Por Mario Sales,FRC
Enquanto escrevo este texto usando a criação de Christopher Sholes, mexo no periférico construído por William "Bill" English, engenheiro da Universidade do Kentucky, com mestrado em Stanford. Bill seguiu as orientações de Douglas C. Engelbart (nascido em Portland, 30 de janeiro de 1925 — e falecido em Atherton, 2 de julho de 2013). Depois de muitas idas e vindas que começaram em 1945, ainda no exército, “em 9 de dezembro de 1968 Engelbart e o seu grupo demonstraram o equipamento na "Fall Joint Computer Conference", em San Francisco, operando diante de uma vasta audiência acessórios como um teclado, um mouse e um microfone, colocado na cabeça.”[1]
Willian “Bill” English
Se Engelbart entrasse em um supermercado nos anos setenta do século passado, ninguém o aplaudiria; tampouco nos anos oitenta. E isto por que, embora ele e sua equipe tivessem inventado um dos periféricos mais cotidianos na vida de todos nós, com a ajuda de William "Bill" English, ninguém saberia disso.
Via de regra as pessoas que trabalham hoje em dia usando um teclado, (inventado por Christopher Sholes) , ou um mouse (produto do gênio inventivo de Engelbart e Bill English) não tem e não teriam a menor curiosidade de saber quem criou, e o trabalho mental e físico que custou realizar e introduzir na vida cotidiana, estes pequenos instrumentos que são, juntos, as canetas e os lápis de nossa época.
Christopher Sholes
Usufruímos dos benefícios tecnológicos e aceleramos nossa capacidade de trabalho e interação sem darmos atenção à história e ao esforço por trás de cada centímetro de avanço.
Mesmo que na mesma Torah a maldição divina sobre Adão fosse bem clara já no Gênesis 3,19: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.”, para a grande maioria das pessoas, é como se tudo caísse do céu, como o Maná bíblico.
Tudo parece fácil, depois de conhecido.
Tudo parece simples, aos olhos de quem pensa com simplicidade. E nada, nada é mais falso do que esta impressão de facilidade e simplicidade no trabalho de construção de uma sociedade e de um conjunto de recursos, que hoje usamos a todo momento, displicentemente.
Ignorância não é pecado, mas também não é uma virtude.
Ela gera ingratidão e indiferença às coisas da vida e as pessoas que criaram as condições para a melhoria da qualidade de nossa vida como indivíduos e como sociedade.
E assim, se alguém deveria merecer uma estátua, nestes dias infernais de verão no hemisfério sul este alguém é Willis Carrier (nascido no Condado de Erie, 26 de novembro de 1876 – e falecido em Nova Iorque, 7 de outubro de 1950) um engenheiro , com formação na Universidade de Cornel.
Willis Carrier
Ele é simplesmente o inventor do ar condicionado, em 17 de julho de 1902, esta bênção que me permite atravessar estes três meses de proximidade do Sol sem desconforto.
Estes são quatro exemplos de pessoas que criaram instrumentos de bem-estar para todos a sua volta, que com seu intelecto serviram a todos os membros da humanidade.
Quanto mais os anos passam, mais eu sinto fascínio e respeito por homens e mulheres assim, comprometidos com a criação e não com a destruição, com a geração de qualidade de vida para milhões de pessoas.
São pessoas que não discutem por discutir, mas buscam novas idéias e meios de fazer melhor aquilo que sempre foi feito de outro jeito, pior e mais primitivo.
Este é o espírito do serviço.
A ciência e a engenharia são, pois, uma manifestação do serviço a humanidade, sem discursos, sem músicas de fundo, no silêncio de pranchetas e de laboratórios.
A discrição e o anonimato dessas pessoas, para mim, chega a ser injusto, mas eles provavelmente não se importam ou se importaram com isso. Sua satisfação era e sempre será ter feito algo bom que compartilharam com sua espécie.
Quem pode negar que este feito não está cheio de altruísmo?
Quem pode negar que aí reside a natureza prática do dar e do receber?
Esses homens e mulheres entraram e saíram do mundo sem passar pelo ridículo status de celebridades. Transformaram o mundo com discrição e ciência. Falaram pouco e fizeram muito.
Pudessem os místicos entender este exemplo e imitá-los.
Este é meu mais sincero desejo.
Mais um texto para nossa reflexão, pena que os cientistas idealistas que teimosamente buscam respostas estão cada vez mais raros. O que vemos hoje temos são equipes de pesquisas cujo financiamento procede de grandes grupos conforme interesses próprios.
ResponderExcluirParabéns mais uma vez pelo belo blog onde neste ano garimpei preciosas pérolas. Boas festas e que o Deus de nossos corações lhe conceda iluminação para continuar se exercitando por aqui, ou quem sabe, em outro meio midiático que lhe pareça mais adequado neste mundo líquido.
P.P.