Por Mario Sales
E virou-se Moisés e desceu do monte com as duas tábuas do testemunho na mão, tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado estavam escritas.
E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas.
E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a Moisés: Alarido de guerra há no arraial.
Porém ele respondeu: Não é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam, eu ouço.
E aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se-lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte;
E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel.
E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado?
Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal;
E eles me disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito.
Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro.
E, vendo Moisés que o povo estava despido, porque Arão o havia deixado despir-se para vergonha entre os seus inimigos,
Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do Senhor, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi.
E disse-lhes: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho.
E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens.
Exodo, 32: 14-28
Seria ingênuo se supuséssemos inevitável pós pandemia de
2020 um upgrade positivo da humanidade.
A desgraça do ser humano é se esquecer.
Sua capacidade de não usar as oportunidades de mudança em
seu proveito é notável.
Não será um esquecimento rápido, as sequelas permanecerão
por algum tempo. O luto e o impacto de perdas, emocionais e econômicas ainda
por meses.
Tudo, entretanto, passa. E até para que a vida se torne
suportável, o esquecimento se inicia.
Lenta, mas decisivamente, pouco a pouco as atrocidades e
tristezas vão desaparecendo da memoria e da mesma maneira que a chacina dos
judeus na segunda guerra, ou as milhares de mortes do khmer vermelho, nos anos
50 e 60 do século XX, ou a tragédia da guerra da Bósnia nos anos 90, tudo
parecerá distante e estranhamente difícil de crer que tenha acontecido.
Como o ataque às torres gêmeas em Nova Iorque em 2001.
O tempo, já se disse, é um ácido altamente corrosivo, que
destrói sem piedade lembranças, certezas e convicções.
Somos capazes de esquecer qualquer coisa, até de que Deus,
no qual deveríamos depositar nossa confiança e reverência, pois vemos e ouvimos
seus sinais, está ao lado, na montanha, da qual o profeta retornará com seus desígnios
impressos na pedra, não no papel.
Temo que novamente, quando o profeta retornar, encontre-nos
de novo nus e dançando em volta do bezerro do momento, tenha ele a forma e a
natureza que tiver.
Não, não melhoraremos depois de tudo.
Estaremos diferentes sim, mas melhores em nossa capacidade
de amar e ter empatia pelo próximo, isso ainda levará algum tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário