Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

JANTAR



 por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


“Londres, Inglaterra: no dia 10 de outubro de 1676, o Poor Robin’s Intelligence publicou :“a Antiga Fraternidade da Rosacruz, os Adeptos do Hermetismo e da Companhia dos Maçons Aceitos, decidiram jantar juntos”.

Edson, Fernando, Reginaldo e Carlos

Mario, Fernando, Reginaldo e Carlos

Suzano, 26 de outubro de 2011, São Paulo, Brasil.
Rosacruzes e Maçons, 335 anos depois, jantam juntos.
De novo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

DESFAZENDO AS ILUSÕES SOBRE OS MESTRES CÓSMICOS



Por Mario Sales FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


Lembro-me que há quase 4 décadas atrás, quando fui iniciado na Rosacruz AMORC, a idéia de ter alguém se materializando em meu ambiente de reflexão e me dando aulas particulares já me parecia impressionante, fantástica.
Misticismo para mim, na época, eram os efeitos práticos dos meus estudos. Era isso que a propaganda da Ordem na época propunha e eu acreditava que um acontecimento fenomenal como tornar-se discípulo pessoal de um mestre cósmico era o o mais importante resultado que gostaria de conseguir em minha afiliação.
De lá pra cá muita coisa aconteceu comigo e com o mundo, fora estes 38 anos que se passaram como um vento numa tarde quente, que bate no rosto, refresca-nos por segundos, e se vai, e como nada tivesse acontecido, e fui aos poucos me esquecendo deste primeiro objetivo, envolvido na consecução de outros objetivos, mais próximos de minha realidade, mais próximos de meu cotidiano.
A imagem, no entanto, permaneceu. E em uma palestra há alguns anos atrás, falando sobre a virtude da serenidade, cheguei a usar a expressão de que “a serenidade é o sinal daqueles que estão investidos do título de mestres, em outras ordens, mas no rosacrucianismo é o sinal do Discípulo”.
Discípulo é o título mais elevado que um rosacruz almeja, em sua caminhada, sua senda.
Mas com que objetivo?
Que espera aquele que se torna finalmente discípulo destes homens chamados mestres? Algum tipo de poder mágico incomensurável? A libertação de todas as suas aflições mundanas? A vida eterna ou pelo menos mais longa em um mesmo corpo, afim de ter tempo de aprofundar sua cultura e aperfeiçoar seu caráter, na carne?
Tudo que sei sobre os Mestres desmente essas expectativas.
Vejo, enfadado, o nome de um nobre Mestre ser propagado de forma quase leviana, todos os dias.
Não posso fazer nada, embora me indigne, mas não afasto a possibilidade de que isto esteja acontecendo por vontade deste mesmo Mestre, numa das formas mais comuns de influenciar a sociedade com a sugestão mental sutil a alguns indivíduos cuidadosamente escolhidos para servirem de multiplicadores de sua mensagem.
Só que apresentar-se ao mundo, para um Mestre Cósmico, não é em si, nada de espetacular. Não transforma ninguém que se sentir intuitivamente atraído por sua face e vibração, num iluminado.
As doenças do mundo continuarão.
As doenças no próprio discípulo pessoal deste Mestre não deixarão de acontecer. Os problemas pessoais, como comentei antes, também seguirão seu curso normal.
Os mais ingênuos dirão, decepcionados: “Então de que vale o contato pessoal com esses seres iluminados? De que me vale uma sabedoria que não restituirá a saúde de meu filho, ou a prosperidade aos meus negócios, ou mesmo a felicidade a minha casa? Terá este contato a única finalidade de me trazer comentários sobre a inevitabilidade da minha dor e das minhas limitações como ser humano? Se assim for, tal contato não me interessa.”
É interessante como todos nós, seres humanos, temos uma tendência irresistível para quantificar todas as coisas na tentativa de lhes dar um valor compreensível.


