por Mario Sales, FRC.:, C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD)
Jean Jacques Rousseau
Fernando Monteiro, frater de Pernambuco e amigo, me manda
email reclamando que eu tenho escrito pouco.
Admito que fui descoberto.
Quando posto vídeos no blog existem duas razões principais:
a primeira a vontade de compartilhar imagens e idéias, o que simboliza o
espírito deste espaço; a outra é a mais óbvia, o fato de que a inspiração ou a
ausência de provocações me deixam desmotivado para a o texto e para o exercício
da reflexão.
Não sei se voces são assim, mas eu funciono melhor se sou
desafiado, da mesma maneira que este email de Fernando me fez sentar aqui em
frente ao teclado e começar a sair desta inércia.
E para quebrar o silêncio ( tema que ele me propôs, o
Silêncio, que não atenderei porque já trabalhei a idéia, aliás , nas últimas
semanas, o texto mais lido deste blog, como comprova o ranking automático à
direita), tenho a intenção de discutir um tema que se tornou recorrente no
final do século passado nos meios filosóficos e que tem a maior importância
para a vida mística: a insegurança de fundamentar nossa intervenção no mundo
apenas em critérios racionais.
Pode parecer estranho ao comum dos mortais que filósofos e
pensadores, ou seja, habitantes do mundo dos textos e das argumentações e
contra argumentações, possam ter dúvidas sobre a eficácia deste instrumento, o
pensamento racional. Só que este questionamento é muito mais antigo do que
supõe nosso entendimento.
Basta revisar a história da filosofia e vamos encontrar em
Jean Jacques Rousseau o mesmo tipo de crítica e de análise, pondo em dúvida se
a razão nos deu ou não um mundo melhor e concluindo, ao fim e ao cabo, que não,
que a razão só nos tornou no mau sentido mais espertos, velhacos, capazes de
dar ao toque de um conjunto de argumentos, respeitabilidade a quaisquer tipo de
ideologias, as mais loucas que fossem.
Ele antecipava a odisséia nazista e sua campanha racional e
organizada de extermínio sistemático do povo judeu.
Antecipou também uma ciência, matemática e experimentalmente
fundamentada, que foi capaz de construir a maior e mais devastadora arma
conhecida pela humanidade, a mesma que devastou Hiroshima e Nagasaqui no Japão.
A razão, no entanto, (argumentará a própria razão em si), não
é apenas um instrumento para o mal e para a devastação. Ela dá ao homem ordem e
sistema em sua experiência na Terra. Ela produziu inúmeras obras de rara
beleza,textos filosóficos belíssimos, que nos inspiram até hoje.
Sim, em parte é verdade.
Porque se formos críticos como um bom pensador racional é, a
produção de beleza e harmonia não se deve à Razão, mas à Arte.
E se existe uma coisa de que não se pode culpar a Arte, é de
que ela seja uma manifestação racional.
Partindo de princípios absolutamente não racionais, a Arte
gera beleza e encantamento exatamente pela produção do estranhamento e do
embaraço, o qual é tanto maior quanto mais racional for o observador e
apreciador do objeto artístico.
A Arte, sempre irracional, só embaraça os Racionais.
Crianças ainda não tocadas pela contaminação do intelecto,
têm uma relação com o objeto artístico lúdica e sem pré julgamento.
Talvez por isso queira tocar o que é para se ver, ou sentir
o cheiro do que é para se tocar, quando se aproxima de estátuas ou pequenas
esculturas, e tenta apreender seus significados com todos os seus sentidos.
Pessoas adultas não são assim, não sentem a Arte, de modo
geral, mas sim pensam a Arte, tentando elaborar em suas cabeças e não nas suas
mãos e em seus narizes o sentido do que está a sua frente.
Pode-se dizer então que a maneira de contemplar, de forma
racional e cerebral ou de forma sensorial e múltipla, um objeto de Arte, denuncia o grau de limitação do indivíduo com a própria existência. Por que a
Vida não é racional, ela não se deixa aprisionar no compreensível e como a
arte, ela nos mantém sempre embaraçados e desconcertados com sua originalidade
e capacidade de nos causar estranhamento.
A vida é sempre surpreendente, diz um quadro que tenho perto
da escada da minha biblioteca.
E é mesmo.
Já tarda que ouçamos o apelo de Rousseau e modifiquemos, ou
melhor, ampliemos nossos instrumentos de percepção e compreensão do que nos
circunda, expandindo nossa sensibilidade e não a nossa intelectualidade,
porque, para viver, e isto toda rosacruz sabe , existem instrumentos muito mais
confiáveis que a razão ou suas intermináveis argumentações.
Por exemplo, a intuição.
Por exemplo, a intuição.
Muito mais rápida, precisa e ampla na
possibilidade de perceber o fenômeno como um processo dinâmico e não estático,
como algo complexo, múltiplo, e não simples ou facilmente divisível em partes, a
Intuição supera a Razão na capacidade de captar o verdadeiro sentido da
existência e até, de nos orientar em como nos comportarmos diante de um dilema
qualquer.
A Sensibilidade Artística e Estética é um passo na direção
do desenvolvimento de uma Intuição forte, mas a intuição é muito mais que a
Razão e a Arte juntas.
Isso, só os Intuitivos podem entender.
Mas eu escrevo para rosacruzes.
Por isso eles entenderão o significado destas palavras.
E agradeço a Fernando Monteiro pela cobrança e pela
motivação para escrever.
Mário,
ResponderExcluirCostumava dizer que suas palavras são "mágicas", pois elas tem a melhor das intenções, mesmo que elas sejam um crítica a alguém ou a um sistema. Seu conjunto de palavras traduzem e criam "conceitos", por isso é importante está mesmo no silêncio o lendo em seu blog.
O engraçado disso, foi o seguinte, como de costume, olhei seu blog, logo ao acordar, algo me fez pensar no silêncio, logo, vi que não tinha texto escrito a aproximadamente uma semana. Acredito que interpretei de forma errada a "intuição" que recebi e não vi o texto ao lado. Na verdade era para ler o mesmo.
Mas fico feliz, pois me atendeu e pode ter certeza que o amigo aqui estará mais atento aos seus temas. Inclusive lembro que brincava a algum tempo comigo e Leite que éramos os dois únicos leitores fieis. Mas fico feliz, pois tem alguns leitores ocultos, mesmo que periódico, mas fiel, pois sua contagem já passou de 50.000 acessos.
Um grande abraço.