por Mario Sales FRC
Vinha pensando agora, enquanto dirigia para o trabalho, na velocidade com que a importância e a relevância de ordens esotéricas têm diminuído. É uma afirmação dura, talvez difícil para alguns de digerir, mas que na minha avaliação, em perfeito acordo com os fatos.
Esoteristas são, hoje, relegados ao segundo plano pelas tecnologias que enfraquecem a capacidade discursiva e de reflexão das pessoas. Tudo é instantâneo e fugaz, tudo é líquido, como diz Zigmunt Bauman, e flui com a rapidez característica dos fluxos acelerados deste tempo de impermanência.
Organizações que se dedicam a preservar tradições enfrentam o anacronismo de suas posturas, já que se adaptam com muita lentidão aos acontecimentos sociais e psicológicos de nosso tempo.
Não vou falar da Maçonaria, com seus mais de 200 ritos, e costumes conservadores. É de se supor que o menos flexível se desmanche primeiro sob os efeitos dos ventos do tempo.
Falo da minha querida AMORC, que luta para ter prestígio internacional e procura, de todos as maneiras, uma inserção no debate sócio político e espiritualista sem o sucesso que alguns comemoram, exageradamente.
Não temos mais grande importância ou destaque neste cenário caleidoscópico e fragmentado deste momento histórico. Somos para os não iniciados no máximo, um grupo de pessoas curiosas, que professam crenças semelhantes aos kardecistas, para muitos, uma religião que em termos de difusão e expressão no cenário mundial tem uma presença midiática mais forte.
Sim porque para a maioria das pessoas, o esoterismo não passa de outro tipo de religião, de seita, com práticas exóticas, mas uma religião como outra qualquer.
Sempre foi para mim difícil explicar a alguém o que era ser rosacruz, obviamente em primeiro lugar pela associação imediata que a maioria dos interlocutores faz com a palavra “cruz”.
Agora o que percebo é apenas desinteresse ou um interesse efêmero, como são efêmeras todas as tentativas de manter foco intelectual em alguma coisa hoje em dia, tamanha a competição de estímulos em nossos sentidos.
Esta, aliás, é a explicação da nossa diminuição de espaço no imaginário popular: a competição de outras expressões culturais, tão importantes quanto o esoterismo, mas talvez mais atraentes na forma e na apresentação.
É difícil fazer o que Spencer Lewis fez, de modo admirável, no início do século XX, traduzindo para uma linguagem contemporânea textos de centenas de anos, técnicas guardadas por Sir Hyeronimus e seus poucos seguidores com o carinho que só os guardiães têm por aquilo que preservam.
E precisamos de novas mudanças didáticas se não quisermos perder mais mebros ao longo dos próximos anos.
Quando entrei na ordem, em 1975, tínhamos em torno de 100 mil afiliados, salvo erro da minha parte. Hoje oscilamos em torno de 25000, o que não é um número desprezível, mas evidentemente bem abaixo do que já foi no passado.
E se não houver uma mudança de abordagem ou de estratégia curricular, na transmissão do conhecimento principalmente aos membros de sanctum, temos poucas chances de melhorar estes números de afiliados e, temo, eles continuarão a cair.
Embora seja uma organização internacional e bem estruturada, não será por falta de empenho administrativo que o risco de desaparecimento gradual de Ordens esotéricas diminuirá. Anônima e gratuitamente existem milhares de pessoas em todo o planeta comprometidas com a manutenção do legado rosacruciano. É a sociedade que se modificou de modo vertiginoso, demandando um outro tipo de estratégia, um nova forma de exposição de antigos conhecimentos.
Só diagnosticar problemas não é suficiente; então passemos às possíveis soluções.
Esoteristas são, hoje, relegados ao segundo plano pelas tecnologias que enfraquecem a capacidade discursiva e de reflexão das pessoas. Tudo é instantâneo e fugaz, tudo é líquido, como diz Zigmunt Bauman, e flui com a rapidez característica dos fluxos acelerados deste tempo de impermanência.
Organizações que se dedicam a preservar tradições enfrentam o anacronismo de suas posturas, já que se adaptam com muita lentidão aos acontecimentos sociais e psicológicos de nosso tempo.
Não vou falar da Maçonaria, com seus mais de 200 ritos, e costumes conservadores. É de se supor que o menos flexível se desmanche primeiro sob os efeitos dos ventos do tempo.
Falo da minha querida AMORC, que luta para ter prestígio internacional e procura, de todos as maneiras, uma inserção no debate sócio político e espiritualista sem o sucesso que alguns comemoram, exageradamente.
Não temos mais grande importância ou destaque neste cenário caleidoscópico e fragmentado deste momento histórico. Somos para os não iniciados no máximo, um grupo de pessoas curiosas, que professam crenças semelhantes aos kardecistas, para muitos, uma religião que em termos de difusão e expressão no cenário mundial tem uma presença midiática mais forte.
Sim porque para a maioria das pessoas, o esoterismo não passa de outro tipo de religião, de seita, com práticas exóticas, mas uma religião como outra qualquer.
