Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

domingo, 28 de dezembro de 2014

O X , NO GREGO, COMO SÍMBOLO DA PALAVRA CRISTO

Artigo Martinista




O Monograma Qui ou Chi  Rho ( Ch e R), início em grego do nome do Cristo.
Podemos ver nesta forma acima ainda as letras estilizadas alfa e ômega, início e fim de todas as coisas


"A álgebra nasceu no Oriente Médio durante a era de ouro da civilização islâmica medieval (entre 750 e 1258 d.C.) e sua forma original pode ser vista no trabalho de Muhammad Al-Khwarizmi e seu livro do século IX, Kitab al-jabr wal-muqabala 
(al-jabr, mais tarde, se transformou em “álgebra” no ocidente). Nessa época, as leis e cultura muçulmanas se expandiram até a Península Ibérica, onde os mouros incentivavam o estudo de ciências e matemática.
Ok, mas o que isso tem a ver com a letra “x” na matemática? Em uma palestra recente no TED, o diretor da The Radius Foundation, Terry Moore, postulou que o uso do “x” dessa forma começou com a incapacidade das escolas espanholas em traduzir certos sons arábicos, incluindo a letra “sheen” (ou “xiz”). De acordo com Moore, a palavra para “coisa desconhecida” em arábico é al-shalan e ela aparecia muitas vezes nos primeiros trabalhos em matemática. (Por exemplo, você poderia ver “três coisas desconhecidas é igual a 15”, com a “coisa desconhecida” sendo, então, 5.)
Como o espanhol não tinha um som correspondente ao “sh”, eles foram com o som de “ck”, que em grego clássico é escrito com o símbolo chi, “X”. Moore teoriza, como muitos antes dele, que quando isso foi traduzido ao latim, bem depois, o chi (“X”) foi substituído pelo “x” latino, mais comum. Isso é parecido com como “Xmas” no inglês, que significa “Christmas”, e veio da prática comum de escolas religiosas em 
usar a letra chi (“X”) grega como abreviação para “Christ”."1

PS: Em Grego, X é a primeira letra do nome do Cristo (XPICTOC) e o P lembra o cajado do "Bom Pastor)

(1)Retirado de http://gizmodo.uol.com.br/x-incognita-matematica/

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O GOLEM, COMO VEIO AO MUNDO

Trata-se de um filme de 1920, alemão. Legendas em português estão disponíveis, bastando serem ativadas. Dica do Frater José Marcelo Sobral, de Recife.

Do YouTube:
Publicado em 20 de nov de 2013
Com origem em 1847 numa coletânea de contos judaicos, o Golem significa "tolo", uma criação feita a partir do barro e com a alma animada através processos mágicos. Também faz referência a "uma substância incompleta" que apresenta uma certa santidade, porém incapaz de falar.
Esse filme foi feito em 1920, é a adaptação cinematográfica da narrativa clássica da história ambientada em Praga do século XVI. O rabino Judá Loew ben Betzalel, tenta usar o processo de permuta de palavras, como fez Raba, mas levaria alguns anos, então resolveu-se compactuar de forma "salomônica" com um espírito da Goetia, que certamente em seguida, vem cobrar seus serviços. Assim o Golem de guardião do gueto contra os anti-semitas de torna-se um destruidor.
O Golem, é considerado uma das obras-primas do expressionismo alemão, sendo referência para a criação de homunculus, Frankeinstein e desenhos da minha época como "A Coisa".
Para quem aprecia leitura, o livro é de rápida leitura e possui várias versões.

