Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

POSSÍVEIS LINHAS DE PESQUISA PARA A URCI (Universidade Rosacruz Internacional)

por Mario Sales,FRC,SI,CRC



Na prática da ciência rosacruciana, lidamos, como comentei em outro ensaio, com os problemas de demonstrabilidade dos eventos psíquicos, principalmente a falta de tecnologia que permita o registro de caráter científico da experiência mística ou de dons parapsicológicos, para compartilhamento com aqueles que não usufruem ainda destes dons.
A partir disto, resta no exame destas experiências, a opção de analisar depoimentos de fratres e sorores que experimentaram algum tipo de fenômeno incomum de natureza mística.
Depoimentos pessoais, entretanto, por motivos óbvios, estão carregados de subjetividade e são por isso, extremamente imprecisos e de baixa confiabilidade.
Não se trata de avaliar se o frater ou a soror que faz o depoimento, está dizendo, em sua visão a verdade e toda a verdade sobre o que aconteceu, mas sim estabelecer os critérios que serão usados para definir o que é verdadeiro e o que é falso, do ponto de vista científico.
Psicologicamente, todo cientista sabe, o testemunho humano de determinado evento externo a ele é o dado de menor confiabilidade existente entre todos os dados de confirmação científica.
Nós temos o hábito de distorcer a percepção de fatos chamados reais e objetivos com muita facilidade o que torna o ser humano em si a menos confiável das fontes.
Se fazemos isto com fatos externos chamados reais, imaginem com o depoimento sobre experiências vagas e muito sutis, de natureza íntima.




Portanto, precisamos de meios mais confiáveis para detectar as alterações ocorridas durante a manifestação de um fenômeno chamado paranormal, como por exemplo a realização de filmes por várias câmeras, em vários ângulos, de forma a diminuir o risco de manipulação das imagens, a medição de alterações das ondas eletroencefalográficas durante a prática da telepatia, ou para ser mais atual, a interessante abordagem de meu saudoso mestre e querido amigo Reginaldo Leite, que realizou um belíssimo experimento analisando com o recurso de ressonância magnética cerebral as alterações cerebrais durante a emissão de certos sons vocálicos.
Hoje, saímos da era dos neurotransmissores para a da neuroimagem, recurso que se vale de substâncias radioativas que "acendem" certas áreas quando estas são ativadas durante os processos cerebrais.
No site  http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000500017  , lemos que "...no campo das doenças cerebrais orgânicas, a utilidade das técnicas de neuroimagem na rotina clínica é amplamente aceita. Os métodos mais acessíveis, como a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (single photon emission computed tomography - SPECT) são recursos importantes para o diagnóstico diferencial de demências; para o diagnóstico e manejo de doenças neurológicas que comumente cursam com sintomas psiquiátricos, como as epilepsias e acidentes vasculares cerebrais..."
Se para os quadros patológicos, as técnicas de neuroimagem são indiscutivelmente úteis, precisamos tentar criar experimentos com estes recursos para acompanhar alterações cerebrais ao longo de manifestações místicas e psíquicas.
É claro que esta linha de pesquisa parte de dois pressupostos:
1°: que o cérebro é o local aonde os eventos psíquicos manifestam alterações mais importantes porque,
2°: que o cérebro seja a residência física da mente e da consciência.
Outra coisa pressuposta de maneira implícita é que as alterações no corpo físico reflitam alterações no corpo psíquico, o que poderia levar a conclusão inversa de que sempre existe uma base orgânica para as manifestações psíquicas.
Na verdade , esta última suposição não está clara para mim, nem me parece a única possível. Acredito mais em múltiplas manifestações por interação entre todos os corpos do homem, começando pelo mais etéreo até se consolidar numa lesão orgânica.
Se aceitarmos que possuímos mais de um nível de densidade na composição de nosso corpo ( a escola teosófica fala em sete corpos), o corpo físico será apenas um dos locais aonde os fenômenos psíquicos terão algum reflexo, e não o principal local aonde isto ocorre. É mais sensato e coerente com o conhecimento esotérico supor que as manifestações orgânicas sejam as últimas de uma cadeia de manifestações em todos os corpos etéreos.
O fato é que, se queremos estabelecer de modo compartilhável uma maneira de verificar e mensurar uma ocorrência psíquica ou para psicológica, para poder compartilhar nossa visão com mentes naturalmente céticas, precisamos do corpo físico, o único visível sem esforço ou sem instrumentalização, para criar esta área de encontro entre universo místico e universo científico ortodoxo.
Estas são possíveis linhas de pesquisa para a URCI, hoje infelizmente mergulhada em debates eminentemente teóricos. Tais programas são passíveis de operacionalização dentro do rigor do método científico, que gerariam com certeza uma produção, como se diz em ciência, verificável e falsificável, compartilhável, em suma, de modo a "criar pontes" com o mundo científico.
Essa é a minha esperança, ver a URCI novamente envolvida com pesquisa de tecnologia de mensuração e verificação dos fenômenos psíquicos, como nos tempos do professor Buletza, hoje aparentemente distantes e desconhecida dos neófitos mais recentes.

2 comentários:

  1. De fato essa é uma das perguntas que eu me faço: O que a URCI tem estudado hoje em dia?

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  2. Só Deus sabe, um velho amigo e rosacruz, que já passou pela transição chamava de Blá blá blá pseudoerudito. A palavra mais perigosa é Interdisciplinariedade, algo super importante, mas que não merece consumir todas as energias da URCI como tem feito nos últimos anos. Neste particular é uma perda de tempo absurda que não gera produtos ou subprodutos que melhorem o desempenho rosacruciano, na minha opinião, e nem nos aproxima da ciência ortodoxa. Posso estar errado mas esta é minha posição.

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