por Mario Sales, FRC,SI,CRC
Ia PARTE: PERSPECTIVAS
EQUIVOCADAS DA VIDA NO DISCURSO ESOTÉRICO RELIGIOSO
Alguns
conceitos com os quais sou obrigado a conviver devido às tradições esotéricas a
que pertenço, me causam um profundo incômodo filosófico e existencial.
"Queda";
mundo "superior" e "inferior"; "exílio"; a noção
de que a "vida verdadeira" está fora
desta dimensão; o Mito como Fato;o que vem do Alto é sempre bom; a vida na
carne é uma punição por algum erro cometido em um passado remoto, o chamado
"pecado original"; de que estar no corpo é sempre ruim para um iniciado; que a morte é uma libertação e
a vida uma prisão; que o corpo físico é e sempre será inferior em qualidade e
importância ao corpo glorioso.
E por aí
vai.
São idéias
que partem geralmente de um mesmo princípio: estar aqui, vivos, é um
transtorno, do qual a Morte virá nos libertar. Trata-se obviamente, do discurso
de alguém que não conhece a felicidade de viver.
Mais:
trata-se uma visão tão mórbida da existência que mereceria (mais que uma
análise místico esotérica), um olhar psiquiátrico.
Eu chamo
isto de Transtorno Traumático Bíblico.
Se quisermos
falar de perdão (e já que há perdão houve, previamente, um erro a ser perdoado,
e claro, antes disto, a constatação deste erro por um julgamento), conversemos
com cristãos.
Se quisermos
saber de medo e culpa, conversemos com judeus.
E toda a
nossa cultura ocidental foi profundamente influenciada pelo arcabouço simbólico
judaico cristão o qual, segundo Moisés, baseava-se na figura de um Deus
terrível, belicoso, severo, que primeiro, estranhamente, não reconhecia todas
as suas criaturas (filisteus, babilônios, persas, egípcios) como filhos, mas apenas os judeus; um Deus que torcia para que eles ganhassem batalhas e matassem seus inimigos; depois, em
outro momento, este mesmo Deus bíblico se transforma em um Deus de bondade, de
perdão, mas não Onipotente, incapaz que foi de salvar seu próprio filho,
chacinado pela ignorância dos espíritos perversos com os quais todo iniciado é
obrigado a conviver.
Moisés, pai
da religião judaica, é , antes de qualquer coisa, um príncipe Egípcio, educado
nas escolas de mistério das pirâmides.
O Judaísmo e
o próprio Cabala, tem uma dívida cultural com a Shekinah, a presença divina,
que Moisés aprendeu a respeitar dentro da nobreza egípcia.
Moisés teve
de lidar com um povo bárbaro e violento e , como sempre comento, tão bárbaro
que era preciso colocar no decálogo que era vontade de Deus que a partir
daquele momento ficava proibido cobiçar a mulher do próximo.
Se Moisés
dissesse isto seria apedrejado. Foi necessário que Deus o dissesse.
E aí começam
os problemas. Moisés precisa traduzir o que aprendera nas Pirâmides para uma
linguagem que fosse palatável para este povo bárbaro do deserto, para o qual,
como lembra Rubens Alves, o paraíso só poderia ser um Jardim com árvores
frutíferas.
E então
surgem Adão, Eva, a serpente, o fruto da Árvore do Bem e do Mal (que nunca foi
dito que era uma maçã), a chamada expulsão, guiada pela espada flamejante do
Anjo Querubin Guardião.
O homem,
envergonhado, sai de um local aonde estava paralisado, sem progredir, onde tudo
era provido por uma divindade todo poderosa, e passa finalmente a um mundo em
que seu esforço e trabalho passam a ter alguma importância. Só que esta não é a
ótica do evento e embora aquele paraíso apático fosse na verdade um inferno,
sem progresso, sem desafios, sem sexualidade, sem prazer, já que não tinha dor,
sem vida enfim, foi declarado no Mito um lugar bom e superior a este nosso
mundo, chamado mundo inferior, mas aonde a vida é pulsante e o sangue, quente, corre
em nossas veias.
