por Mario Sales
Io SUB SÍMBOLO: A CABEÇA OU O CÍRCULO DIVINO
O círculo é maravilhoso e complexo, possuindo dentro de si cinco
níveis diferentes, do mais interno para o mais externo.
ESQUEMA 7
Em alemão e português
No nível imediatamente superior, o simbolista escreveu “A eterna quinta essência”, referindo-se ao elemento invisível que antecederia em densidade, os quatro elementos conhecidos.
No próximo círculo o simbolista colocou a “Matéria Prima de Deus”, sobre a qual falaremos a frente.
No quarto nível, chama a atenção para o mistério da Trindade, escrevendo “Três uni es”, três em um, “é a essência trina da divina pessoa”.
No quinto e mais externo nível, ele escreve três frases: Espírito de Deus; Vida de Deus; Luz da Humanidade, sendo que a palavra humanidade está separada em dois pedaços (human----idade) e no meio deles está escrito “divino fogo”.
É interessante que esta quebra de continuidade da palavra preserva a palavra “human” que significa humano, sendo que a expressão “divino fogo” vem em seguida, dando a impressão a este intérprete de que o divino fogo ou espírito de Deus garante a natureza e a existência do que é humano em nós, e sua transformação em uma espécie inteira de seres. A vida em nós, aquela mesma vida que repassamos aos nossos descendentes através de nosso esperma, é apenas a vestimenta do espírito de Deus em nós, o fogo divino que nos criou, sustenta e mantém, enfim, nos faz existir.
Em meio a todos nós, concluo, Deus caminha.
Não existimos por causa da água em nossos corpos, ou do ar em nossos pulmões, ou do alimento em nosso estômago e intestinos.
Existimos, apenas e tão somente, pela presença de Deus em nós e entre nós. Deus é nous a energia que os rosacruzes reconhecem como fonte da vida.
Outra interpretação que não deve ser olvidada é que, quando falamos da trindade, a Luz da Humanidade é o Cristo, Jesus, que repetindo o mito de Prometeu, trouxe-nos em seu ministério o Fogo Divino, ato pelo qual, do mesmo modo que o deus mitológico, pagou um alto preço.
Voltemos atrás e discorramos um pouco sobre o segundo círculo, aonde se lê “a eterna quinta essência”.
O conceito de “quinta essência” é aristotélico.
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), discípulo de Platão, especulou que existiria um elemento etéreo, quase imaterial, portanto invisível, distinto dos quatro tipos de manifestações materiais (terra, fogo, água e ar), o qual ele chamou de quinta essência, conhecido mais tarde também pelo nome de éter.
É, portanto, razoável, que entre a Eterna Natureza Incriada e a Criação, o simbolista pressuponha a existência desta matéria pouco densa que antecede todas as outras.
Esta quinta essência preencheria o Cosmos, fora do ambiente terrestre, mas na terra, supunha-se haver uma matéria básica da qual todas as coisas em todos os quatro estágios surgiriam. A essa matéria fundamental chamou-se a matéria primeira, ou matéria prima.
O debate sobre sua natureza começou com os Jônios (Tales, Anaximandro e Anaxímenes de Mileto, além de Xenófanes de Jônia e, finalmente, Heráclito de Éfeso), um dando para a água este título, outro ao ar, outro a terra e outro ao fogo.
Empédocles de Agrigento, médico e filósofo, supôs que nenhum elemento sozinho poderia ter esse título e só concebia a existência de todas as coisas como uma combinação dos quatro elementos básicos.
A idéia de que entre o éter no espaço e os quatro elementos na terra, existisse esta matéria prima como intermediária era muito bem quista na época dos alquimistas e assim, este símbolo e estas crenças, falam desta transição.
Existe nos cinco níveis dentro deste círculo o conceito de gradualidade, de manifestação paulatina das coisas visíveis a partir de uma causa invisível.
O curioso é que o simbolista coloca antes ainda do material o mistério da Trindade. Talvez daí o aviso anterior “ entende de acordo com a filosofia celeste e não terrestre”. Ele está falando das coisas espirituais, aonde a densidade de tudo é tão leve e sutil que falamos em um mundo espiritual.
Dentro do círculo ainda estamos dentro do próprio Deus Todo Poderoso, ainda estamos em seu mundo imediato, aonde habitam além D’Ele apenas os anjos, e entre estes, somente os que, na Hierarquia do Pseudo-Areopagita, estão mais próximos do criador: Serafins, Querubins e Tronos.
Por isso, só em um plano mais perto do humano vamos encontrar a manifestação de Deus na Terra, o Cristo, a parte de Deus que chegou a tocar o solo terrestre, na concepção religiosa católica cristã.
É apenas no quinto círculo, o mais externo, que falaremos da humanidade, mas no sentido de Adam Kadmon, a humanidade como um todo, como uma experiência de Deus, parte da tríade já anunciada no 4° círculo. Se lá encontramos a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, aqui no 5° círculo, encontramos as frases Espírito de Deus, Vida de Deus, Luz da Humanidade, correspondendo cada uma delas a um dos membros da tríade divina. (Espírito Santo (de Deus), Deus Pai (Vida) e Deus Filho (Luz da Humanidade).
Deus no princípio, Deus no fim. Deus, o trino, vai de um ao outro Centro.
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