Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORAÇÃO MAIS EFICIENTE OU A IMPORTÂNCIA DO SILÊNCIO NA EXPRESSÃO DOS SENTIMENTOS

por Mario Sales,FRC,SI,CRC



Não são as orações feitas em voz alta as mais poderosas como supunham os magos ritualistas do século XVIII. Orações nascem dos sentimentos e as palavras do intelecto. E ao falar e expressar os sentimentos, inevitavelmente editamos, cortamos e diminuímos a intensidade destes mesmos sentimentos para adequá-los ao tamanho das nossas garrafas de sons e idéias. O Oceano em um tubo de ensaio; o céu em um grão de areia.
Quando o homem fala, seu pensamento filtra a força das emoções, e com isso direciona sua energia sobre a vida material, provocando determinados efeitos, semelhantes aos efeitos que um elogio provoca em uma jovem que enrubesce ao ser elogiada.
Quando se trata no entanto de conseguir efeitos místicos, quando nossa intenção é tocar os pés de Deus, existem abordagens mais adequadas.
O fluxo das emoções é muito intenso e vasto e, exatamente por causa disso, a mais sensata das atitudes ao orar é calar-se, fazendo como diz o poeta:
"Como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar".
O silêncio é a conduta mais correta.
Não atrapalhar, não interferir no fluxo, é sempre melhor.
A água que flui mais livre, flui com mais força.
O vento sem anteparos que o bloqueiem atravessa desertos rápido e sibilante.
Toda obstrução gera tensão, angústia.
Manda o bom senso que o momento da Oração, da conexão com os níveis mais íntimos da experiência divina, sejam momentos de deleite e não de angústia.
Ao orar, portanto, oremos em silêncio, externo e interno, já que às palavras falta a competência necessária para expressar nossos desejos mais profundos e nossas vivências mais intensas.

Que o mais profundo silêncio abençoe a nossa oração.

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