Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

terça-feira, 8 de março de 2011

O OCULTISMO E A TEURGIA ESTÃO FORA DE MODA 1

Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:, M.:M.:

Recebi um comentário meio bravo de um frater (acredito que seja) que leu o artigo “Os Muitos Martinismos na história recente do Martinismo”. Textualmente ele dizia que “sinceramente, poderia a TOM se libertar do jugo da AMORC e cada uma seguir seu caminho, cada vez de forma mais profunda e independente. Seria macular a tradição martinista, "rosacrucianizar" seus ensinamentos, uma vez que é cristã em essência e se alicerça na pura tradição esotérica ocidental da cabala esotérica cristã e essência da doutrina de Pasqualy e Bohème.(SIC) Argumentei educadamente que sem a colaboração e cuidado de AMORC, a Ordem Martinista Papusiana nem existiria.
Só que em uma segunda intervenção, minutos depois, notei na fala do frater uma certa tristeza pelo caráter quase inexistente de práticas teúrgicas no Martinismo como exercido dentro da AMORC. Dizia que a Ordem não tinha permissão para retirar o conteúdo teúrgico do Martinismo. O que achei de interessante na sua observação foi a sensação de viuvez pela Teurgia, como se fosse algo ou alguém por quem devêssemos chorar. Na verdade, não há modernamente como sustentar a necessidade de práticas teúrgicas no misticismo moderno, aliás, para tal levando em consideração justamente a posição do próprio Louis Claude de Saint Martin que, respeitosamente, comentava, enquanto Martinez desenhava os círculos e invocava os anjos, se realmente “tudo aquilo era necessário para ver Deus.”


Uma mudança de postura se avizinhava dos místicos de então, que além de místicos, buscadores do infinito dentro de si mesmos, achavam necessário praticar o Ocultismo, esta seqüência de encantamentos e técnicas mágicas famosas.
O Ocultismo morreu de velho. Velho e inadequado para mentes mais equilibradas e maduras que sabem ser inútil invocar deuses e demônios. Inútil, porque se alguém se dá a tal esforço tem pelo menos uma de duas intenções: ou acha que com isso conseguirá algum poder que tornará sua vida objetivamente melhor, ou acha que conseguirá informações privilegiadas sobre a vida e contemporaneidade, como nos séculos XVII e XVIII.

Senhores, modernamente, ninguém mais em sã consciência acredita na tese de que alguém ou alguma coisa pode viver por nós ou nos dar o atalho para um poder que, só será útil se manipulado por mãos experientes. Viver pode ser difícil e, diversas vezes extremamente frustrante, mas acreditar que existe alguma coisa superior a experiência e maturidade adquirida com esta experiência que demanda Tempo e Esforço é, no mínimo, uma denúncia de falta de conhecimento acerca da natureza humana.
Tal ingenuidade é grave. Grave porque a sociedade humana e a vida têm seus ritmos psicológicos e devemos todos nos adaptar a eles, se queremos que eles se adaptem a nós. A Magia Moderna não está mais fora de nós, não precisa de instrumentos ou grandes rituais, e talvez duas ou três técnicas mântricas somadas a uma imaginação bem treinada sejam tudo que o Mago moderno precise. O resto ele deverá ser capaz de produzir com seu esforço, com sua capacidade física e intelectual, e com trabalho honesto, focando com clareza um determinado sonho e objetivo e perseguindo-o de modo obstinado.
Lamentar-se pela morte de um período romântico, em que pessoas ingênuas, por mais que parecessem sábias e pudessem realizar feitos de pirotecnia impressionantes, acreditavam que um anjo ou outro ser qualquer pudesse nos ensinar a viver ou nos dizer o que é melhor para nossas próprias vidas é ser tão ingênuo quanto eles eram.
A época de buscar em outros nossa própria felicidade terminou há décadas e culpar os outros pode ser tentador, mas é falso e inadequado.
Temos em nós tudo que necessitamos. Nem mantos, nem cajados, nem anéis nos darão mais poder do que a serenidade que vem da experiência sólida ao longo de anos de esforço sério e dedicado a cultura e ao aperfeiçoamento ético pessoal.Fujamos dos atalhos e dos cantos de sereia. Precisamos é viver e superar nossas próprias limitações com nossas próprias pernas, com nossos próprios braços.
O Ocultismo e a Teurgia não foram retirados do Martinismo pela AMORC ou por quem quer que seja. Eles morreram sozinhos. O Ocultismo e a Teurgia, sinceramente, estão fora de moda.