FELIZ NATAL MAÇÔNICO


LIGAÇÕES PERIGOSAS

por Mario Sales, FRC,SI,CRC 18°




Um dos trechos que estudamos da Doutrina Secreta (DS) de uma quarta feira destas, começou na página 333, no segundo volume da edição de 1973 da Sociedade Teosófica (ST) em seis volumes, da Editora Pensamento.
Neste trecho, (que até Michel Gomes no seu já citado "Resumo da DS" evitou, por considerar demasiadamente datado além de não necessário à compreensão da essência dos pensamentos de Helena Petrovna Blavatsky [HPB] ), continua o esforço da autora e fundadora da ST em ver ligações entre a Ortodoxia Científica e a Teosofia, de modo ora intempestivo, ora ingênuo.
Intempestivo, por querer que a ciência, a ferro e fogo, aceite suas afirmações sobre mundos invisíveis, baseada apenas nas suas afirmações ou na, em sua opinião, beleza de suas idéias, sem quaisquer demonstrações ou provas experimentais.
Ingênuo, por não entender que a ciência é um caminho pavimentado por fatos, não por afirmações, sejam fatos teóricos (matemáticos), sejam experimentais.
Uma pessoa comum não compreenderia isso, aceita-se; mas, uma assim denominada, Alta Iniciada, não tem justificativa para tal atitude mental.
Espera-se de "Altos Iniciados", ao menos, sensatez. 
Não é isso que se percebe nas queixas de HPB contra o meio científico.
O mais paradoxal, como já comentei aqui, é que mesmo tendo este enfoque negativo do ceticismo metodológico dos homens de ciência da época, HPB procure nestes capítulos finais e infernais do II° volume da DS referendar a Teosofia pela racionalidade científica e por descobertas da época da química e da física daqueles anos pré positivistas.
Neste trecho que trabalhamos, eu e Flavio, ela exalta o trabalho de Crookes (Sir Willian Crookes, físico-químico inglês do século XIX, inventor das ampolas de Crookes, do Radiômetro e descobridor do elemento Tálio).
No início do parágrafo que enfrentamos, lemos o seguinte trecho:
"Proferiu êle, (Crookes) uma segunda conferência sobre a gênese dos corpos simples ( na Royal Institution of London em 18 de fevereiro de 1887) e ainda uma terceira, ambas tão notáveis como a primeira. Aqui temos quase uma confirmação dos ensinamentos da filosofia esotérica..."
A questão é: para que um esoterista precisa de confirmação científica de suas teses?
Que insegurança é essa que faz alguém , detentor de informação privilegiada, digamos assim, necessitar parcial ou totalmente de confirmação de seus dados?
Acompanhem um exemplo: eu e um indivíduo cego estamos sentados ao ar livre. A chuva acabou há pouco e no céu surge um arco íris. Digamos que eu, animadamente, descreva para meu companheiro, cego de nascença , as maravilhosas nuances de cor deste encantador fenômeno. Pergunta: de alguma forma, isto fará com que ele tenha a mesma experiência visual que eu? Não. No máximo ele abstrairá que algo interessante ocorre no céu, mas em princípio não posso falar do azul, do púrpura ou do amarelo para quem não pode ver as cores.
Isto não deve nem deveria me aborrecer e eu não consideraria algo pessoal que tal pessoa com tal limitação me dissesse que não consegue acompanhar minha descrição.
Seria insensato da minha parte agir assim.
Infelizmente, é assim que HPB, em certos trechos, age; ou, como eu e Flavio suspeitamos, Leadbeater e Annie Besant agiram e incluíram no texto suas posições como se de HPB fossem.
Como comentei aqui, esta edição não é aceita em Adyar, na Índia, sede internacional da ST, segundo me informaram alguns leitores do blog.
Considerando que o que é esotérico hoje deve ter sido ciência em outra época e, como tal, foi concebido a partir de esforço intelectual e experimental por décadas e décadas, querer que a ciência desta época e desta cultura faça um salto de bota de sete léguas, passando por cima de etapas essenciais à consolidação de um conhecimento é uma demonstração de uma surpreendente ignorância sobre a natureza humana, a ciência, e suas limitações, que desembocam no método científico que, se é lento, pelo menos garante conclusões e descobertas fundamentadas e confiáveis.
De qualquer maneira, esoterismo e ciência ortodoxa têm caminhos diferentes e não podem lançar pontes um para o outro todo o tempo.
São como duas senóides deitadas que ora se aproximam e ora se afastam, sem nunca se tocar.
Pontes entre as duas só são possíveis nas regiões próximas, não nas distantes.