Fazemos a mesma coisa com a relação com os Mestres Cósmicos. Tentamos calcular o que vamos lucrar materialmente, ou no campo financeiro, ou no campo da saúde física, ou ainda no campo da felicidade material, bem entendida, de nossa própria família. Não deixa de ser uma forma de escambo, de troca, ou de invocação do gênio , que se manifesta após esfregarmos a lâmpada, e vem nos atender 3 ou mais pedidos de acordo com nossa ambição. Para os tolos, nós não vamos aos mestres. Eles vem até nós. E para nos servir. Seria cômico se não fosse trágico. Ignorância, apenas, pura ignorância.
E isto é normal. Não há pecado em sermos atrasados em nossa compreensão psicológica e espiritual.
Todas as almas em evolução, todas as sociedades em todas as partes do Universo, galgaram degraus sucessivos na busca da evolução.
E é assim que as coisas são. É preciso tempo para superarmos nossa própria ignorância e só aos poucos conseguiremos isto. Precisamos desesperadamente de tempo para melhorar; precisamos envelhecer.
Um filósofo brasileiro recentemente comentou que os seres humanos não envelhecem por que o que envelhece é o que nasce pronto. Geladeiras, carros e televisores envelhecem. Nascem prontos e vão envelhecendo pouco a pouco. Seres humanos não são coisas, não nascem prontos. Nós homens e mulheres, como é fácil entender, somos um processo ininterrupto de aperfeiçoamento; portanto, quanto mais velhos, melhores vamos nos tornando, mais aperfeiçoados mental e espiritualmente ficamos, somos mais capazes de nos perdoar e de perdoar nossos erros de juventude, quanto mais compreender outras pessoas que erraram como nós.
Compreendemos que nem nós, nem outros, podem saber tudo, acertar sempre, em todas as fases de nossas vidas.
O erro e a morte são as únicas certezas. Aliás, não as únicas. A própria incerteza é uma certeza: sempre teremos dúvidas.
E, embora a dúvida seja nossa companheira, sempre teremos uma relação difícil com ela, como um amigo muito íntimo e que, por causa disso mesmo, seja incômodo, crítico, sempre chamando a atenção para os nossos defeitos e menosprezando nossas qualidades, coisas que acontecem às vêzes com a intimidade.
Os mestres não nos darão fortuna ou um escudo protetor contra as vicissitudes da vida. Se eles realmente nos amarem como discípulos, jamais fariam tal coisa.