Sempre foi para mim difícil explicar a alguém o que era ser rosacruz, obviamente em primeiro lugar pela associação imediata que a maioria dos interlocutores faz com a palavra “cruz”.
Agora o que percebo é apenas desinteresse ou um interesse efêmero, como são efêmeras todas as tentativas de manter foco intelectual em alguma coisa hoje em dia, tamanha a competição de estímulos em nossos sentidos.
Esta, aliás, é a explicação da nossa diminuição de espaço no imaginário popular: a competição de outras expressões culturais, tão importantes quanto o esoterismo, mas talvez mais atraentes na forma e na apresentação.
É difícil fazer o que Spencer Lewis fez, de modo admirável, no início do século XX, traduzindo para uma linguagem contemporânea textos de centenas de anos, técnicas guardadas por Sir Hyeronimus e seus poucos seguidores com o carinho que só os guardiães têm por aquilo que preservam.
E precisamos de novas mudanças didáticas se não quisermos perder mais mebros ao longo dos próximos anos.
Quando entrei na ordem, em 1975, tínhamos em torno de 100 mil afiliados, salvo erro da minha parte. Hoje oscilamos em torno de 25000, o que não é um número desprezível, mas evidentemente bem abaixo do que já foi no passado.
E se não houver uma mudança de abordagem ou de estratégia curricular, na transmissão do conhecimento principalmente aos membros de sanctum, temos poucas chances de melhorar estes números de afiliados e, temo, eles continuarão a cair.
Embora seja uma organização internacional e bem estruturada, não será por falta de empenho administrativo que o risco de desaparecimento gradual de Ordens esotéricas diminuirá. Anônima e gratuitamente existem milhares de pessoas em todo o planeta comprometidas com a manutenção do legado rosacruciano. É a sociedade que se modificou de modo vertiginoso, demandando um outro tipo de estratégia, um nova forma de exposição de antigos conhecimentos.
Só diagnosticar problemas não é suficiente; então passemos às possíveis soluções.
O impacto da ciência continuará aumentando na sociedade, mesmo com movimentos obscurantistas e retrógrados espalhados pelo mundo, como o grupo anti vacinas dos Estados Unidos, que colocam atualmente em risco a saúde pública americana com vírus que já estavam sob controle ou os movimentos criacionistas que combatem o Darwinismo e o raciocínio antropológico. Não sei como este conflito terminará, mas suponho que é difícil defender uma o uso de uma vela para leitura diante de uma lâmpada elétrica.
E, fora a ingenuidade de supor que a tecnologia tudo resolve e resolverá, é preciso admitir que já não há retorno a condições de vida chamadas “naturais”. Nossa sociedade é essencial e predominantemente artificial, e isto, a meu ver, aumentará ao longo do tempo.
Por isso nós, médicos, lutamos uma guerra aparentemente perdida na busca pelo aumento da atividade física em uma sociedade de hábitos cada vez mais sedentários e voltados ao ócio.
Embora perfeitamente possível, a prática de uma vida saudável exige mudanças de comportamento que o cotidiano de qualquer grande cidade do planeta insiste em desmobilizar.
Então, feito e encerrado este parêntese, minha proposta é que façamos uma nova adaptação didática aos novos tempos. E os novos tempos não são tempos de discurso, mas de ação e experimentação, bem ao gosto de uma sociedade cada vez mais positivista, no bom sentido.
Temos que pensar seriamente, por exemplo, na diminuição do número de monografias. São monografias demais com textos repetitivos, muitas vezes enfadonhos, biográficos, sem significado em termos de formação do rosacruz.
Segundo,: precisamos aumentar o caráter prático dos nossos estudos estimulando a construção e manutenção de laboratórios em nossos corpos afiliados que possam ser, segundo um planejamento de horários, utilizado por todos os rosacruzes daquela região. Isto fomentaria a frequência dos rosacruzes aos seus corpos afiliados, diminuindo o caráter e o aspecto religioso de nossos templos e recuperando nossa tradição dos tempos alquímicos, em que o laboratório era o templo da mesma forma que o templo era um laboratório.
Chamo a atenção para o trabalho discreto e entusiasmante do nosso humilde capítulo Suzano, aonde um grupo de abnegados trabalha na elaboração de ampliações artesanais de antigos gráficos de nosso tradicional manual, e no esforço que este ano fizemos para realizar estudos de visualização criativa e terapia rosacruz, via Skipe, entre corpos afiliados como Recife, Suzano e membros do Paraná e do Rio Grande do Sul, bem como a participação com todas as dificuldades previsíveis nestes encontros da Loja Manaus, no Amazonas.
Os Rosacruzes gostam de estudar e querem trabalhar. Nada mais óbvio que transformemos o corpo afiliado, Pronaos, Capítulo ou Loja, em um centro de pesquisas, retirando seu aparente aspecto de Igreja que infelizmente prevalece para algumas mentes desavisadas.