O viver
normal e comum, como nós sabemos e fazemos, desde esta época, passou a ser
considerado algo inferior e ruim.
Nada de bom
podia sair desta nefasta concepção.
Começava
aqui a maior conspiração contra a felicidade já delineada por uma pessoa ou
grupo de pessoas.
E é aí que
está a questão: estes modelos (dor, sofrimento, angústia, culpa, medo), passam
a reger a prática da espiritualidade no Ocidente, a qual, além de vaidosa de si
mesma (leia-se em Sedir, à frente), é depressiva e deprimente, fazendo tudo que
pode com seus discursos para desvalorizar a vida e enaltecer a morte, para
demonizar a alegria e enaltecer a tristeza.
A religião,
no Ocidente, e infelizmente uma parte do misticismo dela derivado, são fábricas
de pessoas tristes e amaldiçoadas desde o berço[1],
já que com o conceito de “Queda” nos equiparam a Satã, o Anjo, também um caído.
Nós caímos; Satã também caiu. Logo, a espiritualidade no Ocidente com seus
mitos e conceitos, nos coloca lado a lado com o Demônio.
Vejam, ela
começa com o pensamento de que todos nós estamos aqui por causa de um castigo,
que estamos exilados de nosso verdadeiro país ou mundo, e que se viemos
a este plano foi contra a nossa vontade (quanto a isto já fiz um longo
arrazoado em “O Mergulho”, em, http://imaginariodomario.blogspot.com.br/2010/03/o-mergulho.html,
3 de março de 2010)
Não há, no
olhar religioso ocidental, nenhuma razão ou função digna na vida hodierna a não
ser dor e desespero, para resgatar uma culpa de um pecado qualquer.
Se estamos
aqui, foi por que saímos de um estado melhor para um pior (Queda), e nesta
modificação brusca de nível onde o que está em cima (mundo superior) é sempre melhor
que o que está embaixo (mundo inferior, in-fernus) renega-se assim, o que diz a
Tábua de Esmeralda ("Quod est inferius est sicut quod est superius, et
quod est superius est sicut quod est inferius, ad perpetranda miracula rei
unius.", que significa "O
que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como
o que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa". Por
causa desta compreensão limitada a religião e às vezes o esoterismo, consideram
nosso cotidiano humano uma condição de punição e lamento permanente. Tratam-se
de crenças. Crê-se que é assim, e pronto.
De fato, pelo
que diz este trecho da Tábua, como nós nos alimentamos D'Ele, Ele se alimenta
de nós e de nossas vivências. O que fazemos e deixamos de fazer no mundo de
Malkuth, o mundo da matéria, afeta positivamente com novos subsídios a
inteligência de Deus da qual não estamos e nem nunca estivemos separadas.
IIa PARTE: A NEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA
O discurso
do Transtorno Traumático Bíblico constantemente nega a importância da vida ou
do corpo físico, biológico, considerado mesmo um corpo inferior a outro, nunca
experimentado, porém imaginado como melhor.
O prazer, a
sensualidade, o orgânico, sempre foram considerados por este viés um incômodo a
ser transposto. Todos os que tivessem alegria e satisfação em viver, nativos de
países tropicais, nórdicos não cristãos, cultuadores das forças da natureza,
chamados pagãos, foram considerados degenerados, através de um olhar
aparentemente moralista, mas que na verdade ocultava a inveja e a cobiça pelo
vigor, saúde mental e física destes povos.
Na chamada
idade média ocidental, século IX e X, o culto a vida e ao prazer era mais
desenvolvido em outras civilizações, mais cultas e mais avançadas. A Europa
provincianamente achava-se, como a China, o centro do mundo, mas é claro que
isto não era verdade. Enquanto a Europa dava os primeiros e toscos passos na
direção de uma vida civilizada, a cultura árabe já florescia há milênios, e é
deles , árabes, considerados naquela época ateus e bárbaros, que vieram os
fundamentos da ciência (astronomia, química, medicina) e do esoterismo ( a Tábua de Esmeralda,
citada antes, foi traduzida no século XII para o latim, de uma enciclopédia
árabe).
Todo o
oriente próximo e distante cultuava a arte e a beleza e não a dor. Mas não o
Ocidente, e muito menos o Ocidente Cristianizado, Bíblico.
Aqui, o Feio
e o Grotesco imperavam como sinais da religiosidade e da fé. Havia fome,
guerras, pestes. Havia perseguição de mulheres que por sua beleza eram
consideradas bruxas, arrastadas e queimadas sem qualquer direito a defesa. O
mundo da Idade Média parecia mais um mundo de desatinados. E aí o sofrimento,
considerado a maneira de ser do mundo, já que este era o único mundo que os
europeus bárbaros e incultos conheciam, ganha a dimensão de modelo de toda a
Criação. E o homem estoico, sem queixas, sem revolta, foi
transformado no modelo do homem digno e santo, na religião, e do bom cidadão,
na política.
Para os
padres, a coisa era diferente. Viviam em mosteiros murados. Suas necessidades eram
supridas, tinham alimento, abrigo, e alguns , até, livros. Os padres liam, ao
contrário da maioria dos seres vivos nesta época de desolação.
O povo
estava prestes a se revoltar contra os privilégios de seus senhores, a nobreza,
que garantia a segurança dos padres. E de modo quase automático, a força da
religião passa a ser um elemento de poder e barganha. É preciso conter a
população. É preciso mantê-los dóceis.
A religião e
o discurso de conformismo e aversão ao prazer são a solução. Marx analisou isto
profundamente, apenas sob a ótica socioeconomica. Wilhelm Reich sob a ótica do
corpo e do prazer.
Pessoas
tristes e desanimadas não buscam a felicidade, não lutam por melhores condições
de vida, são facilmente manipuláveis psicologicamente.
O status quo
assim, se manteria seguro. E isto através da glorificação e glamourização do
sofrimento, da privação, exatamente aquilo que os destruía.
Dor e
sofrimento passaram a ser coisas belas e nobres. Quanto maior a dor, maior a
beleza.
O Cristo das
festas desaparece e surge o Cristo da cruz.
É neste
contexto que imagens que mostrem sofrimento ou tortura de santos são em geral exaltadas
e compartilhadas com devoção, julgadas, de forma explícita ou implícita, exemplos
das experiências obrigatórias que uma alma e principalmente um corpo deve
passar para ser considerada verdadeiramente santo. Segundo esses líderes
religiosos históricos, ninguém poderia alcançar a beatitude através
da alegria e do contentamento. A própria felicidade passou a ser uma ameaça ao
status quo.
E assim, os
cultuadores de um Cristo crucificado ou sendo torturado pelos romanos tentaram
de toda maneira ocultar do povo à beira da revolta que este mesmo Mestre Jesus jamais
foi um indivíduo mórbido e que pregou com a mesma serenidade em meio a festa de
um publicano (o que hoje chamamos de "balada"), foi amigo de pessoas as
mais simples, de prostitutas, (mulheres dedicadas ao prazer do corpo), e teve
como seu primeiro grande milagre, a simbolicamente importante transformação de
água em vinho, em meio a uma festa de casamento.
Este Cristo
gregário, social, participante ativo da vida de sua comunidade em momento algum
se assemelha à imagem mórbida, sofrida e depressiva construída, concílio após
concílio, até se transformar permanente e principalmente naquele corpo açoitado
que sangra, dispneico, na cruz.
O Cristo das
festas tornou-se então,(para os líderes religiosos que ao longo de séculos
construíram a imagem ora difundida), além de uma ameaça a um determinado
discurso de época, sem sombra de dúvida, menos santo que o Cristo do Gólgota.
IIIa PARTE: A VAIDADE DOS ESOTERISTAS
CRISTÃOS FRANCESES
Quanto a
vaidade que citei, está presente por toda a parte, entre esoteristas cristãos, principalmente
entre os europeus. O Ocidente passou a achar que Universalismo Religioso é
fazer com que todo o planeta seja Cristão, e não entender que todas as linhas
religiosas devem ser consideradas tão importantes quanto o cristianismo na
busca por uma visão espiritualista verdadeiramente planetária.
Os próprios
rosacruzes, principalmente os de tradição francesa, são assim. Pregam, sem
pudor, a superioridade da religião Cristã sobre todas as outras, num declarado
preconceito em relação a outras tradições que, muito provavelmente, jamais
compreenderam.
Papus
esvaziou o movimento teosófico europeu, aproveitando-se da dificuldade de
muitos de acompanhar os meandros da Doutrina Secreta de Blavatsky, recheada de
termos em sânscrito e baseada em conceitos orientais e vedânticos. Para drenar
estes descontentes e confusos esoteristas de primeira viagem, ele restaura uma
Tradição Esotérica tipicamente francesa e cristã, o Martinezismo -Martinismo,
surfando as ondas de Ocultismo geradas pelo trabalho de Alphonse Louis
Constante, o Eliphas Levy.
Paul Sedir é
outro exemplo: em um texto longo (Capítulo II, págs.21-26 de “Les Rose-Croix”,
de Sédir, Bibliotheque des “Amitiés Spirituelles”, Paris). sobre os
rosacruzes, ele diz , textualmente:
"...os
verdadeiros rosacruzes. Ruysbroeck, o Admirável, os chama de crianças secretas
do Senhor.(...)Seu livro é o Evangelho. Sua prática é a imitação de Jesus
Cristo." E continua:"Essa teoria e essa prática parecem simples. No
entanto, não há nada mais elevado a ser concebido e mais difícil de executar.
As mais abstrusas especulações dos metafísicos hindus ou as autoridades mais
espantosas de seus yogues desaparecem perante a terrível profundidade das
máximas e dos ensinamentos evangélicos."
Sem entrar
no mérito de que nós, rosacruzes, temos grande admiração e respeito pela pessoa
do Cristo, tomemos ou não o Cristo como modelo comportamental místico, é
importante lembrar algo que Sedir propositadamente esquece ou oculta: todos os
grandes exemplos de líderes espirituais, sem exceção, vem do mesmo Oriente de
onde vem os mestres hindus, inclusive o Cristo, um judeu da Palestina. Por isso
dizemos sempre que "a luz vem do Leste". A própria origem do
rosacrucianismo é oriental, muitas centenas de anos anterior ao Cristianismo
como doutrina, ou ao surgimento do Cristo, como personagem histórico. Nós,
rosacruzes, viemos do Egito, antes que Moisés recebesse as Tábuas da Lei, no
Sinai.
Nem Spencer
Lewis, cristão metodista, porém um universalista, foi capaz de gesto tão
preconceituoso, indelicado e injusto com outras linhas de pensamento religioso
como Sédir neste trecho. Além disso, fazer uma escala de importância entre
ritos e crenças diferentes é, além de absurdo, produto apenas de um espírito
sectário, que achará sempre sua fé superior às demais.
Para nós,
rosacruzes verdadeiros (e não estes rosacruzes invisíveis, idealizados pelos
muitos escritores criativos do mundo, como Tobias Churton), todos os mestres
espirituais, mesmo e principalmente os hindus, são por nós respeitados e
admirados. Nosso Mestre Hierofante, Ku-thu-mi,é um Oriental, da Cachemira. Em
sã consciência nós, os verdadeiros e visíveis rosacruzes, em momento algum,
diríamos que o Cristo é mais fundamental que o Buda, ou que a Bíblia Cristã
seria superior ao Bardo Todol, o Livro dos Mortos Tibetano. Seria uma tolice.
Mas Sédir o
disse.
Vaidade.
Presunção de que alguém seja senhor da verdade espiritual e que todos no
planeta dêem importância ao que o Papa Católico disse ou deixou de dizer. Na
verdade grande massa de seres humanos no planeta simplesmente olha para
católicos e para Roma como um culto exótico, e sempre é bom lembrar, a religião
que mais cresce no planeta atualmente, em número, é o Islamismo.
É este
Cristianismo Ocidental e egocêntrico, como religião, que contaminou os
esoteristas ocidentais, alguns trazendo para dentro do universo esotérico
democrático e multifacetado, internacional e verdadeiramente eclético, o
sectarismo comumente encontrado entre religiosos e teoricamente não entre
místicos.
Ordens
esotéricas não podem ter um viés religioso. Não é seguro. Caminha-se nesta
situação, sobre o fio da navalha.