Sabem que nossa dor ou uma dificuldade qualquer que atravessemos é muito importante para a formação de nosso caráter, que nossas angústias fazem parte de nosso crescimento, que elas não são punições, mas dádivas kármicas, fomentadoras de nossa evolução como homens e como espíritos.
Costumo pensar nos mestres como treinadores de atletas, se bem que é apenas uma imagem didática.
Não podem correr por seus pupilos, não podem sentir as dores musculares dos muitos exercícios que estes atletas praticam; apenas podem torcer para que não desistam e, algumas vêzes, manifestar este estímulo pessoalmente, na intenção de manter o ânimo daqueles pelos quais torcem, quando este ânimo estiver quase se esvaindo.
Jamais tirariam seus pupilos de uma competição, na qual entraram para competir e para vencer, não para ser o segundo ou o terceiro colocado, mas para se tornarem os campeões do torneio.
Trata-se de uma disputa curiosa, onde todos os adversários são partes de nós mesmos. Lutamos contra nossa indisciplina, nossa falta de coragem, nossa falta de fé.
Corremos sempre contra nossas fantasias e ilusões, que tentam desesperadamente nos derrotar usando de todos os ardis e armadilhas possíveis e imagináveis.
Eles, os Mestres, os técnicos, assistem toda a nossa luta sem poder intervir, já que é a nossa disputa, não a deles.
E isto é o suficiente para bons atletas.
Nenhum corredor ou nadador espera que seu técnico corra ou nade por ele. Nem quer isso, pois essa competição é a possibilidade de seu momento de glória, de demonstrar sua excelência e sua capacidade esportiva.
Se vencer, vencerá pelos seus méritos, será respeitado por todos, admirado por muitos e por si mesmo. Aumentará em muito sua auto-estima porque o mais importante é que terá vencido e superado um grande desafio por seus próprios méritos e isto é um grande feito.
Esta vitória, que sempre, sempre será absolutamente solitária, mostrará que sua evolução progride e que seu treino foi bem sucedido.
Em parte a Vitória será também de seu Mestre, indiretamente, pois ele o preparou e o estimulou.
Só que ninguém poderá dizer que o Discípulo tornou-se o que se tornou por causa de seu Mestre. Até o Mestre saberá que o esforço, o trabalho e o sucesso pertencerão sempre ao próprio discípulo já que o Karma, na enorme maioria das vêzes, é 
intransferível, e é bom que assim seja.
Bons Mestres formam bons alunos que se tornarão, também, Grandes Mestres.
A ponto de se algum Mestre se materializar em nossa frente, a única reação esperada de um Discípulo já pronto é nenhuma.
Não haverá emoção, nem ansiedade, se o comportamento do Discípulo for adequado a este contato.
Ele deverá estar imbuído da Serenidade de que eu falava antes, ou nada será consumado. Não existe possibilidade de troca quando uma das partes não consegue estar atenta, totalmente atenta , aquilo que a outra parte quer transmitir.
Em uma aula, é assim.
No passado, quando eu era jovem, havia o hábito de levantar quando nossos professores entravam na sala de aula. Éramos meninos, muito jovens, mas entendíamos já a necessidade do respeito e do ritual de demonstrar nosso respeito a nosso Mestre, simplesmente tratando sua presença com a solenidade correspondente. Levantar expressava isso.
Da mesma maneira, a presença de um Mestre impõe-nos um estado de respeito espontâneo, de carinho e devoção a sua pessoa, não uma devoção religiosa, mas aquela devoção que vem do respeito por aqueles que admiramos e que fazem por nós algo bom.
Neste encontros, devemos manter isto em mente: é uma honra sermos educados e treinados por estes homens santos pela natureza de sua evolução, mas não devemos ter nenhuma expectativa em nosso coração irrealista em relação a este indivíduos, a não ser aquela de que a aula e o encontro sejam produtivos e prazerosos.
Os Mestres não são gênios da lâmpada, não surgem em nossas vidas para servir aos nossos desejos materiais e mesquinhos, mas apenas para transmitir conhecimento e diminuir nossas incertezas e nosso erro, duas das três certezas da existência.
Quanto a Morte, a terceira certeza, com esta teremos de lidar várias vêzes, até que superemos o receio de transitar deste para outros planos, ou consigamos fazer desta transição algo suave e agradável, e não como é comum, um instante de luto.
A Morte física, para o místico, como para o filósofo, jamais deveria ser mais importante que a própria vida.
E se a lição for adequadamente aprendida, jamais será.
É na vida que devemos nos concentrar.
É na existência, com todos os seus problemas e desafios, suas frustrações e contratempos, que devemos comemorar a própria existência, mesmo que aparentemente tudo pareça sem sentido, cinza e inexpressivo.
Não existem palavras mágicas mais poderosas do que Trabalho, Humildade, Lealdade.
A vitória é certa para todos os atletas que se exercitarem todo o tempo de maneira a estarem prontos quando chamados a competir, não para chegar em segundo ou mesmo em terceiro lugar, mas sim como Vencedores, único resultado possível e desejado para aquele que atingiu o nível de Discípulo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Republico abaixo, contrariando minha rotina no blog, um trecho do artigo de hoje no Estadão do antropólogo niteroiense Roberto da Mata, enternecido que fiquei pelos seus comentários sobre a arte de escrever. Boa leitura

O QUE HÁ NUMA ESCRITA?



12 de outubro de 2011

Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo




A todos nós foi dada a capacidade de falar. E a alguns a de escrever essa forma admirável de pensar. Nela, falamos sem produzir sons, mas desenhando símbolos. O lado de dentro importa mais do que o de fora. É normal escrever para si mesmo já o falar nos leva a um hospício. Na fala e na escrita há ouvintes e leitores, mas na fala o interlocutor deve estar presente, pois as palavras exigem o outro. Já na escrita, é preciso desenrolar o pergaminho, abrir o livro ou a carta para ouvir o seu autor (ou autores) e descobrir o seu espírito e as suas intenções. Ou imaginar o eventual leitor. Num caso, o som tem parentesco com o barulho e o caos; no outro, há aquele silêncio que é a marca maior do ato de escrever - essa nobre, essa soberana, essa orgulhosa e altruística ação que só nós, humanos, conhecemos, pois o escrever fica, mas o falar passa...
......

Fiz uma conferência e ganhei uma caneta-tinteiro. Na viagem de volta, preso na dura solidão coletiva de um avião lotado pelo duopólio aéreo instituído no lulo-petismo, escrevi o meu velho nome. Fui imediatamente remetido a Juiz de Fora e a uma humilde escola do bairro dos operários, quando a professora nos iniciou na nobre arte de escrever à tinta. Tomei contato com as penas de metal que, na ponta de um cilindro de madeira da pior qualidade (providenciada, é claro, pelo Ministério da Educação e Cultura), serviam como instrumentos de escrita depois de serem mergulhados nos frascos cheios daquele misterioso líquido azul-marinho.
A mestra explicava que escrever à tinta beirava o "eterno". Com o lápis tudo podia ser apagado como se não tivesse existido, exatamente como as palavras faladas a serem levadas pelo vento. Mas com a tinta, esse material perigoso (e marcante) que agora teríamos que usar, as coisas ficavam. Qualquer descuido, caía um pingo no papel, manchando-o e dele tirando a pureza feita em branco; por outro lado, se a "pena" ficasse saturada, a escrita transbordava o papel. Fomos depois apresentados a um personagem importante: o mata-borrão que como um guardanapo à boa mesa, acompanhava o ato de escrever à tinta.
Escrever à tinta dá asas à fantasia de imortalidade. É a antessala do livro, do decreto, da placa de bronze e do "documento". Pois entre nós - humanos -, a execração, o ódio, e o insulto cabem também ou até mais no papel do que na fala. A fala, sendo curta e exigindo a pessoalidade, tem mais limites do que a carta escrita com maldade e ódio, vingança e ressentimento. Ademais, a "escrita", como os decretos e as leis, pode ser anônima ou coletiva. Pois como aprendi com aquela humilde professora, o que falamos fica na memória, mas o que foi escrito permanece. Seja como um ato de amor ou como prova de arrogância e de transtorno mental. Cuidado, dizia ela, com o que você escreve à tinta - com aquilo que, impresso, não pode ser apagado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

SINAIS 2


Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:

Dizem os místicos e poetas como Emerson, Deus nos manda mensagens todos os dias, fala conosco todos os dias, através de seu silêncio ensurdecedor, ou através de pequenos sinais que nos revelam sua magnânima presença, como a lembrar-nos de nosso vínculo, de nossa, como já foi chamada, aliança.



Deparei-me em meu jardim com um desses sinais.
Tão belo, tão singelo e expressivo, para mim, um amante dos símbolos, que não pude deixar de registrá-lo, já que este mundo é impermanente, embora Deus permanentemente manifeste-se, ora como uma criança, ora como um por do sol, ora como o brilho da luz do sol poente na superfície de um lago calmo em que deixamos nossos olhos quedarem preguiçosos, distraídos.




Era de manhã, 6 de outubro.
O resto, a imagem descreve. Espero que vejam tantos simbolismos quanto eu.
Confesso que no fundo, entretanto, desejo que o simbolismo desta peculiar manifestação natural seja este: que a rosa brotou no meu coração, já que, como o Homem Vitruviano, sou aquele que o pentágono representa.
Se assim for, que Deus seja louvado. 



sábado, 8 de outubro de 2011

A AURA HUMANA


por Mario Sales FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


“É melhor lançar-se à luta em busca do triunfo mesmo expondo-se ao insucesso, que formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem muito; E vivem nessa penumbra cinzenta sem conhecer nem vitória nem derrota.”
Franklin Delano Roosevelt




Continuo com a impressão de que o blog é lido em muitas partes por muitas pessoas. Embora muitos o procurem para piratear uma imagem aqui, outra ali, (uma prática que, aliás, não me preocupa, até serve aos meus propósitos), muitos outros vem ao blog  pelo conteúdo e, às vezes, deixam um comentário.
Interessante é que, mesmo assim,  desde 7 de janeiro de 2011, quando publiquei aqui um artigo sobre “Os problemas operacionais de tornar a aura visível para pessoas não videntes”, não recebi nenhum comentário nem de estímulo, nem de crítica.





