por
Mario Sales FRC, SI, MM
"Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível
Meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí"
Gilberto Gil
(Em 31 de março de 2014 publiquei um ensaio chamado "Para Que Tanto Segredo?" que discutia aspectos práticos da lida e exegese de textos esotéricos. Agora, no próximo dia 28 de abril, deverei fazer uma palestra em uma Loja Maçonica sobre o mesmo tema, e como tal revi e fiz algumas correções no texto original. Sendo omo é um tema sempre importante, atrevo-me a republicá-lo, agora revisto.)
Quando entrei na senda mística certos conceitos para mim eram
absolutamente indiscutíveis e os aceitei de modo dócil, sem questionamento. O
mais óbvio de todos estes conceitos foi o de necessidade de sigilo quanto àquilo
que eu ia estudar.
Ouvi e li várias declarações, nestes últimos quarenta anos de estudos
esotéricos, sobre os perigos de se revelar ao chamado "mundo profano"
os conhecimentos que estavam sob nossa guarda, nós, os protetores da sabedoria
da tradição do chamado "resto do mundo", sabedoria esta que, pressupunha
eu naquela época, o tal "resto do mundo" queria desesperadamente descobrir, e só não o fazia graças aos nossos esforços de resguardar estas informações
atrás de códigos, símbolos e procedimentos os mais variados.
Nos primeiros anos, achei que este precioso conhecimento se compunha de
palavras mágicas as quais, quando pronunciadas, modificariam a natureza da
realidade de modo súbito e vantajoso. Porém,
fora um honroso exemplo, não foi isso que aprendi.
Depois, supus que certos poderes maravilhosos como a projeção astral, a
telepatia, a telecinese, depois de alguns anos estudando nestas chamadas
escolas de mistério, se tornariam parte integrante do meu cotidiano, após um
conjunto de treinamentos perfeitamente delineados; mas isto também não ocorreu.
Achei então que se tratava de uma deficiência e uma peculiaridade
pessoais, e que devia existir alguém, em algum lugar, dentro destas Ordens a
que eu pertencia, que dominava estas artes, e que não eram poucos os que o
faziam. Apenas eu, era minha impressão, não conseguia.
Após anos e anos frequentando corpos afiliados e conversando com outros
membros como eu, percebi que, se algum deles tinha algum dom extraordinário,
proveniente de seus estudos esotéricos, este era restrito, de manifestação
esporádica, episódica, geralmente motivada por uma forte e imperiosa
necessidade pessoal.
Nada tão dramático que fizesse diferença em uma situação cotidiana de
maneira constante, frequente.
Os efeitos especiais que eu via em filmes de ficção nada tinham a ver
com o dia a dia da minha vida de esoterista, muito mais ligada a leitura de
textos os mais herméticos possíveis, ou contemplar e tentar interpretar
símbolos que tinham sido feitos três, quatro séculos atrás, apenas para manter
secretas informações importantes sobre o mundo dos iniciados.
Que informações eram estas a serem mantidas em segredo, eu nem sempre
estava certo.
Na maioria das vêzes, a interpretação destes símbolos me trouxe
interessantes noções acerca da natureza da vida, todas muito filosóficas e em
nada objetivas ou práticas, mostrando que a interpretação destes símbolos não
me revelaria poderes especiais quaisquer, mas apenas e tão somente valores
morais e éticos, demasiadamente genéricos para resultar em consequências
operacionais.
Talvez no passado, em que a opinião sempre valeu mais que a
experimentação e a comprovação, onde o cientista era mais um escritor que um
pesquisador, informações de cunho meramente conceituais fossem realmente
interessantes e merecessem o esforço de debruçar-se sobre elas dias e dias.
Hoje, pragmaticamente falando, não consigo identificar nada de prático
no estudo de conceitos morais genéricos, e estudá-los para mim é somente um
deleite e um prazer estético, acima de tudo algo que gosto de fazer, que me dá
prazer intelectual, mas nada, absolutamente nada além disto.
