Por Mario Sales
Neste fim de semana o capítulo rosacruz de São José dos
Campos promoveu um debate com o título “O Mundo que Temos e o Mundo que Queremos”
iniciativa do querido Frater Bispo, referência na região de capacidade e
serviço a Ordem. Quatro expositores fizeram breves falas sobre temas variados: Frater
Hugo de Paulo contemplou aspectos do Aquecimento Global e das Alterações
climáticas; o Frater Carlos Alberto Balo di Giacomo, atual mestre do capítulo,
abordou o impacto e os problemas do trabalho humano versus a entrada no mercado
da inteligência artificial, que vem progressivamente substituindo um grande número
de profissionais; soror Eni Alvim de Oliveira fez considerações sobre o difícil
e bem sucedido processo ainda em curso de empoderamento feminino, como se
convencionou chamar; e finalmente, eu fiz uma rápida análise dos problemas metodológicos
educacionais, defendendo o papel da arte, principalmente a música, como
elemento fundamental para reequilibrar a qualidade do ser humano e desfazer a
angustiante situação de unilateralismo do pensamento racional-materialista.
Frater Raimundo Bispo
O que achei simpático é que sem prévia concordância, todos
fizeram alusão ao fato de que as conquistas tecnológicas não podem ser
descartadas, mas devem, isso sim, serem enriquecidas por uma mudança nos
paradigmas espirituais e psicológicos na sociedade humana, tanto na modificação
da relação com o meio ambiente (Frater Hugo), como na administração do ócio
causado pela automação cada vez maior (Frater Carlos) e no aperfeiçoamento do caráter
colaborativo e coletivo de trabalho, característica da abordagem feminina, na
produção tanto de conhecimento quanto de bens e serviços. Para tal, sugeriram a
necessidade de superar as inúteis conceituações de gênero (soror Eni) e passar
para uma nova fase de trabalho humano menos hierarquizado e mais compartilhado.
Houve o consenso de que o problema da melhoria das condições de vida da espécie humana só será possível quando abandonarmos as fronteiras imaginárias que até hoje separam grupos étnicos, homens e mulheres, seres humanos e outras espécies que coabitam este planeta, e assim por diante. Após o fim do debate, coordenado por Frater Bispo, comentamos acerca da falta de sentido nas fronteiras entre nações. Em um planeta tão pequeno, com tantos problemas e escassez de recursos, supor que os que compartilham esse espaço geográfico e cósmico podem se dar ao luxo de viver separadamente é absurdo.
Houve o consenso de que o problema da melhoria das condições de vida da espécie humana só será possível quando abandonarmos as fronteiras imaginárias que até hoje separam grupos étnicos, homens e mulheres, seres humanos e outras espécies que coabitam este planeta, e assim por diante. Após o fim do debate, coordenado por Frater Bispo, comentamos acerca da falta de sentido nas fronteiras entre nações. Em um planeta tão pequeno, com tantos problemas e escassez de recursos, supor que os que compartilham esse espaço geográfico e cósmico podem se dar ao luxo de viver separadamente é absurdo.
Soror Eni e Frater Carlos Alberto
Todos, entretanto, concordaram que o momento histórico ainda
não é o desejado para um governo mundial, para a aplicação da simples regra de
um planeta, uma espécie, um mesmo povo.
Acrescentei que os discursos antiglobalização são descabidos
porque a globalização é inevitável, e sua implantação já está em andamento. Não
se trata de uma tática de dominação de uns sobre outros mas do reconhecimento
de que nossos destinos estão intrinsecamente associados e que a derrota de um é
a derrota de todos.
Frater Hugo de Paula à esquerda
Economicamente já é assim. Resta superar o medo para que
socialmente também o seja.
Salvo, no entanto, uma intercorrência de grande magnitude,
realisticamente falando, exércitos, bandeiras e bravatas e ameaças de parte a
parte continuarão por mais algumas décadas.
A humanidade, no entanto, continua em transformação, queira
ou não, e os conceitos retrógrados e separatistas pouco a pouco estão cada vez
mais ameaçados de extinção. A internet é um dos motivos. Em poucos anos, todo o
planeta tornou-se um grande conjunto de mentes compartilhando idéias, boas ou
más, mas compartilhando e descobrindo de forma não intermediada as semelhanças entre
os diversos povos e regiões do planeta.
A ameaça que a internet representa para governos isolacionistas
ou ditatórias é tão grande que a China já fala em restringir a rede ao seu próprio
território, tentando com isso evitar o contágio de liberdade que o compartilhamento
digital provoca. A Rússia também anunciou a intenção de bloquear o acesso da
rede a sites internacionais, com objetivos semelhantes aos chineses.
O fato é que, queiram ou não os governos, tenham ou não os
países medo desta súbita descoberta de seres humanos por outros seres humanos,
ela já está em marcha.
Enquanto Frater Carlos Alberto falava do inevitável
desaparecimento de profissões em função da entrada da IA no mercado de
trabalho, eu pensava em como deve ter sido a chagada da luz elétrica para os
profissionais conhecidos como acendedores de lampiões; ou do rádio e do
telégrafo para os correios, hoje inclusive restritos apenas a entrega de
encomendas e não mais de cartas.
O que hoje parece assustador vem acontecendo desde o século passado.
Não é novo e não vai parar.
E é natural que assim seja porque tudo evolui e muda, e a permanente
mudança é, de fato, a única coisa imutável na existência.
Resta modificar os seres humanos e não as coisas em volta
deles. E urge a intensificação da atenção à melhoria da sensibilidade, mudando
a relação com a realidade de manual para visual e auditiva.
Precisamos contemplar mais quadros e esculturas, precisamos
ouvir mais música, precisamos despertar o lado direito do cérebro, tão relegado
ao segundo plano.
É importante fortalecer nosso lado subjetivo sem prejudicar
o lado objetivo.
Temos e precisamos dar atenção de modo objetivo à nossa
subjetividade e a Arte é o caminho. É aí, neste campo do conhecimento, que
expressamos nossos desejos e sentimentos mais profundos, onde conseguimos
transmitir de modo mais claro e sem a necessidade da linguagem ideias e impressões
pessoais acerca das coisas e do mundo.
E tudo que aumenta nossa capacidade de comunicação
interpessoal é útil no processo de reunião da espécie em um corpo único. Aliás,
o fato de que a arte pictórica ou musical transcendam a linguagem e além disso,
o tempo e o espaço, já que a grande arte é eterna e transnacional, fazem dessa
opção de comunicação entre o homem atual e o próximo homem, aquele ser humano
que queremos, mais solidário, mais altruísta, mais empático a ponto de ser
capaz de se colocar no lugar de seu interlocutor e compreendê-lo de modo mais
profundo.
É esse talvez o horizonte que nesse debate deixamos
implícito.
A mudança, como eu disse, já começou.
Moro em Jambeiro, uma cidade pequena de cinco mil habitantes que fica cerca de 40 km perto de São José dos Campos, gostaria muito de ter ido até o capítulo neste dia para assistir o debate e cumprimentar a todos os palestrantes, pena que não foi possível.
ResponderExcluirAté...
Me preocupo principalmente com os jovens ( meus alunos) que tem o mundo nas mãos, e não conseguem se relacionar. Não querem aprender. Não querem se conhecer
ResponderExcluir