por Mario Sales,FRC,SI,CRC
Não são as orações feitas em voz alta as mais poderosas como
supunham os magos ritualistas do século XVIII. Orações nascem dos sentimentos e
as palavras do intelecto. E ao falar e expressar os sentimentos,
inevitavelmente editamos, cortamos e diminuímos a intensidade destes mesmos
sentimentos para adequá-los ao tamanho das nossas garrafas de sons e idéias. O
Oceano em um tubo de ensaio; o céu em um grão de areia.
Quando o homem fala, seu pensamento filtra a força das
emoções, e com isso direciona sua energia sobre a vida material, provocando
determinados efeitos, semelhantes aos efeitos que um elogio provoca em uma
jovem que enrubesce ao ser elogiada.
Quando se trata no entanto de conseguir efeitos místicos,
quando nossa intenção é tocar os pés de Deus, existem abordagens mais
adequadas.
O fluxo das emoções é muito intenso e vasto e, exatamente
por causa disso, a mais sensata das atitudes ao orar é calar-se, fazendo como
diz o poeta:
"Como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar,
meu olhar, meu olhar".
O silêncio é a conduta mais correta.
Não atrapalhar, não interferir no fluxo, é sempre melhor.
A água que flui mais livre, flui com mais força.
O vento sem anteparos que o bloqueiem atravessa desertos
rápido e sibilante.
Toda obstrução gera tensão, angústia.
Manda o bom senso que o momento da Oração, da conexão com os
níveis mais íntimos da experiência divina, sejam momentos de deleite e não de
angústia.
Ao orar, portanto, oremos em silêncio, externo e interno, já
que às palavras falta a competência necessária para expressar nossos desejos
mais profundos e nossas vivências mais intensas.
Que o mais profundo silêncio abençoe a nossa oração.
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