por Mario Sales, FRC,SI,M.:M.:
Não há existência sem o ritmo, dos dias e noites, do pulsar
do coração, da respiração que nos dá o alento vital.
Existem os ritmos da digestão e dos intestinos, do sono e da
vigília, ininterruptamente se sucedendo através dos meses, dos anos.
Estações também se sucedem, monotonamente, mesmo que suas
aparências contemporâneas fiquem menos nítidas a cada manifestação.
Este pulsar da vida lembra as batidas de Shiva em Damaru,
seu tambor, com o qual marca a pulsação da existência na criação, enquanto
dança. A dança de Shiva representa a instabilidade das coisas do Universo e só seu ritmo
constante dá um senso de equilíbrio dinâmico dos fenômenos.
O Shiva que dança, conhecido por Shiva Nataraja, (que toca o
seu tambor com uma das quatro mãos enquanto em outra segura o Trishula, seu
tridente cujas pontas lembram os três modos da manifestação, rajas, o rápido; tamas, o lento e sattva, o equilibrado), é o símbolo na Trimurti ou trindade
indiana do aspecto renovador da natureza, que a todo momento se mantém em
movimento, seja na vibração invisível das moléculas, o movimento browniano, seja
nos maremotos, terremotos e furacões.
Embora, como lembra Marcelo Gleiser em seu último texto, a
instabilidade das coisas nos aflija e a estabilidade nos acalme, ambas serão
sempre parte de nossa existência, dançando uma com a outra, como um casal
enamorado.
Não esquecer que na imagem clássica de Shiva dançarino ele pisa as costas de um anão, "símbolo da ignorância interior que nos impede de perceber o nosso verdadeiro eu".
Assim são as coisas.
E lembrando Darwin, adaptemo-nos ou pereçamos.
A Dança de Shiva evoca um estado numinoso, a busca pela vida no sentido de uma energia pulsante, a construção do universo em cada gesto. a consciência corpo-mente em Ênstase...a Consciência testemunha num rítmo
ResponderExcluirorgânico e lúdico.
Yogi Miranda.