por Mario Sales, FRC,SI,CRC 18°
Todo iniciado rosacruz sabe, ou aprende ao longo de alguns
anos, que as mentes humanas podem ser lidas; e que quando um iniciado busca
levantar as verdadeiras intenções de outra pessoa, ele não o faz lendo
pensamentos, mas sentimentos.
O Intelecto sempre foi superestimado nos últimos 2400 anos,
principalmente porque o processo intelectual, por tradição que se estende a
Grécia, fascina e encanta os homens de ciência, e mesmo alguns iniciados.
Por isso, em muitas tradições religiosas e místicas, bem
como na tradição intelectual e científica, a razão é considerada, quando
dominada, como o mais elevado patamar do refinamento humano.
O que percebemos recentemente, desde os trabalhos pioneiros
de Nietzsche e Freud, é que o poder e o equilíbrio só são alcançados quando
atingimos o domínio emocional.
São nossas emoções que nos fortalecem como místicos e como
seres humanos. A Razão jamais conseguiu sozinha construir homens
misericordiosos ou sábios, apenas homens cultos.
Já fazem algumas décadas, no meio filosófico, a razão vem sendo posta sob suspeita. Os motivos foram muitos, desde a crítica da racionalidade nazista na construção do maior plano de destruição de vidas em massa já elaborado (chamado de "a solução final") com a perda de 6000000 de vidas judaicas; ou a descoberta de que um dos mais sublimes metafísicos do século XX, Heidegger, era membro do partido Nazista; mais: discípulo do criador da técnica fenomenológica, fundamental hoje ao trabalho intelectual e das ciências humanas, Heidegger foi capaz de, sem remorso, trair seu mestre e mentor, Edmund Husserl, demitindo-o das funções docentes da universidade em que ambos lecionavam, mágoa da qual Husserl jamais superou.
A razão, portanto, demonstrou de vários modos que, ao contrário do que imaginou ingenuamente Platão e outros, não garante que aqueles que a dominem sejam por isso necessariamente homens nobres e generosos, éticos e sublimes.
Martin Heidegger, autor de "O Ser e o Tempo"
Já fazem algumas décadas, no meio filosófico, a razão vem sendo posta sob suspeita. Os motivos foram muitos, desde a crítica da racionalidade nazista na construção do maior plano de destruição de vidas em massa já elaborado (chamado de "a solução final") com a perda de 6000000 de vidas judaicas; ou a descoberta de que um dos mais sublimes metafísicos do século XX, Heidegger, era membro do partido Nazista; mais: discípulo do criador da técnica fenomenológica, fundamental hoje ao trabalho intelectual e das ciências humanas, Heidegger foi capaz de, sem remorso, trair seu mestre e mentor, Edmund Husserl, demitindo-o das funções docentes da universidade em que ambos lecionavam, mágoa da qual Husserl jamais superou.
Edmund Husserl, criador da Fenomenologia
A razão, portanto, demonstrou de vários modos que, ao contrário do que imaginou ingenuamente Platão e outros, não garante que aqueles que a dominem sejam por isso necessariamente homens nobres e generosos, éticos e sublimes.
O que faz o Iniciado ser uma personalidade alma
verdadeiramente refinada é o perfeito conhecimento, ou melhor, a harmonia de
suas emoções.
Considerada a característica menor da personalidade, fonte
de descontrole e fraqueza, na verdade é pela arte da emoção que alcançamos
níveis mais altos de percepção e compreensão.
Não sem motivo Louis Claude de Saint Martin elege o coração
como a Via para a Iluminação que ele chama Reintegração, não o cérebro ou a
cabeça, mas o coração, sede do sentimento na simbologia ocidental. (1)
Hoje percebo que é muito difícil para a maioria das pessoas entender
que os pensamentos são profundamente afetados em sua qualidade e natureza pelo
estado emocional e que, portanto, não são os pensamentos que controlam as
emoções, mas as emoções que determinam o tipo dos pensamentos que nos acometem.
Processos de raciocínio extremamente elaborados podem sim
ser apenas vestimentas e disfarces para emoções muito profundas e violentas.
É como a água dos rios e as represas: supõe-se que pela
complexidade da engenharia envolvida na sua construção, as represas sejam mais
importantes que as águas que elas represam e imaginam dominar. Só que seu papel
e utilidade dependem totalmente da água que por elas fluem. Se por um capricho
natural ou por problemas ecológicos, a água venha a faltar, a represa é apenas
um esqueleto morto a céu aberto.
Da mesma forma, não há estrutura racional ou construção
intelectual que exista sem uma emoção que a alimente, nem que seja a paixão de
um cientista por determinado campo de ciência. É esta paixão, no sentido
cartesiano do termo, que move e motiva o trabalho investigativo, empírico e
interpretativo incansável daqueles que buscam novos mundos e estrelas, novas drogas
e remédios, novos ligas metálicas, novos programas de computador.
Compreendido isso, é possível ler mentes, desde que não nos
preocupemos em "ler pensamentos", como vemos em filmes no cinema, mas
sim mantenhamos o foco nos sentimentos que mobilizam este ou aquele indivíduo à
nossa frente, mesmo que ele não diga nenhuma palavra.
Cada sentimento na verdade carrega consigo um sem número de
pensamentos, como pacotes de energia intelectual, atada por embrulhos
emocionais, que se tornam transparentes quando descobrimos seu nome.
Embrulhos misericordiosos tem seu tipo específico de
conteúdo, bem como os embrulhos de ódio, medo, inveja e cobiça. Estes embrulhos
determinam discursos mais ou menos protocolares, que podem ser facilmente
decodificados depois que sabemos o que está por trás deles.
É por isso que rosacruzes treinam a percepção das intenções emocionais
por trás das palavras desde cedo nas práticas mentais dentro da Ordem, já que a
Mente não é um conjunto de idéias como se supõe , mas muito mais um conjunto de
emoções, que obedecem a um padrão especifico dependendo da personalidade
envolvida.
É a isso que devemos estar atentos ao "Ler
Mentes", ao perfil psicológico da pessoa à nossa frente.
Isto nos dará uma imensurável vantagem no relacionamento
social, profissional e mesmo doméstico, pois anteciparemos com facilidade os
fundamentos das palavras daqueles com quem dialogarmos, sejam indivíduos conhecidos
ou desconhecidos.
Pensamentos são consequências, emoções são causas.
Para desvendar as intenções reais de alguém, por trás da
máscara facial, é preciso focar nas causas, não nas consequências.
Será fácil,assim, antecipar receios, suspeitas, armadilhas
ocultas em um linguajar às vezes cordial e elogioso.
À isto chamo perspicácia, um atributo disponível a todos os
rosacruzes que se dedicarem com afinco aos seus estudos psicológicos internos.(1)Por exemplo na clássica organização dos níveis de alma no Cabala (nefesh-instinto, ruach-emoção e neshama-entendimento) a emoção é considerada preconceituosamente como uma fase em direção a plenitude da razão, esta sim sinal de equilíbrio e maturidade.
Qualquer psicanalista sabe, entretanto, que a razão não
reflete, mesmo que elaborada, maturidade emocional.
E é a maturidade emocional, a capacidade de sentir o mundo
de forma equilibrada e não apenas pensar o mundo, que determina quem realmente
se tornou um ser humano refinado.
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