por Mario Sales, FRC,SI,CRC
Estamos Eu e Sol embarcando em algumas horas pra Lisboa,
aonde chego amanhã de manhã, de onde, se der, continuarei a publicar, pelo
menos fotos. Não vou levar o notebook, e por isso não tenho certeza se conseguirei
produzir conteúdo.
Se eu sumir por duas semanas é porque estou incapacitado
pela falta de recursos de publicação.
Flavio e Roseli, sua esposa, estiveram aqui em casa. Vieram
ambos gentilmente me trazer conselhos e orientações sobre a viagem.
Portugal, aliás, é o terceiro país entre os leitores do blog,
mês que vem.
Flavio conhece bem o país, turista profissional que é, além
de ser a terra natal de sua esposa e muitos de seus parentes.
Falou-me das armadilhas da língua, o nome da pimenta por lá
(piri-piri), a importância de conhecer certos locais, principalmente na Leiria;
os melhores meios de transporte em Lisboa e Porto além de cálculos de distância
entre Porto e Santiago de Compostela, se bem que nosso especialista em
Compostela, como de resto em toda a Espanha em si, é o Ir.: Felipe.
Nunca estive em Portugal.
Exatamente por isso vejo esta viagem com muito entusiasmo e
uma boa expectativa.
A quase ausência de barreira linguística promete uma estadia
interessante. Não sei se conseguirei visitar os castelos construídos para os
cavaleiros templários pelos maçons portugueses, mas espero que consiga, pelo
significado histórico que possuem.
E é sobre isso que andei refletindo. É curioso que pessoas
sensatas confundam o fato de, só por que esses castelos terem sido construídos
por maçons e por que seus contratantes fossem da Ordem dos Cavaleiros de
Cristo, nome adotado pelos templários depois que tiveram que fugir da França,
haja uma relacionamento esotérico e não apenas profissional, entre ambas as
organizações.
Maçons viviam de construir castelos e igrejas. Templários,
mesmo desterrados, ainda tinhas reservas financeiras suficientes para contratar
a construção de seus castelos.
Nada mais natural que requisitassem os especialistas daquela
época para fazê-lo. E fim da história. O resto, na minha opinião, é pura
especulação, claro, regada com uma dose generosa de criatividade e oratória do
Cavaleiro de Ramsay, o criador desta idéia, no dia 21 de março de 1737.
Várias empresas profanas de construção tem o hábito de
marcar suas obras com seus logotipos para deixar registrado seu papel naquele
empreendimento. Existem mesmo aquelas que marcam com seus símbolos e o próprio
nome os produtos que saem de suas fábricas, postes de iluminação, manilhas para
esgoto, fios elétricos etc. Faz parte da tradição industrial a identificação da
procedência do produto ou do responsável pela obra. Mas até aí, é um
procedimento de mercado, talvez o primeiro merchandising.
Não significa portanto, para desespero dos mais românticos,
que a presença de símbolos maçônicos em castelos portugueses sabidamente de
Templários implique em que um e outro eram esotericamente relacionados.
Aliás, esta pseudo união é defendida até em textos
rosacruzes mas por alguma razão não me convence.
A origem dos maçons, embora humilde, é digna o suficiente.
Talvez não o suficiente para os nobres que o Cavaleiro de Ransay queria
impressionar com seu discurso, ele que se dizia também um Templário Escocês.
Aliás, quanto aos templários, guardamos em manuscritos
rosacruzes informações que mostram a cadeia de sucessão após, e mesmo um pouco
antes da morte de Jacques de Molay. Realmente a Ordem em si não foi extinta com
a perseguição de Felipe , o Belo, e continuou firme por muitos séculos.
Um documento chamado "Tabula Áurea" emitido pelo
sucessor de Molay, Larmenius,(John Marcus[Mark] Larmenius, inglês] contém
assinaturas de todos os seus sucessores
até o ano de 1804 e está preservado em Londres.
Esta "Tábula Áurea" foi , durante este período a
Carta Patente Constitutiva do Líder da Ordem dos Templários por todo este
período.
Transcrevo o documento, para efeito de referencia aos maçons
que possam se interessar:
"Eu, Frater Johannes Marcus Larmenius de Jerusalém, pela graça de
Deus e por meio do manifesto secreto do Mui Venerável e Santo Mártir o Mestre
(Supremo) dos Cavaleiros do Templo (a eles toda honra e glória!) o mesmo confirmado
pelo Conselho Geral do Templo, e honrado por este como o Alto e Supremo Mestre,
apresento estes decretos para serem observados por todos e por cada um.
Salutem! Salutem! Salutem!
Saibam todos do presente e do futuro, considerando o enfraquecimento de
minhas energias devido à velhice e sofrendo a carga da falta de descanso e
saúde devido às contínuas responsabilidades
de meu cargo, para a maior Glória de Deus e a direção e proteção da Ordem e
seus Fratres e sua constituição, que eu, o acima declarado humilde Mestre da
Milícia do Templo, decidi transmitir a mãos mais eficientes o cargo e os
poderes de Mestre Supremo.
Portanto, se Deus aprovar e o Conselho Supremo dos Cavaleiros
consentir, por unanimidade, transfiro o cargo de Mestre Supremo da Ordem do
Templo e a autoridade e poderes em mim investidos ao eminente Comendador, meu
amado Frater Franciscus Thomas Theobaldus de Alexandria, etc,etc,etc.
Eu portanto, por decreto do Conselho Supremo, e com a Suprema
Autoridade em mim investida, afirmo, declaro e pronuncio os Templários da
Escócia desertores da Ordem, marcados pelo anátema, tanto esses como os fratres
de São João de Jerusalém, os saqueadores dos domínios da Milícia, etc, etc...
Ademais decretei novos sinais que não sejam compreendidos por nenhum
falso frater, sinais esses a serem passados aos Companheiros unicamente pela
palavra falada, e de acordo com as regras que possam ser decretadas pelo
Conselho Supremo como adequada para sua transmissaõ.
Entretanto, tais sinais só serão revelados após a renovada tomada dos
votos e consagração de cavaleiro, segundo a Constituição, Rituais e práticas
dos Companheiros do Templo, transmitidas por mim ao acima citado comendador,
idênticos aos que foram recebidos por mim do Mui Venerável e Martirizado Mestre
(a quem rendo Honra e Glória!)
Será feito como eu disse, Fiat, Amen!"
Esse documento é muito interessante, principalmente por
declarar, já na época em que foi escrito, a ruptura com a linhagem templária
escocesa, de onde séculos mais tarde, o Cavaleiro de Ransay afirma proceder ou
representar.
A sequência em ordem cronológica descrita pelos
historiadores rosacruzes e por Robert Gould, em sua História da Franco
Maçonaria é :
Jacques de Molay (Jacques de Molay [Pronúncia: ( ʒak də
molɛ ) Jak Demolé] (Vitrey - Sur- Mance, 1244 — Paris, 18 de
março, 1314)
Johannes Marcus Larmenius recebe o cargo antes da morte de
Molay, este sabedor da inevitabilidade de seu destino e permanece Grande Mestre
até ser sucedido por
Franciscus Thomas Theobaldus de Alexandria, sucedido por
Bertrand de Guesclin, 1357 a 1380
Robert Lenocourt 1478 a 1497 (há um intervalo aqui, mas o
documento que transcrevo não elucida isso)
Phillipe Chabot (1516-1543)
Henrique, ilustre duque da casa de Montmorency,(1574-1614)
Jaime Henrique Duras, final do século XVII
Philipe II, Duque de Orleans (1705- ?) que convocou uma
Convenção Geral de Templários em Versailles, França.
Três príncipes da casa de Bourbon:
Luiz Augusto, Duque de Maine
Luiz Henrique Bourbon, conde
Luiz Francisco Bourbon, conde (nessa ordem, entre 1724-1770)
Luiz Herculano Timoleon , Duque de Brissac (1776 até o
início da Revolução francesa)
Bernard Raymond (inglaterra, ano ?)
Almirante Sir Willian Sidney Smith, Grande Mestre até 1840
quando faleceu)
Sob o Grão Mestrado de Sir Smith, foi Grande Prior da
Inglaterra o Duqye de Sussex; Grande Prior da Irlanda, o Duque de Leinster;
Grande Prior da Escócia, o Conde de Durhan; e Grande Prior da Índia , General
George Wright.
Embora este documento, a "Tábula Áurea" de
Larmenius, seja contestado, já que não existe um original preservado mas apenas
cópias, é parte integrante do esforço de historiadores maçons e rosacruzes na
tentativa de estabelecer o rumo que a Ordem dos Templários tomou após a morte
de Jacques de Molay, em 1314.
"A existência do documento foi revelada publicamente em
1803-1804 pelo então Grão-Mestre, Dr. Bernard Raymond Fabre-Palaprat, um médico
francês intimo da corte de Napoleão, bem
depois da Revolução Francesa. Palaprat revelou também a história do documento.
Desde então, o documento foi preservado em vidro hermeticamente fechado em Mark
Masons Hall, em Londres"[1]
Há mesmo quem afirme que ele foi fabricado a posteriori.
A lista completa de sucessão vai abaixo como levantei no
site já citado:
1313-1324 John-Marc Larmenius
1324-1340 Thomas Theobald of Alexandria
1340-1349 Arnaud de Braque
1349-1357 Jean de Claremont
1357-1381 Bertrand du Guesclin
1381-1392 Bernard Arminiacus
1419-1451 Jean Arminiacus
1451-1472 Jean de Croy
1472-1478 Bernard Imbault
1478-1497 Robert Leononcourt
1497-1516 Galeatius de Salazar
1516-1544 Phillippe Chabot
1544-1574 Gaspard de Galtiaco Tavanensis
1574-1615 Henri de Montmorency
1615-1651 Charles de Valois
1651-1681 Jacques Ruxellius de Granceio
1681-1705 Jacques Henri Duc de Duras
1705-1724 Phillippe, Duc d’Orleans
1724-1737 Louis Augustus Bourbon
1737-1741 Louis Henri Bourbon Conde
1741-1776 Louis-Francois Boubon Conti
1776-1792 Louis-Hercule Timoleon, Duc de Cosse Brissac
1792-1804 Claude-Mathieu Radix de Chavillon
1804-1838 Bernard Raymond Fabre Palaprat[2]
Bom, é isso.
Volto de Portugal em 15 dias.
Se não der pra publicar, até lá.
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