Aparentes similaridades entre estes dois caminhos, que não são paralelos como visto, não devem fazer crer aos incautos que estas duas oscilações são a mesma e única.
Não são. E é bom que seja assim para permitir mais beleza pois quem conhece acústica sabe que o mesmo som, ininterrupto, pode se tornar desagradável e até menos perceptível pelo fenômeno de fadiga dos chamados receptores fásicos, como os ouvidos; mas, dois, ou mesmo três sons diferentes, desde que harmônicos, podem gerar uma ressonância muito agradável, como se vê nos acordes musicais.
Esta diferença entre linhas de investigação é, portanto, não só natural, mas saudável e enriquecedora, e querer à força ver ligações entre ambas é, a meu ver, um esforço desnecessário e pouco produtivo. São ligações perigosas e inúteis. Mantidas as característica de cada linha de trabalho, de cada saber humano, a riqueza estará justamente nesta heterogeneidade e nas possíveis ressonâncias que poderá gerar, produto não da igualdade , mas exatamente da diferença entre ambas, como os acordes do piano.
Hoje, quando alguns "iluminados" montam cursos que beiram o charlatanismo, mas mesmo assim bastante frequentados e caros, aonde mostram uma suposta semelhança entre a física quântica e o misticismo, repetem-se no início do século XXI esforços semelhantes ao de HPB, descritos neste trecho da DS, no século XIX, os quais só demonstram uma falta de compreensão de como funciona a ciência e o próprio esoterismo em si.
Como a ciência não tem dogmas e seu tecido constitutivo é instável e vivo, não pode servir de trampolim sólido para os vôos de mentalidades dogmáticas.
Só esoteristas que pensem como cientistas podem ajudar o esoterismo a sair desta apatia em que se encontra fazem dois séculos, repetindo seus axiomas, sem se esforçar para demonstrá-los, ou dar-lhes uma aplicação prática e compartilhável, exatamente o que a ciência faz com suas descobertas, que redundam em melhores condições de vida objetivas e subjetivas.
Mesmos os críticos do mundo moderno deitam, e gostam disto, em colchões e travesseiros de espuma sintética, produto da ciência contemporânea, e vão de palestras em palestras as mais metafísicas em automóveis confortáveis e informatizados, ou em bicicletas feitas de avanços metalúrgicos recentes, mais resistentes e mais leves.
Discutem em seus aparelhos celulares de última geração o quanto a ciência é podre e refratária ao esoterismo e citam exemplos colhidos nos telejornais da noite, assistidos em televisores de alta definição produzidos por laboratórios em todo o mundo, para todas as pessoas.
Não sou, embora possa parecer, um ingênuo adorador do deus científico, porque na verdade, ninguém ligado à ciência o é. Todo cientista é, por definição, um iconoclasta, capaz de jogar sem piedade tudo que acreditou nos últimos vinte anos no lixo desde que alguém prove, de forma irrefutável, pelo menos no momento, que estas crenças estavam erradas.
Mais: ciência não é religião, mas um esforço de busca da compreensão, não mais do que faz as coisas serem como são, mas sim do como estas coisas são como são. Se pudermos saber o porque destes fenômenos isto será um bônus a mais, mas fazem décadas a ciência, bem como a filosofia, colocaram de lado a busca pelos chamados fundamentos últimos, admitindo que esta é uma busca pouco produtiva ou pragmática.
A ciência tem fidelidade, não aos fatos, ou aos seus enunciados, mas aos critérios que norteiam a interpretação destes fatos, o chamado método científico, o qual seria muito útil no trabalho esotérico.
E por isso o tecido da ciência é instável e muda de acordo com a mudança do conhecimento.
O esoterismo bem que poderia aprender com isso e dedicar-se a verificar a si próprio, testando as suas afirmações na vida prática e não querendo ensinar cegos a verem o arco íris.
A única escola esotérica que propôs este tipo de atitude, a vinculação entre o conhecimento esotérico e vida cotidiana, foi a AMORC.
É isso que a distingue como uma escola esotérica pronta para o século XXI, se não abandonar os princípios que a fizeram um farol na história da sociedade humana, no século XX.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014



FELIZ NATAL AOS FLAVIOS, WILSONS, CARLOS, FERNANDOS, EDSONS, ANTONIOS, ROBSONS, SOLANGES, JULIAS, NATHALIAS, MARIAS, JERSONS, MARCOS, APARECIDAS, E TODOS MAIS.

sábado, 20 de dezembro de 2014

PORQUE E PARA QUE SER UM INICIADO?

por Mario Sales, FRC,SI,CRC 18°




"As pessoas não sabem por que caminham, mas vós sabereis" 
(convite de Martinez de Pasqually à Fournier para entrar na Ordem Maçônica dos Sacerdotes Eleitos ou Ellus Cohem)




Para que serve ser um iniciado?
Que lucros materiais ou sociais traz esta condição?
A rigor, nenhum. A vaidade que ostentamos ao dizer pertencer a este ou aquele grau desta ou daquela Ordem esotérica reflete, sim, alguma ingenuidade socio-economica e psicológica.
Pertencer à uma Ordem é um chamado, uma resposta à uma convocação íntima que não tem, nem nunca terá,  nada a ver com uma relação de causa e efeito racional definida.
Ser um esoterista é como ter um talento artístico, algo que vem do alto, não de influências, amizades, interesses.
Dizer que o esoterismo é um saber, e que este saber tem um efeito marcante sobre todos que a ele se dedicarem é um truísmo. Da mesma maneira é óbvio que apenas alguns entre muitos sentirão esta atração e este efeito marcante a que me refiro.
Daí Papus dizer que não havia nenhum cuidado necessário ao se expor a um não iniciado textos esotéricos, porque se não fosse um iniciado, não os leria; se os lesse, não os compreenderia, e os descartaria como desinteressantes; mas se os lesse e parcialmente os compreendesse, considerar-los-ia delirantes e absurdos.
Não são os olhos que lêem, mas o cérebro. E o cérebro secreta as substâncias neurotransmissoras e faz as conexões sinápticas que a alma ordena.
É o espírito imortal, invisível, que comanda, em última instância, a estrutura visível neuroquímica e glandular do corpo.
Como estamos na fase de compreender o visível, esta afirmação é inaceitável ao cientista, porém perfeitamente compreensível ao iniciado.
Não somos iniciados porque passamos por uma iniciação em uma escola esotérica tradicional.
Somos esoteristas, místicos ou ocultistas porque não poderia ser de outra forma.
É a nossa natureza espiritual que nos comanda. Nós somos o produto de nossa evolução, de nosso esforço evolutivo em dezenas de encarnações, aqui, ali e acolá.
Hoje, não podemos mais ir contra nossa própria natureza, como uma fumaça de incenso que ascende mais e mais pelo espaço não pode cair.
Não nos tornamos buscadores, nascemos buscadores e continuamos nossa busca, do ponto aonde paramos, mal consigamos andar com nossas próprias pernas no corpo em que estivermos, em cada oportunidade.
Não buscaremos o saber, nem seremos seduzidos pela atração do mistério. O mistério habitará em nós antes que sejamos recebidos em qualquer Ordem em que entremos.
Não será um convite, como o de Pasqually à Fournier, que nos motivará. Tornar-nos-íamos esoteristas mesmo que não fossemos convidados.
Porque isto está em nosso espírito, e depois em nosso sangue e cérebro.
O resto será mera consequência desta predisposição.

sábado, 6 de dezembro de 2014

GRUPO VIRTUAL DE ESTUDOS MARTINISTAS VIa PARTE

TEMA GERAL ATUAL: CABALA
TÓPICOS PARTICULARES DE HOJE: A ALMA NA CABALA E AS DIFERENTES ADAPTAÇÕES DO CONHECIMENTO ÚNICO E OS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS DE CADA TRADIÇÃO ESOTÉRICA E MÍSTICA

