por Mario Sales, FRC,SI,CRC
Enquanto minha cunhada desfiava a carne do frango para a ceia de natal, deixou
escapar um comentário. " Comecei a fazer esse serviço, mas agora não sei o
que fazer, achei que no meio do esforço a intuição chegava, mas não
chegou." E riu.
Fiquei refletindo sobre suas palavras.
A intuição é considerada um fenômeno claro para alguns, mas não é. A grande dificuldade está na interpretação do fenômeno em si, considerado por alguns eminentemente psicológico, e por outros, além de psicológico, extremamente místico.
A maioria dos neurocientistas e mesmos os filósofos ortodoxos a consideram um fenômeno interno, uma espécie de aceleração subconsciente do processo do raciocínio, que uma vez chegando a uma conclusão, jorra na mente consciente a idéia pronta e acabada. Já para os místicos a intuição não é um fenômeno só interno, mas interno e externo, tanto recebendo alimentação do fundo do inconsciente como de fora do corpo do intuitivo, uma captação verdadeiramente semelhante aquela que a antena de TV ou de rádio faz. Esta idéia parece estapafúrdia aos pensadores ortodoxos, mas em uma época como a nossa onde a noção de campo está difundida na física, é curioso a falta de disposição de ao menos considerar esta possibilidade, pelos que lhe são contrários. É verdade que muitos cálculos matemáticos fundamentam as idéias de campos invisíveis e que sua existência foi posteriormente atestada por experimentos simples ou extremamente complexos, como no caso do desvio da luz pelo campo gravitacional de um astro como o sol, ou da própria captação de ondas de quaisquer espécies por receptores como smartphones, tvs e radios.
A intuição é considerada um fenômeno claro para alguns, mas não é. A grande dificuldade está na interpretação do fenômeno em si, considerado por alguns eminentemente psicológico, e por outros, além de psicológico, extremamente místico.
A maioria dos neurocientistas e mesmos os filósofos ortodoxos a consideram um fenômeno interno, uma espécie de aceleração subconsciente do processo do raciocínio, que uma vez chegando a uma conclusão, jorra na mente consciente a idéia pronta e acabada. Já para os místicos a intuição não é um fenômeno só interno, mas interno e externo, tanto recebendo alimentação do fundo do inconsciente como de fora do corpo do intuitivo, uma captação verdadeiramente semelhante aquela que a antena de TV ou de rádio faz. Esta idéia parece estapafúrdia aos pensadores ortodoxos, mas em uma época como a nossa onde a noção de campo está difundida na física, é curioso a falta de disposição de ao menos considerar esta possibilidade, pelos que lhe são contrários. É verdade que muitos cálculos matemáticos fundamentam as idéias de campos invisíveis e que sua existência foi posteriormente atestada por experimentos simples ou extremamente complexos, como no caso do desvio da luz pelo campo gravitacional de um astro como o sol, ou da própria captação de ondas de quaisquer espécies por receptores como smartphones, tvs e radios.
Os místicos insistem, entretanto, mesmo sem o apoio da
matemática, de que estamos todos mergulhados em um campo de consciência e de
que partilhamos conhecimento uns com os outros de modo inconsciente.
Um dos conceitos mais famosos da obra de Carl Gustav Jung
narra o conceito de Inconsciente Coletivo, idéia nascida de uma experiência que
ele obteve do contato com um esquizofrênico negro americano, em um hospital em
Washington, fato narrado por ele mesmo em uma entrevista disponível aqui mesmo,
no blog.(http://imaginariodomario.blogspot.com.br/2013/11/jung-face-face.html)
O homem lhe faz declarações sem sentido naquele momento,
acerca do falo do Sol e seu papel na criação da vida na Terra. Dois anos
depois, Jung tem acesso a uma publicação sobre mitos de criação de civilizações
antigas nunca antes trazidos a luz, e um deles narrava exatamente a mesma
imagem citada pelo indivíduo do manicômio.
