As Três colunas que nos sustentam
“Já afirmamos que a ciência moderna não nasceu pronta da cabeça de alguns sábios. Ela é um produto da cultura. Seu lugar de nascimento e sua morada não se situam num céu qualquer de idéias. Tampouco se encontram instalados em um vago mundo das chamadas “verdades científicas”. Pelo contrário, enraízam-se na própria sociedade, num solo irrigado por múltiplas e variadas determinações. Nele, os cientistas são reconhecidos como produtores de idéias, de teorias, de experiências.”
[1]
Desse modo meu antigo professor, Hilton Japiassú, começa o capítulo IV de seu livro “A revolução científica moderna”, mostrando a relação entre produção científica e sociedade.
A ciência, uma das três colunas que sustentam a sociedade, não é um fenômeno a parte e destacado do processo social, mas emerge de suas entranhas, de tal forma entrelaçada com ele que seria difícil estabelecer os contornos de um e de outro.
Só existe ciência por que existe o homem, ser vivo, pensante e com necessidades imediatas ou não a satisfazer. Neste sentido é uma expressão legítima do gênero humano.
[2]
A outra coluna do fenômeno humano, que compõe a tríade da vida social, é a religiosidade, a sensação nítida, intensa, de que não somos seres desgarrados ou produto de ação aleatória de forças naturais, mas sim partes de uma idéia, de um fenômeno guiado e orientado por uma inteligência mais complexa que a nossa, que ainda hoje zela por nossas necessidades, uma certeza sem fundamentação objetiva, mas tão intensa que se equipara em significado aos resultados de quaisquer experimentos controlados possíveis de imaginar.
Então, se estas duas coisas são partes integrantes da vida social, se ambas nos sustentam em nosso cotidiano, porque então não caminham harmoniosas, lado a lado, como metades de uma mesma idéia, de uma mesma concepção global do mundo?
Talvez a resposta esteja na terceira coluna: o poder.
Tanto a religião como a ciência sempre estiveram a reboque do terceiro lado do triângulo, que diz respeito à força, a sustentabilidade da sociedade como entidade.
[3]
Sabedoria, força e beleza.
A religiosidade (e não a religião) pode ser entendida como simbolizada na sabedoria; a beleza está na ciência e na arte, pois é arte o pensamento correto ou corrigido pelas regras do bem pensar; e a verdadeira ciência produz uma vida estética e equilibrada, ao contrário do estereótipo do vulgo, que vê no processo científico apenas frieza e assepsia.
Resta, no entanto, a força, que se expressa na política e no militarismo, o poder pelo constrangimento das armas ou pela imposição de idéias muitas vezes maniqueístas, mas de fácil e rápida assimilação, capazes de arrastar multidões, incapazes de considerações mais demoradas e profundas, ou pelo menos não dispostas para tal esforço. Por mais desconforto que nos possa causar, tal aspecto da vida em sociedade não pode ser negado, dada a demanda de grandes populações pela ordem necessária ao convívio.
Talvez, após estas considerações, possamos concluir que na verdade as forças em confronto não são ciência e religião, porém conhecimento e ignorância e que este confronto seja mediado pela sede de poder. Uma conclusão tanto óbvia quanto insuficiente para um desenho de causas mais detalhado, bem ao gosto de um pensador criterioso.
Em sua defesa digo que embora óbvia, não é falsa. Este é o conflito básico que deve nortear o raciocínio de qualquer indivíduo que tente esclarecer os motivos e os rumos que esta tensão milenar tem tomado na história da sociedade humana.
Religião contra a ciência: este binômio, sim, é falso, já que pressupõe que homens de conhecimento não têm um espaço para a religiosidade em seu interior ou que homens de religião não tenham espaço para a ciência em suas vidas. Os exemplos contra esta visão se sucedem na história do pensamento científico: Padre Mendel e seu trabalho na genética; Kepler
[4], o luterano conservador e seu trabalho precioso na concepção da órbita elíptica dos planetas, ou padre Giordano Bruno e seus textos de grande expressão na compreensão da noção do infinito, tão importantes e incômodos aos poderosos de então que morreu por causa deles.