Mario Sales, Wilson Hackmey, Flavio Sobral Bazzeggio



Minha convivência com Mestre Reginaldo Leite foi curta, mas extremamente produtiva.
Ele me alimentava de informações à uma velocidade enorme e sem nenhum refresco didático, me mandando papers, imagens, e mesmo livros inteiros ( a primeira vez que vi o Zohar por inteiro, com suas mais de 1000 páginas, foi em espanhol e enviado por ele).
Uma imagem que ele me enviou era a de uma sequência de Árvores da vida, pequenas, que formavam , uma ao lado da outra, em níveis diferentes, algo como uma escada da qual elas eram os degraus.
Havia neste esquema a compreensão de que os 4 níveis de cada árvore com suas dez sefiroth, se reproduzia em cada nível que a alma atravessava ao longo da existência, já que estes degraus, nefesh (instinto), ruach (emoções) e neshamá (pensamento, razão) são modos que são exaltados em fases diferentes de uma única existência, à medida que o indivíduo envelhece e amadurece.
O instinto nos guiará no início, depois as emoções, como na adolescência, terão primazia sobre o raciocínio que prevalecerá sobre a emoção na maturidade. Os três, no entanto, sempre conviverão em nós em qualquer de nossas fases de vida, com grau de influência diferente, mas estarão lá, como em uma carruagem.




