por Mario Sales,FRC, SI, CRC
Hoje, dia dos Mestres, resolvi registrar a solidão de cada um no seu crescimento pessoal e intelectual.O processo de aperfeiçoamento da qualidade mental e espiritual de um indivíduo depende unicamente de seu próprio esforço, solitário e obstinado.
E qual o papel dos Mestres, sejam os mestres intelectuais ou os espirituais, ou ambos? Não terão importância na formação de seus discípulos?
Sim, tem importância, mas na mesma proporção que um técnico e um atleta que se especializa em uma corrida de 100 metros com obstáculos.
Ele pode orientá-lo, dar-lhe explicações de como fazer mais e melhor, mas os músculos só obedecerão ao seu dono, só se adaptarão ao ritmo e ao esforço daquele ao qual elas pertencem.
Nenhum atleta corre com as pernas de seu Mestre, de seu treinador. Seu esforço e seu suor são seus, e de mais ninguém.
Seu cansaço, sua respiração ofegante, seus dedos crispados, seus punhos cerrados, seus olhos fixos nos obstáculos a serem ultrapassados, são seus, apenas seus.Seu Mestre, seu técnico, pode no máximo sentar-se na arquibancada, no dia da competição, e torcer, como torcem por nós todos os que investiram em nós seu tempo e seu amor, além de rezar para que tudo, absolutamente tudo corra de acordo com os treinos e com o esforço gasto na preparação.
E principalmente, já que é uma competição, que nenhum outro Discípulo tenha se esforçado mais que o seu, bem como nenhum Mestre tenha estimulado mais e melhor seu discípulo do que ele o fez.
Muitas vêzes, quando graves problemas nos afetam, perguntamos confusos aonde estão as intervenções dos Mestres que como iniciados aprendemos a respeitar. Não entendemos porque , embora estejamos em sintonia com êles, nossos problemas e crises continuem iguais àqueles de antes da iniciação, já que supúnhamos que a iniciação em si nos libertasse das dificuldades comezinhas do cotidiano.
Tudo isto encerra uma compreensão errônea do papel dos Mestres e dos direitos e deveres do Discípulo.
Em sua inevitável solidão e responsabilidade pessoal, todo Discípulo tem o direito de Viver de forma intensa e passar por tudo aquilo que mesmo um um não iniciado passaria e tem o Dever de se manter sereno diante das adversidades, como foi treinado por seus ensinamentos intelectuais e espirituais.
Em contrapartida, todo Mestre tem o direito de Amar seu discípulo e, amando-o, orar por ele a Deus, em todos os momentos, pedindo que sua Fé não esmoreça, que sua conexão com o Altíssimo permaneça firme e clara e com isso sua intuição seja, todo o tempo, alimentada pela Inspiração Divina, da mesma forma que, como Mestre, tem o dever de jamais interferir nos exercícios existenciais que seu Discípulo atravesse, de forma a não perturbar o esforço e a concentração deste Discípulo e retardar sua evolução.
Todo bom Mestre conhece e confia em seu Discípulo, tanto quanto confia em si mesmo e em Deus Todo Poderoso.
Portanto, como prova de Confiança, ele permite que aqueles que treinou e orientou caminhem com as próprias pernas, sem se tornar nem uma muleta, nem um outro obstáculo entre tantos obstáculos que, só pelo fato de estar vivo, aquele Discípulo, aquele Indivíduo, já terá que superar.
Amar é permitir que o Ser Amado cresça em Liberdade e Desempenho, e saber que, se não for capaz de crescer sozinho, não conseguirá crescer de modo algum.
Evolução e Solidão são dois lados inseparáveis da Moeda da Vida.
Não existe outra forma de compreender a Existência e sua mecânica interna.
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