por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Era o ano de 1976, 19 de setembro. Guiado pela mão de minha
iniciadora, Abadia Caparelli, compareci ao Grande Palácio Maçônico, na rua do
Lavradio, no centro do Rio de Janeiro, para assistir uma maravilhosa cerimônia.
Não entendia bem o que ia acontecer mas ela me disse que era
importante ir, que seria um evento histórico.
Medalhão ofertado pelo Grande Oriente do Brasil - GOB à
Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis - AMORC, quando da comemoração do 75º
aniversário de fundação da Loja Simbólica Cayrú, em 19 de setembro de 1976, no
Templo Nobre do Palácio Maçônico do Lavradio no Rio de Janeiro - RJ. - Brasil.Por
sua vez, a Ordem Rosacruz - Amorc tributou amizade ao Grande Oriente do Brasil
com uma placa de prata e ouro, e à Loja Simbólica Cayrú com um trofeu
comemorativo do seu 75º aniversário.Na ocasião era Grande Mestre da Ordem
Rosacruz - Amorc, a Sóror Maria A. Moura, e o Soberano Grão-Mestre do
Grande Oriente do Brasil - GOB, o Irmão Osmane Vieira de Rezende
Fiquei no balcão, do lado direito do Oriente da Loja. Lá
embaixo, em trajes cerimoniais, vi entrar, lado a lado, a Grande Mestra Maria
Moura ao lado do Sereníssimo Grande Mestre do Grande Oriente do Brasil na
época, também devidamente paramentado. Ambos sentaram-se juntos no Oriente.
Depois Carlos Alberto, ator e rosacruz, na época orador da
Grande Loja, fez o discurso da reunião, aonde falava sobre a importância da
liberdade de pensamento entre os homens.
Fiquei fascinado, pela solenidade do evento, pela
grandiosidade do momento. Sim, minha iniciadora estava certa. Foi histórico.
Depois, em 1978, quando eu já estava há 3 anos na Ordem, ia começar o
segundo ano da Faculdade de Medicina. Não tinha aonde ficar pois a casa em que
tinha morado no primeiro ano em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de
Janeiro, não tinha dado certo.
Tinha apenas os frateres da rosacruz da cidade para
recorrer.
O mestre do capítulo era meu amigo.
O mestre do capítulo era meu amigo.
Contei-lhe meu dilema e após pensar algum tempo, disse-me:
"-O templo é a nossa casa. Se voce não tem aonde ficar, fique por enquanto
aqui no capítulo."
E assim, por uma semana, eu andei a cidade toda procurando
um lugar para alugar sem encontrar nada que me satisfizesse. Mas a noite, eu
estendia um colchonete no chão acarpetado do templo, acendia um incenso de rosa
musgosa, e dormia confortavelmente em ambiente sagrado, o mais longe do sanctum
sanctorum do Templo, perto da porta.
Ao fim de uma semana encontrei o lugar que eu queria. Em
parte fiquei feliz, em parte triste porque não dormiria mais no templo. Mesmo
que fosse no chão.
Este episódio tem 36 anos. E é um de muitos da minha
história na AMORC. Um exemplo da fraternidade em funcionamento, de uma vivência
que passa enquanto estive lá, pelas funções de tesoureiro do capítulo, guardião
interno, e cantor. Quando saí da cidade em 1983, eu deixava para trás um rico
aprendizado de solidariedade que me faria ser grato e apaixonado pelo
rosacrucianismo por toda a vida.
Não sou rosacruz por acaso.
A Ordem me acompanha desde muito.
São 37 anos, não 37 dias. Por isso me irrita profundamente, e não só a mim, mas a qualquer artesão, quando alguém, apenas porque exerce um cargo burocrático, vem dizer como é o modo correto de ser rosacruz.
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