Comentei este aspecto com meus colegas e citei o fato de que para os judeus, só judeus podem ultrapassar o nível de ruach, porque só quem estuda o Talmude pode compreender o nível do Pensamento, que aqui é mais do que mera atividade intelectual, mas desenvolvimento de sensatez, o que é o primeiro passo para a sabedoria espiritual.
Daí, vimos que o contexto cultural judaico é ingenuamente bairrista como todos são. Supõe que seus conceitos são únicos e incompreensíveis para quem não esteja dentro dele. O que obviamente é uma falácia, assim como falácia também é supor que só franceses podem ser bons esoteristas ou que a verdadeira filosofia só pode ser escrita em alemão.
Vivenciar como judeu um conhecimento e um conceito espiritual judeu é impossível para um não judeu, pois se trata de uma experiência não só intelectual como emocional.
É a emoção que determina a noção de identidade cultural nacional e o senso de pertencimento à uma tradição qualquer que seja. Nesse sentido, a afirmação de especificidade é correta.
Acima, porém, do aspecto emocional-intelectual existe o aspecto espiritual-intelectual, que permite que qualquer estudioso espiritualista possa ter acesso ao conhecimento de uma tradição e extrair dele inspiração para sua busca do Santo Cálice (Hole Graal) particular.
Não existe uma proibição intelectual de compreensão para conceitos da espiritualidade hindu, egípcia ou budista para quem não seja hinduísta, egípcio ou seguidor do Dalai Lama.
Tudo que é espiritualmente belo interessa a todos aqueles que buscam a beleza espiritual. Não importa de onde brote, será como água que mata a sede de Deus de um buscador sincero.
E isto porque nossa raiz é a mesma, enquanto seres humanos terrestres.
A mesma seiva alimenta todas os ramos da árvore das culturas, e com certeza esta árvore tem, no passado longínquo, um único tronco e uma única raiz, mas hoje talvez seja impossível identificar a forma deste tronco considerando a enorme e diferenciada variedade de galhos, alguns apontando para o Leste, outros para o Oeste, embora partes da mesma copa, do mesmo vegetal antropológico.
Por isso sempre defendo a impossibilidade de comparar ramos diferentes desta árvore embora eu reconheça que são provenientes do mesmo tronco.
Muitos arrancam um galho e supõem ter em mãos a árvore. O fato é que tem apenas um galho seco e sem seiva, separado de seu tronco e que logo secará e se servir para alguma coisa será para lenha de fogueira.
Mesmo que o galho que escolhamos para estudar, que pode ser o nosso, contenha elementos comuns a toda a árvore e, portanto, a todos os galhos que a compõem, suas características de forma e posicionamento no espaço são tão peculiares que não é possível supor que comparações entre estes galhos nos levem a visão clara do tronco que lhes deu origem.
Se fizermos o caminho inverso, talvez encontremos um local onde se deu a grande e primeira bifurcação entre os galhos da direita e da esquerda e do norte e do sul da árvore humana, mas mesmo isto acho extremamente difícil. Talvez seja mais interessante e produtivo nos concentrarmos nos aspectos do nosso galho e daqueles galhos próximos ou pouco distantes de nós.
Já teremos material antropológico de grande quantidade e qualidade para fazermos estudos de características comuns a eles. A visão da raiz da árvore, esta é bem mais esotérica historicamente. Falta-nos os instrumentos adequados ainda.
Não importa.
Judeus não são os únicos espiritualistas do mundo, e a Cabala Judaica não pode ser compreendida apenas por Judeus, já que muitos Judeus nem se interessam por Cabala, como muitos homens ocidentais não se interessam pelo cristianismo ou qualquer outra religião.
O nível espiritual é algo dado pelo Alto e as almas são diferenciadas pela sua evolução íntima, independente de nascerem neste ou naquele corpo, neste ou naquele sexo, nesta ou naquela tradição.
Acima e além dos países e das culturas, existe o Espírito Imortal, ou como chamam os Rosacruzes, a Personalidade Alma, que é eterna.
É esta personalidade que viaja de experiência em experiência, como uma personalidade Judia, Japonesa, Nórdica ou Negra, na Europa, África ou nas Américas.
Estas peculiaridades de cada encarnação não são mais importantes do que a bagagem e a Idade espiritual desta Personalidade Alma que, se antiga o suficiente, irá dar novas cores e um padrão mais elevado à tradição em que estiver mergulhado naquele período específico.
É assim com Luria (Isaac Luria- o Ari, Jerusalém 1534; Safed 1572) e a Cabala. Sua reformulação e seus conceitos são de uma beleza e de um encantamento tão grandes que elevaram o nível de complexidade desta interessante tradição esotérica que é o Cabala Judaico.
Conceitos como Tzim Tzum, Shevira Há-kelin, Tikun Olam, organizaram a compreensão de muitos e avançaram as primitivas noções do Misticismo Merkavah, a proto cabala  do século II DC, embora as "Meditações dos Sete Palácios" sejam ainda técnicas úteis a todo cabalista que busca a elevação espiritual.
Existem como vimos antes outros conceitos cabalísticos Lurianos pouco discutidos pelos Martinistas, como o conceito de Partizuf, os cinco níveis da Alma, a restrição da luz , a máscara ou o véu, etc, que são descritos com palavras idênticas para outros conceitos conhecidos, o que costuma confundir bastante os que se dedicam a entendê-los, ainda mais porque usam imagens consagradas como a Árvore da Vida na sua esquematização.
Ainda não me sinto pronto, entretanto, para didatizar estes conceitos para meus irmãos e irmãs, se bem que tenho trabalhado no problema.
Tudo que Mestre Reginaldo me ensinou destes menos conhecidos conceitos sobre a alma, como por exemplo os níveis da alma que estão acima de Neshamá, (Chaya e Yechida), são explicados pelos textos de Michael Laitman que estou, no momento, estudando.
O que fica deste sábado é a idéia clara de que, independente da nossa tradição espiritual nesta encarnação, nós, filhos do espírito seremos sempre místicos, ou seja, pessoas envolvidas com o mistério do mais profundo de nós mesmos, trabalhando a questão de como liberar em nós o Divino que está temporariamente adormecido, mesmo que o nome desta Força Divina, oculto pela torpor de nossa consciência encarnada, se modifique milhares de vezes, e seja variado em aspecto, forma e direção como os galhos de uma mesma árvore.