Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sábado, 24 de agosto de 2013

AS TREVAS

por Mario Sales, FRC, SI, MM CRC

“Senhor, é quase meia-noite e estou Te esperando na escuridão e no grande silêncio. Lamento todos os meus pecados. Não me deixe pedir mais do que ficar sentado na escuridão, sem acender alguma luz por conta própria, nem me abarrotar com os próprios pensamentos para preencher o vazio da noite, na qual espero por Ti. Deixa-me virar um nada para a luz pálida e fraca dos sentidos, a fim de permanecer na doce escuridão da fé pura. Quanto ao mundo, deixa-me tornar-me para ele totalmente obscuro para sempre. Que eu possa, deste modo, por esta escuridão, chegar enfim à Tua claridade. Que eu possa, depois de ter me tornado insignificante para o mundo, estender-me em direção aos sentidos infinitos, contidos em Tua paz e Tua glória. Tua claridade é minha escuridão. Eu não conheço nada de Ti por mim mesmo nem posso imaginar como fazer para te conhecer. Se eu Te imaginar, estarei errado. Se Te compreender, estarei enganado. Se ficar consciente e certo que Te conheço, serei louco. A escuridão me basta.”

Thomas Merton: "A Escuridão Me Basta" Lembrado por Fernando Luiz.




Um dos muitos slides produzidos por Mestre Reginaldo Leite, acima , à direita.



Mais uma vez recorramos a nossa imagem preferida, a sala de projeção de cinema.
A condição "sine qua non" para a projeção é que a sala esteja às escuras, completamente, de forma que a luz possa se propagar e gerar o filme na tela a nossa frente.
Toda vez que penso nisso, lembro do ensinamento do Ain Sof do Cabala de Isac Luria.
Se Deus era e é Tudo, está em Toda Parte, como poderia ele criar algo? Luria conclui que Deus, ao criar, não se expande, mas se contrai, abrindo dentro de si uma esfera tridimensional, como um buraco em uma rosquinha donuts, para que dentro desta esfera de ausência possa manifestar a Sua Divina presença, sob a forma do Universo Criado. Nessa esfera de ausência não há Luz , somente a Luz que Deus projetará, como o raio de luz que sai do projetor de cinema, na sala de projeção, e que passa sobre nossas cabeças.



Este raio, no Cabala Judaico, chama-se Kav. É ele que, saindo de Deus, o Incognoscível, por ser o Sem Forma, Sem Contorno, vai projetar no espaço criado pela retração de Deus, o que chamamos de Criação.
Costuma-se dizer que Kav desce até o centro da Esfera aberta pela retração, o Tzim Tzum. Mas isto também é um preconceito, que lembra mais uma vez Aristóteles (o que está em cima é superior e o que está embaixo inferior).
Kav pode ter vindo de qualquer direção. Dos lados da esfera. entrando lateralmente, ou da região inferior, subindo até o centro. O que se sabe é que o raio caminhou até o centro onde explodiu em miríades de partículas de Luz, e projetou a Imagem da Criação, esta ilusão em que estamos mergulhados e onde realizamos nossos experimentos kármicos, misturando aqui termos indianos com o Cabala, bem ao estilo da Doutrina Secreta de Blavatsky.
O que indagamos é: de onde veio Kav, o Raio de Luz da Criação? De outra estrutura luminosa?
Se lembrarmos de nosso elemento de comparação didático, a sala de projeção, veremos que o projetor, em si, não brilha.
É uma estrutura de metal. Dentro dele, a Luz é produzida por uma energia que o percorre e causa a incandescência do filamento de uma lâmpada, esta sim, a parte do projetor que provoca, atravessando uma lente, a emanação e expansão do raio de luz da máquina em questão para a Tela da sala de projeção.
Do mesmo modo, não há necessidade de que Deus fosse Luz para que produzisse um raio de Luz, que é o que se considera habitualmente como lógico.
Como ele não tem forma, e a forma é um atributo da Luz, é provável que Deus também, em Si, não seja Luz, embora seja perfeitamente capaz de produzi-la.
Tal como o projetor de cinema.
Ele tem a capacidade de produzir, por mecanismos próprios, a Luz que projeta, mas não é, ele mesmo, a Luz, Kav, que projeta.
Deus, relembremos, não tem forma.
Não pode ser visto, pois não é um ser manifesto.
Só seu pálido reflexo, a criação, pode ser percebido. Conhecemos o Criador por sua Obra, e mesmo assim, sua imagem, em tudo refletida, é parcial e imperfeita. Ele é o Transcendente, o Incognoscível, ou como gostava de dizer Pasqually, a Imensidade; mas Deus não é Luz.
"A Luz, (utilizada na Criação), é um atributo do Ser", ou melhor, a Luz é uma ação desencadeada pela capacidade operacional do Ser, como o projetor, objeto metálico e não Luminoso, que é capaz de produzir um raio de luz poderoso.
Nós surgimos da Luz de Deus, como o filme surge da Luz do Projetor; mas assim como o projetor em si não é Luz , embora produza Luz, Deus, provavelmente, também não é Luz em Si, embora seja capaz de produzi-la.
Imanifesto, Deus, o Ain Sof, é Invisível.
É O Obscuro, O Oculto, aquele que se Oculta nas Trevas do Desconhecido.
É na Escuridão que podemos ver a imagem do filme projetado à nossa frente.
É da escuridão que surge a Luz do projetor.
Na Criação, do mesmo modo, somente nas trevas do Tzim Tzum pode manifestar-se a Luz, Kav, e gerar a Imagem do Universo Material conhecido e desconhecido .
E da mesma maneira, das Trevas aonde reside O Oculto, O Invisível, surge a Luz que cria o Visível. Viemos, como o filme do cinema, de uma luz que é projetada do interior de algo não luminoso.
E se levarmos a frente esta especulação, da mesma maneira que o projetor não é um ser vivo em si, mas produto da Inteligência de um ser humano e controlado por outro ser humano, o projecionista, também a Luz de Deus em Si pode ser entendida, não como o próprio Deus, mas, como lembra o catecismo rosacruz, "um atributo do Ser", não o próprio Ser.
Somos Luz , mas viemos do interior das Trevas.
Todos somos filhos das Trevas, embora sejamos feitos de Luz, sem que isto tenha  nenhuma implicação de valor ou significado simbólico.
Trata-se somente de uma dedução comparativa e baseada em tudo que a Tradição nos diz.
Filhos da Luz, Luz esta produzida dentro das Trevas.

Esta é, segundo a Tradição, nossa verdadeira Origem.

sábado, 17 de agosto de 2013

REFLEXÕES SOBRE O PAPEL KÁRMICO DO SOFRIMENTO INCONSCIENTE

por Mario Sales, FRC,SI,CRC


Minha esposa trabalha na área de Psiquiatria. Nas conversas do café da manhã eventualmente vem a tona um de seus casos no ambulatório e a grande intensidade do sofrimento da família de pacientes com distúrbios mentais graves, que implicam em agitação psicomotora, desorientação e medo. Sim , medo das possíveis atitudes impensadas e impulsivas de seres humanos devastados por este flagelo ainda sem um tratamento realmente eficaz, chamado doença mental, em todas as suas manifestações.
Foi ouvindo seus relatos sobre um caso que comecei a fazer intimamente considerações sobre o papel kármico do sofrimento inconsciente.
Recorrendo de novo, com a permissão de todos , a mesma imagem que tanto me fascina pelo didatismo com que explica o fenômeno da encarnação, a sala de projeção de cinema, imaginemos que a encarnação enquanto oportunidade de evolução particular do indivíduo pressupõe a consciência de suas opções e experiências.

Comparando com a sala de cinema, é como sentar na cadeira da sala de projeção e assistir o filme, contemplar, testemunhar os eventos que passam na nossa frente, na tela de projeção, que é a nossa própria vida material. Enquanto eu posso contemplar e compreender ou desfrutar das imagens e dramas que se desenrolam no enredo da história, as emoções que estes acontecimentos desencadeiam em meu espírito, em minha mente, vão mudando minha compreensão de tudo que me cerca, da mesma forma que os filmes fazem com que choremos, ou gargalhemos, ou simplesmente reflitamos sobre aspectos da vida. O teatro cinematográfico, representado pela projeção de um raio de luz, nos permite estudar a vida e a nós mesmos, oferecendo-nos uma experiência segura e produtiva já que como lembra Krishna a Arjuna no diálogo do Bhagavah Gita: "11.Enquanto falas palavras sábias, estás lamentando aquilo com que não precisas te afligir. Os sábios não lamentam nem os vivos nem os mortos. 12. Nunca houve um tempo que Eu não existisse, nem tu, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir. 13. Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando a morte, a alma passa para outro corpo."(capítulo II, vers.11 a 13)

Mas e se eu não pudesse assistir o filme a minha frente? Se por um absurdo inexplicável eu entrasse no cinema com uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos? Qual a utilidade para uma testemunha de um evento que lhe diz respeito de modo direto, (ou seja, sua própria existência) que não pode ser testemunhado? É o que ocorre em pacientes psiquiátricos sem o devido controle medicamentoso, ou, às vêzes, com este controle, mas sedados pelos medicamentos a tal ponto que seus reflexos ficam diminuídos e sua percepção embotada, como era comum nos anos 50 e 60 do século passado.
Aquilo que dá significado à existência enquanto experiência educacional e de lazer, como define a imagem didática da sala de cinema, é a consciência e a percepção clara do que ocorre a nossa frente.


É preciso que tenhamos consciência de nossas experiências até para realmente poder aproveitá-las de alguma forma. Como eu sempre repito, sem consciência não há Karma. Só existe aprendizado e possibilidade de escolhas pontuais, aqui e ali, que resultarão em novos entendimentos da vida se o indivíduo tiver condições mentais de participar lucidamente dessas escolhas.
Lucidez é uma palavra que deriva do mesmo radical latino de Luz. Sem a Luz do Entendimento, a sefira Binah, da árvore da Vida, Chokmah, a Sabedoria, será inatingível.
Qual portanto pode ser o papel de um indivíduo que vem a essa existência com o destino de apresentar uma doença que compromete sua capacidade mental, já que é a mente nosso mais importante instrumento de percepção?
Já ouvi várias argumentações sobre isso. Alguns místicos advogam a tese de que a experiência do indivíduo em questão visa menos a ele mesmo que aqueles com quem ele convive. Seria uma tese interessante se a Vida como experiência em si não fosse um evento tão precioso, tão rico e fundamental.
Para mim é difícil aceitar que toda uma existência, mesmo se olharmos o tempo de uma encarnação pela ótica do tempo de Bhrama, o que faz de cem anos apenas um segundo, seja jogada ao fogo, como um sacrifício pessoal de um em benefício de outros, exatamente aqueles que testemunham nossa incapacidade de testemunhar.
Nenhuma vida ou existência é inútil, mas considerá-la útil de modo indireto, como uma experiência totalmente doada a terceiros, não me parece um modo justo de desempenhar este magnífico papel da encarnação.
O indivíduo que passa pela experiência da doença mental grave deveria ter a capacidade de contemplar-se nesse estado para poder usufruir dele de modo kármico. Passar pela vida sem saber-se vivo, na minha humilde opinião, é puro desperdício, mesmo que seja um simples segundo de Bhrama.
Porque na verdade, o Tempo que importa é o tempo psicológico. E a vida é busca de consciência permanente. Não existe outra função para a existência na Terra ou fora dela do que a busca de mais e mais consciência, já que é através de nós que Deus contempla a si mesmo, e se percebe no reflexo.
Este tema está longe de poder ser esgotado por reflexões como esta. Falta-nos informações mais precisas, mais profundas sobre a atividade cerebral e mental. Sabemos que pacientes esquizofrênicos vivem experiências delirantes, contemplando realidades absolutamente distintas da experiência hodierna, aonde se debatem com imagens ora assustadoras, ora acalentadoras, mas em tudo e contudo descoladas da percepção dos cinco sentidos comuns.
Serão estas experiências delirantes, como as classificamos, capazes de gerar algum tipo de evolução cármica? Ao que sabemos, o curso de um delírio é caótico, como os sonhos, repletos de simbolismos inexplicáveis e esotéricos até para o próprio sonhador. Poderia tal tipo de experiência caótica trazer aquele que dela participa algum tipo de percepção nova sobre a vida e principalmente, sobre a sua própria vida?
Não sei. São questões em aberto que não fazem sentido em um Universo, que como místico, eu considero justo, equilibrado, mantido em tal equilíbrio não pela justiça dos homens, mas pela justiça divina, a quinta sefira de cima para baixo.
Ou seja , a Justiça (Geburah) vem antes, bem antes do entendimento, Binah. Antes de ser um Universo compreensível, ele deve ser Justo. A justiça é fundamental para que o Cosmos, a Ordem Universal, se manifeste.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

MAIS UM EMAIL LEGAL

 recebi o email abaixo, que compartilho, e pelas informações, agradeço.

Lua em Escorpião deixou um novo comentário sobre a sua postagem "EMAILS E A DOUTRINA SECRETA":

Acrescentar que neste momento Carlos Cardoso Aveline está fazendo uma nova tradução que pode ser seguida em: http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=1442#.UgVPJJLkaSo

Existe um resumo feito por uma teosofista brasileira chamada Cordélia Alvarenga de Figueiredo, editada pela Pensamento. Sofrerá do mesmo problema da edição completa, embora a verdade é que essas diferenças serão mais importantes para quem estuda muito profundamente. De resto a edição atualmente existente tem servido muitos teosofistas quer no Brasil, quer em Portugal.

Esse último resumo que saiu, feito pelo historiador Michael Gomes não facilita a vida a ninguém, no sentido de perceber a DS. É apenas um aperitivo que fará com que o buscador da verdade, sinta a necessidade de ter a edição completa.



Postado por Lua em Escorpião no blog IMAGINÁRIO DO MARIO em 9 de agosto de 2013 17:27 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O QUE SIMBOLIZAM OS SÍMBOLOS?