Talvez seja a aparente homogeneidade dos dois grupos que dão a falsa sensação de que estamos verdadeiramente diante de dois monolitos ideológicos: um científico e outro religioso.
A Homogeneidade dos Grupos é Uma Ilusão
Como bem sabemos não é desse modo que se comportam os grupos humanos. Eles se organizam em um primeiro momento baseados em algumas semelhanças de compreensão entre seus membros, mas uma vez reunidos, surgem naturais divergências e enfrentamentos que serão resolvidos ou não dentro de seus muros, e se não forem, darão origem a subgrupos, de um lado e de outro, que por sua vez também se subdividirão.
É como se grupos ideológicos, religiosos ou científicos, sofressem uma digestão social, de forma a que sejam quebrados pouco a pouco em partes mais simples para que sejam finalmente absorvidos pela humanidade como um todo e se transformem em um patrimônio cultural e informacional comum.
A ciência deve-se dizer, tem lidado melhor com este fenômeno. Ela produz um tipo de material que desde o nascimento já é fadado a ser modificado, metabolizado pela sociedade, desde que assim se mostre necessário.
A Verdade Científica
O conhecimento científico resulta não de uma grande verdade, mas de pequenos trabalhos e descobertas, de uma série de investigações e de resultados que pouco a pouco, ao longo de anos, são assimilados pelo senso comum e se transformam em parte do nosso dia a dia.
As verdades científicas, em si, não possuem rigidez ou estabilidade nesta condição de Verdade. São submetidos ao crivo da comunidade científica e devem sobreviver de per si às múltiplas análises e testes que lhe serão aplicados. Nenhum cientista defende uma tese científica. Ao longo do tempo, ela se defenderá sozinha, mostrará sua sustentabilidade desde que se mantenha sólida diante das verificações que sofrerá.
A verdade científica, portanto, é consensual
[5] e temporária, não definitiva, e as chamadas leis da ciência só o são enquanto permanecerem satisfatórias. Sua aplicabilidade e estabilidade é que lhe garantem o respeito e a confiança dos muitos cientistas espalhados por todo o planeta e não outra coisa.
A Verdade Religiosa
Já os valores da religião não tem esta flexibilidade. São impostos por instituições que se arvoram em detentoras da “Verdade”, uma “verdade” geralmente não sustentada em fatos, mas em discursos e medo.
A religião não representa a religiosidade de forma satisfatória, mas apenas a canaliza, lhe dá uma vestimenta, uma expressão.
O homem comum tem em si sentimentos que são espontâneos em relação a sua relação com o universo, mas na incapacidade de expressá-los delega a outros, mas habilidosos do que ele com palavras e pensamentos, a autoridade de dar forma a esses sentimentos em palavras.
Desse modo se organizam as religiões. Elas nascem do discurso de um profeta, mas se desenvolvem materialmente através de uma estrutura hierárquica e de poder.
Uma vez organizada hierarquicamente, se consolida, se enrijece, e perde o frescor de seu início. Com isso mata sua ligação com seus fundadores e transforma-se em uma empresa como qualquer outra, providenciando aqueles que a procuram um determinado tipo de produto, definido e rotulado, pronto para o consumo.
Religião e Religiosidade
Isto não significa que a religiosidade humana em si seja errônea. Como vimos, a religião é uma questão de poder, não de fé. E mesmo dentro de religiões organizadas é possível encontrar manifestações legítimas de religiosidade.
Talvez pelo fato de que a compreensibilidade e expressão das nossas percepções e intuições espirituais serem tão complexas quanto aquela da realidade e do Universo pela ciência, a questão do conhecimento elaborado novamente se impõe como um divisor de águas entre os diversos tipos de seres humanos.
Embora não seja condição sine qua non para tal é melhor ter cultura para expressar bem tanto as visões do coração quanto as visões do intelecto.
A vida como elemento comum a ambos os campos
Perceber Deus como uma realidade exige pouco, do ponto de vista humano. Expressar esta percepção é que torna esta vivência mais rebuscada.
E como a área científica responsável por dar alguma objetividade ao subjetivo em nós, a psicologia, falhou na elaboração de um quadro simbólico de consenso para toda a civilização humana, ainda estamos mergulhados no inferno científico: a ausência de referenciais estáveis o suficiente para ao menos iniciar este debate.
O Caos neste campo não é, felizmente, completo. Existem algumas constantes. Sentimos coisas que não conseguimos explicar em relação ao nosso papel no mundo e no Universo, na maioria das vezes, sensações não demonstráveis nem fáceis de explicar, só que mesmo assim sensações muito fortes para serem ignoradas.
E ignorá-las não parece uma boa estratégia, como não podemos deixar um fenômeno sem explicação apenas porque de início não o compreendemos. E o senso de religiosidade é uma dessas sensações.
Uma das questões que talvez interesse a ambos os lados e que represente a síntese desta questão seja o conceito de Vida. A idéia em si é uma daquelas noções óbvias difíceis de definir, mas que encerra em si questões fundamentais.
Em um conjunto de textos publicado originalmente em espanhol, organizado pelo professor Mario Bunge
[6], o prof. A. A. Brito da Cunha descreve o conceito de organismo vivo da seguinte maneira: “O conceito de ser vivo, ou de organismo, apresenta-se na vida diária, na ciência pura e aplicada e nas humanidades, desde a Biologia até as biotecnologias e desde as ciências sociais até a Filosofia. (...) é tão ubíquo que pode ser considerado tanto científico como filosófico.”
A Vida com suas características oferecem um excelente ponto de convergência para a questão “a quem pertence o corpo e a mente do homem?”.
Por anos as Ciências Da Vida testemunharam, invejosas, o progresso da física em conseguir atrair corações e mentes para suas causas, transformando o físico moderno no novo sumo sacerdote científico, principalmente se sua área for Astrofísica.
Se as Ciências Da Vida conseguissem manifestar uma alteração no padrão de compreensão do Universo seria a alteração e subjugação de um modelo que privilegia números e aparelhos por outro que valoriza pessoas e sentimentos, dito de uma forma passional, mas compreensível na boca de um médico.
A Convivência Pacífica dos Sábios Científicos com o Conceito de Deus
A maioria das pessoas, entre estes alguns cientistas renomados, tem certeza de que existe uma inteligência superior que intervém no andamento da natureza e das nossas vidas, embora discordem sobre o que seja a Vida e quanto ao nome desta Inteligência.
[7]
Alguns defensores do ateísmo defendem que a crença nesta concepção provém da ignorância e da falta de cultura científica, mas esta afirmação não se sustenta dado que muitos pensadores científicos usam o conceito de Deus, Einstein, por exemplo, em suas reflexões sobre a natureza e o Universo. E pode ser até que não se concorde com sua crença, mas chamar o elaborador da teoria da relatividade de homem sem cultura científica e ignorante é no mínimo insano.
É que a realidade se assemelha à história do copo cheio pela metade. Valorizamos o que queremos e o que podemos valorizar.
Se homens de ciência, do calibre de Einstein, falam de Deus sem pudor, e se homens de religião fazem ciência também, o que falta para que estes dois universos se encontrem é muito pouco.
Um Novo modelo epistemológico como forma de acelerar o encontro entre Ciência e Religião
Talvez o surgimento de um novo modelo epistemológico, nas Ciências Da Vida, um pouco mais avançado, que ultrapasse as fronteiras do mecanicismo newtoniano que ainda nos governa, como uma espada de Dâmocles
[8] sobre nossos pescoços intelectuais, fosse o tiro de misericórdia nesta aparente divisão entre estes dois campos, o da Ciência e o da Religião.
Quando me refiro a este novo modelo, penso nas implicações filosófico-científicas de uma nova compreensão do fenômeno da Vida, de seus fundamentos, de sua natureza.
