Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:
Chama a atenção o sem número de frases e conceitos que são repetidos de maneira acrítica, como um simples eco, no discurso cotidiano social.
Precisamos pensar mais sobre aquilo que falamos e nos surpreenderemos encontrando sentidos ocultos ou paradoxos aparentemente ocultos, mas que na verdade sempre estiveram às claras e, se não foram vistos, a culpa pode ser atribuída à cegueira do hábito.
Por exemplo, na frase “Livre e de Bons costumes”, muito conhecida e repetida entre membros de uma tradição esotérica.
Quem pode ter bons costumes se não foi tolhido pela Educação na sua liberdade desenfreada, descuidada? O que é educar senão podar, reprimir maus hábitos, maus costumes, que embora considerados maus ainda assim são manifestações às vezes legítimas e instintivas do comportamento humano, como as cinco necessidades básicas da vida: ar, água, alimento, abrigo e afeto.
Se temos sede ou fome devemos saciar ambas as necessidades, mas saciá-las de modo socialmente adequado, o que quer dizer que existem regras para fazer tal coisa que impedem que a busca da minha satisfação não se transforme em desconforto ou sofrimento para aquele que está ao meu lado.
Vejam uma criança pequena por exemplo. Se ela quiser um pirulito que está na mão de outra criança ela simplesmente o tomará do colega, sem culpa ou remorso. Seguirá o impulso do seu desejo de modo espontâneo, pois ainda não tem dentro de sua mente quaisquer condicionamentos restritivos à atitudes chamadas anti-sociais como o roubo de propriedade alheia. Não tendo sido educada, condicionada neste particular, não saberá o que é respeitar o direito do outro, e assim desrespeitará este aspecto básico da convivência em grupo sem culpa.
Jamais faria isto se fosse uma pessoa adulta educada, condicionada.
Ou seja, alguém que têm restrições aos seus atos, que tem limites aos seus atos, por conta de sua educação.
Educar é impor limites a si mesmo e à outros.
Não há possibilidade, portanto, de que alguém educado, dito de outra maneira, “de bons costumes”, seja, sob qualquer aspecto, livre.
Mesmo assim repetimos como papagaios todos os dias esta frase descabida como se fosse algo dado e aceito de maneira simples e óbvia.
Existem outros exemplos, mas por enquanto, este já é suficientemente didático.