por Mario Sales, FRC.:; S.:I.:; M.:M.:
Barão Gottfried Leibinz
Eu ando meio sensível.
Motivado pela citação de um conceito de Gottfried Leibniz, em um livro de Ralph Lewis, intitulado “O Olho da Mente”, editado na já clássica coleção da Editora Renes, resolvi estudar alguma coisa sobre a vida e a obra deste eminente filósofo. Curioso é que, embora sendo um dos mais ilustres membros de nossa fraternidade, de ter em seu currículo a elaboração simultânea a Newton, do Cálculo Infinitesimal, e de ter uma obra escrita tão vasta quanto desconhecida, de tal forma que a sua publicação completa consumirá esforços até 2020, segundo um editor europeu, não conheço, admito, quase nada sobre este importante pensador e matemático.
Sir Isaac Newton
Sei que elaborou uma teoria metafísica bastante complexa, que intitulou de Monadologia, onde postula a existência de partículas verdadeiramente indivisíveis na criação e em todas as coisas, as mônadas, elemento constituinte de plantas, pedras e quaisquer seres pluricelulares.
E além disso, sei de suas querelas com Descartes, irmão da rosacruz, mas adversário filosófico, e de sua crítica ao pensamento de John Locke, com um texto onde revê as teses de “Ensaios sobre o entendimento humano” deste último em um texto chamado “Novos ensaios sobre o entendimento humano", e que não chegou a publicar, de forma nobre, em decorrência da morte de Locke.
John Locke
Fora estas coisas superficiais e enciclopédicas, não sei mais nada. Procurando aqui na biblioteca, descobri que meu saudoso professor José Américo Mota Pessanha reservou um volume em sua homenagem na 1ª edição de Os Pensadores, a de cor azul e capa dura, onde constam trechos de vários livros seus, entre eles “A Monadologia”, traduzido pela professora Marilena Chauí.
Schopenhauer
Só que o que me tocou o espírito não foram os conceitos ou a sapiência deste ilustre frater.
Por algum motivo, provavelmente relacionado à minha situação psicológica atual, comoveu-me ler que, no seu funeral, apenas seu secretário esteve presente.
A solidão deste homem na morte me chamou a atenção para o destino de muitos dos pensadores que deixaram como legado um extenso trabalho intelectual, muitas vezes de importante aplicação prática na vida da sociedade, mas que em função exatamente de sua capacidade intelectual avançadíssima para a época, tiveram vidas pessoais bastante inexpressivas e pessoalmente muito pouco gratificantes.
Spinoza
Lembrei-me de Schopenhauer e de sua notória misoginia e mau humor, cuja obra teve reconhecimento tardio; de Spinoza, morrendo de tuberculose, aos 36 anos, pobre, excomungado pela comunidade judia de Amsterdan, o qual não obteve em vida reconhecimento algum; de Pascal e de sua saúde sempre frágil, falecendo precocemente aos 39 anos; e finalmente Nietszche, e seus propalados problemas de saúde, que o faziam passar longos períodos no norte da Itália,e que acabaram por consumir sua razão.
Fora Newton, também frater da Rosacruz, que não era pensador, mas físico e matemático, que conheceu a glória e o reconhecimento em vida, a história dos antigos e de alguns modernos pensadores não foi um primor de equilíbrio ou de felicidade. Não há entre eles uma tradição de terem na existência o mesmo equilíbrio que demonstram em suas obras pessoais, que representaram avanços na qualidade de vida de toda a humanidade, via de regra, no entanto, de modo invisível ao público e ao leigo, que embora admire as viagens espaciais, não pode distinguir a presença do trabalho matemático de Gottfried Leibniz na antiga Alemanha do século XVII, orientando a órbita das naves interplanetárias, em meio a tantos computadores.
Blaise Pascal
O que movia seu trabalho, não era, portanto, o reconhecimento ou a fama, já que não era compreendido a ponto de obtê-lo. E muito menos ser conhecido, já que o nível de sua obra era do ponto de vista científico extremamente esotérico, aliando-se a isso o fato de que publicou apenas um tratado em vida, “Teodicéia”, cujo texto principal pode ser encontrado na edição supracitada dos Pensadores da Ed. Abril Cultural, mantendo quase todo o seu pensamento registrado na forma de artigos curtos e de vasta correspondência.
Em uma época como a nossa, na qual as pessoas matam por um pouco de sucesso e fama, a solidão digna e inevitável destes homens não causa inveja, (dado que a solidão em si não é um desejo, mas consequência de um estilo de vida), mas nos faz repensar a importância da vida social e da convivência.
Poucos, mas bons e verdadeiros amigos; poucas, mas sólidas relações sociais; muitos, mas muitos livros, são mais do que suficientes para garantir a nossa qualidade de vida.
Com certeza, se vivos estivessem, pessoas como Leibinitz ou Pascal não teriam um perfil no Facebook.
E não se sentiriam mal por isso.
Nem um pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário