Por Mario Sales
"Muitos daqueles que estudaram as chamadas ciências materiais e têm
por elas elevado respeito sentem, de quando em quando, que o trabalho
rosacruz é naturalmente oposto com relação a todas as artes e ciências materiais.
Essas pessoas estão erradas em sua suposição..."
"CORRIGINDO UM EQUIVOCO", Harvey Spencer Lewis,
artigo republicado em "O ROSACRUZ" de fevereiro, 1976
Cada ordem tem seu caminho e seu propósito. Procuramos
sempre as semelhanças, o que não é errado, mas não podemos esquecer as
diferenças entre elas, suas peculiaridades.
A maçonaria, hoje, nada tem a ver com seu passado ocultista,
esotérico. Trata-se de um clube de serviço em essência, e muitas vezes, salvo
honrosas exceções, apenas disso.
A Sociedade Teosófica, legitima herdeira do pensamento de
Blavatsky, é um grupo de eruditos e intelectuais. Não são, como não nasceram
para ser um grupo de natureza pragmática. Seu foco é no estudo dos textos dos
mestres e de seus representantes, fundadores dessa nobre escola.
A Tradicional Ordem Martinista, abrigada dentro da AMORC,
intitula-se uma ordem de caráter eclético, mas é de forte tendência cristã, o
que a torna eminentemente parcial; embora os cristãos sempre suponham que suas
crenças são de natureza mundial, o cristianismo é apenas uma das três grandes
tradições religiosas do mundo, sendo que nem é a que mais adeptos arrebanha, (o
crescimento do islamismo é inegável) mesmo se considerando o fenômeno das
seitas evangélicas pentecostais, que também se denominam como cristãs.
Não comentarei a Escola Antroposófica de Rudolph Steiner,
nem a EUBIOSE, brasileira, ou mesmo a Fraternidade Rosacruz Max Heindel, todas
derivadas do movimento teosófico.
Já a rosacruz AMORC, tenta manter seu perfil templário e
iniciático, dentro do caráter esotérico possível em nossos dias digitais.
Nasceu ou renasceu no século XX com um objetivo claro: dar cunho
prático aos ensinamentos transmitidos por Sir Hyeronimus e seus oficiais,
ocidentalizando uma tradição de forte caráter oriental.
Na tradução feita por Lewis para um linguajar norte
americano, a tradição foi transformada em uma sequencia de técnicas e modus
operandi que compõem um mosaico distribuído em doze graus de templo, após três
de introdução e mais sete após o 12°, num total de 22 graus de estudo, ao longo
de muitos anos.
Muitos desses vinte e dois graus são áreas de espera e
preparação para a entrevista com um representante da grande fraternidade
branca, se este for o merecimento do iniciado. Se não for, fica como um crédito
para a próxima encarnação, o que facilitará em muito o trecho seguinte da
caminhada.
De qualquer forma, este é o escopo e o perfil de AMORC:
técnico. Deveríamos ser os cientistas do esoterismo, do ocultismo, unindo em um
único trabalho a erudição dos teósofos com o espírito positivista da ciência
ocidental.
Com o risco de ser repetitivo, noto que este espirito
empirista e positivista, essa cultura de resultados, não se impõe, hoje, como
um paradigma na AMORC.
É possível ser membro da Rosacruz sem praticar as técnicas
rosacruzes. Mais: não produzimos informação nova, não temos laboratórios e
nossa Universidade, convenientemente, privilegia as ciências não empíricas, as
ciências do texto e não aquela da execução e investigação. Embora saibamos os
efeitos dos mantras que chamamos de sons vocálicos, não temos um laboratório de
acústica.
Embora estimulemos o desenvolvimento de dons como a
telepatia, a telecinese, ou mesmo a hipnose ou sugestão hipnótica, não temos
laboratórios parapsicológicos aonde investigar e mensurar o desenvolvimento
destes talentos, aliás não sabemos quantos de nós tem esta habilidade e quais
são os mais bem dotados.
Não produzimos mais, além disso, de maneira rotineira, trabalhos acerca
desses aspectos como fazia George Buletza, responsável pelo Departamento de Pesquisas da Universidade Rose-Croix, na California, até sua morte.
E este é o nosso metier, nosso foco mais importante, salvo
engano da minha parte.
Enquanto isso o tempo segue seu fluxo inexorável.
Aceito críticas e comentários, contra argumentos sensatos e
fundamentados em fatos que contestem minhas impressões.
Ficaria muito feliz de estar enganado.
Cada ordem, como disse, tem seu caminho.
Todos são importantes, desde que sinceros.
Os rosacruzes precisam voltar ao seu, honrando a memória de
Lewis, e evitando perder-se de sua rota autêntica.
Tenho acompanhado seu trabalho há algum tempo e como você sou do tempo em que podia se ver os antigos fratres colocarem em prática nossos ensinamentos. Tive o prazer de conhecer e conviver, na Loja São Paulo, com o Frater Coraza, Frater Moledo, Frater Yamamoto cujas revisões de grau demonstravam a validade de nossos ensinamentos. Mas parece que o ciclo de 108 anos se torna uma realidade. A antiga frase a Instituição por detrás da organização e sinto que a Instituição já não mais esta ativa, restou somente a organização com um academicismo frustante.
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