por Mario Sales, FRC,SI,CRC 18°
"As pessoas não sabem por que caminham, mas vós sabereis"
(convite de Martinez de Pasqually à Fournier para entrar na Ordem Maçônica dos Sacerdotes Eleitos ou Ellus Cohem)
Para que serve ser um iniciado?
Que lucros materiais ou sociais traz esta condição?
A rigor, nenhum. A vaidade que ostentamos ao dizer
pertencer a este ou aquele grau desta ou daquela Ordem esotérica reflete, sim,
alguma ingenuidade socio-economica e psicológica.
Pertencer à uma Ordem é um chamado, uma resposta à uma
convocação íntima que não tem, nem nunca terá, nada a ver com uma relação de causa e efeito
racional definida.
Ser um esoterista é como ter um talento artístico, algo que
vem do alto, não de influências, amizades, interesses.
Dizer que o esoterismo é um saber, e que este saber tem um
efeito marcante sobre todos que a ele se dedicarem é um truísmo. Da mesma
maneira é óbvio que apenas alguns entre muitos sentirão esta atração e este
efeito marcante a que me refiro.
Daí Papus dizer que não havia nenhum cuidado necessário ao
se expor a um não iniciado textos esotéricos, porque se não fosse um iniciado,
não os leria; se os lesse, não os compreenderia, e os descartaria como
desinteressantes; mas se os lesse e parcialmente os compreendesse,
considerar-los-ia delirantes e absurdos.
Não são os olhos que lêem, mas o cérebro. E o cérebro
secreta as substâncias neurotransmissoras e faz as conexões sinápticas que a
alma ordena.
É o espírito imortal, invisível, que comanda, em última
instância, a estrutura visível neuroquímica e glandular do corpo.
Como estamos na fase de compreender o visível, esta
afirmação é inaceitável ao cientista, porém perfeitamente compreensível ao
iniciado.
Não somos iniciados porque passamos por uma iniciação em uma
escola esotérica tradicional.
Somos esoteristas, místicos ou ocultistas porque não poderia
ser de outra forma.
É a nossa natureza espiritual que nos comanda. Nós somos o
produto de nossa evolução, de nosso esforço evolutivo em dezenas de
encarnações, aqui, ali e acolá.
Hoje, não podemos mais ir contra nossa própria natureza,
como uma fumaça de incenso que ascende mais e mais pelo espaço não pode cair.
Não nos tornamos buscadores, nascemos buscadores e
continuamos nossa busca, do ponto aonde paramos, mal consigamos andar com
nossas próprias pernas no corpo em que estivermos, em cada oportunidade.
Não buscaremos o saber, nem seremos seduzidos pela atração
do mistério. O mistério habitará em nós antes que sejamos recebidos em qualquer
Ordem em que entremos.
Não será um convite, como o de Pasqually à Fournier, que nos
motivará. Tornar-nos-íamos esoteristas mesmo que não fossemos convidados.
Porque isto está em nosso espírito, e depois em nosso sangue
e cérebro.
O resto será mera consequência desta predisposição.
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