COM A DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA TRANSLITERAÇÃO DE CERTOS TRECHOS.
por Mario Sales MM.: e Reginaldo Leite, ambos FRC.:, SI.:
1ª. Por toda a parte Deus é livre dentro e fora de todas as criaturas.
DEUS.
Medida de tempo da Natureza.
Anjo com seis asas.
Porque falar da liberdade de Deus? Como discutir tal atributo, tal adjetivo?
Só dentro de um contexto simbólico.
O Absurdo da possibilidade de um Deus Aprisionado horroriza o mais comum dos crentes.
No entanto o simbolista o declara: “Deus é livre” , e além disso especifica “...dentro e fora de todas as criaturas.”
Porque tal especificação?
Porque embora pareça absurdo à todos aqueles que veneram o Altíssimo que ele não seja livre enquanto Deus, a concepção mais primária de Deus é de um ser aprisionado em uma forma definida, em um espaço delimitado.
O simbolista, no canto superior esquerdo deste magnífico símbolo, com poucas palavras, declara:
Deus não está em parte alguma, mas sim em toda a parte; ou por outra, não existe um Deus pessoal.
Todos os verdadeiros Místicos são panteístas, vêem Deus em todas as coisas, sentem Deus dentro de si. “Livre dentro e fora de todas as criaturas.” Mais claro impossível.
Livre. Livre de um corpo, de uma forma, de um tempo.
Esta frase dialoga com outra do quadro. Aquela em que é dito: “Em Deus nada há que lhe seja próximo ou distante. Ele é tudo em tudo e por tudo em todos os lugares.” Portanto livre, sem espaço ou tempo que o aprisione. "O céu dos céus não pode englobar o Deus único, nem encarcerá-lo".
Livre, portanto.
Sem forma, sem rosto, sem idade. Apenas Deus.
E esta é a próxima palavra: DEUS. Afirmativa, como a expressão “Eu Sou”, sem adjetivos, sem qualificações, apenas o Sujeito e o Verbo, a ação. Deus é ação.
Em seguida, uma afirmação poderosa: Deus é a medida do tempo da Natureza. Ora, em uma época em que ouvimos falar sobre o perigo do homem destruir a natureza, este é um alerta que nos traz a realidade.
Se Deus é a medida do tempo da Natureza, e se Deus não tem Tempo, a natureza, aonde ele está e da qual é a medida, também não tem tempo.
O Homem, este sim, é um fenômeno passageiro.
A Natureza não.
Nós, mesmo que queiramos, não destruiremos nunca aquilo que é Eterno. Podemos no máximo destruir as peculiares condições que permitem a nossa existência física, destruir a nós mesmos, mas nunca a Natureza.
O Homem, este sim, é um fenômeno passageiro.
A Natureza não.
Nós, mesmo que queiramos, não destruiremos nunca aquilo que é Eterno. Podemos no máximo destruir as peculiares condições que permitem a nossa existência física, destruir a nós mesmos, mas nunca a Natureza.
Ela estava aí antes de nós, e estará, com certeza, depois de nós.
Pois Deus e a Natureza, sua manifestação mais sublime,
(independente da vaidade humana que se julga o mais sublime produto da Criação), são apenas Uma e a Mesma Coisa.
Finalmente a linha mais esotérica do conjunto: "Anjo de seis asas".
(independente da vaidade humana que se julga o mais sublime produto da Criação), são apenas Uma e a Mesma Coisa.
Finalmente a linha mais esotérica do conjunto: "Anjo de seis asas".
É preciso contextualizar com as outras quatro entradas presentes nas seis citações periféricas, três acima e três abaixo, para compreender o sentido.
Anjo está na 1ª citação. Depois temos Leão de seis asas, na 3ª citação; Águia de seis asas, na 4ª ; e finalmente Boi de seis asas, na 6ª e última citação.
Lembremos Ezequiel, capítulo 1, versículo 10:
“E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e do lado direito todos os quatro tinham rosto de leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rosto de boi; e também tinham rosto de águia todos os quatro.” Desta visão foi extraída a simbologia para os quatro evangelistas: o Anjo (para São Mateus); o Leão (para representar São Marcos); a Águia (simbolizando São João); e, finalmente, o Boi (símbolo de São Lucas).
Pieter Claesz Soutman (1580-1657), Os Quatro Evangelistas (1620)
Bom, já sabemos quem são os personagens aqui representados. Mateus, Marcos, Lucas e João. Algo não se encaixa, no entanto: as seis asas.
Pois no mesmo Ezequiel 1, vers. 4 a 6, encontramos:
“Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo. E do meio dela saía à semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem. E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas.”
Vejam, quatro asas e não seis. São os querubins que tem seis asas, não os evangelistas.
Simples. O seis é o número do hexágono, que está desenhado na posição que os dias da criação ocupam em volta do Mundo Terreno, mas também é o número da estrela de Salomão e de Davi, aonde um triangulo de vértice para baixo se encontra com outro de vértice para cima, harmonizando neste encontro, o que está em cima e o que está embaixo.
O enigma se esclarece. Só pelo evangelho e por sua mensagem, trazida a nós pelos quatro evangelistas, poderemos superar a dualidade e a morte espiritual, decorrentes desta dualidade. A mensagem do Cristo, difundida pelos evangelhos, nos liberta da 2ª Morte, a Morte Espiritual e nos garante a verdadeira vida, aquela que é verdadeiramente eterna.
Por isso I para o Anjo (Mateus), II para o Leão (Marcos), III para a Águia (João) e IV para o Boi (Lucas). Os números em algarismos romanos estão abaixo de cada texto. Quatro evangelhos, seis asas.
2ª. “A mente externa e interna, sem a luz divina não poderás encontrar”.
Esta frase está isolada, a meio caminho entre a 1ª e a 3ª. Fala de um conhecimento qualquer e nos lembra Delfos, ao contrário. Vejam que no texto em francês a palavra traduzida na publicação da AMORC como “mente” na verdade é "L’Espirit", o Espírito, que pode ou não ser traduzido por mente no sentido filosófico, mas não no sentido místico. Espírito interno e externo em sentido místico, na minha opinião, seria uma melhor tradução, quando a compreendemos como essência, natureza profunda, interna ou externa.
O espírito interno, ou espírito do homem, e o espírito externo, ou espírito das coisas, refere-se, na minha humilde opinião a essência do homem ou das coisas e não a mente. As coisas da criação não possuem uma “mente”. A “mente” é um atributo da psicologia humana, um órgão invisível segundo Kant, ou o resultado de complexos processos neuro químicos e hormonais.
Não, as coisas externas a nós não tem mente, mas com certeza tem espírito, que para os rosacruzes significa a energia interna que as perpassa, que é a sua essência, o espírito das coisas.
Fui buscar fundamentação para minhas impressões.
Na versão em inglês a palavra é Mind, Mente, e aí entendi o trabalho da tradução brasileira que deve ter se baseado na versão em inglês e não na do alemão.
O desenho em alemão que tenho como referência no livro “A Maçonaria, símbolos, segredos e significados, traz o texto em alemão, mas, infelizmente, a parte que me interessava está cortada do desenho. Fui em busca do desenho completo em alemão e o encontrei no endereço http://pt.scribd.com/doc/35915923/Geheime-Figuren-Der-Rosenkreutzer , lá embaixo na página 48.
Lá o texto em alemão que, acho, seja o original, é “den auffern innerer berstand”, mas para a palavra berstand não encontrei tradução. O interessante é que quando tentamos no tradutor automático a expressão “A mente exterior e interior sem a luz divina não poderás encontrar. Só o espírito sabe. A razão encarnada é cega.” o que conseguimos é “Der äußere Verstand und ohne das göttliche Licht in dir nicht finden kann. Nur der Geist kennt. Der Grund des Fleisches ist blind.” onde Geist é, em alemão, a mesma palavra para Mente, Espírito ou Fantasma, algo etéreo, vago, sutil.
Mas só no texto abaixo do desenho aparece a palavra Geist de modo claro e definido. Aqui neste texto que analiso, no alemão o termo é outro, que não consegui decifrar ou traduzir até agora.
Esperarei pela inspiração.
2° dia de tentativa de entendimento do trecho em questão:
Hoje dia 12, dia seguinte ao meu aniversário, continuo a tentativa de entender a palavra Berstand no texto em alemão da Imagem que estamos trabalhando,
Hoje pela manhã percebo uma coisa: na época, o alemão era mais primitivo e além disso escrito de uma forma, para os nossos dias mais tosca. Percebi tal coisa pela diferença entre um conectivo “ohne” e o que está escrito na imagem “ohn”, onde se percebe a falta de uma letra “e”, ao final. E se a palavra Berstand não fosse assim escrita hoje? No tradutor automático Bernstand aparece como sobrenadante, e eu havia desconsiderado esta tradução por achá-la fora de contexto, mas quando inverti as posições e configurei a tradução para do português para o alemão, a palavra em português “sobrenadante” é traduzida em alemão por “Übernstand” com um “Ü” na frente.
Agora as coisas ficaram mais claras.
A palavra é “Sobrenadante” sim, o que sobrenada, o que está a mais, o que está além. Não se trata de mente, nem de espírito (Geist), mas do excedente, ou de uma forma mais mística, transcendente.
A frase então, mais adequada, seria, em português, “O transcendental interior e exterior, não conseguirás encontrar sem a luz divina. Só o espírito sabe. A razão encarnada é cega.” Descrevendo a incapacidade de percepção da verdade mais profunda através do intelecto.
Perfeito.
Não há pois nenhum erro em sugerir-se a tradução “A essência das coisas”, sua compreensão mais profunda, como a versão mais adequada para o transcendental.
E acho que, ao final e ao cabo, ficarei com esta forma.
“A essência das coisas, ( e não o Espírito ou a Mente) no interior e no exterior, sem a luz divina não poderás encontrar.”
Ainda restam os quatro trechos abaixo,
3ª. Deus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim.
PAI.
Medida do tempo da Lei. Leão com seis asas.
4ª. E não há Deus senão o Deus Único. ESPÍRITO SANTO. Tempo do comprimento. Águia com seis asas.
5ª. Só o espírito sabe. A Razão encarnada é cega.
6ª. Deus é o primeiro e último. FILHO. Tempo do Evangelium. Boi com seis asas.
mas vencida esta etapa acredito que o esforço, agora, será mais rápido e mais fácil.
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