Como exemplo disso, a constatação da sustentação da existência biológica por uma energia muito sutil de difícil detecção no momento, seria a base de uma grande guinada de paradigma fisiológico e terapêutico.
A comprovação da existência de uma energia que estivesse no ar, nos alimentos, na luz do sol e no corpo seria um feito científico verdadeiramente integrador.
Quem conhece algo sobre a acupuntura compreende esta linha de raciocínio.
A Energia Ch´i e suas possibilidades epistemológicas
Talvez a conseqüência mais perversa da compreensão mecânico-hidráulica da realidade seja a sua inerente fragmentação do real. Na área da medicina isto teve repercussões boas e más.
A compreensão do homem como máquina, a chamada “máquina perfeita”, fez com que automaticamente ele fosse dividido em peças, não estanques nem independentes, mas bem definidas quanto as suas ações. Isto fez com que um sem número de profissionais se dividissem no estudo de cada uma dessas partes, com o advento das especialidades médicas que cada vez mais sabem mais sobre menos.
Do ponto de vista científico tal estratégia tem se mostrado extremamente interessante. Do ponto de vista da prática da clínica médica, não tanto.
Já que são muitas as partes a ser tratadas, além de vasto o conhecimento sobre cada uma das partes, nenhum médico pode mais, sozinho, ser detentor de todas as informações e suas nuances sobre quaisquer dessas áreas.
Isto gera um sem número de procedimentos incorretos ou incompletos, que privam o indivíduo de ter um atendimento no mínimo de acordo com os atuais conhecimentos científicos. A prática médica não ficou inviabilizada, mas especializou-se de tal forma que não podemos mais falar em Medicina, mas em Medicinas, no plural, com áreas de comportamentos tão peculiares que às vezes não conseguem dialogar.
Este modelo exposto no campo médico se estende a todas as áreas, com menor prejuízo, no entanto, mas com a mesma compartimentalização. Em física, matemática, sociologia, história, biologia, as subáreas se multiplicam de tal modo e a tal velocidade que um verdadeiro diálogo interrelacionador entre elas tornou-se quase inviável e o conceito de mais prestígio entre os pensadores do conhecimento, a interdisciplinaridade tornou-se uma abstração platônica, mas adequada ao mundo das Idéias que ao das coisas.
Ora, se existe esta problemática de diálogo entre os diversos campos da ciência, que mais e mais necessitam deste diálogo, e mais dificuldades sentem em realizá-lo, fácil fica compreender o enorme desafio de um projeto de diálogo entre ciência e o que há de mais místico no ser humano, a religiosidade.
Facilitaria em muito um modelo científico não mecânico, um modelo de fluxo, energético, mais dinâmico e mais sutil, que permitisse novas ilações quanto ao relacionamento do homem com as forças universais.
A própria noção de campos diferentes, um da religiosidade e outro da ciência, não deixa de ser conseqüência do modelo epistemológico mecânico-hidráulico do real, cheio de válvulas e peças isoladas em trabalho sincrônico, mas sem perder suas individualidades enquanto peças.
Precisamos de uma realidade ou de uma compreensão do real e do mais importante e misterioso fenômeno científico, a própria Vida, mais energética que mecânica e, embora se acumulem evidências no mundo atômico de que a realidade tem fundamentos mais instáveis do que o mundo macromolecular nos faz supor, estas evidências não conseguiram ainda gerar uma mudança de paradigma na compreensão do macrocosmo, seja pelo cientista ou pelo homem comum.
Uma evidência macroscópica de fluxo e instabilidade na realidade biológica poderia gerar um precedente empírico extremamente interessante e perturbador para compreensões ainda por demais compartimentadas.
O 4° Sistema Circulatório
A constatação de um 4° sistema circulatório no corpo humano (além do liquórico, do linfático e do sanguíneo) composto de um material menos denso que o ar e capaz de causar modificações importantes na qualidade da vida biológica, causaria forte impacto epistemológico, já que a reboque traria a discussão do conceito integrador que caracteriza esta energia.
Como muitos sabem, a Acupuntura baseia suas técnicas na existência de canais aonde esta energia muito sutil circula. São canais pouco densos, tão sutis que não são visíveis a olho nu. E já que não existe tecnologia para torná-los visíveis, sua existência foi descartada e atribuída a lendas e mitos regionais.
No entanto, os efeitos das agulhas são indiscutíveis de tal forma que a Organização Mundial de Saúde, ligada a ONU, determinou que a Acupuntura fosse integrada aos conhecimentos médicos ocidentais de forma regular e ensinada em regime de pós graduação de dois anos, a qualquer médico que desejasse praticá-la, perdendo seu caráter de técnica alternativa e transformando-se em área ortodoxa de especialização.
A anamnese de toda uma vida
Uma das coisas que mais chamam a atenção daqueles que chegam até a Acupuntura após uma formação médica ortodoxa, é a maneira como a anamnese
[9] é feita.
Se o médico ortodoxo, ao entrevistar o paciente em questão, busca levantar os sintomas de uma doença específica para chegar a um diagnóstico, para o acupunturista cada doença ao longo da vida do paciente é apenas um sintoma de um quadro mais global. Portanto, o conjunto de doenças ou manifestações patológicas passam da condição de diagnósticos separados a condição de sintomas de um grande diagnóstico, que descreve como a energia de um indivíduo, que recebe o nome de Ch´i, fluiu ao longo de sua existência, influenciada pela sua dieta, pensamentos e atividade física.
Desta maneira a perspectiva muda em profundidade e amplitude, ganhando uma dimensão insuspeita para o médico ortodoxo. E para o paciente sua vida como um todo recebe uma importância que estaria longe de supor, mas que intuitivamente sabia existir.
E aí vem a parte mais significativa.
Como os canais ou meridianos
[10](14 principais e milhares de outros secundários) praticamente cobrem todo o organismo, as manifestações das doenças obedecem a esses fluxos e suas correspondências com as funções vitais (respiração-pulmão; digestão - estômago; circulação - vasos sanguíneos, etc.)
[11] tendo pontos em toda a superfície da pele, fazendo com que uma dor de cabeça possa ser tratada através de um ponto presente nos dedos da mão; ou dores nas costas, através de pontos nos tornozelos.
Outra coisa acerca desta energia, como definida pelos seus defensores, é de que ela não só permeia o homem, mas todo o universo, e que flui a partir do universo para o homem através da luz solar, do alimento e da respiração, não confundindo este elemento com o oxigênio atmosférico.
O que integra estes dois componentes da equação (elemento a ser tratado e ponto a ser considerado e agulhado) são os fluxos dessa energia invisível, e até o momento, considerada fantasiosa pela ciência ortodoxa.
E este ceticismo da ciência é coerente e correto. Faltam evidências da existência de tais canais e do fluxo de energia apregoado por antigos documentos; e é simplesmente impossível a um cientista minimamente responsável trabalhar baseado em crenças não demonstradas.
Se, no entanto, pudéssemos tornar visíveis estes canais e este fluxo, se conseguíssemos elaborar uma tecnologia ótica para isso, duas coisas de imediato, aconteceriam:
1° uma revisão da noção de saúde como resultado de processos eminentemente físicos químicos e mecânicos hidráulicos.
2° uma abandono da compreensão de que o universo está devidamente dividido em peças, e a percepção de que ele é produto de energias sutis que o interligam e que nos interligam a ele.
Implicações filosóficas da Visualização das Energias Muito Sutis
Há implicações não só científicas nisto, mas também religiosas. A presença de uma energia sutil como essa nos mostraria, a nós, seres humanos, finalmente, como seres extremamente sensíveis a mudanças energéticas em nosso interior e ao nosso redor, mostrando de forma inquestionável que o invisível é maioria como dizia o Buda; e mais: que este invisível tem mais significado para a manutenção do visível do que supõe nossa vã epistemologia.
