Por Mario Sales,FRC,SI
Não se pode discutir com pessoas que não concordam conosco a
não ser no âmbito da ciência e munido das evidencias que possam embasar nossa
posição.
Na vida do senso comum, entretanto, nem com evidências nas
mãos podemos ter uma conversa civilizada que convença nosso interlocutor de
coisas nas quais ele não deposita confiança.
Conversar com alguém que concorda conosco é como encontrar
com alguém em um hotel e, durante um café, fazer uma nova amizade. No decorrer
desta conversa, comparamos nossas experiências turísticas e é como se
tivéssemos visitado os mesmos monumentos, as mesmas cidades, os mesmos museus.
Pessoas que concordam, mesmo que não se conhecessem antes,
tiveram trajetos semelhantes em períodos diferentes de vida. Depois, ao
conversarem é como se mostrassem cada um, fotos dos mesmos locais um para o
outro.
Ninguém chega a um relacionamento de mãos vazias.
Todos nós temos uma bagagem.
É muito bom quando nossas bagagens são semelhantes a do
nosso interlocutor.
Goethe dizia que gostava de conversar com pessoas que
divergissem dele, de forma a melhorar e ampliar sua visão de mundo, sua retórica,
seus argumentos.
Concordo. Nada disso é, no entanto, prazeroso. Parece mais
com um exercício, como a esgrima, em que cruzamos floretes com elegância, mas
com virilidade, competitivamente.
Já o encontro de almas afins é sempre acalentador e comovente.
Aquece o coração e o espírito.
Fortalece nossa crença de que sempre, queiramos ou não,
existe um grau especifico de pertencimento que carregamos conosco, na maioria
das vezes inconscientemente, e que uma vez percebido, tornado manifesto, nos
posiciona no mundo e na vida social.
É assim que nascem fortes amizades.
Como no ditado árabe: “enquanto só perceberes as diferenças
entre as coisas, teu conhecimento não valerá uma rúpia. A sabedoria só vem
quando se começa a ver entre todas as coisas suas semelhanças. ”
É isso
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