por Mario Sales, FRC,SI, CRC






Entre os maçons a liberdade é quase completa.
Embora falem em hierarquia , nas lojas os irmãos são instados a falar o que pensam, expor suas idéias sem medo, desenvolvendo pouco a pouco o hábito e a serenidade de sustentar suas posições em meio a uma sociedade formada, na maioria das vêzes, por pessoas apáticas e sem opinião.
Este é o papel mais importante da maçonaria hoje: formar líderes sociais que possam intervir, em princípio positivamente, nos caminhos que os seres humanos trilham como coletividade.
Este senso de liberdade, entretanto, às vêzes excede o bom senso. Talvez a culpa destes excessos seja o termo Especulativo associado ao nome da Ordem a partir do século XVIII. O sentido da palavra Especulativo, de espelhos, espelhos que refletem a Luz da razão, que deste modo geram reflexão racional, era deixar consagrado o horizonte desta nova maçonaria, uma maçonaria ao sabor do Iluminismo daqueles tempos, algo que se apoiava no trabalho de Descartes no séc XV, Espinoza no séc XVI e Kant no século XVII, na Filosofia; e de Newton no séc XVIII na Física. Havia naqueles tempos uma fé quase religiosa na capacidade do pensamento lógico, apoiado na matemática, bem como na matemática, como método de interpretação e validação da Criação. Antigos pensadores gregos que se dedicaram a Geometria foram ressuscitados para fundamentar um mundo que, a partir daquele momento histórico, perdia a sua instabilidade e suas arestas, polidas pela racionalização ostensiva de todas as coisas.
Especulação, no entanto, perdeu seu sentido original ao longo dos anos, entre os maçons. 
Deixou de representar um pensamento racional e lógico, portanto encadeado, para dar lugar ao sentido de especulação livre, no sentido de sem regras ou limites.
Não existia para alguns maçons nada que os impedisse de pensar o que quer que fosse, e a isso eles chamaram Liberdade de Pensamento. 
O que obviamente é um equívoco, já que o bom pensamento, se é que podemos falar deste modo, é aquele que está ligado por um fio condutor, a chamada linha de raciocínio, a mesma linha que dá qualidade as conclusões.
Aristóteles, ( Estagira, 384 a.C. — Atenas, 322 a.C.), já lembrava ao definir as regras da lógica do pensamento, que premissas falsas levam a conclusões falsas, ou seja, que se partirmos de pressupostos falsos não concluiremos nada de confiável.
E um pressuposto falso, por exemplo, que é comum de se ver entre maçons, é aquele de que símbolos simbolizam não uma ou duas coisas, mas tantas coisas e idéias quantas eu possa inferir de cada um deles. E estas idéias acerca do que um símbolo possa representar, não estão, segundo alguns maçons, presas a nenhum tipo de significado anterior ou pétreo, sendo o símbolo feito de um material praticamente aquoso, adequando-se à interpretação do interpretador de acordo a vontade deste.
Este é, claro, outro equívoco.
Para mostrar porque, comecemos por alguns exemplos simples e didáticos: as letras.
Suponham apenas por um momento que o som do E não fosse aquele que conhecemos, ou que o A não soasse sempre como um A. A instabilidade do som de uma letra causaria um verdadeiro caos em qualquer língua pois esta instabilidade sonora se desenvolveria em progressão geométrica, a medida que palavras, sentenças, parágrafos e textos inteiros fossem produzidos.
Tão importante é que a estabilidade do som de uma letra seja mantido e preservado que diante da alteração, não do som, mas da tonicidade ou da nasalidade de uma expressão, novos símbolos vem somar-se às letras para orientarem o interpretador dos sons, também chamado leitor, na maneira correta de emiti-los.
Isto vale para as letras como para as pautas musicais. Vale para quaisquer representações simbólicas que queiramos fazer de nossas atividades cotidianas, como indivíduos ou como sociedade.
Agora vejamos símbolos menos específicos que as letras ou as notas musicais, sejam simples ou complexos, como defini em um artigo anterior no blog sobre este tema intitulado "Os símbolos estáticos, os dinâmicos e os pré-dinâmicos ou suavizados", de 23 de novembro de 2011.
Comecemos com símbolos geométricos, os primeiros que foram objeto de estudo nos tempos em que o Ocultismo predominava. Vejamos por exemplo, o mais simples de todos os símbolos geométricos: o ponto.
Um ponto, é bem verdade, isoladamente, pode representar muitas idéias, mas via de regra, ele tem o que chamamos de "significado principal", aquele que se sobressai sobre todos os outros e do qual todos os outros derivam.
No caso do ponto, este significado principal é a Unidade.
Um ponto é sempre único, e não plural. Ele representa acima de tudo a concentração e não a dispersão. Um conjunto de linhas saindo de um mesmo ponto representaria bem a idéia de dispersão, como os aros de uma roda de bicicleta, mas o ponto sózinho, solitário, sobre uma folha de papel, jamais faria com que pensássemos em um processo de expansão, mas sempre e sempre em uma condensação.
Mas condensação do que? Não importa, condensação de alguma coisa, e aí um contexto explicativo, um texto enfim, é necessário para dar a complementação desta explicação, para dar contornos a esta coisa que o ponto representaria como estando condensada.
A lista é enorme: temos a Divindade, antes de se expandir na Criação; a singularidade quântica dos cosmólogos, que antecedeu o Big Bang; o centro de nós mesmos, nosso interior mais profundo; a mônada de Leibniz, sua versão para a noção de alma, embora dissesse serem conceitos diferentes; e assim por diante.
Portanto, como o A é sempre A, (e se quisermos representar o seu som com uma modificação de timbre, por exemplo, o som de A anasalado, precisaremos de um símbolo companheiro e auxiliar, o Til [~] ), o ponto sempre será um símbolo do estado de condensação e da Unidade Indivisa, e nunca de outra coisa qualquer, sendo possível especificarmos algum contexto específico desta unidade com o auxílio de um texto auxiliar.
Existe entretanto outro meio de auxiliar a contextualização de um símbolo, sem o uso de palavras ou um texto complementar.
Por exemplo, se eu coloco um ponto dentro de um círculo, terei um símbolo complexo, composto, onde dois símbolos diferentes vem dialogar. É comum vermos este símbolo aparentemente muito simples em textos dos séculos XVII, representando a relação entre o Criador e a Criação, esta considerada como o círculo periférico e aquele como a Unidade de onde esta periferia surgiu.
Para que fique determinado que este ponto central é o responsável por esta criação, geralmente neste símbolo do Círculo com um ponto, o ponto é exatamente equidistante do círculo a sua volta, colocado de tal forma que se iguala ao ponto e ao círculo produzidos por um compasso.
Este é mais um tributo que a simbologia faz à geometria e aos seus instrumentos.
Da mesma forma que o ponto, o círculo sozinho, sem o ponto no centro para dialogar com ele, não tem a mesma significação do que quando acompanhado do ponto, da mesma forma que o A e o à são diferentes símbolos de diferentes sons.
O Círculo sozinho tem, via de regra, em todos os grandes símbolos compostos aonde aparece, o significado principal de Infinitude e Eternidade, já que ele é a linha que não tem princípio nem fim. Ninguém, se for um simbologista, olhará para um círculo solitário e terá outra compreensão, a não ser aquela de que aquele círculo está representando o conceito de algo que não tem princípio nem fim.
É interessante observar que certas línguas no passado não possuíam esta palavra ou este conceito, de Infinito, sendo este tipo de idéia própria de alguns arcabouços linguísticos, mas não de todos.
E nós só podemos pensar como falamos, da mesma forma que falamos como pensamos. Palavra, língua mãe e pensamento, são faces de um mesmo sólido, de uma mesma consciência, manifestando-se em diferentes meios.
O Círculo, portanto, e a própria noção de Infinito, têm uma história e não foram percepções intuitivas ou espontâneas, sendo resultado de reflexão e trabalho intelectual em uma época em que não existia a representação numérica como a atual.
Devemos lembrar que os números que conhecemos (1,2,3,4, etc) são denominados números arábicos, exatamente porque foram trazidos para a Europa vindos da Arábia Saudita, à época, século XII, mais avançada que a Europa em todos os campos da ciência. Antes dos números arábicos era a Geometria e depois os terríveis algarismos romanos que fundamentavam os cálculos matemáticos, e não a aritmética como temos hoje, este jogo de símbolos numéricos.
Assim, o conceito de Infinito, primeiro na Matemática e não na filosofia (e quando falo em Matemática, falo da Geometria) começou a ser objeto de estudo no século VI AC, na Grécia Antiga. Embora os relatos ortodoxos falem que culturas anteriores aos gregos não conheciam este conceito (árabes, hindus, chineses, babilônios e egípcios), isto não corresponde aos fatos, já que tanto hindus quanto chineses trabalhavam já com noções complexas como Infinito e a noção do Zero. Não é a toa que a forma eleita para definir o número Zero, símbolo do Nada, tenha sido o Círculo, ou mesmo uma forma Oval (0), o que lembra a idéia de uma semente, de um ovo, com a possibilidade, o potencial de manifestação da vida dentro de si. Os místicos sempre afirmaram que a existência veio da não existência, que a grosso modo é representada pelo Nada, se bem que "do Nada não pode vir alguma coisa". É que não havia como representar a idéia de Imanifesto, que é diferente do Nada, mas já que um e outro Não Existem optou-se por representar o Imanifesto pelo Nada, aquilo que Não Existe, só que aqui, como no caso de um Ovo, não Nada, mas Algo, do qual pode vir a existir outra coisa.
A noção de um círculo auxiliou o esforço intelectual de construção de vários símbolos geométricos como demonstra a figura abaixo, retirada dos trabalhos de Arquimedes:
Ao terminar o processo de construção desta idéia do circular fechado, da curva sem fim, a Simbologia Geométrica foi enriquecida com um dos mais complexos conceitos filosóficos e matemáticos de todos os tempos, o conceito de Infinito, que quando aplicado ao Tempo transforma-se na chamada Eternidade.
Por isso hoje, quando vemos um Círculo sózinho, pensamos em ambas as coisas, Infinitude e Eternidade. Mas nem sempre foi assim e é bom que não esqueçamos disso.
Os símbolos têm, pois, a sua historicidade e significação bastante definidos, claros, lembrando Descartes, que dizia que "as (boas) idéias deviam ser claras e distintas".
Pensamentos sem o balizamento da lógica e de uma contextualização histórica não são pensamentos livres, como supõem alguns maçons, mas apenas pensamentos desorganizados, e portanto, geram conclusões não confiáveis.
Consideremos agora outra forma bastante simples, o Triângulo, a primeira manifestação plana de uma estrutura fechada. Um triângulo, como símbolo, antes de qualquer coisa e de qualquer exercício de especulação, é o símbolo geométrico do trino, da grandeza três, simbolizada em algarismos arábicos pelo ícone 3. Mas houve época em que não se tinha um símbolo como este 3, tão consagrado hoje, e a representação tinha que ser feita por outro meio. Então, era o triângulo ocupava este papel, lembrando que era preciso na época usar símbolos para descrever terrenos, propriedades, coisas da terra. Ora, a terra aonde pisamos, é plana; por isso os símbolos que diziam respeito a esta mesma terra, eram planos. Não havia a tridimensionalidade na mente, embora o homem da Grécia e da China já contemplassem o céu a noite e pensasse o Cosmos, que em Grego significa a Ordem, neste caso, a Ordem da Criação e do Universo. Eles construíram constelações com o desenho também plano das estrelas, traçando linhas imaginárias ligando as estrelas de uma determinada região do firmamento. Peixes, Áries, deus da guerra, Escorpião, são projeções mentais a partir de traçados planos, lisos. Tudo é plano na mente do homem antigo, e assim, a geometria é a geometria dos planos, no início.
Embora para mentes como a de Arquimedes a visão geométrica contemplasse já os sólidos, vide como exemplo a escultura em seu túmulo, redescoberta e recuperada por Cícero, a complexidade da mente do homem comum só gradualmente chegou até a concepção de imaginar o mundo tridimensionalmente, já que sólidos tinham dificuldade de sair de um desenho sobre o papel plano, pois faltava o conceito de perspectiva que vai aparecer apenas na época do Renascimento, principalmente entre os pintores italianos, magníficos construtores de outra possibilidade de olhar.
No passado, no entanto, até a representação de sólidos era antes de tudo, a soma de várias superfícies planas. Os símbolos ainda primavam pela angulação, pelas linhas, por traços, sem a textura de nossos tempos.
Os desenhos tentavam, enquanto símbolos, representar contagens, de bois, de carneiros, de sacas de trigo. Procuravam resolver disputas de propriedade, como dito acima, não necessariamente representar idéias.
Aliás os símbolos não procuraram as idéias, foram as idéias de mundo que procuraram os símbolos, como a linguagem procurou as letras que a representassem e desta forma, não deu a estes símbolos tanta liberdade como supõem a maioria dos maçons que se aventuram a fazer incursões na área da simbologia.
Ao olhar o triângulo, portanto, nada mais que o número 3 está determinado. Ao transformá-lo em símbolo, no entanto, precisamos de um contexto que o defina, como o Til sobre o A que o anasala. Sem um contexto explicativo, filosófico, esotérico ou religioso, o Triângulo é apenas e tão somente, um Triângulo, e nada mais.
Uma das formas de dar um Til contextualizador a um triângulo, sem usar palavras, é fazer com que ele dialogue com outro símbolo. como o diálogo entre o ponto e o círculo.
Se eu colocar um ponto no meio de um triângulo, imediatamente me vem a mente que não se trata apenas de uma grandeza numérica, quantitativa, ali representada, mas uma representação qualitativa. Se este ponto, no centro do triângulo, é perfeitamente equidistante de todos os vértices então a significação fica ainda mais clara e peremptória: trata-se do símbolo da Unidade na Trindade, aplicado a Religião Hindu e Cristã, como à Filosofia Ocidental em vários momentos, um deles muito famoso, na dialética de Hegel, que define o curso do encontro das idéias como o choque entre uma tese, uma proposição, repelida ou sofrendo a contraposição de uma anti-tese, uma antítese, que ao se digladiarem geram a síntese entre elas, a fusão de seus aspectos principais. Tese, antítese e síntese fazem parte de um único movimento do pensamento, o processo dialético.
A síntese, por sua vez, transforma-se em uma Tese e tudo se reinicia.
Um simples ponto dentro de um triângulo e o número, a quantidade, se transforma numa qualidade.
E o quadrado, com seus ângulos todos iguais? Que poderia representar além do quatro, hoje expresso pelo símbolo 4?
Isto depende apenas de estar sozinho ou em confronto com outro símbolo. Aqui neste caso, é preciso considerar o outro símbolo. Um simples ponto teria dificuldade para dialogar com o quadrado, a não ser que pensássemos em Empédocles de Agrigento, do séc VI AC, médico e filósofo pré-socrático, que criou a teoria dos quatro elementos fundamentais da natureza: água, terra, fogo e ar, teoria esta recuperada por Paracelso, o famoso médico suíço, e uma coluna teórica muito importante nos trabalhos da Alquimia, dois milhares de anos depois de Empédocles. Assim historicamente contextualizado, o quadrado e o ponto dialogam representando um conceito filosófico, mas sem este preâmbulo explicativo, poderia se dar qualquer significado a esta dupla de símbolos, ponto e quadrado. Neste caso, não existe um significado obrigatório intuitivo, como no caso do triângulo e do ponto. Precisamos de um texto auxiliar, de uma explicação que dê ao símbolo sua veste e sua significação.  Alguns poderão argumentar que o quadrado, de maneira espontânea, representa a estabilidade. Sim e não, eu direi, já que a estabilidade já foi conseguida com o triângulo uma vez que bastam três pontos de apoio e não quatro para manter de pé uma estrutura. Portanto o quadrado não pode, a não ser por uma arbitrariedade, ser aclamado como o símbolo da estabilidade por excelência. Podemos talvez ver em seus traços e ângulos chamados retos a possibilidade de representação de uma conduta social correta, como ocorre em algumas tradições. Novamente, no entanto, seria uma arbitrariedade, já que uma simples linha reta representaria muito bem este conceito, de progressão linear, sem desvios, sem tortuosidades, com todas as suas possíveis ilações interpretativas. Concluímos então que , em termos de símbolos simples, só três podem ser ditos portadores de um significado próprio, que se amplia no diálogo com outro ou outros símbolos: o ponto, o círculo e o triângulo. A partir do quadrado e daí para a frente, todos os símbolos precisam de um contexto explicativo, de uma veste histórica ou cultural, dentro do qual devem ser analisados, da mesma forma que o A com o Til dá em português, e apenas em português ,uma espécie de som e não dois ou três tipos diferentes.
Agora passemos a símbolos mais complexos, compostos, como os esotéricos. Os símbolos esotéricos não são feitos apenas de linhas e curvas, mas de imagens de animais ou de astros do céu. No entanto, veremos nestes símbolos em muitas oportunidades, o uso de palavras e frases que surgem como elementos de contextualização, tentando reter dentro de um espaço limitado as possibilidades de interpretação deste mesmo símbolo. Estão entre estes símbolos aqueles descritos no maravilhoso trabalho "Símbolos rosacruzes dos séculos XVI e XVII", onde vamos encontrar imagens extremamente ricas, com vários planos e várias imagens , cada uma com um sentido específico no contexto daquele conjunto.

O símbolo a que me refiro segue, abaixo:



O texto que o apóia e auxilia está em alemão nesta imagem, mas quando fizemos sua análise em setembro de 2011, apresentamos outras versões em francês, inglês e mesmo em português, da versão publicada pela AMORC brasileira. Aqui círculos e cruzes, textos e imagens se somam para deixar o mais claro possível ou mais exotérico e mais didático, aquilo que era a época chamado esotérico.
Símbolos os mais complexos, por estranho que pareça, não são os mais difíceis de analisar, por causa justamente de sua complexidade, a qual enriquece e facilita a vida do interpretador. Gastando algum tempo e algum esforço intelectual poderemos ler o que ali está representado, sem dificuldade.
Os problemas surgem quando lidamos com símbolos não tão complexos e aparentemente mais simples mas que são formados por letras, como o G das lojas maçônicas.
A história do G é conhecida e simples, embora alguns teimem em querer advogar caminhos tortuosos. 
Na maçonaria primitiva, de origem inglesa, não haviam muitos símbolos. Quando houve a transformação em maçonaria aristocrática, começaram a surgir os primeiros movimentos em direção ao simbolismo, pari passo com a explosão do ocultismo, séculos XVI,XVII e XVIII.
Assim, colocou-se na sala dos maçons uma referência explícita e implícita a presença de Deus no templo, designada pela primeira letra de seu nome, claro, em Inglês, GOD. Se a maçonaria tivesse se espalhado para a Alemanha tudo estaria bem; mas quiseram os deuses que ela simplesmente atravessasse o canal da Mancha, em busca do continente, a França, mais precisamente, aonde a língua nomeia o Ser Supremo como Dieu, e não God. Impasse. A Maçonaria pretendia-se uma Ordem internacional, e não poderia ter dois significados para o mesmo símbolo. Alguém, cujo nome se perde na história, teve a brilhante idéia de renomear o G de God para Geometria, de forma que em todas as línguas, houvesse mais ou menos o mesmo consenso interpretativo.

O que denuncia que o G era apenas a primeira letra do nome de Deus na língua maçônica original, o inglês, é o fato de, em muitas lojas, esta letra estar situada no centro de uma estrela de 5 pontas como nos desenhos abaixo.




Ora , a estrela de cinco pontas, por inúmeras vêzes foi o símbolo do corpo humano, desde o trabalho maravilhoso de Da Vinci, "As Proporções", ou "O Homem Vitruviano", em homenagem a Vitrúvio[1], como também na Alquimia.






Quando colocamos a letra G, portanto, no centro de uma estrela de cinco pontas, queremos necessariamente representar que Deus (God) está ou deve estar no coração do maçon (centro do peito, centro da estrela de cinco pontas).
Eu vejo esta explicação como tão clara que não consigo imaginar outra possível, mas os maçons são muito "criativos" e sem dúvida, ao lerem esta descrição dirão: existem controvérsias. Tudo no entanto se encaixa, desde que não permitamos a imaginação transformar-se em fantasia e produzir outras explicações mirabolantes e descabidas.
A história dos símbolos maçônicos é despida de grandes complexidades, mas talvez dada exatamente a primariedade de seus símbolos, na maioria das vêzes de cunho ou geométricos, ou ligados a arte de construir, ou religiosos, os maçons tenham tentado ao longo dos séculos, e amparados na sua peculiar idéia de liberdade mental, criado estranhas interpretações de cada um dos seus símbolos, produzindo às vêzes enorme quantidade de literatura sem densidade ou coerência histórica.
Não há filtros na atividade mental maçônica. Em cada loja, tudo e absolutamente tudo é colocado como exemplo de erudição, mesmo quando se trata de uma coleção de equívocos, como o trabalho exposto por um irmão de determinada Loja de potência (graças a Deus) que não é a minha, que discorreu durante 30 minutos sobre a diferença entre espada "flamejante" e espada "flamígera" segundo informações colhidas, sem sequer perceber que ambas as palavras são sinônimos, sendo que flamígera nem mesmo é uma palavra do nosso vernáculo, ou seja, não existe em português, mas sim no idioma espanhol.
Daí a querer dar estapafúrdios e labirínticos sentidos a símbolos do próprio templo é um pequeno passo, e apenas demonstra a busca por publicar, o que aliás , em maçonaria, não é muito difícil, sendo inúmeros os títulos vazios de importância que chegam ao mercado com capas reluzentes e muito bem feitas, para alimentar e aumentar os equívocos e mais equívocos que passeiam por esta Ordem.
O curioso é que os maçons pouco lêem sobre Maçonaria, mas quando lêem, lêem como pessoas de mentalidade mais simples quando vêem televisão, seguindo o "Princípio de Garfield"[2], que diz: "Deu na televisão, deve ser verdade." Os maçons, por sua vez, dizem: "Foi publicado, não importa por quem, deve ser verdade".
É como se não fizéssemos parte da humanidade, como se existissem duas verdades, a verdade histórica e a verdade maçônica.
Uma das agressões mais recentes que vi à verdade histórica foi quando precisei fazer um trabalho sobre as colunas do templo e consultando manuais internos de minha potência encontrei referências a existência de dois globos, um terrestre e outro do universo, por cima das colunas quando foram feitas por Hiran de Tiro, o arquiteto do templo. Ora, naquela época nada se sabia sobre a esfericidade da terra, muito menos existia qualquer noção que fosse sobre a existência de um Universo, mas da maneira que estava escrito no texto que eu lia, os globos estavam sobre as colunas à época da construção do templo por Hiran. Fui ao texto bíblico aonde encontrei em Reis 1, 7 o seguinte trecho:
"E formou duas colunas de cobre; a altura de cada coluna era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados cercava cada uma das colunas.
Também fez dois capitéis de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitel, e de cinco côvados a altura do outro capitel.
As redes eram de malhas, as ligas de obra de cadeia para os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o outro capitel.
Assim fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim também fez com o outro capitel.
E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas eram de obra de lírios no pórtico, de quatro côvados.
Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também defronte, em cima da parte globular que estava junto à rede; e duzentas romãs, em fileiras em redor, estavam também sobre o outro capitel.
Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz."(Reis 1, cap 7, vers 15-21)

O Livro de Reis é do séc. VI AC e a primeira medida da circunferência da Terra foi feita por Erastóstenes (Cirene, 276 AC séc III AC-Alexandria, 194 AC)
Portanto, no texto bíblico, de onde todos os seres humanos retiraram as informações sobre as colunas, nada havia registrado sobre quaisquer globos, terrestre ou celeste, como hoje vemos representados nas colunas das lojas maçônicas. Em vez de circunscreverem estes apêndices extemporâneos à criatividade de maçons modernos, pelo texto que eu lia esta tinha sido a arquitetura primitiva das colunas. Parece absurdo mas isto tenho como comprovar com documentos e textos.
Isto precisa parar. É preciso interpretar os símbolos estudando-os, estudando seu contexto histórico e não inventando ao nosso bel prazer maçônico, à título de liberdade de pensamento que na verdade é apenas indisciplina mental e intelectual, sentidos esdrúxulos para cada um deles e criando contendas simbólico -interpretativas destituídas de fundamento.
Especular sim, mas não de modo totalmente livre, porém atendo-se ao conhecimento histórico, aos princípios básicos da lógica, ao bom senso, à uma mesmo que mínima linha de raciocínio, aonde fatos e idéias estejam lado a lado, e, principalmente, sem alterar a história, a exemplo das manipulações das fotos de autoridades que caíam em desgraça na antiga União Soviética, colocando coisas do presente como um enxerto em textos bíblicos.

[1] Marcos Vitrúvio Polião (em Latim, Marcus Vitruvius Pollio) foi um arquiteto e engenheiro romano que viveu no século I AC e deixou como legado a obra "De Architectura" (10 volumes, aprox. 27 a 16 AC), único tratado europeu do período greco-romano que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos textos sobre Hidráulica, Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, desde o Renascimento. Os seus padrões de proporções e os seus princípios conceituais - "utilitas" (utilidade), "venustas" (beleza) e "firmitas" (solidez) -, inauguraram a base da arquitetura clássica.

[2] O gato Garfield é estrela de uma das tirinhas mais famosas da história, sendo publicado em
2570 jornais de todo o mundo (só perdendo para Peanuts). Os outros personagens principais são Odie, um cão estúpido, e Jon Arbukle, um cartunista, dono dos dois. Garfield é criação de Jim Davies, que tirou o nome de seu avô James Garfield Davis (este teve seu nome inspirado pelo presidente americano James GARFIELD).