4 comentários:

  1. Saudações Frater e Irmão Mario!!!

    Sinceramente não creio que a única busca do ocultista seja o poder ou a autopromoção (oriunda deste saber, ou do conjunto de saberes). Digo isto, pois o fato de atualmente conhecer-mos “Crowley”, “Dee”, “Blavatsky” e outros buscadores, deve-se ao “homem modermo” e seus blogs.
    Denegrir a forma como estes autores dialogaram com o oculto, por meio de imagens “escolhidas a dedo”, e com o uso do “senso comum”, parece ser uma atitude tendenciosa.
    Recorrendo ao acervo imagético do blog, não encontrei: Crowley falido, Blavatsky após o atentado contra sua vida, ou Jon Dee na prisão. Apenas reconheci um mural de imagens, organizado de forma a reforçar o discurso do autor da página. Discurso este que ocorre em duas dimensões da linguagem: visual e verbal (recurso muito utilizado pela publicidade e propaganda).
    Ainda, parece contraditório que sejamos tão contrários ao ocultismo, quando continuamos reproduzindo o mesmo, mas com o discurso de que somos Místicos (buscando o domínio da vida). A extravagância, os “mitos” ou palavras mágicas, ainda existem! Mesmo que sejam proferidas em um simples recolhimento, em um dos muitos “sanctums lares”, ou na forma paramentada, em um local específico.
    Seria interessante buscar um antropólogo, ou estudiosos da narratologia (formas simples na literatura) para entender que o homem de hoje busca arquétipos e caminhos psíquicos iguais que o mago medieval, ou renascentista (existem respeitáveis acadêmicos que buscam este paralelo no próprio dna humano).
    Que dizer de Young ou da noção bakhtiniana de signo ou símbolo? Também, das recentes descobertas no campo da física quântica e matemática?
    Embora abraçar tendências “um pouco mais novas”, como o positivismo e o existencialismo (ou a “pseudo-psicanálise”), levam ao mesmo sorriso “Voltariano”, Este, já reconhecido por Eliphas Levi como o “sorriso da ironia e da polêmica”, que simplesmente reforçam um “status quo” sarcástico(quando não a vaidade do sorridente).

    P.S. Ainda espero que os mesmo cientistas, os quais explicam misticamente as manipulações da energia cósmica, apresentem um trabalho mais elaborado(detalhado, com bases científicas). Será possível fazer isto sem recorrer aos Sidhis? Mesmo com aparelhos de medição para quantificar sua escala vibrotúrgica?

    Abraço!!!

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  2. A melhor e mais honesta parte do texto vem em:

    "da experiência sólida ao longo de asnos de esforço sério"

    Haja experiência hein amigo! se denunciou HEHEHE.

    Quanto ao texto acho que não deveria falar sobre o que não conhece. Silêncio.

    Abraços.

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  3. vim aqui a procura de algo a mais sobre o misticismo. Mas percebi que não conhece muito o que fala e tem um ego maior do que o seu próprio intelecto.
    Não conhece verdadeiramente a origem dos termos "ocultismo", "magia", teurgia". E muito mais ainda desconhece a origem da perpetuação do corpo astral no manto sideral através de práticas mágicas. Rsrsrs Seu "misticismo" ainda é magia, fraca, porém magia. Só os tolos não perceberiam.

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  4. O Martinismo Papusiano não sobreviveria sem a AMORC? Faça-me o favor. A OMT (traduzido erroneamente como TOM) sobreviveria sim, com certeza, e manteria a sua essência, a qual perdeu faz muito tempo... Qualquer outra Ordem Martinista (existem até em número demasiado na minha opinião) sobrevive sem a AMORC! Respeito muito a AMORC, mas, os frateres e sorores são tão ingênuos... O autor parece um 'crente' (sim, me refiro ao perfil neopetencostal que vemos por aí, certíssimos que o seu mundo é o único mundo) e não um "ponto de interrogação ambulante" como aconselha-se aos membros da Ordem. Como afirmar que a Teurgia e o Ocultismo morreram? É simplesmente não saber do que está escrevendo ou nunca ter tomado contato real com essa(s) vertente(s).

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