Talvez eu tenha aparentemente perdido minha objetividade ao fazer essas especulações.
Só que embora não tenha como demonstrar a existência dos canais, estou absolutamente convencido da sua existência como também dessa energia sutil, o Ch' i, já que vi a eficácia da técnica estagiando por dois anos no ambulatório de Acupuntura do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, na capital paulista.
Talvez o ateísmo humano seja capaz de retardar por muitas décadas uma pesquisa séria dessas energias, ou quaisquer dessas conseqüências que eu antevi neste ensaio.
Quero supor, entretanto, que será um duro golpe em uma compreensão materialista de mundo, e terá repercussões no imaginário social abrindo uma porta para o diálogo entre religiosidade e ciência que seria impensável antes dele.
O mais curioso é que embora tenhamos tecnologia de ponta
[12] na pesquisa e identificação de energias muito sutis, capaz de em algum tempo, talvez dez, vinte anos, tornar esta possibilidade uma realidade, poucos esforços tem sido feitos nesta direção.
Falta de patrocínio ou de interesse comercial, não importa, mas é um terreno deserto esperando ser ocupado por quem se interessar. Demandará esforços científicos sérios e pode servir de modelo para outras pesquisas neste campo, o campo das energias muito sutis.
A necessidade de intervenção de Cientistas Místicos
[1] A revolução científica Moderna, Hilton Japiassú, Rio de Janeiro, Ed Imago, 1985, págs 115
[2] “O desejo de saber o porquê e o como chama-se curiosidade, e não existe em qualquer criatura viva a não ser no homem. Assim, não é só por sua razão que o homem se distingue dos outros animais, mas também por esta singular paixão”, afirma Hobbes, no Leviatã.
[3] Para aprofundar o tema sugiro consulta a edição digitalizada da revista Nures no endereço http://www.pucsp.br/nures/revista3/3_edicao_editorial.pdf.
[4] Johannes Kepler (
Weil der Stadt, perto de
Stuttgart,
27 de dezembro de
1571 -
Regensburgo,
15 de novembro de
1630) foi um
astrônomo. Formulou as três leis fundamentais da
mecânica celeste, conhecidas como
leis de Kepler. Dedicou-se também ao estudo da
óptica.(fonte Wikipedia)
[5] Como proposto pela escola de Frankfurt, da qual o mais eminente representante ainda vivo é Jurgen Habermas.
[6] Epistemologia, Mario Bunge, Curso de Atualização, EDUSP, 1980
[7] Quanto a isso, indico a leitura do livro póstumo Variedades da experiência Científica- Uma visão pessoal da busca por Deus, de Carl Sagan.
[8] Dâmocles, ao que parece, era um cortesão bastante bajulador na corte de Dionísio I de Siracusa - um tirano do século IV a.C.em
Siracusa, Sicília. Ele dizia que, como um grande homem de poder e autoridade, Dionísio era verdadeiramente afortunado. Dionísio ofereceu-se para trocar de lugar com ele por um dia, para que ele também pudesse sentir o gosto de toda esta sorte. À noite, um banquete foi realizado, onde Dâmocles adorou ser servido como um rei. Somente ao fim da refeição olhou para cima e percebeu uma espada afiada suspensa por um único fio de rabo de
cavalo, suspensa diretamente sobre sua cabeça. Imediatamente perdeu o interesse pela excelente comida e pelos belos rapazes e abdicou de seu posto, dizendo que não queria mais ser tão afortunado.
A espada de Dâmocles é uma alusão freqüentemente usada para remeter a este conto, representando a insegurança daqueles com grande poder (devido à possibilidade deste poder lhes ser tomado de repente) ou, mais genericamente, a qualquer sentimento de danação iminente.( fonte: Wikipedia)
[9] Anamnese (do
grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma
entrevista realizada por um profissional da
área da saúde com um
paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no
diagnóstico de uma
doença. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.