Ao que parece, da minha limitada perspectiva, não parece haver interesse neste assunto. 
Provavelmente porque para que a coisa comece a ser pesquisada é preciso uma postura menos extremista sobre o assunto.
Existem por enquanto apenas dois tipos de postura em relação a visualização da Aura: o ponto de vista religioso, para o qual trata-se de um fenômeno esotérico e dado a poucos iluminados, e o ponto de vista cético, que considera que a aura é apenas o produto da imaginação de alguns pobre coitados que não conhecem os benefícios da racionalidade. 



Talvez, para ser justo, devamos colocar no meio os seguidores do casal Kirlian, que durante muitas décadas deram a impressão de ter descoberto um meio de visualização sem os comemorativos religiosos e místicos, absolutamente técnica, prática e reprodutível.



Hoje, praticamente poucos círculos resistem nesta concepção, mesmo entre os místicos. O “efeito Kirlian”, uma re-descoberta russa da Bioeletrografia do padre Landel de Moura[1], de 1904, (que ele chamava Perianto, muito parecido aliás com o termo Perespírito dos kardecistas) é entendida hoje como um fenômeno absolutamente desprovido de caráter místico. 




Na verdade considera-se que “grande parte dos halos são gerados pela umidade que ocorre naturalmente em todos os seres vivos, que se torna ionizada devido aos campos elétricos de alta-tensão e alta-freqüência utilizados nessa técnica e captados pela emulsão fotográfica. De fato, considera-se que pelo menos vinte e duas características físicas, químicas e fotoquímicas podem influenciar as descargas coronais vistas nas fotos Kirlian”[2].



Padre Landel de Moura (Porto Alegre, 21 de janeiro de 1861 — Porto Alegre, 30 de junho de 1928)


Além disso, certos comportamentos da Kirliangrafia em meios diferentes desfizeram a idéia de que esta pudesse permitir ver aquilo que os místicos chamam de Aura Humana. “O maior argumento a favor da explicação aceita pela comunidade científica (e conseqüentemente contra a explicação mística para o fenômeno) é o fato de que a suposta aura não aparece se a fotografia for realizada no vácuo. Como a suposta aura defendida pelos esotéricos deveria continuar existindo no vácuo, ou em qualquer outra condição atmosférica, esse fato representou um duro golpe na explicação mística para a imagem registrada pela fotografia Kirlian”[3]



Seymour Kirlian


Dessa maneira, precisamos ainda de outra abordagem mais objetiva do problema.
Como eu já disse no outro artigo, a questão hoje é, antes de tudo, fazer uma opção de corrente de pensamento.




Existem, basicamente duas: a que não considera o fenômeno aura uma manifestação física, mesmo que sutil, e que em função disso, não vêem sentido em tentar elaborar tecnologia para visualizá-la, inclusive membros da confraria rosacruz da minha região; e a segunda, na qual me incluo, que acha sim que trata-se de um fenômeno físico sutil, mas de difícil captação por aparelhos, como os neutrinos, os quarks, os léptons, e tantas outras partículas que às vezes tem uma existência extremamente curta, de alguns segundos, mas que são tão reais e detectáveis quanto um corpo físico multicelular como o meu.





Uma das razões pelas quais eu acredito que a aura é um fenômeno físico sutil é a presença de cor na aura. Muitos depoimentos de quem a viu falam em padrões coloridos os mais variados. A cor é uma característica do plano físico, não do plano espiritual, já que implica relação entre comprimento de onda luminosa e olho. Este é um ponto.


Independente disto, partamos do princípio de que eu esteja certo e que o fenômeno áurico é um fenômeno físico só que extremamente sutil. De forma semelhante às emissões de luz de baixa intensidade que se tornam captáveis através de intensificadores de sinal, um aparelho que aumentasse a capacidade de captação de luz do ser humano deveria ser capaz, nesta mesma linha, de captar a imagem da aura.



Não é o que ocorre, no entanto.
Os chamados óculos de visão noturna, ou de captação infra vermelho são capazes de oferecer aos olhos imagens de objetos em noite escura, com relativa nitidez, porém nada semelhante a aura humana é percebido.






Seu funcionamento é conhecido.
Vejamos algumas explicações:
“Para entender a visão noturna, é importante compreender um pouco sobre a luz





A quantidade de energia de uma onda luminosa está relacionada ao seu comprimento de onda (comprimentos de onda mais curtos possuem maior energia). Na luz visível, o violeta possui mais energia e o vermelho possui menos. Próximo do espectro da luz visível se encontra o espectro infravermelho.



A luz infravermelha constitui uma pequena parte do espectro luminoso e pode ser dividida em três categorias: infravermelho próximo (IV próximo): mais próximo da luz visível, o IV próximo possui comprimentos de onda que alcançam de 0,7 a 1,3 mícrons ou de 700 a 1.300 bilionésimos de metro;
infravermelho médio (IV médio): o IV médio possui comprimentos de onda que vão de 1,3 a 3 mícrons. Tanto o IV próximo quanto o IV médio são usados por uma variedade de dispositivos eletrônicos, incluindo os controles remotos;
infravermelho térmico (IV térmico): ocupando a maior parte do espectro infravermelho, o IV térmico possui comprimentos de onda na faixa de 3 até mais de 30 mícrons.
A diferença fundamental entre o IV térmico e os outros dois é que o IV térmico é emitido por um objeto em vez de ser refletido por ele. A luz infravermelha é emitida por um objeto devido ao que acontece no nível atômico.”[4]

É baseado neste conhecimento que se constroem os aparelhos de visão noturna ou infravermelho.





O que concluímos é que a aura não é uma manifestação na área do infravermelho nem tem natureza térmica. Se não fosse assim, um dos equipamentos de visão noturna a teria detectado. 
Descartadas estas duas linhas de pesquisa, tentemos aquela que se baseia em materiais diversos que oferecem um meio de captação das irradiações luminosas de forma a evidenciar a visibilidade da aura. Entre estes está a Dicianina, sobre a qual discorri no artigo “Pontes”, de 5 de julho deste ano, aonde eu descrevia os "Óculos Kilner", criados pelo Dr. Walter Kilner, médico do St Thomas Hospital, de 1879 a1893, e sua estranha ação sobre a percepção visual de quem os usava.



Dicianina ou 1-Ethyl-2-[3-(1-ethyl-2-methyl-4-(1H)-quinolinylidene)-1-propenyl]-4-methylquinolinium iodide;1-ethyl-2-[3-(1-ethyl-4(1H)-quinaldylidene)prpenil]lepidinium iodide;1-ethyl-2-[3-(1-ethyl-2-methyl-4-(1H)-quinolylidene) propenyl]-4-methylquinolinium iodide; 2', 4-dimethyl-1, 1'-diethyl-2,4'-carbocyanine iodide, C27H29IN2, é um composto usado como revelador no início do século passado. No endereço http://www.angelfire.com/biz2/photokirlian/dicianina.html outro buscador deixou um aviso de busca por este agora raro composto, com fórmula e nome químico, com um pedido de informação em quatro línguas. Acredito que não tenha obtido resposta porque, ao que parece, a substância tornou-se objeto de controle do governo americano. Esta informação carece de confirmação e me foi passada por um amigo meu, bioquímico, que pesquisou a meu pedido o composto. Ele comentava inclusive que o fato de a substância merecer esta atenção do governo dos EUA fala a favor de sua importância. Não sei. De qualquer forma, afastada a kirliangrafia e as tecnologias de visualização noturna, a proposta dos óculos de dicianina do médico inglês Walter John Kilner, relatados no livro “O Homem, Alfa e Ômega da Criação”, da AMORC, publicado ainda sob os auspícios do Grande Mestre passado, Charles Vega Parucker, com todas as limitações decritas no livro acima, ainda são a linha de trabalho mais promissora em busca de uma tecnologia para tornar a aura visível. Espero que alguém leia esta resenha de possibilidades e me envie alguma colaboração ou comentário. O silêncio é impressionante e com certeza não faz bem nem à ciência, nem aos rosacruzes.