Não consigo ver nenhum ganho prático no estudo destes textos. Parêntese:
não quero dizer com isso que eu como pessoa não melhore minha sensibilidade e
espiritualidade com eles. Ética e espiritualidade na vida são coisas sempre
necessárias. Podem e devem ser discutidas, porém sem segredos ou mistérios, de
forma franca, clara. São valores importantíssimos para a sociedade. Fecho o parêntese.
Não são, entretanto, como “chaves” de uma casa, termo constantemente
usado em esoterismo, que colocadas na fechadura correta, abrem com facilidade
uma porta real.
Ninguém lê um texto de Martinez de Pasqually ou de Jacob Boheme como se
lê um manual de um sistema de som de um rádio do nosso automóvel.
Pela refinada natureza destes assuntos, não se colhe de textos
esotéricos informações realmente aplicáveis ao cotidiano banal, apenas noções
vagas e metafísicas da natureza das coisas, (a maior parte do tempo, senão todo
ele) invisíveis aos nossos olhos comuns.
Estas considerações vêm a mim enquanto a água do chuveiro desce pelo meu
corpo.
Penso: para que tanto mistério? O
que escondemos e porquê? Aliás, hoje em dia, de quem escondemos o que supomos
esconder?
Quem se interessa pelo que está escrito em livros antigos e empoeirados?
Estes mesmos livros, entretanto, continuam a ser reimpressos para satisfação de
mentes que provavelmente os lêem sem compreender totalmente seu conteúdo, porém
sofrem de uma estranha doença intelectual que os faz fascinar-se pelo incompreensível,
pelo texto mais obscuro. Aliás, quanto mais incompreensíveis, melhor. Sim,
existem pessoas que tem um estranho prazer em ler, sem grande interesse em
esclarecê-las, coisas incompreensíveis.
Não é o meu caso, mas conheço muitos.
Deliciam-se em dizer que encontraram textos de significado "muito
profundo", tanto "que não conseguiram alcançá-lo" e, obviamente,
são incapazes de explicar algo sobre o texto, terminando sempre com a
afirmação-explicação que tudo resolve e que toda crítica afasta:
"-Trata-se de um texto extremamente esotérico."
E em volta, ouve-se um "Ah!", de compreensão e aceitação, que
evita discussões ou interrogações indigestas pois, aparentemente, não há entre
estes estranhos e tão numerosos seres humanos nenhum interesse em entender o
que está escrito ali, em compreender verdadeiramente a mensagem que estava
sendo passada quando, quem escreveu o tal texto esotérico, o fez.
E não devia ser assim.
Porque se eu escrevo um bilhete, uma carta ou um livro, minha intenção é descrever algo para alguém.
Porque se eu escrevo um bilhete, uma carta ou um livro, minha intenção é descrever algo para alguém.
Existem, portanto, três elementos nesta equação: eu que escrevo ou
descrevo uma ideia; o texto aonde faço esta descrição; e, por último, a pessoa
que, anos depois, lerá meu texto. Deduz-se que, ao escrever o que escrevi,
minha intenção era passar adiante uma informação para aquele que me leria,
horas, anos ou séculos mais tarde.
Em
suma, quem escreve quer revelar alguma coisa, não ocultar.
Mesmo quem, sendo um esoterista, reveste seu texto de aspectos
simbólicos os mais variados, para protegê-lo que seja de olhos menos
dignos, não objetiva impedir a compreensão daquilo que
escreve com esta manobra, mas dificultar uma compreensão fácil,
compreensão do texto esta que, em última análise, é a verdadeira intenção
daquele texto.
Um texto esotérico é, mesmo sendo esotérico, um texto. Foi feito por
alguém, em alguma época, de forma a preservar e revelar, repito, e não
esconder, determinada concepção de mundo, mesmo que seja uma concepção pouco
objetiva, de natureza mais filosófica, ou mais mística talvez.
O texto, entretanto, foi feito para ser compreendido, e se não o é, (mesmo
que as chaves de compreensão sejam dadas, seja por dificuldades interpretativas
intransponíveis, seja pela barreira linguística e histórica), é, ao fim e ao
cabo, inútil para sua principal finalidade, qual seja, transmitir um
determinado conhecimento para outrem.
Além disso, o conteúdo deste conhecimento também interessa na motivação
de quem se dedicar a interpretá-lo e traduzi-lo para nossa visão e compreensão
contemporânea.
Logo, como exemplo, concluir, depois de horas de leitura de um texto
secreto, que ele afirma, em síntese, que a Natureza de Deus é incompreensível,
convenhamos, não traz nenhuma informação retumbante ou mesmo útil.
Não seria nem mesmo necessário que esta verdade fosse disfarçada em
símbolos ou esoterisada.
A questão da Natureza de Deus não tem quaisquer implicações práticas na
vida cotidiana, seja do ateu, seja do crente.
E é um tema cuja importância já foi discutida milênios atrás com conclusões semelhantes a esta que enunciei acima.
E é um tema cuja importância já foi discutida milênios atrás com conclusões semelhantes a esta que enunciei acima.
O mundo hoje está cada vez mais objetivo e pragmático. As pessoas são
"acusadas" de quererem "apenas" resultados práticos de seus
esforços intelectuais.
Aí eu me pergunto: o que há de pecaminoso nisso?
Porque a busca objetiva de resultados práticos, pode ou tem que ser,
contrária ao trabalho esotérico?
Estudemos como exemplo a história dos Ellus Cohen, uma conhecida Ordem Esotérica,
não maçônica, mas formada apenas por Maçons de Lyon, na França. Sua história e
formação começa em 1774, com práticas teúrgicas, que eles chamavam "O
Culto", invocando um ser na época entendido como um anjo, que se
materializava durante a reunião.
Vemos, aqui, esforços práticos e palpáveis.
Vemos, aqui, esforços práticos e palpáveis.
A preperação para este evento com uma sequência de jejuns e orações, os encantos e os círculos que eram
traçados no solo, as invocações, tudo era parte de uma estratégia cerimonial
que visava abrir, segundo se conta, um portal interdimensional, e permitir que
um ser (de natureza, na maioria do tempo, invisível), se tornasse visível, e, uma
vez materializado, falasse com sua boca sobre verdades universais e
espirituais, que eram tomadas como revelações indiscutíveis da natureza do
Universo, mesmo que fossem um relato de apenas um ser, Anjo ou não.
Era um esforço demasiado grande para um resultado pífio, embora do ponto de vista circense, espetacular.De qualquer forma, o esforço geraria resultados práticos, fossem ou não interessantes.
Sim, buscava-se o espetáculo no passado e quanto mais espetáculo mais
profundo achava-se que se ia.
Hoje sabemos que não é assim.
Atualmente, até entre os místicos, as almas estão mais pragmáticas, mais objetivas,
e definem com mais clareza o que é e o que não é importante na busca por uma
mais perfeita espiritualidade.
Objetividade é economia, discrição, precisão.
Objetividade é economia, discrição, precisão.
O pouco com Deus, é muito.
A experiência divina, sabe-se hoje, a consciência da Presença
Divina, a Shekinah, é silenciosa, discreta e interna, intransmissível,
inviolável, inquestionável para quem a experimenta. Não
precisa ser escondida através de véus ou textos rebuscados já que é esotérica
por sua própria natureza.
Então, porque os textos sobre a busca espiritual, os chamados textos
esotéricos, são tão esotéricos às vêzes?
Porque nossos textos estão há anos sendo lidos em segredo e não sendo
publicados como material de leitura comum?
Papus, o médico Gerard Encause, esoterista francês do século XIX, achava
que se jogássemos nos rostos dos profanos os chamados textos secretos, estes,
após lerem algumas folhas, os deixariam de lado, com desinteresse, pois não
veriam nenhum sentido, nem extrairiam deles qualquer significado ou
ensinamento.
