Por Mario Sales,FRC, SI, MM
“Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
como um deus; e amanheço mortal”
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
como um deus; e amanheço mortal”
Lenine, trecho de “O Silêncio das Estrelas”
Já vivi o suficiente para não confundir imaginação
e fantasia, para não crer em personagens, sejam os criados por mim, sejam os
dos escritores ou os dos meus interlocutores.
Sim, o difícil é o diálogo com pessoas que
entraram de tal forma em seus próprios personagens fictícios que já não tem
certeza de quem são.
Principalmente os estudantes de assuntos
esotéricos que se supõem fora deste mundo ou isentos de ligações com a vida
comum, cabeças hipertrofiadas que esquecem o tubo intestinal aonde estão
grudadas, e que as torna tão limitadas aos ciclos biológicos quanto qualquer
mortal, autodenomine-se racional ou não.
A Vaidade e o Medo são aliados nestes delírios
de grandeza, que cercam vidas medíocres como medíocres são todas as vidas,
nadas que em si nada tem de cinematográfico, onde cada gesto seria acompanhado
de um tema musical, de uma música que embelezasse o evento ou que lhe desse uma
vestimenta romântica.
Vaidade não é mais que o Medo da Verdade, o
medo da revelação de que, enquanto corpos e mortais, somos frágeis por demais
para termos quaisquer superpoderes ou qualquer domínio sobre as coisas da Terra
ou do Céu.
Por isso duvido quando me dizem que o estudo da
Magia pode encerrar a busca de um aprimoramento espiritual. Ninguém em sã
consciência, ou mesmo sem consciência alguma, busca um conhecimento para
intervir no real sem buscar junto poder.
E que Poder? Poder sobre o que ou sobre quem?
Sobre tudo e, de preferência, sobre todos.
Poder sobre o externo, não sobre o interior,
não sobre a nossa instável natureza, cheia de desejos e insatisfações, cheia de
oscilações de vontade, mas sobre o mundo, que deixaria, subitamente, de nos confrontar
com suas exigências de competência, suas demandas por habilidades que não possuímos
ou que levaríamos anos de esforço para desenvolver. Um mundo de fantasia,
portanto.
Por isso não creio nas personas ou máscaras que
cada um crê que os disfarça com perfeição.
Existem pessoas demais buscando o santuário
como proteção contra seus próprios demônios, e trazendo estes demônios, junto
consigo, para dentro do santuário. Supõem-se deuses, ou prestes a tornarem-se
deuses, com o mundo em suas mãos, mas, como lembra a música, todos os dias
acordam mortais.
Urge exorcizarmos nosso meio ambiente das
ilusões de cada um e de suas tentativas de nos impor suas crenças como
realidade, dentro de nosso próprio templo.
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