por Mario Sales, FRC,SI,CRC
Em 6 de dezembro de 2012, portanto apenas alguns meses atrás, publiquei um post, triste, intitulado "O Fim da Teia de Indra", aonde relatava que a pedido do Grande Mestre da AMORC para Língua Portuguesa, Frater Helio de Moraes Marques, eu encerrava as poucas e curtas atividades do primeiro blog dedicado aos Artesãos da AMORC neste país e em países que comungassem o mesmo idioma. Sendo um blog wordpress, contava com o recurso de publicação sigilosa de forma que só quem recebesse a senha de acesso poderia participar das discussões e ler a maior parte das publicações, as quais poderiam ter caráter privado.
Oferecido ao GM Helio de Moraes como um canal direto para o mesmo, aonde ele poderia acompanhar as conversas entre artesãos ou seus pleitos, de forma direta e confortável, já que poderia acessar o blog, com a senha, de qualquer parte do mundo e no horário mais conveniente, entendeu o mesmo (soube mais tarde, por terceiros), erroneamente, que se tratava de um site de troca de informações no qual responderia emails de artesãos de várias regiões, o que a seu ver seria impossível.
Eu não sabia ter sido essa a sua impressão pois na carta de resposta esse aspecto não estava explicitado. Apenas alegando que a AMORC estava preparando um site oficial, segundo ele, pedia-me que encerrasse as atividades do site para que toda a atividade de internet pudesse ser concentrada em um único local.
Na hora que li essas linhas, fora a constatação de que o GM não havia entendido a mecânica nem o alcance da iniciativa, minha sensação foi de intensa frustração e ao mesmo tempo, (rato de internet que sou desde antes do surgimento do www [world wide web]), de intensa perplexidade, pois um tal propósito, concentrar por força de lei ou determinação de alguém todas as atividades de uma comunidade gigantesca de rosacruzes em todo o país e além mar, em um único local, eu já sabia, e qualquer pessoa que conhece a Internet sabe, seria como querer segurar o vento com as mãos.
Nada é mais anárquico que a Internet, nenhum ambiente é mais selvagem ou mais rebelde a qualquer tipo de organização piramidal, de cima para baixo.
Talvez este tipo de pensamento funcionasse no final do século XX, mas não faz nenhum sentido no século XXI.
Só que é difícil ou mesmo impossível argumentar com autoridades, só é possível argumentar com irmãos e iguais, membros de uma fraternidade.
Disciplinadamente, portanto, respondi dizendo que como era o desejo do GM, assim seria feito. Fechei o site e comuniquei via blog, a quem interessasse, o ocorrido e a razão.
Hoje, está instituído no Facebook um site, dito oficial, da Grande Loja de Língua Portuguesa, que deveria , como disse o GM, concentrar toda a atividade de internet da AMORC.
E o que ocorre? Enquanto a Teia de Indra, feita para Artesãos, foi fechada, proliferaram um sem número de grupos e comunidades semi-fechadas de rosacruzes em Minas Gerais, Bahia, São Paulo. Além disso, cada corpo afiliado fez a sua própria página no Facebook, não como apêndice do site da Grande Loja, mas por iniciativa própria, constituindo uma atividade livre, independente das amarras burocráticas, fato comum neste século informatizado.
A Teia de Indra, percebo, morreu inutilmente. Agora, graças a minha atitude de respeito ao GM, nem os artesãos tem um site para chamar de seu, nem a Grande Loja concentra, nem a octogésima parte da atividade amorquiana na internet, já que comentei dos muitos sites de apenas uma rede social, sem citar os milhares de blogs rosacruzes de membros de AMORC por todo o mundo de Língua Portuguesa entre outras línguas, entre eles este , o "Imaginario do Mario", e o blog "Rosacruzes", do meu amigo virtual e frater Marcos Guimarães, de Curitiba, com o impressionante número de 906 seguidores.
Sou um artesão e jurei lealdade ao GM.
Percebo, no entanto, que minha lealdade chega a ser ingênua. E se digo isso, baseio-me em um dos sites do próprio Facebook que estava já em funcionamento quando esta instrução descabida e obsoleta de fechar todos os sites com a denominação rosacruz chegou aos membros da fraternidade. O responsável por este espaço, disciplinadamente , aquiesceu e fechou seu espaço, para reabri-lo, ato contínuo, em outro domínio, para o qual migrou todos as nove centenas de rosacruzes e simpatizantes que já estavam no site anterior.
Vejo agora que eu poderia ter feito algo parecido. Ou não. Sou um rosacruz antigo, daqueles que acreditam no juramento feito em templo, a luz de velas e com o cheiro da rosa musgosa entrando pelas narinas; mas, ao saber deste episódio de sagacidade macunaímica, que em si não trouxe maiores consequências para seu autor, o qual preservou, assim, sabiamente, um importante canal virtual de diálogo entre membros da fraternidade e simpatizantes, vejo a banalidade e o prejuízo de muitas das regras e recomendações oficiais acerca de procedimentos coletivos da fraternidade, que uma administração de gabinete, e me perdoem a franqueza, de pouca visão quanto ao momento histórico da sociedade, pode causar.
Muitos artesãos lêem este blog. Gostaria que comentassem este post. Cumprimos, do jeito que as coisas estão, a missão prescrita por Spencer Lewis, de divulgar de todas as formas e maneiras a Luz da Rosacruz? E os jovens rosacruzes que me lêem, me digam: é possível imaginar alguma forma eficiente e aceitável de regular a liberdade de expressão rosacruciana legítima das pessoas na Internet? Não seria isto apenas uma forma de tentar deter o fluxo dos oceanos com os dedos da mão?
A Fraternidade vive novos tempos. Precisamos repensar o modus operandi para o século XXI. Para o bem de AMORC e da causa da expansão da Luz Rosacruz e Martinista.
Lamentável!
ResponderExcluirPois é.
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