.
Às vezes, a serenidade lembra a água que enche nossas mãos, na pia, enquanto fazemos nossa higiene matinal, e que nos ajuda a lavar o rosto, mas, ao mesmo tempo escorre pelos dedos. Para que consigamos nos refrescar e terminar as abluções, enchemos as mãos mais de uma vez no fluxo de água da torneira, e a água torna a escorrer e a escapar de nós, por mais que façamos para retê-la.
A verdade é que o frescor da água é diretamente proporcional ao seu fluxo e se a água que colocamos nas mãos não escorresse e não fosse substituída por outra porção mais fresca, seu efeito benéfico e agradável se esmaeceria em pouco tempo. A água , quando estagnada, tende a perder seu vigor e apodrece.
O espírito é fluido e ágil e o intelecto, mecânico e lento. O espírito plana e voa no espaço e o intelecto precisa do solo para se deslocar. O intelecto se apoia em alguma coisa que ele chama sólida enquanto o espírito e as coisas do espírito flutuam.
Só que sou um espiritualista ocidental, mergulhado até os cabelos nas paixões do dia a dia, com responsabilidades profissionais e familiares, sujeito às demandas da natureza humana.
A busca da serenidade para mim como para muitos místicos modernos é feita em meio ao burburinho das modernas praças do mercado, conhecidas hoje como praça de alimentação de um shopping center, ou no meio do trânsito sempre caótico das cidades, por menores que sejam.
E como não sou um místico oriental nem estou afastado das atribulações diárias dentro de um mosteiro, protegido das aflições humanas e do convívio social por muros de pedra e jardins de isolamento, estou também sujeito às mesmas paixões que estes meus companheiros de jornada.
Vivo, como lembra o martinismo, as dualidades da vida mundana. Por isso meu discurso, embora preso na coleira da espiritualidade, às vêzes ladra, late alto, para temor de alguns e susto de outros.
São resquícios da paixão em mim, a qual não me embaraça, já que sou um ser humano como qualquer outro, cuja humanidade manifesta-se exatamente nestes momentos de emoção e sentimento, emoção e sentimento estes que resvalam para o discurso e para a argumentação.
Mas não me orgulho disso, nem uso tais acontecimentos como sinais de perfeição. Pelo contrário, embora releve e compreenda a mim mesmo por ser um homem comum, minha vista olha para o alto da montanha e minha ambição é subir mais e mais e não ficar aqui, na planície, contendo com algum esforço minha besta fera na coleira.
Há pessoas que se orgulham dessas paixões. Confundem evolução espiritual com heroísmo, força física, honra.
Não é a toa que vejo entre místicos rosacruzes e maçons um certo fascínio romântico e fantasioso pelos templários, suas espadas e sua época histórica, como se os místicos de hoje pudessem, com facilidade, ao menos levantar o espadagão que eles carregavam, ou suportarem mesmo que por poucos minutos, o ambiente grosseiro e altamente violento das escaramuças dos cruzados com assaltantes de estrada ou com muçulmanos na disputa militar pela posse da cidade santa.
O fato é que aquele mundo, aquela época, que invade o imaginário de alguns esoteristas hoje em dia, para ser franco, caracterizou-se pela barbárie e pela carnificina. Não havia nada de nobre ou romântico em sentir o ferro entrar na própria carne, enquanto as roupas pesadas e quentes abafavam um ferimento que, se não causasse morte imediata, via de regra infeccionava, e lentamente, não imediatamente, após dias de febre, levaria a vítima a um quadro de agonia e morte.
Eram outros tempos e se nos filmes tudo parece nobre, heróico e inspirador, acreditem, a história real era outra.
O místico ocidental se identifica com heróis violentos, em parte porque vive em um mundo violento, mas em parte também porque, além disso, vive uma ilusão de civilização e harmonia, que desaparece após um simples assalto, coisa tão comum em cidades modernas.
Mesmo assim, a violência em nossa área do planeta é exponencialmente menor do que naquela idade média olhada às vêzes com suspiros e admiração pelos de imaginação fértil.
Em outras áreas, no entanto, Oriente Médio, Síria, Mongólia, e mesmo no México com a guerra dos cartéis do tráfico de drogas, a vida humana vale muito pouco e a violência continua igual aquela das cruzadas.
Por causa das comunicações, mesmo que não estejamos nesses locais, participamos através das informações que nos chegam, em tempo real, desses eventos.
E é em meio a este caos social que vamos tentar como místicos modernos encontrar serenidade. Não a serenidade do mundo, pois o mundo não é sereno nem nunca será, mas a serenidade possível dentro de nós, a qual uma vez encontrada e desfrutada, é como a água bíblica que nos liberta de toda a sede para todo o sempre.
Não, não somos templários, nem queremos ser. Queremos a nobreza e a beleza das armaduras e das espadas, mas não o seu peso ou seu desconforto. Queremos parecer heróicos, mas não queremos sentir a dor do metal a nos cortar a carne. Mas porque somos ocidentais, como crianças, cremos em nossa imaginação que esta nobreza é possível sem dor. Estas fantasias são apenas o produto da paixão em nós, que produz o erro de interpretação, e nos leva a fazer sacrifícios ao Bezerro de Ouro.
O interior, o espírito em nós, é muito distante, difícil de visualizar. Armaduras e espadas, orgulho, discursos eloquentes, estes podemos compreender e tocar, podemos escutar.
A Voz do Silêncio, por sua vez, é quase inaudível. Precisamos de muita quietude e o barulho a nossa volta é ensurdecedor.
Isto tudo que vemos, na verdade, não está fora de nós. É projetado para fora de nós, é criado por nossa vontade e por nossas convicções, nossos pressupostos, nossas idéias de mundo. Até o ruído que ouvimos é, em verdade, nosso próprio ruído.
Precisamos usar a técnica mística para, ocidentais ou orientais, aqui isto não é importante, aquietar nosso interior. Precisamos todos aquietar nossa mente. Precisamos todos fazer Yoga. Patanjali dizia que Yoga Chitta Vritti Nirodah, ou seja, a União com o Todo só é possível com a cessação do turbilhão mental.
A Mente é a causa do Caos, em nós e fora de nós.
A Mente gera o Ego. A Mente gera o intelecto. A Mente mente para nós, todo o tempo, e nos ilude. Vivemos esta mentira de forma consciente ou inconsciente e o grau de nossa perfeição espiritual será tão grande quanto o grau de consciência que tenhamos deste estado ilusório.
Uma das Ilusões mais constantes em qualquer ser Humano é o Medo. O Medo gera a Desconfiança, a Desconfiança gera a Violência, a Violência gera o Ódio, e o Ódio leva ao lado escuro da Força.
Precisamos aumentar nossa paz interior e para isso, precisamos parar de sentir Medo, o Medo que nos lança uns contra os outros, como se fossemos inimigos, como se fossemos muçulmanos e cruzados em disputa por uma Jerusalém Imaginada.
Estamos todos em busca da mesma Jerusalém, estamos todos lutando contra o mesmo inimigo, o Medo, a Desconfiança, e para vencê-lo precisamos olhar para dentro de nosso próprio coração. Lá encontraremos a Verdadeira Jerusalém, que se chama Serenidade, e nos libertaremos do ataque do Inimigo.
Em nenhum momento esta busca, este esforço, será percebido por outra pessoa, senão por nós mesmos.
Todos lutamos uma luta íntima contra nossa própria besta fera que quer sair e morder aqueles que achamos que nos ameaçam. Nada nos ameaça, a não ser nosso próprio Medo.
Não são os debates intelectuais que nos levarão ao coração, não são as discussões e as argumentações que nos revelarão a verdade.
A Verdade, a Serenidade, o Cálice Sagrado está dentro de nós e só se materializa aos nossos olhos pelo silêncio da língua, da mente e principalmente do coração.
Se infelizmente alguns rosacruzes acham que a Grande Loja os ameaça e a combatem, por meios inclusive jurídicos, apenas lutam contra seus próprios fantasmas, seus próprios moinhos de vento.
O inimigo não está fora de nós.
Nosso orgulho, nossa incapacidade de admitir nossos equívocos com humildade prolonga nosso sofrimento e nossa dor, como um ferimento de espada infeccionado numa época sem antibióticos.
Isto vale para todos, maçons, martinistas, rosacruzes, em cargos administrativos ou fora deles.
Precisamos todos olhar para dentro, olhar para o coração, resgatar nossa serenidade e transcender o Medo.
Estamos todos no mesmo barco. Estamos todos juntos.
O que importa não são os discursos, mas o que vai no coração de quem fala, de quem argumenta.
Se somos realmente Iniciados, saberemos usar nossa sensibilidade e responder a questão: "O que está por trás destas palavras? O que diz a canção que soa neste silêncio?"
Em um relacionamento realmente proveitoso, místico e profundo, estas são as únicas questões que realmente importam.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

AQUILO AO QUE DEVEMOS ESTAR ATENTOS


Por Mario Sales,75939PM

OS ARTESÃOS DA SP2

Abadia Caparelli em Uberlândia,MG;Reginaldo Leite (in memorian), Diva Ogeda(in memorian), Amadeu em Uberaba,MG;Maria Moura(in memorian); Newton Judice, Rosangela e Reni do Capítulo Campos dos Goytacazes,Rio de Janeiro; todos os membros do antigo capítulo Meier, Rio de Janeiro,hoje Loja Méier; Pedro Freire e Carlos Alberto(in memorian) e todos os membros da Loja Rio de Janeiro, na Tijuca, no Rio; meu querido Eduardão e seu filho Renato, a saudosa sóror Dinorah(in memorian),a família Saito, Agostinho, Luciano, Zé Maria e D. Lidia, nossa decana, todos do capítulo Suzano, São Paulo; os amigos do Capítulo São Miguel Paulista, Eduardo Vilão, Mario de Borba, e o Edson , que tem um pé lá e outro cá; os Guzzi, os Lozzano, os Hackmey, o Marcio e a Roni, Lourdes Lescano, Flavio,o amigo teósofo, a família Aguiar, todos da Loja e da Heptada Guarulhos; 

Os artesãos de Recife

a família Canalli e Cipriano, Maria e Tatiana, do capítulo Mogi das Cruzes; os Irmãos de Atibaia, Francisco e Cristina e todos os membros do pronaos, e as dezenas de irmãos e irmãs dos cursos da Morada do Silencio, bem como seus administradores, sóror Maria José, frater Avelino e sóror Celi;a simpática e prestativa sóror Vivian, do Museu Rosacruz, em Curitiba; meu querido e recente amigo e irmão Marcelo Sobral do Recife, mestre da classe de Artesãos de lá, bem como frater Antonio de la Maria.


Reginaldo Leite e sóror Joce, na Morada, este ano.

Isto, para mim, é a AMORC real. Pessoas, sentimentos, desejos, um relacionamento fraterno e humano, intransferível, irreprodutível, sempre original. A isto devemos estar sempre atentos. Este deve ser sempre o nosso foco.
Os rosacruzes são pessoas, devem ser administrados como se administra pessoas. Com carinho, com atenção, sabendo ouvir, sem pressa. Não somos uma empresa, somos uma fraternidade.
Isto não deve ser esquecido.
Pelo bem da Ordem e por tudo que Spencer Lewis sonhou, quase 100 anos atrás.

domingo, 9 de dezembro de 2012

CARTAS ROSACRUZES


pesquisa de Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)

"Durante a vida terrestre estamos rodeados de perigos e é bem pequeno o nosso poder de defesa. Os corpos materiais nos encadeiam ao reino do sensível e mil tentações nos assaltam todos os dias. Sem a reação do espírito a natureza animal afundaria o homem na sensualidade. Todavia, este contato com o sensível é necessário: proporciona a força que o faz progredir. O poder da vontade o eleva; e aquele que identifica a sua vontade com a vontade de Deus pode, durante a vida na terra, chegar à espiritualidade que lhe concede a contemplação e compreensão da sua unidade no reino da inteligência. Tal homem pode realizar o que quiser porque, unido com o Deus Universal, todos os poderes da natureza são seus poderes e nele se manifestarão a harmonia e a unidade do Todo. Então, vivendo no eterno, não está sujeito às condições do espaço e do tempo, participa do poder de Deus sobre todos os elementos e poderes do mundo visível e invisível e tem a consciência do eterno.
- Dirige todos os teus esforços no cultivo da tenra planta da virtude que cresce em teu seio. Purifica tua vontade e não permitas que as ilusões dos sentidos te alucinem. A cada passo que deres na senda da vida eterna, encontrarás um ar mais puro, uma vida nova, uma luz mais clara e, em proporção à ascensão para o alto, aumentará o teu horizonte mental."

In Cartas Rosacruzes, Carta I, SABEDORIA DIVINA http://www.fraternidaderosacruz.org/cartasrc1.htm


Este belíssimo trecho acima é das Cartas Rosacruzes, documento citado pelo nosso colaborador eventual, cujo pseudônimo é Frater AEC. São sete belas cartas, com os títulos de SABEDORIA DIVINA ; O MEIO PRÁTICO DE ALCANÇAR A LUZ; VERDADE ABSOLUTA E RELATIVA; A DOUTRINA SECRETA; OS ADEPTOS; EXPERIÊNCIAS PESSOAIS e OS IRMÃOS.

Diz o site da Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, que "dotadas de singular eloqüência e elevado misticismo, tais Cartas são adotadas por diversas Escolas Rosacruzes. Remontam ao século XVIII, e foram publicadas nos Vols. 8 e 9 do periódico "The Theosophist", editado pela Sociedade Teosófica, assinadas por F.H. e H., no caso da sétima e última carta. É referido que a sexta carta teria sido remetida a Eckartshausen, martinista e autor do célebre livro "A Núvem Sobre o Santuário". Segundo A.E.Waite[1], foram reimpressas num periódico americano, com as iniciais F.H. e H. suprimidas, sendo toda a série atribuída a Eckartshausen, que teria escrito-as entre 1792 e 1801. Proclama-se que elas teriam sido traduzidas do Espanhol. Segundo A.E. Waite, "as iniciais sugerem obvilmente a mão do Dr. Franz Hartmann"[2].

Franz Hartman

Tais Cartas se popularizaram através da revista "Rays from Rose Cross", editada pela "The Rosicrucian Fellowship"; posteriormente foi publicada como apêndice do livro "A Maçonaria e o Catolicismo", de Max Heindel, editado em vários idiomas. 




A presente tradução é atribuída a Francisco Phellip Preuss, e consta na primeira edição de "Maçonaria e Catolicismo", publicada no Brasil pela Fraternidade Rosacruz Max Heindel, em 1959. Foi revisada pela Irmã  Probacionista Ruth Coelho Monteiro, da Fraternidade Rosacruz Max Heindel, em São Paulo.
Enfim, são textos de rara profundidade que valem pela sua densidade e trazem em si o sinal que as identifica como textos autorizados pela Fraternidade Branca.
Abaixo uma breve nota biográfica sobre Max Heindel,o fundador da Fraternidade Rosacruz e discípulo do teósofo dissidente Rudolph Steiner.


Max Heindel



Max Heindel, nascido Carl Louis Fredrik Graßhoff (Aarhus, Dinamarca; 23 de Julho de 1865Oceanside, Califórnia, 6 de Janeiro de 1919), foi um ocultista,astrólogo e místico cristão dinamarquês de origem alemã, radicado nos Estados Unidos. Entre os estudantes dos seus ensinamentos é reconhecido como o maior místico do século XX no ocidente. Max Heindel nasceu na família real dos Von Grasshofs, que estavam ligados à Corte Germânica durante a vida do Princípe Bismark. O seu pai, François L. von Grasshoff, emigrou, ainda em jovem, para Copenhague, Dinamarca, onde casou com uma mulher da nobreza dinamarquesa. Tiveram dois filhos e uma filha. O mais velho destes filhos era Carl Louis von Grasshof, que viria mais tarde a adoptar o nome "Max Heindel", quando de sua imigração para os Estados Unidos. O seu pai faleceu quando Max Heindel tinha seis anos de idade, deixando a mãe com três filhos pequenos e em circunstâncias muito difícies. A sua infância foi vivida numa pobreza remediada, sendo que a sua mãe fazia um grande sacrifício para que o pequeno rendimento que tinha chegasse para proporcionar tutores privados aos seus filhos e sua filha. Era sua intenção dar-lhes uma educação apropriada para que estes pudessem, um dia mais tarde, ocupar o seu lugar por direito de nascença como membros da nobreza. Aos dezesseis anos, recusando um futuro que se previa entre a classe da nobreza, deixou a casa materna para entrar nos estaleiros navais de Glasgow, naEscócia, e aí aprender a profissão de engenharia. Cedo foi escolhido para Engenheiro Chefe de um navio comercial, posição que o levou a viagens por todo o mundo e lhe proporcionou uma grande conhecimento acerca do mundo e dos seus povos. Posteriormente, durante alguns anos foi Engenheiro Chefe de um dos maiores navios a vapor de passageiros da Cunard Line, que fazia a travessia entre a América e a Europa. De 1895 a 1901 tornou-se engenheiro consultor emNova Iorque, embora não tivesse êxito, e durante este tempo teve um casamento efêmero, que terminaria com a morte de sua esposa, em 1905. Deste casamento nasceram um filho e duas filhas.


Max Heindel mudou-se para Los Angeles, Califórnia, em 1903, para procurar trabalho. Entretanto, devido ao sofrimento durante a sua dura infância, que inclusive lhe trouxe problemas de saúde que nunca ficaram sarados, e a acontecimentos infelizes na sua vida recente, começou nesta altura a crescer em seu íntimo a necessidade de compreender as causas dos sofrimentos da humanidade. Nesta fase de sua vida interessou-se pelo estudo da metafísica e, após ter presenciado um conjunto de palestras pelo teosofista C.W. Leadbeater, juntou-se à Sociedade Teosófica de Los Angeles, da qual foi vice-presidente em 1904 e1905. Tornou-se também vegetariano e iniciou o estudo da astrologia, tendo descoberto nela a chave com a qual conseguia desvendar os mistérios na natureza interna do homem. Nesta altura conheceu Augusta Foss que se interessava também por linhas similares de pesquisa e pela astrologia; ela viria a ser a sua futura esposa. Contudo, a sobrecarga de trabalho neste período e privações por que passava trouxeram-lhe um problema cardíaco severo que durante meses o colocou entre a vida e a morte. Após a recuperação verificou que se encontrava mais sensível do que nunca às necessidades da humanidade. Diz-se que durante este período em que se encontrava internado, terá passado a maior parte do tempo fora do corpo, procurando e trabalhando conscientemente nos planos invisíveis.


De 1906 a 1907 começou, por iniciativa própria, um conjunto de conferências para divulgar o seu conhecimento do oculto. Estas conferências inciaram-se primeiro em São Francisco e depois na parte norte dos Estados Unidos em Seattle. Após uma série de conferências nesta última cidade, foi novamente forçado a passar algum tempo no hospital com novo problema cardíaco. Mesmo assim, quando ainda em recuperação, continuou o seu trabalho de conferências na parte noroeste do país.


[No Outono de 1907, durante um período de conferências de bastante sucesso, viajou para a Berlim, Alemanha com a sua amiga Alma von Brandis, que durante vários meses o tentava persuadir para assistir a um ciclo de conferências de um professor do oculto chamado Rudolf Steiner. Durante a sua estadia na Alemanha, Heindel nutriu uma grande estima pela personalidade deste conferencista, conforme mais tarde o expressa numa dedicatória da sua obra magna, mas simultaneamente entendeu que este professor tinha pouco para lhe oferecer. Foi então, já decidido em sua mente a retornar e desiludido por haver parado o trabalho de sucesso que se encontrava a desenvolver na América para poder fazer esta viagem, que Heindel reporta haver sido visitado por um Ser Espiritual (envolvido no corpo vital). Este suposto Ser identifica-se posteriormente como um Irmão Maior da Ordem Rosacruz. Conforme Heindel posteriormente menciona, este Irmão Maior facultou-lhe informação concisa e lógica que estava para além do que ele seria capaz de escrever. Mais tarde soube que durante a visita anterior ele foi colocado, sem o disso ter noção, perante um teste para determinar o seu mérito para ser mensageiro dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Ele conta que apenas após este teste lhe terá sido dada instrução de como alcançar o Templo etérico da Rosa Cruz, na Baviera, próximo à fronteira com a Boémia, e neste Templo Max Heindel teria estado em comunicação directa e sob instrução pessoal dos Irmãos Maiores da Ordem Rosa Cruz. A Ordem Rosacruz é descrita como sendo composta por doze Imãos Maiores, reunidos em torno de um décimo terceiro que é a Cabeça invisível da Ordem. Estes grandes Adeptos, pertencentes à evolução humana mas havendo avançado muito para além do ciclo do renascimento, são descritos como pertencedo ao conjunto de exaltados Seres que guiam a evolução da humanidade, os Seres Compassivos.


fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Heindel












[1] Arthur Edward Waite (2 DE OUTUBRO DE 1857- 19 DE MAIO DE 1942) foi um místico que escreveu e estudou intensamente os assuntos do oculto e o mundo esotérico, e foi fundamentalmente o co-criador do baralho de cartas de Tarot intitulado Rider-Waite. Tal como o seu biógrafo referiu em tempos, R.A. Gilbert que "o nome de Waite sobreviveu ao longo dos tempos, visto que ele foi o primeiro a arriscar o seu estudo sobre o ocultismo do Ocidente. Waite foi um prolífico autor com muitos dos seus trabalhos a serem reconhecidos nos círculos académicos. Escreveu textos sobre o Oculto de variados temas tais como adivinhação, esoterismo, Rosacrucianismo, Maçonaria , Magia negra e Magia cerimonial, Cabala e Alquimia; Também traduziu e reeditou importantes trabalhos de outros autores relacionados com os mesmos temas. Os seus trabalhos mais notáveis destacam-se na obra sobre o Graaal Sagrado, influenciado pelo sua amizade com Arthur Machen. Embora a edição dos seus livros ainda não estejam na língua portuguesa, referência-se os seguintes volumes: the Book of Ceremonial Magic (1911), The Holy Kabbalah (1929), A New Encyclopedia of Freemasonry (1921), e a sua tradução editada da Transcendental Magic, its Doctrine and Ritual (1896), de Eliphas Levi.

[2] Franz Hartmann (1838-1912) foi um célebre escritor teósofo e médico alemão, estudioso das doutrinas de Paracelso, Jakob Boheme e a Tradição Rosacruz. Foi discípulo de Helena Blavatsky na Índia. Posteriormente fundou a Sociedade Teosófica na Alemanha em 1896. Traduziu o Bhagavad Gita em alemão e escreveu numerosos artigos na sua revista Lotusblüten ( Flor de Lótus). Tentou estabelecer um mosteiro teosófico na cidade alemã Kempten, tal como relata na sua obra "Aventura na mansão dos adeptos rosacruzes". Participou em vários grupos ocultistas como a Ordo Templi Orienti e o Rito de Menphis e Mizrain da Maçonaria. Nos seus últimos anos de vida, estudou também as doutrinas de Guido Von List.

UM TESTE DE LEALDADE


por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD) 



"O lema que muitos amorquianos bradam batendo no peito "A mais ampla tolerância na mais irrestrita independência" é puramente teórico, pois em toda história da AMORC ela nunca aceitou qualquer tipo de movimento ou grupos de membros que pudessem tirar o poder centralizador das Grandes Lojas. Você preferiu abdicar do espírito incansável de busca rosacruz e acatar a ordem, eu me afastei e busco cada vez mais o espírito rosacruz que encontramos nos 3 manifestos R+C como nas Cartas Rosacruzes. O verdadeiro rosacrucianismo está muito além de uma organização que dita o que os membros podem ou não fazer... FRATER AEC"

"Não tentes estudar a mais elevada de todas as ciências se, de antemão, não resolvestes entrar na via da virtude; os incapazes de sentir a verdade não compreenderão minhas palavras. Só os que entram no reino de Deus podem compreender os mistérios divinos e aprender a verdade e sabedoria, na medida da sua capacidade para receber a luz divina da verdade. Aqueles que se guiam unicamente pela luz da inteligência não compreendem os mistérios divinos da natureza; as suas almas não podem ouvir as palavras que a luz pronuncia. Mas aquele que abandona o próprio eu pessoal pode conhecer a verdade. "  In Cartas Rosacruzes, Carta I, SABEDORIA DIVINA http://www.fraternidaderosacruz.org/cartasrc1.htm

Este comentário me chegou agora há pouco, referindo-se ao cancelamento e desativação por instrução do Grande Mestre da iniciativa e do site da Teia de Indra, proposta como um canal para contato direto entre os artesãos e o próprio GM. A pessoa que se identifica por este pseudônimo é um velho colaborador do blog, leitor atento e crítico, como é de se esperar de uma pessoa inteligente. Tivemos um interessante e instigante debate há um ano atrás, se bem me lembro, que foi uma das mais estimulantes momentos do blog, pelo que agradeço ao irmão esoterista. 
E agradeço também por me mandar este comentário de forma que, ao respondê-lo, eu possa elaborar meu luto pela minha idéia, e minhas reflexões sobre meu relacionamento com a Instituição Rosacruz através de sua manifestação organizacional mais difundida, a AMORC. 
Eu não sei quanto ao frater, mas eu tenho dificuldade em reagir a golpes muito fortes no momento em que eles acontecem. Por isso estes dias imediatamente após o acontecido, eu tenho estado recluso e pensativo, ouvindo conselhos de pessoas que eu respeito, como minha esposa, que é uma alma particularmente diferenciada e de uma bondade intensa, e relembrando com tristeza a ausência de meu mestre de Cabala e de Rosacrucianismo, Frater Reginaldo, que nos deixou subitamente este ano, que comungava comigo suas queixas e com quem eu dividia as minhas, sobre os rumos que AMORC tem tomado ao longo dos anos. Ele também se revoltava com o que considerava "lentidão de decisões", conservadorismo administrativo, e outros aspectos como a deficiência de conhecimento rosacruciano que detectava em membros da hierarquia da Ordem. Quanto a isto, sua solidão devia ser imensa e homens como ele tinham a autoridade necessária para manifestar esta insatisfação, já que em matéria de esoterismo e de conhecimento sobre o rosacrucianismo, de todas as épocas, nem eu, nem muitos entre nós, com certeza a maioria, não era digno de desatar-lhe as sandálias, sem exagero. E o que nos unia não era nossa equivalência em conhecimento, porque como já disse, tratava-se de um gigante, mas o afeto. Mestre Reginaldo tinha por mim grande carinho e amizade, que era em tudo e por tudo retribuída, e no fundo do meu coração eu o considerava muito mais que meu mestre, meu irmão rosacruciano. Havia, frater AEC, um relacionamento de confiança entre nós, que fazia com que ele tivesse me apelidado de "seu fiel depositário", aquele que guardaria, como guardo, uma cópia de seus arquivos, caso acontecesse, dizia ele em tom profético, alguma intercorrência. 
Quando Frater Helio me pediu que desativasse o site a sensação que tive foi de solidão e desalento, e por isso senti mais forte a falta que a amizade presente de Reginaldo de faz. 
Cumpri a solicitação do GM sem discutir porque penso como oficial e não como membro, e como ex mestre de Capítulo, ex-Mestre da Heptada Martinista da Região e ex-Monitor Regional comporto-me até hoje da mesma maneira como me comportaria caso ainda exercesse um cargo dessa natureza. É como se aqueles que foram tenentes jamais pudessem voltar a ser soldados, pensar como soldados, agir como soldados. 
Não cumprir a solicitação de meu Grande Mestre seria como um ato de rebeldia adolescente, como alguém que não entendesse a necessidade da Hierarquia e da Existência da Autoridade, a mesma Autoridade que não é dada a ninguém por acidente, seja em que aspecto analisemos este fato. 
Hoje mesmo eu refletia sobre o acontecido e concluía que, embora continue achando que os Artesãos necessitam de um canal direto com o Grande Mestre, e que o próprio Grande Mestre se beneficiaria deste contato podendo com isso sentir o pulso da Ordem de modo mais preciso do que através apenas do relatório de seus Grandes Conselheiros; embora continue achando que estamos léguas atrasados em termos de utilização da informática como meio de aumentar os vínculos da fraternidade; embora achando ainda que a Internet não é uma potencial inimiga do esoterismo, mas sua aliada, e que tentar controlar as manifestações dos rosacruzes de AMORC na Internet e restringi-los a um único site é como tentar segurar o vento com as mãos; minha tristeza pela dissolução do site da Teia de Indra tem em parte algo a ver com minha própria vaidade pessoal, com minha noção particular de EGO, e não apenas com o encerramento de um grande projeto ainda no nascedouro. 
Eu ficaria imensamente feliz, mas também envaidecido que uma idéia minha fosse tomada a cabo pela Ordem e transformada em um projeto global. A Internet permite, a meu ver que os Artesãos cumpram sua missão de serem conselheiros em tempo real de seu Grande Mestre, criando uma mente coletiva que se bem administrada aceleraria o acesso a uma sem número de intuições que chegam a cada um desses homens e mulheres pertencentes a Elite da AMORC. 
Mas a idéia foi desautorizada e senti, mal comparando, como se fosse o próprio Abraão, recebendo ordem de seu Deus de matar o próprio e único filho, como prova de sua fé. Só que neste episódio, não houve anjo algum que viesse segurar a mão do devoto enlouquecido por tamanha lealdade à fonte de sua fé e de seu comportamento. Nada aconteceu que impedisse tal fato, o qual foi para mim que o elaborei e nele me empenhei por tantos meses, desastroso. 
