Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:
Quero compartilhar com vocês um achado delicioso que fiz no Glossário Teosófico hoje pela manhã. A minha é a 2ª edição traduzida por Silvia Sarzana, da Editora Ground, sob a supervisão de Murillo Nunes de Azevedo, 1991.
Folheando ao acaso este tomo , parei na página 330, na definição do verbete “Luz”. Lá está escrito: “A conexão entre luz e entonação (svara) dos Vedas é um dos mais profundos segredos do esoterismo. (T.Suba Row)
A Luz é a Mansão de Ormuzd(1), segundo os Parsis; para apagar uma luz, abanam com a mão ou com um leque e, quando se trata de uma vela, cortam a ponta acesa umas três ou quatro linhas abaixo do pavio, levam para casa e deixam que se consuma perto do fogo.(Zend Avesta II, pág.567)”
Espero que por solidariedade, sintam-se tão perplexos como eu. Ler o Glossário Teosófico de Blavatsky é tão duro quanto ler a Doutrina Secreta. A expressão "a Mansão de Ormuzd" eu nem vou comentar. Ninguém pode acusar Blavatsky de ser didática e o sem número de informações que praticamente se derramam em nossos olhos engasga o mais persistente estudante.
Às vezes me lembra as classificações de Borges. Michel Foucault, filósofo francês, diz no prefácio de seu livro mais fascinante, “As Palavras e as Coisas”, que o mesmo nasceu de um texto de Borges, “do riso que, com sua leitura, perturba todas as familiaridades do pensamento.”
Jorge Luis Borges
O texto de Borges a que Foucault se refere, fala de “uma certa enciclopédia chinesa, onde está escrito que os animais se dividem em: a) pertencentes ao imperador; b) embalsamados; c) domesticados; d) leitões ; e)sereias ; f) fabulosos; g) cães em liberdade; h) incluídos na presente classificação; i) que se agitam como loucos; j) inumeráveis; k) desenhados com um pincel muito fino de pêlo de camelo, l) et cetera; m) que acabam de quebrar a bilha; n)que de longe parecem moscas.”
Ler Blavatsky, muitas vezes, me parece o mesmo.
Primeiro temos o verbete, Luz, simplesmente, e então, em vez da definição de Luz, passa-se a falar da “conexão entre Luz e Entonação (Svara) (?).
O que me chamou a atenção, no entanto, em meio a este Caos intelectual blavatskyano foi a referência ao fato que esses Parsis (que no mesmo glossário descobri serem os seguidores do Zoroastrismo, religião do Antigo Irã) “ao apagar uma luz, abanam com a mão ou com um leque”, ou seja, não sopram.
Grupo de Parsis, em Mumbai, Índia
Este, imediatamente reconheci, é um hábito e um ensinamento rosacruz. Desde os primórdios de minha afiliação nesta encarnação, em 1975, me diziam que “um rosacruz jamais assopra uma vela, mas sempre a apaga com os dedos, ou abanando ou com o abafador.” Como a Ordem Rosacruz não é uma escola de supersticiosos, logo indaguei por que se fazia desse modo, ao que recebi a seguinte resposta: “Porque considera-se desrespeitoso.” Não me satisfez, mas engoli e deixei passar. Afinal não era um grande problema.
Agora entendo a razão. A Luz, do verbete do Glossário, não é apenas a Luz em si, mas o símbolo da Luz espiritual, a Luz Divina.
Zororastro
A Vela e sua luz representam simbolicamente essa Grande Luz. Lendo sobre “Svara”, o termo sânscrito usado para definir “entonação”, na explicação do verbete, ainda no Glossário, na página 665, vejo que pode ser traduzido por “A corrente da Onda da Vida; O Grande Alento; o Alento Humano.” Ou em termos rosacruzes, Nous. E continua a explicação: “Svara, O Grande Alento, em qualquer plano de vida, tem cinco modificações, ou seja, os Tattwas, (Râma Prasad). Svara significa também: tom, entonação; acento, nota musical.” Ou seja, a tradução do verbete de Luz não foi feliz, pois deveria em vez de “entonação” ter falado em “O Grande Alento”, já que assim configuraria a imagem: o Sopro que normalmente usamos para apagar uma chama de vela.
Vi intuitivamente que O Grande Alento, manifestação do Sagrado em nós, O Espírito de Deus em Nós, não pode ser usado para fazer cessar a Luz ou qualquer um dos seus símbolos.
É muito significativa a imagem e agora fica clara. Como detentora da condição de preservadora da Tradição Mística, a Cultura Rosacruz absorveu uma prática dos seguidores do Zoroastrismo, belíssima, que representa o respeito à Luz e ao Grande Alento presente no Sopro, o mesmo sopro que Deus usou para dar vida ao Homem, no Gênesis.
Lindo.
Só que como explicado no Glossário Teosófico, Borginiano [como na classificação: a) pertencentes ao imperador; b) embalsamados; c) domesticados; d)leitões; e)sereias].
Seria divertido se não fosse tão intelectualmente angustiante. Foram três verbetes para entender um.
Seria divertido se não fosse tão intelectualmente angustiante. Foram três verbetes para entender um.
Mesmo assim, que bonito.
(1) Ormuzd é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras sete divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda. Sob Ahura Mazda e os seis Amesha Spenta a mitologia persa coloca, como divindades benéficas: "Mitra", o mestre do espaço livre; Tistrya, o deus das trovoadas; Verethraghna, o deus da vitória; ela admitia, além disso, um grande número de deuses do mesmo elemento, os Izeds: fonte.http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_persa
(1) Ormuzd é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras sete divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda. Sob Ahura Mazda e os seis Amesha Spenta a mitologia persa coloca, como divindades benéficas: "Mitra", o mestre do espaço livre; Tistrya, o deus das trovoadas; Verethraghna, o deus da vitória; ela admitia, além disso, um grande número de deuses do mesmo elemento, os Izeds: fonte.http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_persa
Parabéns pela descoberta, como diz nosso amigo Leite você é "um eterno buscador", descobre a luz até por acaso...
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