por Mario Sales
Monet, pintando em seu jardim, em Argenteuil
Eu mudei a entrada do Blog e coloquei como fundo um quadro
de Monet, que aliás é um autoretrato do próprio Monet pintando seu jardim , no
seu jardim, em Argenteuil, onde produziu algumas das mais preciosas obras da
arte humana. Tenho profunda ternura pelos quadros de Monet, como de resto por
todos os pintores que tentam, a cada dia, expressar a beleza e a sensibilidade
que lhes vai na alma. Produzir beleza, além de tudo como profissão, é uma
bênção, se bem que nem todos os artistas conseguiram uma vida serena como seus
quadros, como suas obras. Monet é um desses que conseguiu. É óbvio que teve
seus problemas pessoais e humanos, mas sua vida, seu cotidiano, nos jardins de
Argenteuil foram tão serenas como a vida em um jardim, pintando este jardim, e
vivendo destas pinturas, pode ser. Lá ele recebia seus amigos, também membros
do movimento impressionista, Édouard Manet, Pierre-Auguste Renoir e Alfred Sisley.
Casa de
Monet em Argenteuil, 1873
O termo impressionista aliás , vem de um título de um quadro
seu, "Impressão, nascer do sol", que recebeu uma crítica cáustica do
escritor Louis Leroy, dizendo poucas e boas daquele quadro
"Impressão". Ao invés de ficarem bravos, Monet e seus amigos tomaram
o termo como nome de seu movimento e surgiu o Impressionismo, este conjunto de
quadros que com pinceladas rápidas sugerem uma imagem que tem que ser observadas
um pouco de longe para serem compreendidas, tem que ser pensadas, não apenas observadas.
Impressão,
nascer do sol
Assim o impressionismo é também um estímulo aos cérebros dos
contempladores, obriga-os à um esforço de compreensão na contemplação e isto os
torna melhor.
Quem não só contempla a beleza, mas contempla uma beleza que
não se revela com facilidade, (que não se entrega de maneira gratuita, mas que
precisa ser extraída da experiência, resgatada da profundidade de nosso
hemisfério direito, que mexe com todas as nossas fibras, que nos desconcerta),
torna-se melhor como pessoa e esteta.
Nenhum ser humano pode realmente ser humano sem ser um esteta, uma pessoa capaz de buscar e compreender a beleza que está no mundo, nas coisas e nas pessoas.
Mais humano é aquele que vê beleza, mesmo recôndita, oculta, complexa, em todas as coisas que contempla, que consegue ver o divino em todas as suas manifestações sem se horrorizar ou sentir embaraço com aquelas que desafiam os seus hábitos contemplativos, já que está consciente de que, embora o número de imagens produzidas por uma caleidoscópio sejam infinitas, o número de espelhos é constante, as bases da produção são as mesmas, estáveis, perenes, divinas em essência.
Nenhum ser humano pode realmente ser humano sem ser um esteta, uma pessoa capaz de buscar e compreender a beleza que está no mundo, nas coisas e nas pessoas.
Mais humano é aquele que vê beleza, mesmo recôndita, oculta, complexa, em todas as coisas que contempla, que consegue ver o divino em todas as suas manifestações sem se horrorizar ou sentir embaraço com aquelas que desafiam os seus hábitos contemplativos, já que está consciente de que, embora o número de imagens produzidas por uma caleidoscópio sejam infinitas, o número de espelhos é constante, as bases da produção são as mesmas, estáveis, perenes, divinas em essência.
Claude Monet, 1899
O Uno, aquilo que fundamenta esta pirâmide invertida em que
se espelha a criação, expresso no mito de Atlas, que sozinho sustenta a Terra
em suas costas, expande-se em miríades de variações a partir de um único
paradigma.
É importante entender que a beleza não é apenas uma
manifestação isolada em frente ao contemplador.
A responsabilidade da construção da observação é divida entre objeto contemplado e o contemplador. A experiência do belo, seja na visão de um quadro ou na visão da vida, depende tanto do que é visto como de quem vê.
A responsabilidade da construção da observação é divida entre objeto contemplado e o contemplador. A experiência do belo, seja na visão de um quadro ou na visão da vida, depende tanto do que é visto como de quem vê.
E a mente que se aprimora vê beleza em todas as coisas, uma
beleza que está lá, e que só se revela quando entramos em harmonia com a
Criação.
Essa é a maior manifestação da vida mística: a harmonia, a capacidade de sentir-se parte desta imensa gama de possibilidades que chamamos realidade, numa fusão, ou em sânscrito, numa Yoga com o objeto contemplado.
Essa é a maior manifestação da vida mística: a harmonia, a capacidade de sentir-se parte desta imensa gama de possibilidades que chamamos realidade, numa fusão, ou em sânscrito, numa Yoga com o objeto contemplado.
É Narciso agora que devemos convocar para explicar a Iluminação
Mística, que se manifesta na percepção da beleza naquilo que está a sua frente
e na descoberta de que esta beleza é apenas a sua própria imagem refletida.
Rubem Alves diz que a primeira e mais importante função da
educação é ensinar a ver.
É verdade.
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