É claro que mesmo textos que nada tem a ver com o sagrado e que por
definição são profanos, tem seu próprio esoterismo.
Sem uma explicação coadjuvante, chamada "chave" do código em
que estão redigidos, textos médicos, de física, de química molecular são
ininteligíveis, mesmo que em nada e por nada discutam temas metafísicos ou
espirituais.
Assim ocorre, da mesma forma, com textos esotérico-ocultistas.
Ninguém, a não ser alguns malucos como eu, tem qualquer interesse em
lê-los, quanto mais decifrá-los.
E quando os lêem, o fazem com tanta inépcia e ineficiência que só chegam
a falar sobre eles coisas das quais não tem certeza, mas que supõem, sabe-se lá
porque, esteja em suas páginas.
Para não demonstrarem ignorância até inventam sentidos inexistentes para
pessoas que ouvirão seus relatos com a mesma perplexidade e admiração daqueles
que nem chegaram a ler tais textos.
Não acredito que esteja dizendo absurdos e chego mesmo a afirmar que você
que me ouve e que frequenta lojas maçônicas ou corpos afiliados da AMORC já
testemunhou pessoas e cenas como a que descrevi.
E
agora peço a tolerância e a compreensão de todos para a próxima afirmação
porque a mesma decorre de quarenta anos no meio esotérico: essas pessoas, que
lêem textos esotéricos, como o Bardo Todol, o livro dos Mortos Tibetano, ou as
Estâncias de Dizyan, base do livro A Doutrina Secreta, de Helena Blavatsky, mas
não os compreendem e que, em seguida, inventam interpretações desses textos que
não compreenderam, são às vezes, mesmo, consideradas intelectuais destacados em
seu meio.
ESTÂNCIAS
E assim o equívoco se mantém e se propaga.
Nada de objetivo, nenhum resultado prático se obtém de tais leituras ou
de tais discussões.
Escolas esotéricas deveriam ser locais de formação de homens e mulheres
mais sensíveis, mas também mais perspicazes, capazes de mais pensamento crítico
e analítico. À exemplo de autores como Raymund Andrea, antigo autor rosacruz,
ou Nicola Aslan, na minha opinião o mais produtivo e equilibrado autor maçônico
contemporâneo.
Eu, por exemplo, aprendi a ler com devoção os textos clássicos. Por
ingenuidade, li com devoção muitos textos não clássicos, feitos por pessoas em
que eu depositava confiança, ou avalizados por instituições em que eu depositei
a mesma confiança.
Eram textos muito bonitos, profundos e sensatos.
Ou pelo menos me pareceram na época.
Depois, com o tempo, vi que nem todos estes textos não clássicos
poderiam ser chamados de sensatos, e que alguns, inclusive tinham sua dose de
Obscurantismo.
Uma campainha tocou em minha cabeça, e diminui a velocidade como os
consumia, pensando cada linha, cada trecho.
Então, além de perceber que pela profundidade da experiência mística
esta não poderia ser descrita apenas através de textos, e que, além disso, nem
todos os textos eram ou são produto da inspiração divina, mas sim de pseudo-esoteristas, uma necessária avaliação crítica destes textos
passou a ser rotina em minhas leituras, para ver o que valia ou o que não valia
a pena ser lido.
Muita coisa dita secreta, percebi, não possuía nenhum segredo a ser
descoberto. O rótulo de secreto apenas buscava dar importância a textos sem
importância alguma.
De novo: o conhecimento esotérico não o é porque está escondido em um
cofre, não corre o risco de ser roubado. Hoje enfrenta a mesma situação da
mensagem do Cristo quando exposta por Paulo aos Gregos.
Em suas viagens, o apóstolo enfrentou perseguição, risco de morte
física, agressões. Na Grécia, entretanto, apenas desdém. Sua fala foi considerada banal e
desinteressante.
Disse ele que foi seu maior fracasso como pregador.
(Cito Atos dos Apóstolos, capítulo 17, versículos
32 e 33 –
“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos,
uns escarneciam, e outros diziam: ‘acerca disso te ouviremos outra vez’ e
assim Paulo saiu do meio deles”.)
Estamos todos nós, esoteristas, como Paulo diante de uma sociedade
cética como a sociedade grega daquela época.
Poucos, muito poucos, se interessam pelo que nos interessamos. Pouquíssimos querem saber o que sabemos. E isto,
gostaria de argumentar, porque principalmente não temos nada de objetivo a
oferecer.
É comum defenderem, até por um viés religioso, a importância da fala de
Paulo Apóstolo, em detrimento da descrença dos céticos Gregos. Mas como estou
em uma loja maçônica, em um meio esotérico e não religioso, arrisco-me a fazer
uma defesa às avessas, das razões do desinteresse dos gregos pela fala de
Paulo.
A sociedade contemporânea, como falei antes, é cada vez mais científica
e objetiva, de forma que as pessoas em geral, como os Gregos, gostariam de
sentir mais solidez nas afirmações dos esoteristas. Esoteristas não estão
isentos de ter um discurso e um comportamento que faça sentido para aqueles que
os ouçam e os conheçam.
O Mistério pelo Mistério, cada vez mais vale menos na captação e
fidelização de membros em escolas esotéricas, seja na Maçonaria ou na Rosacruz,
AMORC.
Cada vez mais as Ordens Esotéricas amargam números menores de membros e
se a abordagem do assunto não mudar, suponho que esta seja uma tendência
irreversível.
E quando falo em mudança de abordagem, falo em tornar os ensinamentos
mais diretos, mais focados em resultados palpáveis, pari passo com
procedimentos que por sua natureza mais profunda são mais demorados, como a mudança alquímica da personalidade, que só
ocorre ao longo de longos períodos de tempo.
Na AMORC ouço frequentemente a queixa de que os corpos afiliados estão
sem membros. Na Maçonaria, vejo aprendizes, membros do primeiro grau,
abandonarem a Ordem por tédio.
Mesmo assim o modelo não muda, por inércia mental ou por falta de visão.
E ainda se acredita que a simples ideia de segredo ou de ensinamentos ditos
secretos possam manter as pessoas interessadas.
O que é secreto, será secreto até ser revelado. E é bom que a revelação não seja uma
frustração para o interessado.
O mundo mudou. As pessoas não se deixam mais seduzir por afirmações sem
comprovação por muito tempo.
A não ser que sejam absolutamente desprovidas de inteligência.
A ignorância não é um pecado, mas muito menos é um elogio ou uma
virtude.
Todos nós, em sã consciência, queremos mais das Ordens a que
pertencemos.
Queremos ensinamentos práticos, operacionais, técnicas que possam ser
aplicadas no cotidiano e que, não sendo mágicas, pelo menos possibilitem uma
melhora de nosso desempenho profissional, social e humano.
Só isto já justificaria nossa filiação.
E como fazê-lo? Com a ênfase didática na experimentação, na verificação
em templo dos princípios que descrevemos em nossos textos, rosacruzes ou
maçons.
Para rosacruzes, demonstrações das técnicas que são relatadas nas
monografias, grau a grau; entre os maçons, seminários dinâmicos, sem a monótona
repetição de palavras ou de instruções, deixando que as colunas se manifestem
de modo livre e espontâneo, sobre temas relevantes e fornecidos previamente.
É preciso deixar o Maçon falar e o Rosacruz experimentar suas idéias e
conceitos.
Os chamados discípulos precisam de espaço para elaborarem suas dúvidas e
questionamentos, sendo o papel dos irmãos mais antigos apenas orientarem o
desenvolvimento destes estudos, de forma a preservar um crescimento do espírito
do Irmão ou Irmã livre de chuvas e trovoadas, oferecendo-lhe um ambiente
acolhedor para o aprendizado e não o rigor de uma disciplina estúpida e inútil,
que desencoraja o questionamento e, portanto, o crescimento espiritual e
intelectual.
Nas palavras do educador inglês Sir Ken Robinson, "a educação está
matando a criatividade". A educação esotérica segue o mesmo caminho.
O esoterismo que se baseia na ilusão de que quanto mais oculto melhor
aposta na ignorância e sufoca a capacidade de seus membros de colaborarem como
o crescimento de suas Ordens.
Sir Robson chama a educação do terceiro milênio de Educação Botânica,
que trata o aluno, o discípulo, não como um papagaio repetidor, mas como uma
planta que se desenvolve sozinha, necessitando apenas de condições adequadas
dos três S: solo, sol e sombra, para fazê-lo.
Nós precisamos deste impacto e desta revolução educacional em nossas
Ordens, de forma que valha a pena para cada membro sair de suas casas e ir, com
satisfação, até o seu corpo afiliado ou sua Loja certo de que, naquele
encontro, crescerá mais um pouco como ser humano e como esoterista.
A alternativa é testemunharmos (e sinceramente, espero estar enganado) o
desaparecimento, por completa obsolescência, destas Ordens que foram o reduto de
grandes místicos e esoteristas por muitos séculos até hoje.
Prezado Mário,
ResponderExcluirMeu nome é Vitor. Descobri por acaso o seu site e achei muito interessante, particularmente este último texto. Concordo bastante com o que você escreveu, principalmente no que diz respeito ao estado atual das ordens iniciáticas no mundo, e particularmente aqui no Brasil. Sou filiado à AMORC há catorze anos e, no momento, estou apenas como estudante de "sanctum", sem frequentar nenhuma loja. Sendo bem direto, desisti de frequentar organismos afiliados por discordar de uma série de coisas que vi ali. Este é um assunto MUITO, muito extenso, mas, em linhas gerais, vejo com tristeza que a AMORC, assim como outras ordens iniciáticas, está decadente por ter parado no tempo e continuado insistindo em práticas que não fazem mais sentido no contexto atual, além de estar sofrendo com - desculpe dizer dessa forma - o baixo nível intelectual médio dos frequentadores dos organismos afiliados (falando assim pode parecer pedantismo, mas te juro que não é - é uma constatação que faço, embora muito tristemente). O fato é que pouquíssimos jovens se sentem atraídos a ingressar e frequentar ordens deste tipo, e a idade média dos frequentadores das lojas vai só aumentando, com o tempo. Isso é um indício claro - e lamentável - de uma organização sem futuro.
Enfim, gostaria de poder trocar umas idéias com você sobre este e outros assuntos. Apesar de me identificar com o ideal e com a essência do pensamento da AMORC - tanto que continuo membro até hoje - discordo da posição oficial da ordem em uma série de questões, e mais ainda de muito do que vem sendo feito ou praticado nas lojas (esse assunto é muito extenso para começar a abordar ele aqui). Também tenho "anos" (heheheh) de leituras esotéricas diversas e acho que há um pouco de verdade espalhado por várias partes, assim como MUITOS erros também, inclusive por parte de autores consagrados - dentro do que eu posso julgar com o que conheço e que percebo do mundo e da vida, é claro! Mas enfim, acho que seria interessante entrarmos em contato. Como podemos fazer para ter uma conversa em ambiente privado, sem ser por aqui? Um abraço!
Vitor, agradeço seus comentários. Esou à disposição ora conversar. Meu skipe é mario_sergio_sales. Me adicione e conversamos.Abraços
ExcluirCaro Mário, já havia lido este texto e agora que postou novamente tornei a lê-lo. Muito boas suas observações e conclusões inclusive quando procura antever o futuro das organizações onde tenho que concordar contigo.
ResponderExcluirRealmente, é necessária uma paixão que me faça dedicar a leitura dos textos apenas por deleite conforme você mesmo fala, sem contudo retirar um conhecimento que possa ser colocado em pratica de imediato gerando resultados.
Alem do mais, o que de oculto em relação as coisas escritas existem de fato hoje? Temos acesso a quase tudo seja pala web ou sendo mais especifico, pelo Google, desde que saibamos pesquisar com o mínimo de cuidado possível.
Como o Frater Vitor que comentou acima, não tenho tantas horas em meio a organismos afiliados, mas seu testemunho de tantos anos neste meio parecem me bastar.
Tenho um bom tempo no meio religioso evangélico e acredito que possa contribuir aqui com minhas observações acerta da liturgia que de alguns anos para cá vem sendo adaptada nos moldes darwinianos conforme a objetividade requisitada para se viver em nossos dias.
Observei que a liturgia nestas organizações vem sofrendo considerável mudança no que diz respeito livros da sagrada escritura. Os livros de mensagens mais esotéricas como por exemplo o apocalipse, evangelho de João e alguns outros estão sendo abandonados dando lugar ao que chamo de rejudaísmo brasileiro onde há ênfase se volta para os livros do Antigo Testamento (sociedade judaica) que tratam de aspectos mais práticos da vida e portanto de maior aplicabilidade no cotidiano dos membros dessas organizações.
Estas organizações estão procurando sempre acertar o passo com o momento presente.
P.P.
É Daniel as coisas mudaram mas tem gente que se recusa a ver isso. Veja, esteve esta semana em minha Loja um novo candidato ao Grau de Sereníssimo Grande Mestre da nossa Potência Maçonica, o Grande Oriente Paulista. Expôs sua pltaforma do modo tradicional, com panfletos e uma breve exposição de sua plataforma, com o auxilio de seu computador e um aparelho de projeção. Questionei-o sobre quando seriam implementadas videoconferencias entre a sede do Grão Mestrado e as lojas, usando tecnologia fácil e uma infraestrutura gratuita hoje disponível. Disse-me ele que provavelmente isto não aconteceria embora ele achasse algo administrativamente normal, porque para alguns irmãos o simples fato de usar um aparelho de multimedia no templo seria uma profanação. Diante disso não preciso comentar com voce o sentimento de estranhamento que aquilo me causou. Confesso a voce que ja cansei de brincar de esoterismo. Gostaria que os esoteristas parassem de achar que o chapéu pontudo faz o mago ou que a santidade é impossível sem velas e incenso. Tudo tem um limite e a ignorancia parece que não tem. Meu sentimento é de cansaço. Desilusão não, mas enfado. Gosto de meus irmãos maçons são bons e verdadeiros amigos, sem fantasias, pessoas como eu ou voce. Mas o ambiente maçônico é anacrônico e parece que a cada ano mais e mais se distancia do momento histórico contemporâneo. Bom é isso, senão vira outro artigo. Abraços.
ExcluirÉ curioso que o ser humano nunca conseguiu focar no caminho intermediàrio, e mais dificilmente no ascensional, mas isso tem sua explicação, e é natural.
ResponderExcluirTodas as vertentes esotèricas trazem bons conhecimentos do passado, mas também muito do que a ignorância conseguiu impor.
Muitos simbolos, práticas e ensinamentos, não só esotéricos, são resultado dessa ignorância.
Alguns ás mantém e cultiva como forma de superioridade intelectual, outros, apenas por tradição, mesmo fora do esoterismo muitas tradições equivocadas são mantidas apenas como forma de manter baixas conveniências, mas esses ensinamentos não são mantidos por imposição, o que os mantêm é sua sintonia com o baixo nivel evolutivo de seu receptor, o que ainda existe em abundância.
As leis universais proporcionam á sua criação todos os instrumentos necessários á sua sobrevivência e evolução, cada individualidade pode, através de seus próprios meios, trabalhar sua ascesão, mas antes é preciso trabalhar primeiro os motivos que o trouxeram aqui, ou seja, a imperfeição