O CORAÇÃO É UMA ESTRELA
por Mario Sales
ESQUEMA XX
A primeira coisa a dizer sobre este novo trecho é: sua forma
já apareceu aqui. Talvez porque o papel mais importante da estrela de seis
pontas seja promover a transição, um triângulo que aponta para cima e outro para
baixo, entrelaçados.
Arrisco-me, entretanto, a dizer que, se a primeira vez que
esta estrela apareceu fazia a transição do alto para o mais baixo, desta vez
ela faz a transição do lado direito para o esquerdo e vice-versa. A cruz se
forma.
A disposição dos textos e símbolos oculta este detalhe.
Existem dois triângulos acima, ladeando a espícula superior,
um com o vértice para baixo, outro com o vértice para cima, a água que cai e o
fogo, que sobe. Dentro da estrela, em cada ponta, uma letra da palavra Natura
(Natureza). E para completar, acima e abaixo, como a reforçar a ideia de
verticalidade, as palavras superius e inferius, o alto e o baixo, o plano
superior e inferior. Então por que pensar numa função de ligação horizontal com
todos estes indicativos de verticalidade?
Primeiro, é um símbolo esmagado entre outros dois, o
que faz dele necessariamente uma área de transição; segundo, toca em
mais pontos (quatro, sempre quatro) dos círculos à direita e a esquerda, enquanto
que acima tem apenas uma interseção com o losango ao alto, e abaixo não toca em
nada, mesmo que no símbolo Renes-AMORC toque (no símbolo em alemão e em um
outro símbolo em inglês não toca, nem mesmo encosta).
Dentro do símbolo, encontramos ainda as seguintes palavras:
acima, “unius” e abaixo, “substantia” (uma substância) e à esquerda, a palavra
“tria”, tendo à direita a palavra “principia” (três princípios), grafada do seguinte modo: “prin------c.” em mais
uma tentativa primária de dificultar a interpretação. É provável que para
aquela época fosse mesmo um muro intransponível para a maioria dos intelectos.
Esses três princípios, a mim me parece, não são de natureza
espiritual, mas tanto quanto podemos usar este termo na visão alquímica, a
expressão refere-se aos 3 princípios materiais da criação conhecidos como Sal,
Mercúrio e Enxofre.
Ao centro, encontramos a palavra CHAOS, tendo a adorná-lo os símbolos dos quatro (sempre quatro)
elementos: Fogo e Ar, acima; Água e Terra, abaixo.
CHAOS, neste
contexto, não deve ter o sentido de confusão e desordem, mas de potencial
criativo, ou melhor, aqui surge a Criação material, espremida entre as
influências do céu, à esquerda, como acabamos de ver, e as da terra, como
veremos a frente, no estudo do 6° sub-símbolo, o “pulmão” direito.
Por isso, como o coração que fica entre os pulmões em um
corpo normal, e dialoga com eles através do sangue que flui de um para os
outros, indo e voltando ao coração, revigorado, energizado, da mesma forma esta
estrela dialoga não com o alto e o baixo, mas com seus símbolos laterais justapostos,
representando a consecução da fusão entre os recursos de um e de outro, céu e
terra. Estamos já na Criação, não no mundo de Deus, mas no mundo dos homens e
dos animais. O que era semente antes agora se esparramará pela criação e
amadurecerá. O que era apenas um potencial, agora será manifestado.
A espessura de suas linhas é menor, mostrando mais leveza
que a Estrela idêntica superior, quase uma transparência. Trata-se, de fato, de
uma área de transição.
Não deveríamos, vejo agora, ter feito o inventário deste
símbolo antes daquele à sua direita, chamado por mim “pulmão” direito, pois ele
só faz sentido, como veremos, quando se mostra transição e crase central entre
ambos os extremos laterais.
Isto agora não importa. Seu segredo está revelado. É esta a
função deste exercício.
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