Como propus anos atrás, no final da gestão Parucker e início da gestão Helio de Morais, em um texto chamado “Diálogos Rosacruzes”, que pode ser encontrado no Blog, a Ordem poderia e deveria organizar seminários regionais e nacionais de busca de especializações em dons esotéricos, encontros estes que também estimulariam o trabalho da escola no país. Falamos muito sobre telepatia, telecinesia, sem ter em números um levantamento de quem são os melhores rosacruzes nestas habilidades, nem colocá-los em contato, uns com os outros, sob a égide da Grande Loja de cada Jurisdição.
Simpósios de telepatas ou telecinéticos rosacruzes poderiam estabelecer protocolos de melhorias destas técnicas para todos aqueles que não possuem tais habilidades e que gostariam de dominá-las. O aspecto prático e experimental deste tipo de atividade é indiscutível.
O terceiro ponto é o aspecto de suporte didático via internet. Cada Grande Loja, no nosso caso Curitiba, poderia desenvolver um departamento junto à divisão de Ensino para ficar a disposição de nossos membros no intuito de explicar e esclarecer dúvidas ou procedimentos em tempo real, em mais um esforço de evitar desvios de compreensão e juntos, Grande Loja e estudante de Sanctum, aprofundar o significado de trechos mais obscuros.
Se somos uma escola, temos que nos especializar em ensinar, em didatizar mais e mais aquilo que queremos transmitir. Este é o foco objetivo e prático de nosso trabalho no século XXI.
Só o fato de transformarmos corpos afiliados de meras entidades burocrático-ritualísticas em laboratórios coletivos já seria um grande passo educacional, e, acho eu, melhoraria em muito a frequência e a aderência às praticas templárias.
Ficam as sugestões. Se o esoterismo é cada vez menos importante já que vivemos em um mundo tumultuado, em constante transformação , este blog, como tal, não é um sucesso de audiência; mas não custa lançar as sementes. Que caiam, com as bênçãos do Cósmico, em terreno fértil.
Muito difícil o início do século XX, e mesmo assim Spencer Lewis não parou diante dos obstáculos, tudo fez para que ele cumprisse sua missão. Portanto,caro amigo Mário, devemos nos espelhar em seu exemplo e fazer o nosso melhor, hoje em dia os meios de comunicação aliada à tecnologia, é um instrumento a nosso favor. Obrigada pelo post, excelente.
ResponderExcluirEm 2001 quando tive meus primeiros contatos com a Ordem, emquando lia uma de suas publicações, se não me engano uma revista de fórum, o Grande Meste Parucker já alertava do fato de que a Ordem naquele instante vinha diminuindo devido a inatividade de membros, mas não questionava o motivo apenas citava que se tratava de um ciclo de encolhimento para talvez depois voltar a crescer.
ResponderExcluirContudo, conforme resgato de minhas lembranças, desde a chegada do primeiro CD a laser o que era uma coisa de louco para a época com os primeiros CDs contendo apenas músicas clássicas devido a enorme fidelidade de limpeza de som, o mundo entrou em uma espiral de novidade atras de novidade em um ritmo alucinante ao ponto de uma pessoa que nascesse antes de 1980 e adormecesse, se acordasse em nossos dias desconheceria muitos termos como watsapp e torpede e teria grande dificuldade em se comunicar nos dias de hoje.
Concordo com o fato de que a Ordem precisa estar antenada quando as mudanças muito velozes que a sociedade vem passando, mas gostaria aqui de destacar um fato que nosso país vem vivenciando nos últimos 40 anos juntamento com turbilhão do avanço tecnológico.
Trata-se da questão da religiosidade do brasileiro. Está colocado no texto se sua publicação que quanto entrou na Ordem por volta de 1975 a mesma possuía cerca de 100 mil membros contando atualmente com 25 mil afiliados no Brasil.
Embora não tenha dados exatos, mas em minhas leituras nos sites que tratam do rosacrucianismo amorquiano, pude encontrar diversas citações onde os proprietários de blogs e comentaristas alegam que a maioria dos afiliados da Amorc são católicos seguindo de perto pelos espíritas ( conversas com membros de lojas e capítulos que tive parecem corroborar com esta opinião).
Se compararmos os dados do IBGE de 1970 e 2010, veremos que houve uma retração significativa no número de católicos praticantes de 91,8% para 64,6% e aumento da população de pessoas que se identificam como evangélicas de 5,2% para 22,5%.
Minha suspeita é se além da dos fatores apontados no texto, a questão da mudança do perfil religioso do brasileiro nos últimos quarenta anos não estaria também relacionado com a diminuição gradativa dos membros afiliados da nossa querida Amorc sendo outro ponto a ser tratado com a devida atenção.
Excelentes observações Dr. Mario,
ResponderExcluirTive experiências com a telepatia e pensei que era loucura.
Estudando as monografias me tranquilizei descobrindo ser algo natural.
Mas dentro da ordem não encontrei ninguém para praticar, embora nas cartas de resposta das iniciações em Sanctum tenha citado a experiência e apreciação do tema.
Ainda assim sigo as instruções da ordem para a técnica e sempre tento resposta.