Pelo contrário, embora eu recebesse comentários solidários de membros da Ordem no Nordeste e no Sul, da Bahia e de Santa Catarina, passei pela experiência de ver uma sóror pela qual tenho grande carinho, artesã, como eu, "curtir" no facebook a notícia do final da "TEIA". 
É justamente diante da importância que dou ao ocorrido, meu caro Frater AEC, que considero agora este acontecimento um teste de lealdade. 
E acredito que eu tenha sido bem sucedido neste teste, como artesão e como rosacruz. 
Porque como eu disse ao Grande Mestre, frater, e repito a voce agora, o que importa verdadeiramente não sou eu e nem mesmo o Grande Mestre, enquanto indivíduo social, mas a Ordem. Só a vaidade poderia me levar a entrar em rota de colisão com a AMORC por causa deste evento. 
Se tenho minhas próprias opiniões acerca de como a AMORC deveria conduzir seus assuntos, se tenho sugestões a dar ao Grande Mestre como artesão, se tenho idéias que intuo e retransmito a ele sob a forma de cartas ou emails, não faço mais do que cumprir meu papel como Artesão. Apenas retransmito o que o Cósmico me dá e mesmo aqueles que acham, aqui na minha comunidade rosacruz local, que ao repassar e publicar minhas opiniões estou sendo inadequado ou indisciplinado ou mesmo artífice de uma conspiração respondo que, na verdade, conspira contra a Ordem aqueles que se acomodam e que se negam a contribuir com idéias para que as decisões do GM possam ser mais ricas e produtivas para AMORC. 
Em última instância, a responsabilidade das decisões administrativas da Grande Loja de Língua Portuguesa recaem sobre as suas costas e, cada decisão que ele toma não visa contemplar apenas a árvore, mas sim toda a floresta. É só a vaidade e o orgulho que fazem alguém supor que é mais importante que outros e quanto a isso não tenho ilusões. Eu sou apenas o 75939 PM, um membro a mais, entre milhares de outros, e todos precisariam ter a noção clara de que isso não implica ser menor do que ninguém, mas muito menos os torna melhor que qualquer um. 
Confesso que pensei em abandonar a Ordem depois do ocorrido. Só que como minha esposa lembrou, isso não é possível já que eu não estou na AMORC, mas é AMORC que está dentro de mim. 
Amo esta organização à qual pertenço há dezenas de anos, e talvez já tenha pertencido em outras existências. 
Sei exatamente o que fazer dentro dela, e não saberia o que fazer fora dela. 
Minhas opiniões são apenas isto, minhas posições entre centenas de posições, de centenas de pessoas que acham, como eu acho, que estão fazendo o melhor pela Ordem ao fazerem ou dizerem o que fazem ou dizem. 
Com certeza, meu bom frater, voce está certo ao questionar a validade deste lema "a mais perfeita liberdade na mais completa tolerância" que Parucker gostava de repetir quando ocupava o cargo de Grande Mestre. 
Tal situação é impraticável do ponto de vista administrativo ou mesmo social. Talvez o que falte seja acrescentar uma palavra singela, mais estratégica, ao lema. 
E esta palavra é a palavra "possível". 
Assim, teríamos algo muito mais realista, ao gosto do próprio Espinoza, com o qual concordo, que jamais acreditou na Liberdade, muito menos no livre arbítrio como fenômenos realizáveis em sua plenitude. 
Sempre existem restrições, Frater AEC, sempre existirão limitações a nossa vontade, quer queiramos ou não. E isto é assim mesmo, é assim que as forças sociais e psicológicas interagem, seja nas grandes guerras, seja nos grandes debates, seja nos embates político partidários, já que "vivemos num mundo tumultuoso, em constante transformação". 
Somos forças entre outras forças, dentro da visão mais realista "da mais perfeita liberdade possível na mais completa tolerância possível". 
E assim, se o Grande Mestre não acredita que a "Teia de Indra" pudesse lhe auxiliar a ter um contato mais pessoal com todos os artesãos daqui até a África e Portugal, paciência. 
Cumpri minha obrigação como artesão e lhe fiz uma proposta. Cabe a ele tomar a decisão de aceitá-la ou não. 
Esperemos que ele tenha tomado a decisão certa e que tenha um projeto muitas vêzes melhor para implantar nas anunciadas mudanças que estão prometidas para 2013. 
Pois como místico creio que ninguém está no lugar em que está sem que o Cósmico permita e determine. 
Desta forma, nosso Grande Mestre é o frater Helio de Moraes Marques e a ele, como ex-oficial de AMORC, como membro da Ordem e como artesão, eu devo lealdade. Devo além disso lealdade a mim mesmo, às minhas crenças pessoais e às coisas nas quais acredito e que jurei em templo defender, juramentos dos quais não me esqueci. 
Não há portanto em mim nenhuma intenção diferente daquela de servir a minha Ordem e a meu grande Mestre, embora alguns frateres e sorores, menos inquietos e menos participantes do que eu, pensem diferentemente. 
E continuarei servindo, dentro de minhas habilidades e possibilidades , como membro de AMORC e não fora dela já que não existe, a meu ver, Ordem mais bela e completa na face da Terra.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

FIM DA TEIA DE INDRA

AVISO AOS ARTESÃOS PARTICIPANTES


LAMENTO informar a todos os que se interessaram pela iniciativa da Teia de Indra que por decisão e orientação do Grande Mestre, Frater Helio de Morais, a quem devo lealdade e obediência como a mais alta autoridade da Ordem no País, a partir de hoje o Site será desativado . É intenção do Grande Mestre centrar as atividades da Grande Loja e da Rosacruz de Língua Portuguesa no site da Grande Loja e nos portais que a grande loja estabelecer em outros aplicativos, como o que fez recentemente no Facebook, cujo link está disponível aqui no blog.
Embora o site da Teia de Indra não seja oficial, se a AMORC, na pessoa do GM, entende que é melhor assim, como artesão aceito e acato a decisão.
Lembro a todos, no entanto, que o nosso DROPBOX continuará ativo.

nos laços da fraternidade

Mario

sábado, 1 de dezembro de 2012

ESOTERISMO ÍNTIMO



por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)


“O gato, que nunca leu Kant, é talvez um animal metafísico.”
Machado de Assis
em “Quincas Borba”


Anie Besant e Leadbeater


Continuamos, eu e Flavio, às quartas feiras a noite, a singrar as águas turvas e agitadas, em clima de neblina cerrada, do Oceano Teosófico, com a leitura de COSMOGÊNESE, 1º volume de A DOUTRINA SECRETA, na clássica edição da Ed. Pensamento, dos anos ‘70.
São miríades de informações, em terminologia do final do século XIX, com forte participação do jargão da cultura filosófica e mitológica clássica hindu, com citações do Sânscrito, alusões à cultura tibetana e a aspectos do budismo, que desanimariam a maioria das pessoas que se atrevessem a ler tais passagens.
Nós, no entanto, por motivos não tão esotéricos, continuamos nesta jornada, picados que fomos pela mosca violeta, aquela que transforma dois homens comuns e maduros em esforçados interpretadores de textos feitos para não serem compreendidos.
Sim, com certeza a DOUTRINA SECRETA não tem um tratamento didático adequado para outros tempos, este período contemporâneo, que abriga obras de rara profundidade aliada a grande beleza artística, como CONTATO, livro do falecido astrofísico Carl Sagan, que discute, através de um romance apaixonante, temas como a difícil convivência dentro de nós de questões como razão fundamentada em fatos e fé.
Para HPB, tal convivência não era aceitável. Ela se debate em boa parte do texto a defender-se de possíveis ataques científicos e, contraditoriamente, a buscar fundamentação nesta mesma ciência que às vezes ironiza para apoiar suas assombrosas e infundadas afirmações.
Sem nenhum juízo de valor, já que também eu mesmo sou um esoterista, Blavatsky constrói todo um sistema de informações e dados baseados em um texto que jamais foi encontrado, que jamais foi visto, salvo engano de minha parte, conhecido pelo nome de Estâncias de Dzyan , “pergaminhos antigos de origem tibetana” os quais “alegava ... teria tido acesso e estudado ... em sua estada no Tibete. Segundo Blavatsky, as "Estâncias de Dzyan" seriam um manuscrito arcaico, escrito em uma coleção de folhas de palma, resistentes à água, ao fogo e ao ar, devido a um processo de fabricação desconhecido, e que conteriam registros de toda a evolução da humanidade, em uma língua desconhecida pelos filólogos denominada Senzar.”
E é este texto que eu e Flavio tentamos aos poucos destrinchar, mesmo percebendo que para compreender o primeiro volume necessário se faz que leiamos todos os seis volumes, para os quais a autora nos remete, a todo o momento, durante sua narração.
A DOUTRINA ESOTÉRICA, é, em última instância, sem trocadilho, um texto que demanda um esforço de fé, de quem o estuda.
Porque aceitar que são fatos, os fatos que HPB nos propõe, por mais séria que ela nos pareça em suas declarações?
Em que bases entender como expressões da realidade ideias baseadas em um texto jamais visto, escrito em uma língua desconhecida, jamais suspeita ou estudada?
Fé. Apenas isto. Cremos, sem o apoio de nenhuma prova que o sustente, que as declarações desta nobre esoterista são expressões de verdade.
Aceitamos tal coisa antes de começarmos a ler seus textos, já que a leitura em si não nos traz nenhuma informação palpável, nenhum elemento em que possamos nos apoiar, nenhum elemento palidamente passível de ser caracterizado de sólido.
É pura fumaça sobre fumaça, como se conversássemos com um habitante de outro mundo, de outro Universo, a nos falar das suas estranhas e peculiares percepções acerca desta mesma Criação.
É como se usássemos óculos diferentes, de cores diferentes, e enquanto a nossa lente fosse marron, obscurecendo as cores do que contemplamos, HPB usasse lentes azuis, e visse uma paisagem completamente diferente da nossa, e ao mesmo tempo tentasse nos descrever essa paisagem como se óculos azuis tivéssemos; pior, chamando o seu Universo Azul de Real, e o nosso marrom de fantasioso, sem nenhuma piedade.
Só escutamos estas ofensas à nossa percepção com humildade, eu e Flavio, sem contestá-las, porque ambos fomos picados pela mosca violeta, a mosca do esoterismo. Não lemos estes estranhos relatos para nos tornarmos esoteristas. Já o somos. Mesmo que nunca tivéssemos estudado nada de Teosofia, seríamos , da mesma forma. Porque ambos nascemos assim. É a nossa natureza ter uma forte impressão de que existem outras formas de percepção, e crer que alguns seres humanos, homens e mulheres, podem por motivos misteriosos, ter acesso a estas percepções, e serem forçados pela força e pela peculiaridade de suas experiências a compartilharem conosco estas mesmas visões, descrevendo-nos mundos estranhos e desconhecidos.
Não é através de raciocínios encadeados, nem pela elaboração diante de certas manifestações palpáveis, que estabelecemos estar diante de um texto importante e rico. É mais como se algo de dentro de nós falasse ao nosso ouvido, um Daimon, como dizia Platão pela boca de Sócrates, e nos assegurasse a legitimidade destas páginas confusas e às vezes desconexas.
É de dentro que percebemos as coisas ao nosso redor, e não fosse este esoterismo íntimo a priori em nós, nem nos daríamos ao trabalho de ler e estudar estas estranhas páginas, aparentemente eruditas, mas que para o comum dos mortais pareceria mais com uma coleção de fantasias temperadas com delírios de uma infeliz russa, divorciada em uma época extremamente machista, desorientada pela solidão afetiva.
Todas estas coisas se assemelham aos milagres do Cristo. Cremos nos relatos que nos chegam sem que tenhamos testemunhado. Sentimos, ante de crermos, que estamos diante de relatos verídicos, de fatos que realmente ocorreram.
E assim seguimos fascinados com a informação que uma pessoa capaz de tais prodígios tenha passado sobre a terra.
Ao contrário do que possam pensar os céticos, místicos, ao contrário de religiosos, não creem em determinados relatos sem um fundamento.
Mas ao contrário do homem comum, o fundamento do místico é interno, algo que ele não consegue contrariar ou negar, uma certeza tão inabalável como a percepção tátil de meus dedos batendo neste teclado agora.
Por isso continuamos a ler, eu e meu irmão em três Ordens, estes estranhos relatos da Cosmogênese, certos de que em algum ponto deste estranho relato, tudo começará a fazer sentido. E não importa sua verossimilhança exterior, pois toda comprovação que precisamos para aceitar este esotérico discurso já está dentro de nosso coração, desde que reencarnamos, e lá permanecerá pelas nossas próximas existências.
Ser o que somos não é escolha apenas, mas também destino, um modo de ser que não podemos recusar e que constitui a natureza mais profunda de todo aquele que se diz esoterista.