Uma anamnese, como qualquer outro tipo de entrevista, possui formas ou técnicas corretas de serem aplicadas. Ao seguir as técnicas pode-se aproveitar ao máximo o tempo disponível para o atendimento, o que produz um diagnóstico seguro e um tratamento correto. Sabe-se hoje que a anamnese, quando bem conduzida, é responsável por 85% do diagnóstico na clínica médica, liberando 10% para o
exame clínico (físico) e apenas 5% para os exames laboratoriais ou complementares.
Após a anamnese é realizado o
exame físico, onde se procuram os
sinais e
sintomas da doença.(fonte:Wikipedia)
[10] Meridiano é um dos nomes pelos quais são conhecidos os "canais de
energia" utilizados na
acupuntura e outros métodos terapêuticos da medicina tradicional chinesa.
Estes canais, são citados abundantemente na literatura chinesa. Como por exemplo, no "
NEI CHING", atribuído a
Huang Ti, em mais ou menos 500 a.C.
[11] Ver apêndice ao final do ensaio.
[12] Basta se reportar a história da detecção dos chamados raios cósmicos que na verdade são sub partículas atomicas, e as suas inererentes dificuldades técnicas.Na Wikipédia lemos o seguinte: “ Por volta de
1900,
Charles T. R. Wilson,
Julius Elster e
Hans Geitel, notaram que a condutividade de ar contido num
eletroscópio de folhas de ouro permanecia constante, apesar de serem retirados
íons por meio de
campo elétrico. Estudando o assunto, concluíram que algum agente desconhecido produzia constantemente novos
íons. A principio se pensou que a ionização do ar fosse causada pela influência de matérias
radioativas. Sendo assim, a ionização deveria diminuir com o aumento de altitude.
Entre
1911 a
1913,
Victor F. Hess e
Kolhörster, observaram que, à medida que um
contador Geiger se afastava da superfície da
Terra e dos
isótopos radioativos que nela ocorrem naturalmente, a contagem de radiação diminuía. Na
Torre Eiffel, por exemplo, a contagem era inferior à da superfície. Para investigar esse fenômeno, ele foi levando os contadores a altitudes cada vez maiores, por meio de balões carregados de detectores de
radiação. A partir de certa altura, ele verificou que a contagem de radiação aumentava fortemente e não poderia estar saindo da
Terra, deveria vir de algum ponto do
espaço. Hess concluiu, após as suas investigações, que a ionização observada era devido à ação de uma radiação desconhecida, altamente penetrante, provinda do
espaço sideral. Deu, por isso, o nome de “raios cósmicos”, como são conhecidos até hoje e recebeu o
Premio Nobel de
Física em
1936 por sua descoberta.
No
Brasil, a pesquisa dos raios cósmicos começou em
1934 com a produção de trabalhos de dois importantes centros de pesquisa, o Instituto Nacional de Tecnologia no
Rio de Janeiro e
Universidade de São Paulo (
USP). No
Rio de Janeiro, o instituto era coordenado por
Bernardo Gross, que se dedicou inicialmente aos estudos teóricos dos raios cósmicos. Em
São Paulo, o Departamento de Física na
USP foi organizado por dois cientistas estrangeiros, o ítalo-russo
Gleb Wataghin e italiano
Giuseppe Occhialini, direcionando as pesquisas experimentais e teóricas para as áreas de
radiação cósmica e
física nuclear.
Após paralisação na
Segunda Guerra Mundial, as pesquisas sobre raios cósmicos foram retomadas e vários físicos brasileiros foram trabalhar no exterior. Em
1946 César Lattes, físico brasileiro, foi convidado por
Giuseppe Occhialini para trabalhar na Universidade de
Bristol, na
Inglaterra, no grupo de
Cecil Powell. Em
1947, Lattes, Powell e Occhialini, a partir de análises de raios cósmicos, descobriram um
méson, a subpartícula foi chamada de méson-pi, ou "
pion". Logo após,
Lattes descobriu como fazer a produção artificial dessas subpartículas em um
acelerador. Lattes ajudou na criação de novas instituições científicas no
Brasil, como o
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o
Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).