E nunca é
demais lembrar: o Cristo e o Cristianismo são coisas absolutamente diferentes.
Aquele é um exemplo de líder e um divisor de águas na história da humanidade.
Este, por sua vez, é um movimento religioso como outro qualquer, que lutou
violentamente para se desenvolver e propagar, com métodos e valores muito pouco
cristãos.
Lembro do
massacre dos Cátaros. Os Cátaros
cometeram o grave pecado de acreditarem que entre Deus e os homens não
deveriam haver intermediários, nem sacerdotes, nem papas. Roma soube disso.
Depois de fracassar
na abordagem diplomática, Inocêncio III declarou-os hereges e mandou suas
tropas chaciná-los, em 1208, com a Cruzada dos Albigenses. Em 1209, ocorreu a
Batalha de Bézier. "A 21 de julho os cruzados posicionaram-se diante
de Bézier ; Simão de Montfort à frente do exército cruzado, atacou a
cidade e exterminou uma parte da população sem levar em conta a sua filiação
religiosa e pronunciando, segundo a crônica de Cesáreo de Heisterbach, a frase:
"Matai-os todos, Deus reconhecerá os seus!" Esta primeira matança, de
7000 a 8000 pessoas, que aconteceu na igreja da Madeleine, não estava nos
costumes da época."[2]
Este é
apenas um de muitos episódios da história do cristianismo que causariam
profunda náusea ao próprio Cristo. É disso que os místicos, por serem místicos,
fogem. O sectarismo religioso, a intolerância, a crueldade e a luta pelo poder
disfarçada de defesa da fé.
Conclusões
A estratégia de combater a sensualidade, a sexualidade e desmerecer
o que fosse orgânico e biológico, de destruir tudo que pudesse gerar prazer e
satisfação, não foi uma situação acidental, nem teve a ver com qualquer aspecto
espiritual, mas, isto sim, fez parte de um conjunto de ações voltadas a manter, primeiro a disciplina entre um povo bárbaro e sem pátria, no deserto; depois, manter o status quo de poder da Igreja e da nobreza que a sustentava, na Idade Média. Isto está na
raiz de conceitos deprimentes com os quais líderes religiosos contemplaram seus
muitos devotos. Tornar as pessoas mais tristes fez com que se tornassem mais
manipuláveis e facilmente subjugadas mental e psicologicamente. A felicidade
física e o prazer como obstáculos a espiritualidade são apenas uma falácia,
parte de um discurso maquiavélico que só trouxe prejuízo existencial a
humanidade, e que, em nossa época, contamina perigosamente o esoterismo e parte
do misticismo, se infiltrando insidiosamente entre rosacruzes bem intencionados,
mas sem a perspicácia filosófica e histórica para distinguir esta ameaça e combatê-la interior e exteriormente. Precisamos, já que os tempos são outros,
de conceitos mais adequados à um misticismo e esoterismo contemporâneo, a uma
época mais civilizada, construindo idéias e imagens compatíveis com o século
XXI. Não se trata de revisar o conteúdo e os princípios a serem transmitidos, mas sim revisar sua forma exterior, seu modelo didático. O modelo antigo não é melhor
apenas por ser antigo, como se o antes fosse sempre melhor do que
o atual, e o antigo sempre mais sagrado do que o novo, ou, para usar uma
imagem mais forte, que quanto mais fedor exalar um cadáver, mais sagrado ele será. Prestem
atenção: a tradição embora não seja hábito, precisa ser traduzida; ela não pode ser
propositadamente mantida em uma forma arcaica e pouco acessível, como se isso
lhe desse um maior grau de respeito.
Uma mudança na apresentação dos conceitos que realmente
importam já seria um inicio e evitaria esta mistura inadequada e perigosa entre
valores ligados a religião e valores esotéricos e místicos.
Oremos e
vigiemos.
Pedra na vidraça, como sempre. Não sou lá muito bom com palavras, mas acho que o seja com sentimentos. E sinto que tenho muito, muito, muito a aprender. Obrigado, Frater, por mais este. Em Recife, conversaremos. Paz Profunda!
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