por Mario Sales
Minha esposa me ensinou o silencio.
Ela tem o habito de não responder as minhas perguntas, a não
ser que eu insista ou clame de forma intensa por sua atenção.
É distraída, uma idiossincrasia.
Não é que não escute.
Este, o surdo em potencial da casa sou
eu, organicamente falando.
Não. É mais uma preguiça mental e psicológica de responder,
uma lentidão no pensar e no agir, que às vezes pode ser uma vantagem e sempre é
exasperante.
Como eu disse, um jeito de ser.
O que aconteceu é que, com o tempo, eu, que era notoriamente
um incontinente verbal, aprendi a me calar mais e a reter mais as palavras. Não
quer dizer que fale pouco, mas falo bem menos do que falava no passado pela
convivência por uma mestra do silêncio
como a minha esposa.
Uma característica, aliás, muito útil em negociações
comerciais.
De todo modo, é uma habilidade: ficar quieto, não responder
a tudo que nos perguntam, a não ser com um sorriso, que nos faz parecer mais
sábios, mais misteriosos e interessantes.
Quem tudo fala, tudo revela sobre assuntos que domine,
deixando pouco espaço ao outro para investigar, fornecendo à terceiros, de
certa forma, um poder sobre nós que faz rapidamente que nos tornemos desinteressantes,
e frágeis.
Por outro lado, os que silenciam inibem seu interlocutor,
pois ao ocultarem o que não sabem, parecem saber mais do que sabem, deixam
aberto o espaço da imaginação do outro, que constrói deuses e demônios onde
existem apenas seres humanos comuns.
E ao contrário do revelado, do exposto, o implícito e o
sugerido, porém não enunciado, projeta flashes de luzes que mimetizam sombras e
contornos irreais em si, mas suficientemente capazes de gerar receios e
controvérsia em mentes mais impressionáveis.
O que parecemos ser é sempre uma imagem mais poderosa do que
aquilo que realmente somos.
Não devemos sofrer com isso, mas ao invés disso, devemos
usar esta característica da mente humana em relacionamento a nosso favor,
aplicando nos diálogos momentos voluntários de silêncio, estratégicos
silêncios, espaços nos quais o outro possa se encaixar, nos construindo com sua
imaginação.
Parecerá ao outro que somos exatamente aquilo que ele sempre
esperou de um ser humano, mas apenas porque seremos uma construção feita a
quatro mãos, ou melhor, a duas mentes, e parte de nossa simpatia será baseada
em uma afinidade imaginada pelo outro no ato de nos construir de acordo com as
suas concepções de mundo, argamassa mental que ele colocará nos espaços que
deixaremos para que ele preencha. Enquanto isso, devemos observar, com muita
atenção, serenos, quem está a nossa frente.
Por que sempre que nos afastamos, o outro assume o palco, e
se revela em seu drama. E aí seremos nós a termos a informação privilegiada,
seremos nós a ter o poder de conhecer melhor o outro do que ele a nós.
Prudência implica discrição.
E silencio.
Um estratégico e planejado silencio.
sempre tive vontade de usar esta tecnica do silencio apesar de ser u ser falante. mas se torna dificel não porque as pessoas que me conhece não compreederão. Mas se prempre tenho vontade de ficar em silencio,.
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ResponderExcluiramei esta tecnica. sempre tive vontade de usar.