Jung
Jung então especulou que todos os seres humanos gozariam de
acesso a uma mesma fonte, de forma não muito clara, que os conectaria independente
do tempo e do espaço, um campo coletivo mental que ofereceria a cada indivíduo
todo o acervo do conhecimento humano, todo tempo, mas que não seria acessado a
não ser em episódios isolados e em circunstâncias especiais, como a demência,
em que as reservas e os freios sociais estão desligados pela patologia, ou em
outro estado aonde regularmente perdemos as amarras da racionalidade, os
sonhos. No entender de Jung, embora não saiba se ele explicitou tal coisa, a
própria dificuldade e complexidade simbólica onírica tem a ver com o volume e a
imensidade de conceitos oriundos deste oceano de informações inconscientes em
que estamos, segundo ele, todos mergulhados.
Este é um modelo de intuição oriunda de fora, admitida pela
linha junguiana, chamada Psicologia Analítica. Ela se manifesta no nosso discurso cotidiano, de
forma casual, ou na arte, através da pintura, aliás este último aspecto materializado
brilhantemente na obra magnífica da mais renomada psiquiatra junguiana no
Brasil, Dra Nise da Silveira, (Maceió, 15 de fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999) no que ela
chamou Museu do Inconsciente, onde, como parte da terapia, ela estimulou os
internos de um hospital psiquiátrico a pintarem telas a partir de sua própria
inspiração, revelando inclusive talentos ao mundo.[1]
A intuição de captação externa, vista sob esta ótica, é
aceita pela ciência ortodoxa, a partir destas premissas descritas. É através de
Jung que a noção de campo mental invade o mundo científico de forma elegante,
tornando-se um aríete de uma visão mais ampla, esta ainda não consagrada como
ele.
A noção aceita de que recebemos informações oriundas de fontes
externas a nós é, entretanto, compreendida atualmente apenas sob o prisma da sensorialidade.
Foi Kant o estabelecedor filosófico conceitual de como este processo de perceber e compreender o mundo pressupõe um órgão invisível e amorfo, chamado Mente, que organizaria e daria sentido aos múltiplos estímulos recebidos através dos cinco sentidos, visão, olfato, audição, tato e gustação.
Foi Kant o estabelecedor filosófico conceitual de como este processo de perceber e compreender o mundo pressupõe um órgão invisível e amorfo, chamado Mente, que organizaria e daria sentido aos múltiplos estímulos recebidos através dos cinco sentidos, visão, olfato, audição, tato e gustação.
É famosa sua frase: "Sensação é estímulo desorganizado;
percepção é a sensação organizada; concepção é a percepção organizada; ciência
é conhecimento organizado; sabedoria é vida organizada."
Tudo estaria resolvido se Schopenhauer, ao sucedê-lo no
panteão dos filósofos, não colocasse o senão de acrescentar à todas as
informações que nos chegam à mente, pela via dos sentidos (horizontalmente, digamos), as percepções
fisiológicas íntimas (verticais, de baixo para cima, via pescoço), aquelas que não vem pelos captadores externos, mas de
demandas físicas como a sede, o desejo sexual, a fome, e outras tantas que tem mais a
ver com o comportamento do próprio organismo e não com eventos fora dele.
Recebemos, e assim entendemos desde a intervenção do
pensamento schopenhauerniano, muitos estímulos e impressões de dentro de nós mesmos,
que ao chegarem a mente são sublimadas, ou melhor, são transformadas de
necessidades fisiológicas (necessidades de sal ou água, por exemplo) em aparentes
desejos sem fundamentação (como, por exemplo:"gostaria de comer pipoca,
agora" ou "ficaria muito feliz com um copo de suco bem gelado").
Esta proposição de Schopenhauer abriu caminho para as
reflexões de Nietzche, na filosofia, sobre a importância do respeito às forças
instintivas, e de Freud, na psicologia, com o conceito de Id, o qual supunha
ser o local aonde jaziam ocultas as fontes da neurose e de outra doenças mentais, que
Jung, discípulo de Freud no princípio, chamou Inconsciente, naquela época ainda
sem o adjetivo de "Coletivo".
Somos, portanto, dirigidos em nossas reflexões e impressões
mentais por uma série de forças externas e internas, na maioria das vêzes
de modo involuntário.
A filosofia ortodoxa aceita isso, como visto, e a psicologia
médica também, bem como uma parte da psiquiatria.
Resta a aceitação dos mensuradores, os sacerdotes da Nova
Religião, a ciência positivista, ou seja, os Físicos e os Matemáticos.
É muito importante que eles, físicos, abençoem a noção de
campo mental com alguma mensuração de energia ou hipótese verificável e
testável da existência de um campo mental como previsto por Jung, ou como
postulado por parapsicólogos que estudaram o fenômeno da telepatia, ou a
transmissão de pensamentos ou imagens de mente a mente, de forma consciente ou
não.
A questão não está, como muitos desavisados supõem, na
visibilidade ou invisibilidade deste campo. A maioria do trabalho científico
lida hoje com ambientes e fenômenos invisíveis ao olhar desarmado (caso do
mundo bacteriano na biologia, ou dos átomos na física de partículas, ou das estrelas, na astronomia) para o
conhecimento e acompanhamento dos quais necessitamos de aparelhos
intermediários (desde microscópios óticos ou eletrônicos, aceleradores de
partículas monstruosos em tamanho, ou telescópios que vasculham as áreas
aparentemente vazias do universo, revelando aglomerados de galáxias
extremamente densos e ricos, insuspeitos sem os recursos de observação).
Eu por mim continuo adepto das crenças típicas do trabalho rosacruz, verificadas experimentalmente pelas técnicas que os estudantes de AMORC são estimulados a fazer ao longo de toda a sua filiação à nossa Ordem, com resultados práticos. Podemos ficar satisfeitos com os resultados de nossas experiências pessoais, como quando por intuição de captação percebemos coisas e conceitos para os quais não poderíamos ter contribuído sem o auxílio de inspirações estrangeiras a nossa mente, ou quando percebemos as intenções na mente de pessoas estranhas à nós sem que o interlocutor dissesse qualquer palavra. O problema é demonstrar externamente esta experiência com terceiros, de forma a compartilhar de maneira verificável as mesmas vivências que experimentamos como estudantes de AMORC.
Campos Magnéticos Terrestres
Eu por mim continuo adepto das crenças típicas do trabalho rosacruz, verificadas experimentalmente pelas técnicas que os estudantes de AMORC são estimulados a fazer ao longo de toda a sua filiação à nossa Ordem, com resultados práticos. Podemos ficar satisfeitos com os resultados de nossas experiências pessoais, como quando por intuição de captação percebemos coisas e conceitos para os quais não poderíamos ter contribuído sem o auxílio de inspirações estrangeiras a nossa mente, ou quando percebemos as intenções na mente de pessoas estranhas à nós sem que o interlocutor dissesse qualquer palavra. O problema é demonstrar externamente esta experiência com terceiros, de forma a compartilhar de maneira verificável as mesmas vivências que experimentamos como estudantes de AMORC.
Trata-se de uma crença indemonstrável a terceiros, mas
passível de ser testada por quaisquer indivíduos que o desejem, bastando
permitir que estas capacidades comuns a todos os seres humanos (capacidade
telepática, intuitividade de captação, etc) se manifestem livremente, livres
das amarras do condicionamento educacional que bloqueiam a imaginação pela
difusão de conceitos falsamente positivistas como "o invisível é
inexistente", ou "o que não se pode tocar, não existe".
Como vimos, muito do que é trabalhado pela ciência moderna é
invisível e imperceptível a olho nu. Dependemos de aparelhos que ampliem nossa
consciência sensorial de coisas e fenômenos no mundo ortodoxo.
Sendo repetitivo, na minha visão, precisamos, nós, místicos rosacruzes, de aparelhos que nos ajudem a construir pontes entre a ciência ortodoxa e a ciência
mística, os quais permitam o compartilhamento de experiências heterodoxas com
indivíduos céticos quanto a realidade deste universo de energias conhecido
como o lado místico da existência.
[1] O Museu de Imagens do Inconsciente: A biografia de Van Gogh é uma referência importante para os estudiosos interessados em compreender as possibilidades terapêuticas do trabalho criativo frente às perturbações emocionais. Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa no Hospital Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico. Entre outros artistas-pacientes que criaram obras incorporadas na coleção desta instituição podemos citar: Adelina Gomes; Carlos Pertuis; Emygdio de Barros, e Octávio Inácio.
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