Por Mario Sales FRC
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.
Jesus, o Cristo, em momentos diferentes de seu ministério.
Fiquei pensando sobre
isso no encontro do In Vino Veritas de qunta passada.
Se semana passada o
encontro foi recheado por goles de espiritualidade e discursos ligados a
aspectos esotéricos da pratica Iniciática; este já foi um encontro bem mais
mundano e marcado por comentários ao estilo dos filhos de Baco, e não de Apolo.
E não é assim que
são as coisas? Como um pêndulo, ora lá, ora aqui, dia após dia. Nós somos
feitos de silencio e som, diz o poeta. A criação é dual, lembra o esoterismo.
E neste ir e vir,
vivemos emoções boas e más, que se revezam.
Portanto, durante
nossa existência, experimentamos esta alternância de estados de modo
ininterrupto, a ponto de a considerarmos normal.
Servimos sim a dois
senhores: a Cesar e a Deus; a Dionísio e Apolo. As duas frases do Cristo são
contraditórias entre si. Fernando daqui de Suzano (são tantos os Fernandos),
meu amigo, tenta salvar a situação lembrando que o Cristo queria dizer “servir
a dois senhores ao mesmo tempo”. Pode ser.
Mas não disse. Ele
disse apenas “servir a dois senhores”, em um universo feito de opostos que se
alternam, sejam estados de espirito, sejam situações físicas e materiais.
Oscilamos nesta
criação instável, liquida, como diria o magnifico Bauman, que Deus o tenha.
Recolocando-nos no
pêndulo da existência, Ele, o Mestre, corrige o equívoco anterior com a segunda
frase: “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”, mostrando que
até Ele oscilava em suas colocações particulares, embora fiel aos seus
princípios gerais.
Acredito que até
nisso haja uma lição a aprender.
Nossa coerência não
se baseia em linearidade, mas no pertencimento a um espaço, dentro do qual
oscilamos com alguma liberdade, como o peixe que pode nadar para qualquer
lado, desde que não ultrapasse os limites da água e do vidro do aquário.
Aquários muito
amplos não devem ser compreendidos como espaços sem limites, mas dentro destes
limites oscilaremos, sempre, hoje para cá, amanhã para lá. Faz parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário