Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sábado, 6 de junho de 2020

CAMINHOS



Por Mario Sales


"Muitos daqueles que estudaram as chamadas ciências materiais e têm
por elas elevado respeito sentem, de quando em quando, que o trabalho 
rosacruz é naturalmente oposto com relação a todas as artes e ciências materiais.
Essas pessoas estão erradas em sua suposição..."

"CORRIGINDO UM  EQUIVOCO", Harvey Spencer Lewis, 
artigo republicado em "O ROSACRUZ" de fevereiro, 1976







Cada ordem tem seu caminho e seu propósito. Procuramos sempre as semelhanças, o que não é errado, mas não podemos esquecer as diferenças entre elas, suas peculiaridades.
A maçonaria, hoje, nada tem a ver com seu passado ocultista, esotérico. Trata-se de um clube de serviço em essência, e muitas vezes, salvo honrosas exceções, apenas disso.
A Sociedade Teosófica, legitima herdeira do pensamento de Blavatsky, é um grupo de eruditos e intelectuais. Não são, como não nasceram para ser um grupo de natureza pragmática. Seu foco é no estudo dos textos dos mestres e de seus representantes, fundadores dessa nobre escola.
A Tradicional Ordem Martinista, abrigada dentro da AMORC, intitula-se uma ordem de caráter eclético, mas é de forte tendência cristã, o que a torna eminentemente parcial; embora os cristãos sempre suponham que suas crenças são de natureza mundial, o cristianismo é apenas uma das três grandes tradições religiosas do mundo, sendo que nem é a que mais adeptos arrebanha, (o crescimento do islamismo é inegável) mesmo se considerando o fenômeno das seitas evangélicas pentecostais, que também se denominam como cristãs.
Não comentarei a Escola Antroposófica de Rudolph Steiner, nem a EUBIOSE, brasileira, ou mesmo a Fraternidade Rosacruz Max Heindel, todas derivadas do movimento teosófico.
Já a rosacruz AMORC, tenta manter seu perfil templário e iniciático, dentro do caráter esotérico possível em nossos dias digitais.
Nasceu ou renasceu no século XX com um objetivo claro: dar cunho prático aos ensinamentos transmitidos por Sir Hyeronimus e seus oficiais, ocidentalizando uma tradição de forte caráter oriental.




Na tradução feita por Lewis para um linguajar norte americano, a tradição foi transformada em uma sequencia de técnicas e modus operandi que compõem um mosaico distribuído em doze graus de templo, após três de introdução e mais sete após o 12°, num total de 22 graus de estudo, ao longo de muitos anos.
Muitos desses vinte e dois graus são áreas de espera e preparação para a entrevista com um representante da grande fraternidade branca, se este for o merecimento do iniciado. Se não for, fica como um crédito para a próxima encarnação, o que facilitará em muito o trecho seguinte da caminhada.
De qualquer forma, este é o escopo e o perfil de AMORC: técnico. Deveríamos ser os cientistas do esoterismo, do ocultismo, unindo em um único trabalho a erudição dos teósofos com o espírito positivista da ciência ocidental.
Com o risco de ser repetitivo, noto que este espirito empirista e positivista, essa cultura de resultados, não se impõe, hoje, como um paradigma na AMORC.
É possível ser membro da Rosacruz sem praticar as técnicas rosacruzes. Mais: não produzimos informação nova, não temos laboratórios e nossa Universidade, convenientemente, privilegia as ciências não empíricas, as ciências do texto e não aquela da execução e investigação. Embora saibamos os efeitos dos mantras que chamamos de sons vocálicos, não temos um laboratório de acústica.



Embora estimulemos o desenvolvimento de dons como a telepatia, a telecinese, ou mesmo a hipnose ou sugestão hipnótica, não temos laboratórios parapsicológicos aonde investigar e mensurar o desenvolvimento destes talentos, aliás não sabemos quantos de nós tem esta habilidade e quais são os mais bem dotados.
Não produzimos mais, além disso, de maneira rotineira, trabalhos acerca desses aspectos como fazia George Buletza, responsável pelo Departamento de Pesquisas da Universidade Rose-Croix, na California, até sua morte.
E este é o nosso metier, nosso foco mais importante, salvo engano da minha parte.
Enquanto isso o tempo segue seu fluxo inexorável.
Aceito críticas e comentários, contra argumentos sensatos e fundamentados em fatos que contestem minhas impressões.
Ficaria muito feliz de estar enganado.
Cada ordem, como disse, tem seu caminho.
Todos são importantes, desde que sinceros.
Os rosacruzes precisam voltar ao seu, honrando a memória de Lewis, e evitando perder-se de sua rota autêntica.

Um comentário:

  1. Tenho acompanhado seu trabalho há algum tempo e como você sou do tempo em que podia se ver os antigos fratres colocarem em prática nossos ensinamentos. Tive o prazer de conhecer e conviver, na Loja São Paulo, com o Frater Coraza, Frater Moledo, Frater Yamamoto cujas revisões de grau demonstravam a validade de nossos ensinamentos. Mas parece que o ciclo de 108 anos se torna uma realidade. A antiga frase a Instituição por detrás da organização e sinto que a Instituição já não mais esta ativa, restou somente a organização com um academicismo frustante.

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